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b. Visitas de campo e registro fotográfico

No documento http://www.livrosgratis.com.br (páginas 73-76)

Mangue

2.3. b. Visitas de campo e registro fotográfico

Foram realizadas inúmeras visitas de campo desde 2006, com o objetivo de:

conhecer a área, sua paisagem e ecossistemas, seus habitantes e usuários, a cultura e os usos e costumes locais; fazer acompanhamento e registro fotográfico do desenvolvimento e ocupação; levantar representantes de grupos sociais e comerciais; vivenciar e documentar os impactos que ocorrem em áreas protegidas em visitas realizadas aos sítios com pessoas que vivem e trabalham no local.

Foram feitos contatos informais com diversos habitantes de diferentes localizações e atividades para melhor conhecer e entender a dinâmica do local, dos residentes e de suas inter-relações. O universo foi amplo: moradores, comerciantes, visitantes, trabalhadores, agricultores, produtores de plantas ornamentais, pescadores e catadores de caranguejo, entre outros. Devido a esse convívio com a comunidade a autora passou a ter uma nova visão da realidade

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local não apenas restrita ao escopo do projeto (SMITH, 1988). Moradores com papel representativo e lideranças da área foram identificados.

As Unidades de Conservação receberam um tratamento especial com visitas:

ao mangue, protegido pela Reserva, com o apoio e acompanhamento de integrantes do Exército e às encostas do maciço protegido pelo Parque Estadual, guiadas pelos proprietários das áreas.

O registro fotográfico permitiu acompanhar o desenvolvimento e as alterações da paisagem ao longo do tempo. Permitiu também documentar impactos diversos no momento em que estavam ocorrendo. Foi feito um verdadeiro inventário fotográfico de diversos aspectos, como: vegetação, urbanização, moradias, infra-estrutura, habitantes locais, atividades agrícolas, comerciais e de lazer, encostas, aterros, cursos d’água, vias, meios de transporte, entre outros.

2.3.c. Mapeamento de elementos geo-biofísicos, análise e diagnóstico da paisagem

A área não possuía cobertura cartográfica detalhada na escala propícia para o trabalho, até o início da pesquisa. Todos os mapas necessários para o levantamento, análise e diagnóstico da paisagem foram produzidos pela autora, com suporte de especialistas vinculados ao Laboratório de Geo-Hidroecologia – Geoheco-UFRJ. A escala utilizada foi 1:10.000.

Os mapas foram produzidos a partir da Ortofoto de 2004 e de mapas da Hidrografia, Topografia, Sistema Viário e Base Cadastral34 (que cobre parcialmente a área). Inicialmente foram elaborados os mapas do Mosaico de Uso e Cobertura Vegetal do Solo e o MDT (Modelo Digital do Terreno – Hipsometria). Em todo mapeamento foi utilizado o sistema ArcGis, que é um sistema computacional onde diversos mapas podem ser gerados num mesmo arquivo. Os mapas e a Ortofoto foram geo-referenciados para maior acuidade, e para possibilitar a localização precisa em campo.

O Mosaico de Uso e Cobertura Vegetal do Solo foi feito a partir do geo-referenciamento da Ortofoto de 2004, com a sobreposição da hidrografia e das vias que estavam em AutoCad e que foram importadas para o ArcGis. As áreas foram demarcadas em polígonos: cobertura vegetal arbórea, manguezal, apicuns, áreas com cobertura vegetal herbácea e arbustiva, áreas urbanizadas e solo exposto – que definiram a legenda do Mosaico.

O Modelo Digital do Terreno (MDT), que representa a morfologia em três dimensões, foi elaborado a partir da topografia com base nas curvas de nível a cada 50 (cinqüenta metros).

As Unidades de Conservação foram demarcadas, segundo seus limites oficiais:

Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB), Reserva Biológica e Arqueológica de

34 Ortofoto de 2004, mapas de hidrografia, sistema viário, topografia, base cadastral parcial em AutoCad (não possuem data de elaboração) – cedidos pelo IPP– Instituto Pereira Passos, Prefeitura do Rio de Janeiro. Mapa geológico e de solos cedido pela Embrapa.

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Guaratiba (RBAG), A APA da Orla da Baía de Sepetiba não foi considerada, pois sua regulamentação não estava finalizada até a conclusão desse trabalho (Rio de Janeiro, 1998). As Áreas de Preservação Permanente (APP’s) das margens de cursos d’água, das nascentes e encostas íngremes, topos de morros, foram consideradas conforme o Código Florestal35.

Com o cruzamento do Mosaico de Uso e Cobertura Vegetal e dos mapas topográfico, hidrográfico e viário e das Áreas Protegidas (UC’s e APP’s) foi feita a leitura e análise da paisagem. Desse modo, foi possível distinguir as oito áreas com fisionomias, ou características geo-biofísicas e usos semelhantes. Isso levou ao Mapa de Setorização de toda a bacia de drenagem que possibilitou a fazer leitura da paisagem, e o levantamento aproximado do percentual de urbanização de cada setor.

Um mapa de concavidades e convexidades do relevo foi elaborado, a partir da topografia, para extrair os indicadores topográficos afins à instabilidade de encostas, segundo a sua geometria e os ângulos críticos: encostas côncavas entre 10 e 20 graus e encostas convexas e retilíneas acima de 35 graus. As áreas côncavas representam os fundos de vale aonde a umidade do solo tende a ser mais elevada devido à convergência de água das partes mais elevadas. Estas áreas podem romper e deslizar, especialmente durante períodos mais chuvosos, incluindo momentos de rastejo e/ou fluxos dentríticos. As áreas côncavas e retilíneas de encostas com inclinação maior do que 35°, podem também sofrer rupturas, especialmente se não estiverem florestadas, considerando a encosta a montante até o topo do morro (COELHO NETTO et al., 2005; COELHO NETTO, 2006). Esses procedimentos deram origem ao mapeamento de áreas com indicadores topográficos de instabilidade potencial.

Para a identificação das áreas suscetíveis a eventos climáticos, foi elaborado o Mapa de Áreas Vulneráveis a Deslizamentos e Inundações, que combina os fatores de risco citados acima com as áreas de potencial alagamento, presentes no Mapa Síntese de Condicionantes Físico-Ambientais, cedido pela Subsecretaria de Gestão das Bacias Hidrográficas (Rio-Águas). O mapa foi elaborado com a sobreposição do Mapa de Áreas com indicadores topográficos afins à instabilidade potencial e de Áreas Sujeitas a Inundação e o Mosaico de Uso e Cobertura Vegetal do Solo.

Foram elaborados dois mapas analíticos. O primeiro é o Mapa Análise de Síntese, que foi gerado no ArcGis, com a identificação de usos antrópicos (urbanização e desmatamentos) em áreas protegidas (Unidades de Conservação e Áreas de Preservação Permanente) no Mosaico de Uso e Cobertura Vegetal. O segundo é o Mapa de Recursos a Proteger, com a delimitação das áreas vulneráveis a inundações e deslizamentos, e as áreas protegidas, que compreendem os fragmentos de ecossistemas locais remanescentes sobre o Mosaico de Uso e Cobertura Vegetal.

35 Lei 4.771/1965, art. 2º.

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O mapa final apresenta o diagnóstico da bacia de drenagem com as Áreas Prioritárias a Conservação e Propícias à Ocupação. Foi feito a partir do cruzamento e análise dos mapas de Recursos a Proteger e Análise de Síntese. Foram delimitadas as áreas de Alta Prioridade de Conservação e Média Prioridade de Conservação e Propícias à Ocupação.

A partir de janeiro de 2006 foram realizadas diversas visitas de campo para levantar in loco a situação do processo de ocupação, os impactos ambientais e a cobertura vegetal, isso possibilitou atualizar os dados nos mapas gerados.

Devido à falta de disponibilidade de Ortofoto mais recente até o momento da elaboração desse trabalho, foram utilizadas imagens do GoogleEarth de 2008 para comparar áreas impactadas registradas nas visitas de campo com os mapas feitos a partir da Ortofoto de 2004.

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