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5. ANÁLISE DAS BACIAS NA REGIÃO DE ESTUDO

5.7 Bacia do Rio Turvo

A bacia do rio Turvo compreende uma área de aproximadamente 3.937 km2, e compreende as cidades de Cabrália Paulista, Lucianópolis, Alvinlândia e Ocauçu,

nas suas cabeceiras, até desaguar no rio Paranapanema, nas proximidades de Ourinhos.

O substrato geológico desta bacia compreende basaltos da Formação Serra Geral (datados de aproximadamente 132 Ma), capeados por rochas sedimentares siliciclásticas do Grupo Bauru (formações Adamantina e Marília), afora coberturas cenozóicas, que incluem formações superficiais (regolitos) e aluviões quaternários. Na porção nordeste da bacia ocorre a chamada Estrutura de Piratininga, em cujo centro afloram rochas permo-triássicas (formações Pirambóia e Corumbataí) e diques de diabásio, estrutura esta que já foi objeto de prospecção petrolífera. A bacia hidrográfica do Rio Turvo abrange uma área de cruzamento de notáveis lineamentos e suturas crustais, com destaque para as direções NW-SE, NE, NNW e EW, esta última ligada ao chamado Alinhamento do Paranapanema, que separa blocos estruturais adjacentes com notáveis variações no empilhamento estratigráfico (FULFARO et al., 1982) .

O estudo da fluviomorfometria nessa área iniciou-se com Santos, Itri e Etchebehere (2004) que selecionaram as 38 drenagens e fizeram as primeiras interpretações dos perfis longitudinais das drenagens, bem como Itri, Santos e Etchebehere (2004) analisaram os valores de RDE da referida bacia.

O emprego do índice de RDE revelou duas anomalias de primeira ordem e 28 anomalias de segunda ordem (RDEt). A análise dos perfis longitudinais das drenagens apresentou vários trechos em soerguimento, com maior atenção para a calha do rio Turvo, que se mostrou totalmente anômalo (FIGURA 53). Paralelo à calha do Turvo, apresentam-se (APÊNDICE D) alinhamentos de nickpoint de direções NE-SW e E-W, sobre essa região predominam-se índices de RDEt médios e altos, com destaque para a cabeceira do rio Turvo, que apresenta índices muito altos (>70).

Os trechos em subsidência ocorrem em pequenos espaços na foz de apenas cinco drenagens, não apresentando grandes estruturas que permitam afirmar um estado eminentemente anômalo, entretanto, a drenagem 4 apresenta praticamente 60% em estado de subsidência, bem como a drenagem 6c. Tais drenagens aproximam-se de uma área de subsidência do Rio do Peixe, permitindo sugerir um controle por falhas que estejam rebaixando a área. Nesta porção da bacia, os alinhamentos de nickpoint apresentam dois pares de direção NNE-SSW e E-W que se alongam em direção a bacia vizinha (médio Paranapanema), e tal hipótese de

rebaixamento pode ser auferida verificando os valores de RDEt, que apresentaram concentração de valores muito baixos (<40).

Adiante, a figura 54 apresenta um alinhamento de nickpoint entre as drenagens 9, 11 e 13 em que delimitam uma zona em estado de soerguimento. Na referida figura, as linhas verdes apresentam trechos em subsidência e as linhas vermelhas trechos em ascensão. As cruzes vermelhas indicam o posicionamento dos três nickpoint, bem como o perfil entre esses três pontos. As linhas amarelas sugerem limites de compartimentos. O alinhamento dos nickpoints pode sugerir zonas de falha em que estejam delimitando basculamento entre blocos tectônicos. Os nickpoint estariam alinhados e recuados a partir dos limites de compartimentos, para montante.

Figura 53. Perfil longitudinal do rio Turvo.

As interpretações dos perfis longitudinais das drenagens selecionados encontram-se listadas abaixo:

x O Rio Turvo apresenta-se na sua totalidade em ascensão e com grande sinuosidade independentemente da mudança litológica. Não possui anomalias de RDEs, mas abarca grandes índices de RDEt em seus afluentes. x Os perfis 4b ii, 4b iii, 4.c, 5, 6a, 6b, 6c, 6g, 6i, 6j, 6k, 8, 9, 13a, 16, 18, 20, 21,

x As drenagens 1, 2, 4, 6d, 6h, 6j, 7 e 15, apresentam trecho próximo a cabeceira em soerguimento e trecho em subsidência próximo a foz.

x A drenagem 4 apresenta nos seus 18 km de trecho em subsidência, confluência com as drenagens 4b, 4b i. Nesta área é possível identificar diversas planícies de inundação e áreas de sedimentação nos canais.

x Os perfis 2a e 4b iv apresentam somente um pequeno trecho em soerguimento próximo a cabeceira e em subsidência em sua foz.

x Os rios 3, 4a, 6d, 10, 11, 13, 19, e 23 sugerem o controle das drenagens por falhas, dada a sua conformação retilínea e notáveis trechos com nickpoint. Com exceção do perfil 10, as demais drenagens estão alinhadas pela direção ESE-WNW, característico nesta porção do território e cartografado no Apêndice B.

x As drenagens 6, 6e, 6h, 6j, 12, 14, apontam para um bloco em soerguimento com suas cabeceiras acima da linha de melhor ajuste. As drenagens também se postam retilineamente, evidenciando a presença do controle de falha. x Os perfis 6d i, 6f, 11, e 27 apresentam somente um pequeno trecho em

ascensão na sua cabeceira.

Drenagem Extensão (km) Cota na cabeceira (m) Cota na foz (m) Amplitude (m) RDEt 1 Rib. Três Barras 15.43 585 432 153 56 2 Rib. Grande 25.91 575 419 156 48 2a Rib. Claro 14.4 575 442 133 50 3 Rib. Perobas 9.55 578 456 122 54

4 Rio São João 58.98 650 452 198 49

4a Rib. São Pedro 16.9 590 460 138 49

4b Rib. Santo Inácio 40.35 640 466 174 47

4b i Rib. Bonito I 16.65 585 478 107 39

4b ii Rib. Areia Branca 10.9 575 481 94 39

4b iii Rib. Estevão 10.21 558 489 69 30

4b iv Rib. Barra Grande 9.65 655 497 158 70

4c Rib. Anhumas 16.45 625 478 147 52

5 Cór. Onça 9.65 579 466 113 50

6 Rio Alambari 88.35 600 475 125 28

6a Rib. Bonito II 12.37 610 482 128 51

6b Rib. Bonito III 9.78 610 487 123 54

6c Cór. Mutuca 10.55 630 488 142 60

6d Rib. Vermelho 41.65 660 489 171 46

6d i Cór. Boa Vista 9.23 657 512 145 65

6d ii Cór. João Pinto 7.5 655 514 141 70

6e Água da Boa Vista 9.6 608 490 118 52

6f Rib. Das Antas 46.65 652 490 162 42

6g Cór. Santo Antônio 10.25 600 492 108 46

6h Rib. Jibóia 14.78 630 494 136 50

6i Rib. Serrote 19.47 619 495 124 42

6j Rio Corrente 14.62 620 497 123 46

6k Rib. Água Branca 8 570 498 72 35

7 Cór. Barreiro 11.55 595 470 125 51 8 Cór. Leme 9.45 618 485 133 59 9 Cór. Cubas 13.85 588 477 111 42 10 Rib. Macacos 19.06 616 487 129 44 11 Cór. Grande 8.82 574 480 94 43 12 Rib. Limoeiro 10.86 615 493 122 51

13 Rib. Santa Clara 22.55 676 483 193 62

13a Cór. São Pedro 14.05 618 502 116 44

14 Rib. Ventania 12.65 602 495 107 42

15 Cór. Rangel 8.24 615 487 128 61

16 Rib. Barreiro 20.47 600 499 101 33

17 Rib. Santa Bárbara 14.28 654 487 167 63

18 Cór. São Romão 8.72 630 513 117 54

19 Rib. Boa Vista 15.23 673 489 184 68

20 Cór. Marimbondo 11.93 640 516 124 50

21 Rib. Da Onça 20.6 653 490 163 54

23 Rib. São Domingos 17.45 623 493 133 47

25 Rib. Boi Pintado 14.77 675 502 173 64

27 Cór. Tamanduá 8.77 678 514 164 76

29 Cór. Salto 9.42 695 522 173 77

Quadro 17. Identificação das drenagens na bacia do rio Turvo e seus respectivos índices de RDEt.

Figura 54. Alinhamento de nickpoint em trechos em soerguimento entre as drenagens 9, 11 e 13 na bacia do rio Turvo.

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