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Bacia Sedimentar do Jatobá – PE

No documento Volume 1 (páginas 99-104)

7. ANEXOS

7.1.10. Bacia Sedimentar do Jatobá – PE

AUTORES: José de Menezes Leal e José Geraldo Melo

ENTIDADE RESPONSÁVEL: Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE e Organização dos Estados Americanos – OEA

VEÍCULO DE DIVULGAÇÃO: Série: Brasil, SUDENE, Hidrogeologia 64 ANO DA PUBLICAÇÃO: 1983

OBJETIVO DO ESTUDO: Caracterização hidrogeológica da bacia sedimentar do Jatobá com definição das áreas mais favoráveis ao aproveitamento das águas subterrâneas.

SINÓPSE DO ESTUDO: O estudo foi realizado no período de maio/78 a abril/80, através de um programa de cooperação com a Organização dos Estados Americanos – OEA e se constitui num dos mais completos trabalhos sobre a hidrogeologia da bacia sedimentar do Jatobá.

A metodologia de trabalho incluiu as seguintes atividades:

• Levantamento da bibliografia existente sobre a área

• Mapeamento geológico a partir de foto-interpretação com apoio de campo e de mapas pré-existentes;

• Inventário dos pontos d’água;

• Detalhamento das investigações hidrogeológicas em três sub-áreas:

Petrolândia, Inajá e Moxotó, nas quais foram executadas sondagens de reconhecimento lito-estratigráfico, poços com piezômetros onde foram realizados testes de aqüífero e coleta de água para realização de análises.

• Análise interpretativa dos dados de campo e laboratório, com realização de mapas temáticos: geológico (Figura 7.07), piezométrico e de possibilidades de água subterrânea.

O estudo hidrogeológico executado teve por base o mapeamento geológico na escala de 1:200.000, o levantamento de 160 pontos d’água (entre poços tubulares, poços amazonas e fontes), 116 furos de sondagem realizados pela CPRM/CNEN, 134 análises químicas de águas dos pontos d’água e 9 testes de aqüífero.

Foram caracterizados dois sistemas aqüíferos na bacia sedimentar:

• Sistema aqüífero livre, representado pelos depósitos elúvio-aluviais e demais unidades geológicas aflorantes;

• Sistema aqüífero confinado representado pelas formações Inajá e Tacaratú.

O sistema aqüífero livre apesar de incluir também as formações Inajá e Tacaratú na zona aflorante foi considerado como de “baixa potencialidade hidrogeológica”, com poços apresentando vazões entre 5 e 10 m3/h em camadas saturadas com 30 a 50m de espessura.

Para esse sistema, foi executado o mapa piezométrico que revelou fluxos para o Rio Moxotó com gradientes médios de 0,45% e para o Rio São Francisco, com gradientes médios de 0,4%.

Os exutórios do sistema aqüífero são os rios Moxotó e São Francisco, além da evapotranspiração.

O estudo hidrogeológico do sistema aqüífero confinado, das formações Inajá e Tacaratú, somente foi considerado nas áreas de Moxotó e Inajá, de vez que em Petrolândia a predominância de pelitos mascarou os resultados obtidos. Nas duas áreas acima referidas, os vários testes de aqüífero obtiveram os parâmetros hidrodinâmicos representativos apresentados no Quadro 7.03 a seguir.

Figura 7.07. Mapa geológico da Bacia do Jatobá (SUDENE/OEA).

Quadro 7.03. Parâmetros hidrodinâmicos do sistema aqüífero Tacaratú/Inajá.

Parâmetros hidrodinâmicos Área de Moxotó Área de Inajá

Permeabilidade – K (m/s) 6,0 x 10-6 6,0 x 10-6

Coeficiente de Armazenamento – S 1,7 x 10-4 3,4 x 10-5

Fator de drenança – B (m) 1.600,0 1.660,0

Porosidade efetiva - µ 0,10 0,10

A recarga do sistema aqüífero verifica-se principalmente através da precipitação pluviométrica na borda oriental da bacia do Jatobá, cujo volume é avaliado em 1,2 x 109 m3/ano, do qual apenas uma pequena parcela de 35 x 106 m3 se infiltra, o que equivale a apenas 2,9% do volume precipitado (avaliado pelo método do balanço de cloreto).

Tendo em vista o reduzido número de poços no sistema aqüífero confinado, não pôde ser realizado o mapa piezométrico desse sistema. Na ausência desse mapa, a vazão de escoamento natural do sistema aqüífero foi avaliada de forma aproximada, obtendo-se o valor de 15 x 106 m3/ano.

As reservas do sistema aqüífero foram avaliadas apenas para as áreas onde foram detalhados os estudos, obtendo-se os valores apresentados no Quadro 7.04.

Quadro 7.04. Parâmetros dimensionais do sistema aqüífero Tacaratú/Inajá.

Parâmetros dimensionais Área de Moxotó Área de Inajá

Área considerada (km2) 660,0 212,0

Espessura saturada (m) 120,0 120,0

Reserva Permanente (m3) 7,92 x 109 2,55 x 109 O total da reserva permanente nas duas áreas é em torno de 10 x 109 m3.

A vazão de bombeamento dos poços, com base nos estudos realizados, foi recomendada em 50 m3/h na área de Moxotó e de 100 m3/h na área de Inajá.

Quanto à qualidade da água, 70% das análises efetuadas em toda a área apresentaram uma potabilidade boa (classificação de Schoeller), isto é, com sólidos totais dissolvidos abaixo de 500 mg/L; 14,4% se apresentaram com potabilidade passável (STD entre 500 e 1.000 mg/L), 10,4% com potabilidade medíocre (STD entre 1.000 e 2.000 mg/L) e apenas 5,7% com potabilidade má (STD entre 2.000 e 4.000 mg/L). Convêm lembrar que o limite de potabilidade estabelecido pela OMS e Ministério da Saúde é de 1.000 mg/L de sólidos totais dissolvidos.

Para irrigação, 66 % das águas se enquadram nas classes C1-S1 e C2-S1, que não oferecem qualquer risco para as culturas irrigadas. As águas mais salinizadas, tanto na classificação de potabilidade como na classificação para irrigação, correspondem aos aqüíferos das formações Aliança e Candeias, enquanto as melhores águas correspondem ao sistema aqüífero Tacaratú/Inajá.

Finalmente o estudo chegou a elaborar um mapa de zoneamento de potencialidade hídrica (Figura 7.08), estabelecendo cinco tipos distintos, apresentados no Quadro 7.05.

Figura 7.08. Mapa de Possibilidades de Água Subterrânea na Bacia do Jatobá.

Quadro 7.05. Zonas de distinta potencialidade de água subterrânea na Bacia do Jatobá.

Zona

Tipo Localização Área

(km2)

Potencialidade

(m3/ano) Prioridade

A Moxotó –Trocado 666,4 9,0 x 106 1

B Caraibeira – Inajá 212,8 9,0 x 106 1

C Petrolândia – Barreiras 268,8 Indefinida 2 D Tacaratú – Tupanatinga –

Buíque

1.523,2 Baixa 3

E Ibimirim – Peba 2.928,8 Anti-econômica 4 As áreas A e B foram consideradas como prioritárias quanto ao aproveitamento das águas subterrâneas, não somente pelo elevado potencial hidrogeológico que apresentam, como também pelas peculiaridades sócio-econômicas favoráveis que as tornam mais susceptíveis de utilização na implantação de projetos específicos (abastecimento d’água, irrigação, etc.). Estas duas áreas cobrem uma superfície total de 879,2 km2, que corresponde a apenas 15% da superfície da bacia sedimentar.

Foram dimensionadas as vazões e distâncias entre poços nessas duas zonas prioritárias, da seguinte forma: Na zona A os poços teriam uma profundidade da ordem de 200 m, com vazões de 50 m3/h e afastamento mínimo de 3 km entre um poço e outro, podendo-se explotar um total de 9 x 106 m3/ano.

Na zona B, os poços teriam profundidade média de 400m, afastamento mínimo de 4 km um

do outro e vazões da ordem de 100 m3/h, podendo-se extrair igualmente um total de 9 x 106 m3/ano.

Para a zona C recomenda-se aprimorar os estudos, devendo, todavia, os poços nela perfurados possuir profundidades superiores a 200 m. Na zona D caracterizada pela ocorrência do sistema aqüífero Tacaratu-Inajá livre, a potencialidade é baixa, devendo os poços possuir espessura saturada máxima de 50 m e suas vazões não deverão ultrapassar os 10 m3/h.

Finalmente a zona E, apesar de possuir uma vasta área de quase 3.000 km2 (ou 52% da área da bacia sedimentar) foi considerada como antieconômica devido à profundidade elevada em que se encontram os níveis do aqüífero confinado (acima de 500 m) e da baixa produtividade do aqüífero em situação de livre, onde os níveis se situam a profundidades superiores a 50m e as vazões captáveis máximas são da ordem de 10 m3/h.

Por fim, foram apresentadas sugestões de construção de poços, com dimensionamento para cada aqüífero e em diferentes condições, recomendações sobre a completação do poços e tecnologias sugeridas para diminuir as perdas de carga extrínsecas (relativas ao poço).

Esse estudo se constituiu num marco na caracterização hidrogeológica dos aqüíferos da Bacia do Jatobá, constituindo-se como base de informações para os estudos que lhe sucederam.

7.1.11. Possibilidades de Irrigação na Bacia do Rio Moxotó

No documento Volume 1 (páginas 99-104)