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o uso na vida de inalantes encontrados no II Levantamento domiciliar, no V Levantamento no ensino funda-mental e médio e no I Levantamento entre estudantes universitários. É possível observar na Tabela 2 que há diferenças regionais importantes, sendo as regiões Sul e Norte com menor prevalência de uso.

Tabela 2: Uso na vida de solventes na população em geral e entre estudantes de ensino fundamental e médio e entre estudantes de nível superior

Região População Estudantes (ensino

fundamental e médio)

Estudantes (ensino superior)

Centro-oeste 7,0% 16,5 18,5

Sul 5,2% 12,7 14,1

Sudeste 5,9% 15,8 21,3

Norte 2,3% 14,4 6,6

Nordeste 8,4% 16,3 22,0

Em um levantamento sobre consumo de drogas entre crianças em situação de rua, albergadas em abri-gos especiais não governamentais, de seis capitais brasileiras, revelou-se que o uso experimental de drogas, além do álcool e tabaco, fi ca em torno de 90%, sendo que, em Porto Alegre, o uso de solventes prevaleceu

Produto Exemplos Substâncias

Adesivos e colas Cola de sapateiro Tolueno

Aerossóis Sprays de tinta e de cabelo Butano, propano, tolueno, hidrocarbonetos, flurocarbonos

Anestésicos

Gasosos Óxido nitroso

Líquidos Halotano

Produtos de limpeza Fluidos para limpeza a seco,

removedores de manchas, detergentes

Tetracloroetileno, tricloroetano, cloridrato de metila

Solventes Removedores Acetona, tolueno,

cloridrato de metila, metanol

Outros

“Loló” Clorofórmio e éter

Lança-perfume Cloreto de etila

MÓDULO 2 Drogas – Efeitos, intoxicação e abstinência

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(64%), seguido pelo uso de maconha (39%) e cocaína (28%). Dados brasileiros sobre o consumo dessas substâncias em crianças de rua da cidade de São Paulo indicam que quase a metade delas (47,5%) referiu como motivo para o uso razões como: “é gostoso e faz sonhar com coisas boas”.

Efeitos a curto e longo prazo

Os inalantes são rapidamente absorvidos pelos pulmões, e o início dos efeitos é bastante rápido, com duração de alguns minutos, podendo ser prolongado por horas com a inalação repetida. Os principais efei-tos são caracterizados por uma depressão da atividade do cérebro, lembrando os efeiefei-tos do uso de álcool, mas com ocorrência muito maior de alucinações. Os sintomas iniciam com euforia, desinibição e compor-tamentos impulsivos. Com o aumento da dose, os efeitos depressores da substância vão se acentuando, podendo levar à morte. O aparecimento dos efeitos após a inalação foi dividido em 4 fases, como mostra a Tabela 3.

Tabela 3: Efeito dos inalantes em doses escalonadas

Fase Efeitos

Primeira

Fase da excitação.

A pessoa fica eufórica, aparentemente excitada, ocorrendo tonturas e perturbações auditivas e visuais.

Podem aparecer náuseas, espirro, tosse, muita salivação, e as faces podem ficar avermelhadas.

Segunda

A depressão começa a predominar.

A pessoa entra em confusão, desorientação, fica com a voz pastosa, começa a ter a visão embaçada, perda do autocontrole, dor de cabeça, palidez e começa a ver e a ouvir coisas.

Terceira A depressão se aprofunda com redução acentuada do estado de alerta, incoordenação motora, fala “enrolada”, reflexos deprimidos.

Quarta

Aparece a depressão tardia, podendo chegar à inconsciência.

Há queda de pressão, sonhos estranhos, podendo ocorrer convulsões.

Há possibilidade de se chegar ao coma e à morte.

Fonte: http://www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/inalante.htm

A morbidade e a mortalidade aumentam com o aumento da frequência e quantidade de uso, exceto pela síndrome da morte súbita pela inalação. A morte súbita pode ocorrer mesmo durante os primeiros consumos, durante a inalação ou nas primeiras horas subsequentes, principalmente por alterações no ritmo cardíaco. Também pode ocorrer morte por sufocação ou lesão acidental.

O uso crônico está associado a diversos problemas e varia com o tipo de substância inalada. Os inalantes que contêm tolueno são os que mais causam morte nos neurônios, levando à perda de memória

Inalantes CAPÍTULO 6

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e até demência. Além disso, pode haver perda visual, perda auditiva e do olfato, comprometimento da coordenação motora, difi culdade para caminhar. Há também aumento do risco de alguns tipos de câncer, como leucemia e câncer do fígado.

Gravidez

O primeiro relato de alterações fetais decorrentes do consumo ma-terno de solventes durante a gestação foi publicado em 1979, nos Estados Unidos. Nos últimos 20 anos, outros 100 casos foram publicados.

Deformidades como lábios superiores fi nos, fi ssura pal-pebral curta, pregas oculares, implantação baixa das orelhas, micrognatia, unhas diminutas foram relatadas.

Tais achados fi zeram alguns investigadores considera-rem a hipótese de uma síndrome similar à Síndrome Alcoó-lica Fetal (SAF). Nesse caso, os mecanismos para os efeitos teratogênicos do álcool e do tolueno seriam semelhantes. No entanto, nenhuma correlação pode ser evidenciada do ponto de vista científi co até o presente momento.

Tratamento

A intoxicação com inalantes, em geral, não requer atenção médica e passa de forma espontânea, exceto quando há depressão respiratória, arritmias ou outros sintomas que levem ao risco de vida. De outra forma, os cuidados envolvem principalmente tranquilização e apoio ao usuário, bem como atenção aos seus sinais vitais e ao nível de consciência. Há poucos estudos sobre necessidades de tratamento ou modalidades de tamento efetivas específi cas para abusadores de inalantes, o que faz com que sejam utilizadas técnicas de tra-tamento de outras dependências para esses usuários, como, por exemplo, terapia cognitivo-comportamental, terapia de grupo de mútua ajuda, terapia individual, terapia de família, entre outros.

Cabe salientar que, dependendo das condições cognitivas do paciente, técnicas de tratamento que dependam de bom funcionamento intelectual podem ser menos efetivas quando comparadas a abordagens mais diretivas, tais como monitoramento de atividades diárias, mudança de contexto/ambiente e limitação de acesso a recursos fi nanceiros. Particularmente para populações em situações de vulnerabilidade social, como meninos de rua, a ênfase inicial do tratamento deve ser direcionada ao restabelecimento de uma rede primária de apoio e reinserção social, enfocando principalmente a adesão e o engajamento a outras atividades que não incluam o uso de inalantes. Estratégias de prevenção nas escolas, com as famílias e nas comunidades são de extrema importância.

Na maioria dos casos, havia:

retardo do crescimento microcefalia

disfunções cerebrais déficit de atenção

atraso do desenvolvimento, incluindo distúrbios de linguagem.

Fonte: www.einstein.br/alcooledrogas

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Referências:

1. Andrade AG, Duarte PCAV e Oliveira LG. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Univer-sitários das 27 Capitais Brasileiras. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Brasília: SENAD, 2010.

2. Ferigolo M, Barbosa F, Arbo E, Malysz A, Stein A, Barros H. [Drug use prevalence at FEBEM, Porto Alegre]. Rev Bras Psiquiatr.

2004 Mar;26(1):10-6.

3. LACERDA R, LACERDA L, GALDURÓZ J. Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos): efeitos agudos e crô-nicos no SNC e em outros sistemas orgâcrô-nicos. In: DUARTE, Paulina do Carmo Arruda.; FORMIGONI, Maria Lucia Oliveira de Souza. (coord). SUPERA: Sistema para detecção do uso abusivo e dependência de substâncias psicoativas: encaminhamentos, intervenção breve, reinserção social e acompanhamento. Brasíllia: Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas; São Paulo:

Universidade Federal de São Paulo, 2008. V. 2. p. 29-39

4. Lucas A, Parente R, Picanço N, Conceição D, Costa K, Magalhães I, et al. [Use of psychoactive drugs by health sciences under-graduate students at the Federal University in Amazonas, Brazil]. Cad Saúde Pública. 2006 Mar;22(3):663-71.

5. CARLINI, E.A.; GALDURÓZ, J.C.F., et al.(org). II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 108 maiores cidades do País – 2005; Brasília: Secretaria Nacional Antidrogas, 2007. [19/04/2010].

6. Galduróz, J.C.F; Noto, AR; Fonseca AM e Carlini, EA. V Levantamento Nacional sobre o consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 capitais brasileiras, de 2004. Secretaria Nacional Antidrogas e Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas.

7. Pereira D, Souza R, Buaiz V, Siqueira M. Uso de substâncias psicoativas entre universitários de medicina da Universidade Federal do Espírito Santo. Jornal Brasileiro de Psiquiatria. 2008;57(3):188-95.

8. Ribeiro M, Marques A. Abuso e Dependência dos Solventes. In: Laranjeira R, Alves H, Arújo M, Baltieri D, Bernardo W, Castro L, et al., editors. Projeto Diretrizes – Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 2002.

9. Sadock B, Sadock V. Transtornos relacionados a inalantes. Compêndio de Psiquiatria. 9ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2007. p.

475-8.

10. Souza M, Kohlrausch E, Mazoni C, Moreira T, Fernandes S, Dantas D, et al. Perfi l dos usuários do serviço de teleatendimento sobre drogas de abuso VIVAVOZ. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul. 2008;30(3):182-91.

11. Site Álcool e Drogas sem Distorção (www.einstein.br/alcooledrogas) / NEAD - Núcleo Einstein de Álcool e Drogas do Hospital Israelita Albert Einstein [Fevereiro/2010].

12. http://www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/inalante.htm [fevereiro/2010]

13. http://www.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/folhetos/solventes.htm[fevereiro/2010]

Inalantes CAPÍTULO 6

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Introdução

O MDMA (3,4-methylenedioxymethamphetamine), também chamado de ecstasy, ou “droga do amor”, é uma substância que foi sintetizada primeiramente na Alemanha em 1912, pela indústria farmacêutica Merck, como uma medicação supressora do apetite. O potencial de abuso do ecstasy foi reconhecido e, a partir da década de 1970, as autoridades europeias e norte-americanas proibiram a comercialização da substância. Mesmo assim, a droga continuou sendo utilizada de maneira ilegal como um estimulante, pois seu componente tem estrutura e componentes farmacológicos semelhantes à anfetamina e mescalina. A partir de 1989, a droga passou a ser difundida pela Europa, estando relacionada principalmente com festas rave e música eletrônica. Menos de uma década depois, essas festas passaram a se popularizar no Brasil, organizadas por DJs brasileiros que vinham de Londres, e a droga se manteve associada a esse tipo de divertimento.

A Organização Mundial das Nações Unidas aponta que 8,5 milhões de indivíduos ao redor no mundo já teriam experimentado ecstasy até o ano de 2004. No Brasil, esse consumo parece estar au-mentando; entretanto, pouco se sabe sobre a prevalência do uso desta droga na população brasileira.

Um estudo recente mostrou que a maioria dos usuários de ecstasy consome a substância a cada uma ou duas semanas, 20% dos entrevistados a utilizam 2 a 3 vezes por semana e cerca de 0,5% faz esse consumo de maneira diária.

Ecstasy

Autores

Anne Orgler Sordi, Fernanda Kreische e Lisia von Diemen

CAPÍTULO 7

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