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Os benzodiazepínicos têm seus principais efeitos aumentando a atividade do sistema gabaérgico, principal neurotransmissor inibitório do cérebro.

Os benzodiazepínicos possuem basicamente cinco propriedades farmacológicas: sedativos, hipnóticos, ansiolíticos, relaxantes musculares e anticonvulsivantes. Apesar de geralmente bem tole-rados, os benzodiazepínicos podem apresentar efeitos colaterais, principalmente nos primeiros dias a pessoa sente-se normalmente sonolenta e com incoordenação motora, mas, conforme o corpo se habitua com os efeitos da droga, essas sensações desaparecem. Desse modo, os pacientes devem ser orientados a não realizarem tarefas capazes de expô-los a acidentes, tais como conduzir automóveis ou operar máquinas.

MÓDULO 2 Drogas – Efeitos, intoxicação e abstinência

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Efeitos Colaterais Possíveis dos Benzodiazepínicos Sonolência excessiva diurna (“ressaca”)

Piora da coordenação motora fina

Piora da memória (amnésia anterógrada) Tontura, zumbidos

Quedas e fraturas

Reação paradoxal – consiste de excitação, agressividade e desinibição, ocorre mais frequentemente em crianças, idosos e em deficientes mentais

“Anestesia emocional” – indiferença afetiva a eventos da vida

Idosos: maior risco de interação medicamentosa, piora dos desempenhos psicomotor e cognitivo (reversível), quedas e riscos de acidentes de trânsito

Risco de dependência

Fonte: Abuso e Dependência dos Benzodiazepínicos – Projeto Diretrizes.

O uso em altas doses pode causar “brancos” e até confusão mental (desorientação no tempo e no espaço). Os benzodiazepínicos têm potencial de abuso, sendo que 50% dos pacientes que usam por mais de 12 meses apresentam sintomas de abstinência após cessar o uso. Por sua propriedade como “calman-te”, muitas vezes seu uso esporádico pode evoluir para o abuso em um curto espaço de tempo, e, conse-quentemente, causar dependência. Os sinais de tolerância tendem a aparecer após um período de tempo relativamente curto, dependendo do padrão e da frequência de uso.

Os sinais e sintomas da síndrome de abstinência por benzodiazepínico são:

Sinais Menores Físicos Sinais Menores Psíquicos Sinais Maiores Tremores

Fonte: Emergências associadas ao álcool e a drogas de abuso – Emergências Psiquiátricas.

Benzodiazepínicos CAPÍTULO 12

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Os sintomas de abstinência aos benzodiazepínicos são muito parecidos com os de abstinência ao álcool, mas a intensidade e a duração dos sintomas são bem diferentes e irão variar também com o tipo e a dose da medicação usada, além de fatores como idade, comorbidades clínicas, tempo de uso. O início dos sintomas se dá em torno de 12 a 24 horas e maior intensidade em 24 a 72 horas para os medicamentos de curta ação e ocorre em 24 a 48 horas para os de longa ação (como diazepam e clonazepam), com auge dos sintomas no quinto ao oitavo dia. A duração dos sintomas pode ser de algumas semanas até meses nos casos de abstinência protraída. A abstinência protraída são sintomas relativamente leves de abstinência, como ansiedade leve a mo-derada, instabilidade do humor e distúrbios do sono que podem permanecer por vários meses.

O uso contínuo por muitos anos causa prejuízos à memória e cognição. Quando injetada, de forma não prescrita e sem indicação médica, pode levar a complicações agudas perigosas à manutenção da vida, como parada respiratória e cardíaca.

Tratamento

Anos de pesquisa têm demonstrado que a dependência de qualquer droga (ilícita ou prescrita) é considerada uma doença que, como qualquer outra doença crônica, pode ser tratada efetivamente. Não existe um único tipo de tratamento apropriado para todos os indivíduos dependentes de drogas prescritas.

O tratamento deve levar em conta o tipo de droga usada e as necessidades individuais do paciente.

Não se deve esperar que o paciente preencha todos os critérios da síndrome de dependência para começar a retirada, uma vez que o quadro típico de dependência química – com marcada tolerância, es-calonamento de doses e comportamento de busca pronunciado – não ocorre na maioria dos usuários de benzodiazepínicos, a não ser naqueles que usam altas dosagens. É importante salientar que mesmo doses terapêuticas podem levar à dependência.

Fonte: Emergências associadas ao álcool e a drogas de abuso – Emergências Psiquiátricas.

Equivalência aproximada das doses terapêuticas de benzodiazepínicos

Nome genérico Alguns nomes comerciais Dose (mg)

Alprazolam Frontal, Tranquinal 1

Clordiazepóxido Limbitrol, Psicosedin 25

Clonazepam Rivotril, Clonotril 2

Diazepam Valium, Valix 10

Flurazepam Dalmadorm 30

Lorazepam Lorax, Mesmerin 2

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O uso das medicações requer avaliação e prescrição médica.

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A melhor técnica e a mais amplamente reconhecida como a mais efetiva é a retirada gradual da medi-cação, em regime de internação de curto prazo ou de forma ambulatorial, sendo recomendada mesmo para pacientes que usam doses terapêuticas. Alguns médicos preferem reduzir um quarto da dose por semana.

Já outros negociam com o paciente um prazo, que pode ser de 6 a 8 semanas. Os 50% iniciais da retirada são mais fáceis e plausíveis de serem concluídos nas primeiras duas semanas, ao passo que o restante da medicação pode requerer um tempo maior para a retirada satisfatória. É de grande valia oferecer esquemas de redução das doses por escrito, com desenhos dos comprimidos e datas subsequentes de redução.

Pacientes que não conseguem concluir o plano de redução gradual podem se benefi ciar da troca para um agente de meia-vida mais longa, como o diazepam ou clonazepam. O diazepam mostrou ser a droga de escolha para tratar pacientes com dependência, por ser rapidamente absorvido e por ter um metabólito de longa duração – o desmetildiazepam –, o que o torna a droga ideal para o esquema de redução gradual, pois apresenta uma redução mais suave nos níveis sanguíneos.

O tratamento da dependência dos benzodiazepínicos envolve uma série de medidas não farmaco-lógicas e de princípios de atendimento que podem aumentar a capacidade de lidar com a síndrome da abstinência e manter-se sem a substância. Tais medidas devem ser avaliadas e propostas de acordo com as maiores difi culdades observadas pelo paciente, caso este fi que sem a substância, como, por exemplo, instruir para que seja feita uma “higiene do sono” para aqueles casos em que a maior difi culdade observada seja a insônia inicial.

O programa psicoterápico deve estar baseado tanto no suporte e psicoeducação em relação à absti-nência e seu manejo, como no tratamento dos sintomas de origem que levaram o uso inicial do medicamen-to, sendo muito comum a automedicação de sintomas de ansiedade de origem diversa.

Referências:

1. CARLINI, E.A.; GALDURÓZ, J.C.F., et al.(org). II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 108 maiores cidades do País – 2005; Brasília: Secretaria Nacional Antidrogas, 2007.[19/04/2010].

2. Abuse, N. I. o. D. (2009). Principles of Drug Addiction Treatment. A Research-Based Guide, National Institute on Drug Abuse: 80.

3. Nastasy H, Ribeiro M, Marques ACPR. Abuso e dependência de benzodiazepínicos.In: Laranjeira R, Alves H, Araújo M, Baltieri D, Bernardo W, Castro L, et al., editors. Projeto Diretrizes – Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 2002.

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