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4. METODOLOGIA

5.3 Sub-bacia Baixo Iguaçu

A sub-bacia Baixo Iguaçu localiza-se na região sudoeste do Estado do Paraná (Figura 6, sub-bacia n. 2). Na sub-bacia os principais produtos agrícolas de larga escala são soja, milho e trigo. Em pequena e média escala destacam-se as atividades de horticultura, fruticultura e especiarias/ervas medicinais (PRDE, 2006). O maior uso de água nesta sub-bacia é para a geração de energia hidrelétrica. A área estimada para a sub-bacia é de aproximadamente 33.073 km2.

Quanto à climatologia da precipitação média na sub-bacia Baixo Iguaçu (Figura 15), com base em 86 postos pluviométricos, observa-se que não há uma sazonalidade bem definida, com a precipitação relativamente bem distribuída ao longo do ano, diferentemente da climatologia da precipitação média encontrada para a sub-bacia do Alto Paranapanema, em que há períodos chuvosos definidos. Observa-se ainda que, em termos relativos em torno da média, o período chuvoso apresenta-se mais homogêneo do que o de inverno, indicando um maior número de eventos de precipitação para o primeiro.

Figura 15 - Gráfico das médias mensais e desvio padrão da precipitação diária (mm/dia) entre

os meses de janeiro (1) a dezembro (12) para o período estudado.

Nos meses com tendência de diminuição da precipitação, a queda pode chegar a cerca de 57% por década (mês de maio). Quanto ao mês de outubro, mês mais chuvoso, como observado na Figura 15, apresenta aumento de até 73% por década. Para o mês de fevereiro, por exemplo, dos 86 postos analisados na sub-bacia, 79 apresentaram tendência negativa e os sete postos

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 P rec ipit ão (m m /d ia ) Período (Meses)

remanescentes tendência positiva, quatro postos com tendência muito próxima de zero e três próximos a 1. No mês de maio, também se observa que quase a totalidade dos postos apresenta-se com mesma tendência, neste caso de aumento (85 dos 86 postos apresentaram tendência negativa). Em comparação à sub-bacia do Alto Paranapanema, observa-se que no caso do Baixo Iguaçu ocorre predomínio de tendências negativas.

Os parâmetros de locação (µ) do ajuste da função GEV para os 86 postos pluviométricos (com 90% de disponibilidade temporal) ficaram entre 69 e 112 mm/dia (Fig. 16a). Valores muito mais baixos foram encontrados na sub- bacia do Alto Paranapanema. Em geral os postos com maior precipitação média são aqueles com maior parâmetro de locação, sugerindo que as precipitações máximas anuais de cada série tendem a estar associadas aos postos de maior precipitação média. Por outro lado, a correlação entre as máximas de cada série apresenta correlação nula, sugerindo a natureza puramente aleatória do evento mais intenso de cada série. Mais de 60% dos postos de cada série apresentaram parâmetro de forma negativo () e, portanto, mais apropriados para serem representados por uma aproximação do tipo III (Weibull, limite superior finito), sugerindo, uma probabilidade nula de ocorrência de eventos de máxima precipitação anual acima dos maiores valores já registrados na série histórica, pelo menos para boa parte dos postos. O ajuste por uma função do tipo I (Gumbel,  = 0), só parece ser recomendado para um pequeno número de postos desta sub-bacia, uma vez que, dentro de um limiar de duas casas decimais, apenas doze postos seriam adequados (Fig. 16b).

Figura 16 - Distribuição espacial dos parâmetros de locação (µ) e forma (ξ) para a sub-bacia

do Baixo Iguaçu.

Observa-se ainda que, em relação à variabilidade espacial, o parâmetro de forma, Figura 16 b, também se apresenta mais homogeneamente distribuído quando comparado à Bacia do Paraná como um todo, comportamento semelhante à sub-bacia do Alto Paranapanema. A distribuição espacial da intensidade de eventos prevista a partir do ajuste da função GEV, considerando períodos de retorno de 10, 20 e 30 anos, é mostrada na Figura 17. O período de retorno para eventos de precipitação diária na faixa de 120 a 170 mm cada é de 10 anos na maior parte da área da sub-bacia, enquanto que entre 170 e 250 mm é de 20 ou mais anos. Novamente, tal como observado para a sub- bacia Alto Paranapanema, a predominância do tipo III indica que haverá um limite superior finito definido e, portanto, haverá pouca alteração na intensidade dos eventos quando períodos de retorno maiores forem considerados.

Figura 17 - Distribuição espacial das precipitações diárias máximas para períodos de retorno

de 10, 20 e 30 anos na sub-bacia do Baixo Iguaçu.

Os intervalos de vazões médias (m³/s) da sub-bacia Baixo Iguaçu, entre 1984 e 2013, estão representados na figura 18. O mês de outubro possui maior vazão média, sendo este o mais chuvoso na região do Baixo Iguaçu. Os meses de outubro a fevereiro são aqueles que apresentam maior variabilidade, Embora do ponto de vista da precipitação nos meses frios se observa maior dispersão nos valores, isto não se reflete na manutenção da vazão. Neste caso, muito provavelmente a vazão se mantém próxima ao mínimo estabelecido para a bacia, implicando em menor variabilidade, tal como observado para a sub-bacia do Alto Paranapanema.

Figura 18 - Vazão média diária para os postos fluviométricos analisados para a sub-bacia

Baixo Iguaçu.

O posto 00000052, mais a jusante da sub-bacia (Figura 18), possui vazão média de cerca de 1.557 m3/s e vazão máxima histórica de cerca de 20.000 m3/s. A vazão específica média neste mesmo posto é de 28 l/s/km², o que corresponde a uma taxa de drenagem de cerca de 2,4 mm/dia, ou a aproximadamente 45% da precipitação média na sub-bacia que é de 5,4 mm/dia, significativamente maior do que a encontrada no Alto Paranapanema e na bacia do Paraná como um todo. O índice de cheia calculado foi de 0,36, semelhante ao encontrado na bacia do Alto Paranapanema.

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