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4. A OFERTA DE GÁS NATURAL NO BRASIL

4.4. BALANÇO DO GÁS NATURAL

ag o /0 4 n o v/ 04 fe v/ 05 m ai /0 5 ag o /0 5 n o v/ 05 fe v/ 06 m ai /0 6 ag o /0 6 n o v/ 06 fe v/ 07 m ai /0 7 ag o /0 7 n o v/ 07 fe v/ 08 m ai /0 8 m il m ³/ d

Composição da oferta de gás natural - fev/00-jul/08

Produção nacional líquida Importação Oferta

(1) Equivale ao mercado aparente e inclui LGN, ajustes de balanço, outros consumos internos nas operações com gás natural e consumo em refinarias.

Fonte: ANP,2008b

A Petrobras, visando diminuir essa dependência da importação do gás natural, definiu a criação da Unidade de Negócios da Bacia de Santos – UN – BS. O objetivo é produzir na Bacia de Santos 30 milhões de metros cúbicos por dia em 2010, superior aos 28 milhões que o país importa hoje da Bolívia conforme será visto no resumo da apresentação do PLANGÁS no próximo tópico desse trabalho.

4.4.BALANÇO DO GÁS NATURAL

Nos últimos anos começou a surgir um desequilíbrio nas condições de oferta e demanda de gás natural no Brasil. Isso porque, foram lançadas políticas de incentivo ao uso do gás em diferentes segmentos que tiveram grande impacto no aumento da demanda por este energético, sem que se observasse um crescimento do volume ofertado compatível com esse novo ambiente de consumo.

Tendo em vista o objetivo de maximizar a utilização do GASBOL, em razão dos compromissos assumidos pela Petrobras, entre os anos de 2003 e 2004, os preços do gás natural ficaram praticamente inalterados (Petrobras, 2008).

Além disso, a empresa instituiu em 2004 o Programa de Massificação do Uso do Gás Natural, que contou com o apoio tanto do Governo Federal, como dos governos estaduais, os quais concederam incentivos fiscais aos potenciais clientes para estimular a utilização do gás, confiantes de que seu preço se manteria competitivo no médio prazo.

Assim, como visto anteriormente, plantas industriais foram alteradas para viabilizar a utilização de gás natural como combustível, usinas térmicas a gás foram construídas, automóveis foram convertidos para usar Gás Natural Veicular (GNV), entre outras iniciativas.

Se por um lado este Programa contribuiu para aumentar a competitividade do gás natural no País e sua penetração na matriz energética brasileira, por outro, intensificou o risco associado à imprevisibilidade das variações no preço do energético. Nesse sentido, observou-se nos últimos meses o debate público acerca da necessidade de se elevar os preços do gás, com vistas a se limitar o incentivo ao crescimento deste mercado, em virtude da perspectiva de restrições de oferta futura. De fato, no último ano houve aumentos expressivos em tais preços, refletindo a condição de escassez deste produto no mercado nacional, como pode ser observado no gráfico a seguir.

Gráfico 8 - Preço no City Gate do Gás Natural Nacional, Importado e do Programa PPT3, em US$/MMBTU (3º trim. de 1999 – 1º trim. de 2008

0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 U S $ /M M B T U

Nacional Térmico Importado

Fonte: Petrobras, 2008

Do lado da oferta, como visto seu crescimento neste período, ainda que expressivo, tem se mostrado insuficiente para atender à totalidade da demanda nacional, tornando clara a importância do gás boliviano para o atendimento às necessidades de consumo do Brasil.

É importante mencionar as características peculiares presentes no modelo hidrotérmico do setor elétrico brasileiro. A energia gerada é predominantemente hídrica, o que, por um lado, apresenta vantagens advindas dos ganhos com a modicidade tarifária, mas, por outro, introduz grande complexidade ao sistema energético do país, em virtude da

3 O Programa Prioritário de Termeletricidade (PPT), criado pelo Decreto Nº 3.371/2000, teve por objetivo estimular a construção de usinas termelétricas para promover uma alternativa à geração hídrica e, para isso, estabeleceu, entre outras prerrogativas, preços de gás natural diferenciados para as térmicas incluídas no Programa.

imprevisibilidade do regime pluviométrico. Assim, em complementação ao sistema hidrológico foram instaladas as usinas termelétricas, para serem despachadas sempre que o nível dos reservatórios se apresentasse abaixo do limite de segurança estabelecido.

Episódios recentes de baixo nível dos reservatórios hidráulicos geraram uma maior necessidade de despacho por termelétricas movidas a gás natural, o que evidenciou a impossibilidade de entrega de gás a estas térmicas sem que se restringisse o consumo de outros segmentos consumidores.

Estes episódios contribuíram para reforçar a necessidade de se estabelecer claramente a ordem de prioridade de entrega de gás por classe de consumidores em situações de contingenciamento. Tal priorização ainda não está regulamentada em nenhuma norma específica, em que pese o Projeto de Lei para o gás natural, em tramitação no Congresso Nacional, possuir um dispositivo que contempla a regulamentação de um Plano de Contingência, responsável por dispor dos consumos prioritários4.

Deste modo, com o intuito de reduzir o desequilíbrio verificado nas condições de oferta e demanda e, também, reduzir a vulnerabilidade do gás importado, começou a ser observada no Brasil a intensificação da busca por fontes energéticas alternativas e por

instrumentos de flexibilização da oferta de gás, com vistas a assegurar o fornecimento continuado.

Neste âmbito, está sendo implementado pela Petrobras o Plano de Antecipação da Produção de Gás Natural (PLANGÁS), composto por uma carteira de Projetos em exploração e produção, processamento e transporte de gás natural no Sudeste do País, que visa o incremento da oferta de gás natural de 15 milhões de metroscúbicos por dia para 40 milhões de metros cúbicos por dia ao final de 2008 e, posteriormente, para 55 milhões de metros cúbicos por dia em 2010 (ANP, 2008b). Este Plano representará um acréscimo de 1.292 km de dutos de transporte, aumentando em 121,8 milhões de metros cúbicos por dia a capacidade de escoamento nacional. Somam-se a isso outros projetos de ampliação e construção de novos gasodutos atualmente em andamento.

Merece atenção o fato de que o PLANGÁS foi inserido no Plano de Aceleração do Crescimento do Brasil (PAC), lançado pelo Governo Federal em 22 de janeiro de 2007. Este Plano é complementar ao PLANGÁS e ao Projeto Malhas e representará um acréscimo de 2.117 km de dutos, com previsão de capacidade de escoamento de 62,8 milhões de m3/dia, incluindo neste volume o atendimento do mercado pelos empreendimentos de GNL.

Os dois terminais de GNL recentemente construídos no Brasil, e em fase de testes de comissionamento para o início de sua operação comercial, têm o objetivo de flexibilizar a oferta de gás natural para atender principalmente à demanda térmica, e estão localizados em Pecém/CE e na Baía de Guanabara/RJ, com capacidade para regaseificar,

respectivamente, 7 milhões de metros cúbicos por dia e 20 milhões de metros cúbicos por dia (ANP, 2008b).

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