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3 A DIFUSÃO DAS TIC E SUA ASSOCIAÇÃO COM A PRODUTIVIDADE

3.1 Banco de dados

O banco de dados foi formado, basicamente, a partir da Pesquisa da Atividade Econômica Paulista (PAEP). Em complemento, foram utilizados dados sobre comércio exterior, fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

3.1.1 A Pesquisa da Atividade Econômica Paulista – PAEP

A PAEP é um produto da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação SEADE) – vinculada à Secretaria de Economia e Planejamento do Governo do Estado de São Paulo – com a cooperação de uma vasta rede institucional, de órgãos públicos a associações de classe. A pesquisa, realizada em 1996 e 2001, pode ser considerada a mais

abrangente sobre a atividade econômica e o processo de reestruturação produtiva das empresas paulistas.

A PAEP é uma pesquisa de caráter amostral, na qual as unidades de investigação, no caso da indústria, são a empresa e a unidade local (UL). Sua metodologia permite, através da expansão da amostra, construir um sistema de informações representativo da indústria paulista. Além dos atributos coletados em campo, a pesquisa permite a construção de uma série de indicadores secundários. Seu escopo ultrapassa o levantamento de informações que visam mensurar elementos da atividade produtiva do Estado, abrangendo ainda a captura de aspectos-chave relacionados à inovação tecnológica, aos recursos humanos e à adoção de novas formas de organização por parte das empresas.

No levantamento referente ao ano de 1996, o universo da pesquisa era constituído por 515.691 empresas, uni ou multi-locais, com sede ou unidade produtiva no estado de São Paulo. A amostra, especificamente para o caso da indústria de transformação, foi constituída de 16.625 empresas. Para o ano de 2001, o levantamento seguiu, em certa medida, as diretrizes do anterior, o que dotou o banco de dados de algum grau de compatibilização entre as duas datas de referência. Adicionalmente, houve importantes alterações, entre as quais se devem destacar a introdução do setor terciário – que com exceção dos serviços de informática e bancário não estava presente na pesquisa de 1996 – e a ampliação do estrato amostral.

Os indicadores da PAEP captam aspectos patrimoniais, econômico-financeiros, emprego e recursos humanos, estratégias de gestão, meio ambiente, e contratação de terceiros. A pesquisa apresenta um segmento que trata dos atributos relativos à atividade inovativa das empresas e torna-se de grande relevância, principalmente pelo fato de que a pesquisa tem como referencial metodológico e conceitual o Manual de Oslo, que “(...) é a principal fonte internacional de diretrizes para coleta e uso de dados sobre atividades inovadoras da indústria” (OCDE, 1997, p.5). Como resultado, os indicadores produzidos caracterizam-se por certa padronização, possibilitando, inclusive, alguma comparabilidade internacional.8

8 A PINTEC/IBGE também tem como referência o Manual de Oslo, pois esse destaca as atividades

inovadoras das firmas, algo pouco capturado em pesquisas com formatos mais tradicionais, como a PIA/IBGE e a PAS/IBGE, por exemplo, ambas focadas no nível de atividade e estrutura de dispêndios e receitas.

Além disso, a PAEP possui uma característica que a diferencia de outras pesquisas realizadas no país e a torna tão importante para o presente trabalho. A Pesquisa trata de uma questão ainda pouco explorada no Brasil; a penetração das tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas empresas brasileiras. Não obstante se limitar ao estado de São Paulo, a raridade desses indicadores os torna extremamente relevantes, mesmo em âmbito nacional, fornecendo um bom potencial para realização de estudos como o sugerido aqui. Embora algumas pesquisas isoladas realizadas no país tratem do fenômeno referido acima, a PAEP é a única pesquisa sistemática sobre a difusão das TIC na atividade industrial. Na pesquisa referente ao ano de 1996, a coleta de dados sobre a utilização de TIC foi condensada em dois grupos: informática e comunicações. O primeiro grupo captou o uso de computadores por parte das empresas, segmentado segundo o grau de complexidade dos equipamentos. O segundo, por sua vez, tratou da utilização de redes de computadores, diferenciando-as em termos de modalidade (curta e longa distâncias, e Internet) e no que diz respeito à que ou a quem as empresas estavam interligadas, isto é, clientes, fornecedores, órgãos governamentais, etc.. No levantamento para o ano de 2001, a pesquisa foi um pouco além, dando origem a indicadores de maior profundidade. Os dois grupos da pesquisa de 1996 foram então transformados em um único, denominado “tecnologia da informação”. Além desse, foi criado um novo grupo, “comércio eletrônico”, composto de novas variáveis que cobriam a penetração dessa nova modalidade de comércio nas transações das firmas, bem como em que condições e dimensão ela se dava. Com base no conjunto de variáveis da PAEP pode-se conduzir o estudo empírico sugerido aqui. Por um lado, as variáveis que versam sobre a utilização de TIC permitem observar, em alguma medida, o curso da difusão dessas modernas tecnologias nas empresas da Indústria de Transformação paulista. De outro, tem-se as variáveis que permitirão apurar a produtividade do trabalho das firmas – o que tornará possível verificar a existência de associação entre os níveis desta medida e o grau de uso de TIC – e outros indicadores que complementarão a análise.

Cabe destacar que a unidade estudada pelo presente trabalho é a empresa sediada no estado de São Paulo (uni ou multi-local). Mesmo que se trate de empresa multi-local, independentemente da localização de suas unidades locais (dentro ou fora do estado de São Paulo), as variáveis utilizadas referem-se ao funcionamento e estratégias da organização como um todo.

3.1.2 Dados complementares

Para complementar a base de dados da PAEP, dados de duas outras fontes serão utilizados, especificamente para o caso da análise de correlação multivariada a ser implementada (seção 3.7). Em busca de captar a possível associação entre a inserção externa setorial e a produtividade das empresas, foram empregados dados de comércio exterior dos setores (a partir da divisão CNAE de 4 dígitos) da indústria de transformação brasileira, para os anos de 1996 e 2001, fornecidos pela Secretaria de Comércio Exterior do MDIC, disponibilizados através do Sistema ALICE. Especificamente, tratam-se de informações sobre o valor das exportações e importações setoriais. Com esse mesmo objetivo foram utilizados também dados de faturamento setorial, extraídos da Pesquisa Industrial Anual do IBGE, também para os dois anos estudados.

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