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De acordo com a definição do Manual de Segurança e Inspeção de Barragens, publicada pelo Ministério da Integração Nacional (2002), entende-se por barragem10 uma estrutura construída em determinada parte de um rio que se caracteriza por ser transversal e tem como finalidade formar um reservatório onde ocorra acumulação de água, o qual pode ter diferentes finalidades, como armazenamento de água para diferentes usos ou acompanhado de uma complexa infraestrutura, para geração de energia elétrica. (PEREIRA, 2015)

No contexto histórico mundial, segundo Carvalho (2006, p. 66-67), a construção de barragens teve dois períodos marcantes, sendo que:

10 Ao longo do TCC, aparecerão várias formas de referência no que respeita ao termo barragem. Sendo assim, ora utilizo barragem, ora usina, ora usina hidrelétrica, mas todas são sinônimas.

O primeiro se inicia no final do século XIX e vai até meados do século posterior. No início do século XX não existiam no planeta barragens com mais de 15 metros de altura. Em meados do século XX as barragens com altura superior a 15 metros já eram contadas em mais de 5000. Durante todo este período a construção de barragens – servissem elas para a contenção de águas para irrigação, consumo doméstico ou geração de energia elétrica – foi objeto de poucas críticas e eram tidas, geralmente, como grandes exemplos, senão signos, do empreendedorismo dos países em promoverem o desenvolvimento e a modernização da sociedade. [...] no segundo período, especialmente a partir dos anos 1960- 1970. Deste momento em diante a sociedade passa- no âmbito de um incipiente movimento ecologista/preservacionista- a perceber e criticar os impactos socioambientais decorrentes da construção de mega-projetos barrageiros hidrelétricos.

Referente à construção de hidrelétricas no BrasiL, há um vasto histórico sobre o tema no livro “A História das Barragens no Brasil - Séculos XIX, XX e XXI” (2011) elaborado em comemoração aos 50 anos de existência do Comitê Brasileiro de Barragens. Através deste livro constatou-se que a mais antiga das barragens do país se localiza atualmente na área urbana de Recife, PE, datada do final do século XVI, mais precisamente no ano de 1557 (p.18).

De acordo com as informações encontradas no livro “A História das Barragens no Brasil - Séculos XIX, XX e XXI” (CBDB, 2011), por volta de 1877, aconteceu “A grande seca do Nordeste” (2011, p.19), como ficou conhecido o período de mais de três anos sem chuvas nesta região, causada pelo fenômeno El Niño11. Diante deste fenômeno, uma das medidas adotadas pelo Imperador D. Pedro II, foi “[...] a construção de barragens para suprimento de água e irrigação no Polígono das Secas”. Nos anos sequêntes foram construídas diversas barragens com esta finalidade, principalmente de 1950 a 1960 (p. 19).

Já as barragens com a finalidade de produção de energia elétrica, segundo o Comitê Brasileiro de Barragens (2011, p. 20) começaram a serem construídas no final do século XIX nas regiões sul e sudeste sendo que:

[...] começaram a serem implantadas pequenas usinas para suprimento de cargas modestas e localizadas, todas com barragens de dimensões discretas. A primeira usina da Light entrou em operação em 1901, no rio Tietê, para suprimento de energia elétrica à cidade de São Paulo. [...] As primeiras grandes barragens do País foram Cedros acima mencionada e Lajes, que entrou em operação em 1906 no

11 “El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anormal das águas superfi- ciais no oceano Pacífico Tropical, e que pode afetar o clima regional e global, mudando os padrões de vento a nível mundial, e afetando assim, os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias”. Disponível em: <http://enos.cptec.inpe.br/> Último acesso em: 19. Set. 2016.

estado do Rio de Janeiro com o objetivo de derivar as águas do ribeirão das Lajes para da usina de Fontes no Rio de Janeiro, na época uma das maiores do mundo.

Atualmente as barragens construídas no Brasil com a finalidade de geração de energia elétrica são em maior número, além de constituir as partes fundamentais e indispensáveis do empreendimento hidrelétrico como um todo, pois é a água que vai gerar a força mecânica para a produção de energia.

De acordo com “A História das Barragens no Brasil - Séculos XIX, XX e XXI” (2011, p. 22) o sistema de hidroeletricidade do Brasil vem tornando-se:

Na atualidade o tema da construção e operação de grandes hidrelétricas vem assumindo cada vez maior relevância, não apenas pela existência de um significativo movimento antibarragens em escala mundial, mas também por referir se a problematização de uma das mais importantes fontes de geração de energia elétrica do atual sistema técnico.

Para além do termo eletricidade, o Comitê Brasileiro de Barragens (2011, p. 21) afirma que:

As hidrelétricas, ao ocuparem um espaço, ao territorializarem-se, causam um forte impacto nas territorialidades pré-existentes, sejam elas sociais, políticas ou econômicas. Dessa forma a construção de hidrelétricas tem sentido não apenas como processo de artificialização da natureza ou de substituição de um meio natural por um meio técnico, mas, principalmente, como processo de desterritorialização e reterritorialização, o que significa fazer menção à dinâmica de criação de um novo território e do surgimento de novas territorialidades.

Além disso, a energia elétrica surgiu como uma inovação tecnológica, proporcionando, dentre outras coisas, um maior conforto à população. Em nível nacional a maior parte de energia elétrica produzida é proveniente de usinas hidrelétricas.

Atualmente o Brasil tem grande potencial referente à geração de energia a partir de hidrelétricas, sendo que a participação dessa tecnologia na produção total da energia elétrica brasileira é de ordem de cerca de 61,31% (ANEEL, 2016)

Ainda referente ao sistema político energético12 Kurahassi et al (2006, p. 55) em sua tese ressalta que “[...] no Brasil, a participação do poder público municipal nas políticas energéticas ainda é bastante reduzida. Historicamente, as responsabilidades pelo suprimento de energia elétrica sempre estiveram centralizadas na empresa distribuidora de energia”.

As usinas hidrelétricas são caracterizadas como uma forma de geração de energia que utiliza as características geomorfológicas e as potencialidades hídricas dos rios para suas instalações, munidas de uma ampla infraestrutura, como reservatório, barragem, rede de transmissão de energia, vertedouros etc. Isso torna indispensável à ocupação de vasto território, o que acaba ocasionando diferentes impactos no meio ambiente ali existente.

Para tanto, as hidrelétricas brasileiras, em diferentes momentos de sua implantação, causam impactos ao meio ambiente, e diversas Implicações Socioterritoriais, por exemplo, aspectos econômicos, sociais e culturais das áreas onde serão ou estão implantadas esses empreendimentos.

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