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APENDICE I – DADOS COLETADOS NA E.E MARIA RAMOS – SÃO CARLOS

3.12 Base estrutural da preparação dos saltadores

A realização do potencial desportivo do ser humano depende da genética combinado com os recursos materiais à disposição e, sobretudo, de um programa de condicionamento baseado em princípios científicos.

Nos últimos vinte anos as concepções metodológicas que se tornaram padrões de referência na área do treinamento desportivo, tanto para os processos de condicionamento físico para jovens na fase inicial de suas carreiras, quanto para incrementar as cargas de trabalho em atletas já formados, originaram-se dentre outras das teorias criadas por pesquisadores da antiga URSS podendo se destacar Matveev na década de 50 e posteriormente enriquecidas pelos conceitos e métodos difundidos por outros cientistas do leste europeu, tais como Verkhoshansky, Weineck, Platonov, Zatsiorsky, Mitra, Filin; Volkov, Hollman, Lamb, Knuttgen entre outros.

Nos países em que as iniciativas e concepções metodológicas adotadas produzem resultados efetivos, nota-se sempre uma característica básica: as cargas de condicionamento nos primeiros anos são projetadas para produzirem efeito em longo prazo priorizando os diversos períodos em que ocorrem mudanças morfofuncionais no organismo. Essa característica de programação vencedora submete todos os conceitos, modelos e métodos inovadores ou não, à dimensão da realidade. Os conceitos e métodos de condicionamento mais “antigos” parecem ser ainda insubstituíveis, embora o cenário competitivo tenha mudado radicalmente (MANNO, 1997).

As iniciativas de reestruturação dos métodos e processos de condicionamento físico, procurando adequar-se à realidade atual, passa pela evolução na melhoria dos métodos de preparação física juntamente com o sistema de avaliação das capacidades biomotoras. Esses dois fatores são estreitamente ligados um ao outro, na medida em que a avaliação e os métodos de preparação constituem um sistema de orientação desportiva, permitindo oferecer elementos possíveis de se identificar o ritmo de progressão da condição física e conseqüentemente dos resultados.

A preparação do atleta iniciante deve diferenciar-se dos de nível intermediário e superior, por encontrarem-se seus sistemas orgânicos ainda em formação, requerendo assim uma visão perspectiva de longo prazo, por via de novas estratégias de organização do processo de condicionamento, meios e métodos com potencial de estímulos que comprovadamente sejam eficazes e possam apresentar menor risco à saúde dos jovens atletas. “O problema é que quando se crê ‘possuir’ um talento, cede-se à tentação de tirar dele prestígio e notoriedade, o que incita a acelerar a progressão dos resultados” (MANNO, 1997).

É indispensável uma clara diferenciação do processo de condicionamento dos jovens, para que sua preparação seja eficaz, desde as primeiras etapas é preciso que haja uma

correlação ótima entre os meios de condicionamento que permitam, por um lado, desenvolver as possibilidades funcionais dos mesmos e criar uma base para futuras progressões, e por outro, não destruir a predisposição genética para executar o trabalho requerido para a modalidade específica que é o principal fator que permite alcançar o êxito no desporto (PLATONOV; FESSENKO, 1998).

O processo de formação do jovem atleta tem por diretriz metodológica e didática o desenvolvimento das capacidades biomotoras e habilidades motoras por meio de uma preparação a longo prazo que contemple a estruturação morfofuncional e o desenvolvimento multifacetado do organismo:

- estruturação morfofuncional; - desenvolvimento multifacetado;

3.12.1 Estruturação morfofuncional

Refere-se ao fortalecimento do corpo como um todo e das relações das partes entre si. O aperfeiçoamento morfofuncional dos sistemas do organismo destina-se a aquisições estáveis de adaptação dos mesmos, que é uma das condições de desenvolvimento do processo de elevação do nível desportivo, bem como pelas particularidades de seu desenvolvimento no tempo. Primeiro o organismo reage adaptando-se ao regime locomotor por meio de todo o complexo de sistemas que o compõe. Posteriormente as mudanças de adaptação serão de orientação seletiva, condicionada pela especificidade motora do exercício (VERKHOSHANSKY, 2001).

O processo evolutivo da estruturação morfofuncional do organismo durante a prática de muitos anos decorre conforme certas leis, as quais consiste no seguinte:

• Especificidade das reestruturações de adaptação em correspondência predominante às exigências das condições definidas da atividade muscular nas quais foram formadas; • Heterocronia de certos sistemas do organismo condicionado pela diferente inércia de

adaptações;

• Continuidade objetiva das mudanças qualitativas nas capacidades funcionais de vários sistemas fisiológicos do organismo na medida da intensificação do trabalho muscular;

• Caráter sistemático do desenvolvimento do processo de especialização morfofuncional do organismo, a saber, na ordem de acumulação de suas reações de adaptação, baseadas nas aquisições de adaptação da etapa anterior (VERKHOSHANSKY, 2001).

3.12.2 Desenvolvimento multifacetado

Entende-se por desenvolvimento multifacetado um desenvolvimento contínuo, progressivo e de conexão de funções psicofisiológicas em meio a uma preparação metodológica adaptada a cada uma das capacidades biomotoras, que visam os diferentes componentes do rendimento desportivo, tendo em conta as especificidades de cada um deles (MANNO, 1997).

Os objetivos da preparação multifacetado são diversos, e organizados em função da condição do treinamento, da idade, da maturidade biológica, do desenvolvimento motor e da especialidade desportiva que seleciona com prioridade um grupo de capacidades físicas e motoras determinantes.

O salto triplo por tratar-se de uma prova que envolve movimentos cíclicos e acíclicos que devem ser realizados de maneira conexa, de forma propiciar a continuidade das ações nos apoios sucessivos que o compõem é necessário introduzir os elementos específicos da técnica desde o início em concordância com a evolução da preparação física; posto que as exigências técnicas requerem muitos anos para atingir níveis elevados de realização.

No entendimento da literatura desportiva especializada a preparação multifacetada compreende a preparação física desenvolvida por meio de exercícios preparatórios gerais de reduzido volume especiais de volume crescente, tendo esse primeiro bloco o objetivo de desenvolver as capacidades biomotoras, e o segundo o desenvolvimento das habilidades concernentes a formação técno-táticas, em que as proporções a serem trabalhadas dentro de cada bloco dependem, por sua vez do nível de qualificação do atleta e do período do ano no qual ele se situa (VERKHOSHASKY, 2001)

No entanto, achamos importante destacar que a metodologia proposta por Verkhoshasky (1990, 1995, 2001) deve ser reservada aos atletas de um nível superior de desempenho, pois, por enfatizar cargas especiais de alto potencial de estimulo visam explorar a mais profunda reserva especial de adaptação; portanto sugerimos que sua utilização, embora

testada e comprovada para atletas do atletismo (provas de força rápida como os saltos, arremessos, lançamentos e corridas curtas 100 e 200m) não seja, precocemente utilizada nas etapas inicias do processo de preparação, assim, entendemos que devem ser criados alicersses para a prática desportiva especializada de alto nível e que tal procedimento é fundamental quando respeitadas as etapas que sugerimos a seguir.

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