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Bauhinia variegata (Pata-de-vaca-rosa) 7) Caesalpinia peltophoroides (Sibipiruna)

8) Albizia lebbeck (Língua-de-sogra) 9) Lagerstroemia indica (Resedá) 10) Cassia fistula (Chuva-de-ouro)

A Figura 14 mostra a abundância relativa entre as espécies arbóreas no total das áreas, excluída a UFBA.

0 2 4 6 8 10 12 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70 73 76 79 82 Espécies P i (% )

Houve predomínio de T. catappa, C. fairchildiana e P. aquatica, que juntas representaram 28,38% da comunidade. Das 82 espécies, as 14 mais abundantes responderam por 71,56% do total de indivíduos.

Vinte espécies tiveram apenas uma ou duas ocorrências. O índice de diversidade de Simpson encontrado foi D=20,85 e os índices de Shannon-Wiener foram H=0,785 e eH=32,11. A Tabela 38 mostra o percentual da comunidade representado pela soma das espécies mais abundantes.

Tabela 38 – Percentual da soma das espécies

mais abundantes na Macroárea Lucaia/Costeira.

Nº espécies % total 1 10,80 2 20,48 3 28,38 4 33,89 5 39,24 6 44,06 7 48,56 8 52,85 9 56,58 10 60,06

No total das áreas amostradas foram encontradas 27 famílias botânicas (Tabela 39), as cinco mais abundantes foram: Fabaceae (Pi=44%), Bignoniaceae (Pi=13,1%), Malvaceae (Pi=11%), Combretaceae (Pi=10,8%) e Moraceae (Pi=4,95%).

Merece destaque o fato de Combretaceae estar representada por apenas uma espécie, T. catappa. Famílias como Cannabaceae e Annonnaceae apresentaram apenas um indivíduo.

Tabela 39 – Famílias botânicas encontradas na Macroárea

Lucaia/Costeira (P – abundância; Pi – abundância relativa).

Família Espécies P Pi (%) Fabaceae 31 1085 44,00 Bignoniaceae 6 322 13,10 Malvaceae 7 272 11,00 Combretaceae 1 266 10,80 Moraceae 7 122 4,95 Lythraceae 1 92 3,73 Anacardiaceae 5 79 3,20 Sapindaceae 1 48 1,95 Polygonaceae 3 38 1,54 Casuarinaceae 1 34 1,38 Cecropiaceae 1 19 0,77 Myrtaceae 3 17 0,69

Família Espécies P Pi (%) Chrysobalanaceae 1 17 0,69 Lauraceae 1 10 0,41 Melastomataceae 1 9 0,37 Simaroubaceae 1 6 0,24 Malpighiaceae 1 6 0,24 Rubiaceae 1 5 0,20 Rhamnaceae 1 5 0,20 Salicaceae 1 3 0,12 Meliaceae 1 2 0,08 Rutaceae 1 2 0,08 Araucariaceae 1 2 0,08 Annonaceae 1 1 0,04 Cannabaceae 1 1 0,04 Dilleniaceae 1 1 0,04 Apocynaceae 1 1 0,04 N.I. - 4 0,16 Total 82 2469 100,00

A Figura 15 mostra a distribuição do total de indivíduos entre as famílias.

Fabaceae Bignoniaceae Malvaceae Combretaceae Moraceae Lythraceae Anacardiaceae Outras

Figura 15 – Freqüência de indivíduos da Macroárea Lucaia/Costeira, por família botânica.

Quanto à origem, houve predomínio de exóticas tanto em relação ao número de espécies (36,6%) quanto ao número de indivíduos, que representou um pouco mais da metade do total (53,3%).

O número de espécies nativas não regionais (21) foi um pouco inferior ao das nativas regionais (25), mas estas últimas representaram apenas 17,1% do total de indivíduos (Tabela 40).

Tabela 40 – Origem das espécies e abundância de indivíduos de cada

categoria na Macroárea Lucaia/Costeira (NR - Nativa regional; BR - Nativa não regional; EX - Exótica; N.I. – Não identificado).

Origem Nº espécies P espécies (%) Nº indivíduos P indivíduos (%)

NR 25 30,50 423 17,1

BR 21 25,60 651 26,4

EX 30 36,60 1316 53,3

N.I. 6 7,32 79 3,2

Total 82 100,00 2469 100,0

Entre as nativas regionais, as mais freqüentes foram: 1) C. peltophoroides (Sibipiruna) 2) T. avellanedae (Ipê-rosa) 3) C. ferrea (Pau-ferro) 4) C. echinata (Pau-Brasil) 5) S. mombin (Cajazeira) 6) C. pachystachya (Embaúba) 7) P. dubium (Canafístula) 8) L. tomentosa (Oiti-mirim) 9) S. terebinthifolia (Aroeira) 10) T. granulosa (Quaresmeira) 11) A. occidentale (Cajueiro) 12) S. amara (Pau-Paraíba)

Das 82 espécies levantadas, apenas 30 fornecem alimento à fauna (Tabela 41), o que representou 26,45% do total de indivíduos.

Tabela 41 – Abundância de espécies fornecedoras de alimento na

Macroárea Lucaia/Costeira (P – Abundância total; Pi – Abundância relativa).

P Pi (%)

Espécies 30 36,1

Entre estas, as espécies mais abundantes foram: 1) T. catappa (Amendoeira) 2) P. aquatica (Monguba) 3) M. indica (Mangueira) 4) C. pachystachya (Embaúba) 5) L. tomentosa (Oiti-mirim) 6) S. cumini (Jamelão) 7) P. americana (Abacateiro) 8) P. ruscifolia (Algarobo) 9) S. terebinthifolia (Aroeira) 10) F. guaranitica (Figueira-branca)

Quanto à ocorrência de espécies invasoras, foi detectada a presença das seguintes espécies arbóreas:

1) Artocarpus heterophyllus (Jaqueira); 2) Azadirachta indica (Nim);

3) Casuarina equisetifolia (Casuarina); 4) Leucaena leucocephala (Leucena); 5) Mangifera indica (Mangueira); 6) Mimosa caesalpiniifolia (Sabiá); 7) Terminalia catappa (Amendoeira).

Além destas, as seguintes palmeiras e espécies arbustivas invasoras também estiveram presentes:

1) Calotropis procera;

2) Tecoma stans (Ipê-amarelo-de-jardim); 3) Elaeis guineensis (Dendezeiro).

Quanto à presença de plantas tóxicas ou com princípios alergênicos, foram encontradas as seguintes espécies arbustivas, arbóreas e palmeiras:

 Nerium oleander (Espirradeira);  Melia azedarach (Cinamomo);  Schinus terebinthifolia (Aroeira);  Lithrea molleoides (Aroeira-branca);  Ficus microcarpa (Figueira-lacerdinha);  Caryota urens (Arecaceae)

DISCUSSÃO

A discussão a seguir busca analisar os resultados obtidos em Salvador, em comparação com outros estudos no Brasil, à luz da Ecologia e Permacultura.

Ao todo, foram amostrados 2469 indivíduos, pertencentes a 82 espécies, 61 gêneros e 27 famílias. A Tabela 42 mostra a riqueza das áreas de Salvador e de outros estudos no Brasil. Essa comparação deve levar em conta a diferença de amostragem, pois conforme aumenta o número de indivíduos amostrados, mais espécies são descobertas (Ricklefs, 2003).

Tabela 42 – Comparação da riqueza entre as áreas e outros estudos no Brasil

(N – nº indivíduos; R – Riqueza; R/N – densidade de espécies; MC – Rua Miguel Calmon; DT – Dique do Tororó; CC – Corredor da Centenário; JMJ – Av. Juracy Magalhães Jr.; VG – Av. Vasco da Gama; ACM – Av. Antonio Carlos Magalhães; MLC – Macroárea Lucaia/Costeira).

Local N R R/N Referência

MC* 46 3 0,065 -

DT* 127 20 0,157 -

Patos-PB 164 12 0,073

Jacareí-SP 295 28 0,095 Faria; Monteiro; Fisch,

2007.

Pombal-PB 212 8 0,038 Rodolfo Júnior et al.,

2008.

Campina Grande-PB 360 24 0,067 Araújo et al., 2009.

Taubaté/SP 415 50 0,120 Minhoto; Monteiro;

Fisch, 2009.

Mariópolis/PR 424 20 0,047 Silva et al., 2008.

Franca/SP 479 72 0,150 Silva et al., 2008.

CC* 482 31 0,064 -

JMJ* 493 46 0,093 -

VG* 500 53 0,106 -

Sete de Setembro/RS 773 60 0,780 Coletto; Müller;

Wolski, 2008.

ACM* 821 44 0,054 -

Campos de Jordão-SP 836 32 0,038 Andrade, 2002.

Aracaju/SE 1076 23 0,021 Lima Neto et al.,

2007.

Norte do MT 1210 37 0,031 Almeida, 2009.

Uberlândia-MG 1329 30 0,023 Silva et al., 2002.

Pato Branco/PR 1677 55 0,033 Cadorin et al., 2008.

UFBA* 1723 103 0,060 -

Assis/SP 1915 54 0,028 Rossatto; Tsuboy;

Frei, 2008.

MLC* 2469 82 0,033 -

Americana-SP 2551 76 0,030 Silva, 2005.

Maringá/PR 93.261 87 0,001 Blum; Borgo;

Entre as áreas de Salvador a que apresentou maior número de espécies foi a UFBA (103), seguida das Avenidas Vasco da Gama (53) e Juracy Magalhães Jr. (43), contudo este fato sofre influencia do grande número de indivíduos amostrados na UFBA (1723) e do diferencial desta como campus universitário (conforme demonstrado nos Resultados).

A densidade de espécies (R/N) refere-se ao número de espécies encontradas em relação ao total de indivíduos (Odum, 1988). O Dique do Tororó foi o local com maior densidade em Salvador (0,157), seguido da Avenida Vasco da Gama (0,106) e da Juracy Magalhães (0,093), mas esse número é favorecido pela baixa amostragem dessa área.

O Dique do Tororó apresentou densidade de espécies equiparável à encontrada por Silva et al. (2008) em Franca-SP (0,15) e um pouco superior a de Taubaté-SP (0,12), estudada por Minhoto, Monteiro e Fisch (2009).

As Avenidas Vasco da Gama e Juracy Magalhães Jr. apresentaram uma riqueza maior do que a encontrada em áreas de Campos de Jordão-SP (Andrade, 2002), Aracaju- SE (Neto et al., 2006), norte do Mato Grosso (Almeida, 2009) e Uberlândia-MG (Silva et al., 2002), mesmo considerando a maior amostragem destes estudos.

A riqueza de espécies amostradas na Macroárea Lucaia/Costeira em Salvador (R=82) foi maior do que a encontrada por Silva (2005) em Americana-SP (R=76) e consideravelmente elevada se comparado à de Maringá-PR (R=87), conforme Blum, Borgo e Sampaio (2008), levando-se em conta o grande número de indivíduos amostrados nesta (93.261).

Essa elevada riqueza é favorável ao equilíbrio e sustentabilidade pois proporciona um sistema mais interativo, onde cada função importante é apoiada por diversos elementos (Mollison e Slay, 1998).

Nas áreas amostradas em Salvador, a família mais abundante em número de indivíduos foi Fabaceae (44%), seguida de Bignoniaceae (13,1%) e Malvaceae (11%).

Faria, Monteiro e Fisch (2007) encontraram um maior número de espécies de Fabaceae e Bignoniaceae, em Jacareí-SP, sendo que em número de indivíduos predominaram as leguminosas. Bortoleto (2004) encontrou na Estância de Águas de São Pedro-SP, predomínio de Fabaceae, seguida de Bignoniaceae e Moraceae, considerando árvores, arbustos e palmeiras.

Machado et al. (2006) também encontrou predominância de leguminosas entre as árvores nativas de Teresina-PI, assim como Melo e Chagas (2008), no Campus da

UNIFEOB, em São João da Boa Vista-SP, onde a freqüência de Fabaceae foi em torno de 43%, sendo as outras famílias mais freqüentes Myrtaceae e Bignoniaceae.

Em Franca (SP) Silva et al. (2008) encontraram uma maior abundância de Rutaceae (15%), seguida de Fabaceae-Caesalpinoideae (11,9%), Anacardiaceae (10,6%), Oleaceae (10,2%) e Moraceae (8,9%). As famílias Moraceae e Anacardiaceae tiveram relativa representatividade em Salvador com 4,95% e 3,2% de freqüência, respectivamente.

No Horto Municipal da Barreirinha, em Curitiba-PR, Biondi e Leal (2008) encontraram, entre árvores, arbustos e trepadeiras, mais espécies de Fabaceae (37), Myrtaceae (13) e Bignoniaceae (8). Ou seja, assim como ocorre em Salvador, é comum a alta freqüência de leguminosas e bignoniáceas na arborização de ruas do país.

Fabaceae é uma das maiores famílias de angiospermas, ocorrendo no Brasil cerca de 200 gêneros e 1500 espécies. É a principal família usada na arborização urbana do Brasil e muito importante economicamente (Souza e Lorenzi, 2005).

Está incluída entre as principais famílias na maioria dos ecossistemas naturais brasileiros e tem como uma importante função ecológica a fixação de nitrogênio, por meio da associação com bactérias do gênero Rhyzobium (Souza e Lorenzi, 2005).

Mollison e Slay (1998) destacam o papel das leguminosas, principalmente das pioneiras, na construção do solo e fornecimento de matéria orgânica e abrigo para árvores de crescimento lento.

O uso de recursos biológicos é uma ótima estratégia, sempre que possível, para economizar energia, a exemplo da utilização da adubação verde ao invés de fertilizantes nitrogenados e o emprego de plantas no combate de pragas (Mollison e Slay, 2008).

Contudo, a adubação verde, por si só, não enriquece o teor de matéria orgânica do solo, pois, pelo fato de ser uma adubação nitrogenada, acaba consumindo-a (Primavesi, 2002).

Diversidade

Mollison e Slay (1998) ressaltam a importância de se praticar a diversidade policultural, que traz estabilidade e prepara o sistema para eventuais mudanças sociais e ambientais.

A comparação da diversidade entre as áreas estudadas deve levar em conta a diferença de amostragem. O índice de diversidade de Simpson é dependente do tamanho

da amostra. Seu valor máximo é o número de espécies encontradas (Ricklefs, 2003). Comparando-se as três áreas de Salvador com amostras de tamanho parecido, concluiu- se que a Av. Juracy Magalhães apresenta maior diversidade (D=18,22), seguida da Vasco da Gama (17,17) e do Corredor da Centenário (11,14).

O índice de Shannon-Wiener (h) é relativamente independente da amostragem (Odum, 1988). A ordem acima se confirma com o cálculo deste, onde as três áreas apresentam-se com os maiores índices de diversidade (0,841; 0,823; e 0,794, respectivamente). A UFBA mostrou diversidade semelhante ao Corredor da Centenário (H=0,794), a Av. ACM ficou em quarto lugar com H=0,758, seguida do Dique do Tororó com H=0,74 e da R. Miguel Calmon (H=0,54), como ilustra a Tabela 43.

Tabela 43 – Comparação da diversidade entre as áreas de

Salvador (N – nº indivíduos; D – Índice de diversidade de Simpson; H – Índice de Shannon-Wiener).

Local N D H

R. Miguel Calmon 46 1,54 0,540

Dique do Tororó 127 5,19 0,740

Corredor da Centenário 482 11,14 0,794

Av. Juracy Magalhães Jr. 493 18,22 0,841

Av. Vasco da Gama. 500 17,17 0,823

Av. ACM 821 11,89 0,758

UFBA* 1723 22,36 0,794

Macroárea Lucaia/Costeira 2469 20,85 0,785

Para comparação com outras cidades brasileiras, será levada em conta a porcentagem do total de indivíduos representada pelas espécies mais abundantes. Os resultados obtidos na Macroárea Lucaia/Costeira, em Salvador, encontram-se na Tabela 44. Houve predomínio de amendoeiras (T. catappa), sombreiros (C. fairchildiana) e mongubas (P. aquatica), que juntas representaram 28,38% da comunidade.

Tabela 44 – Percentual da soma das espécies

mais abundantes na Macroárea Lucaia/Costeira.

Nº espécies % total 1 10,80 2 20,48 3 28,38 4 33,89 5 39,24 6 44,06 7 48,56 8 52,85 9 56,58

Algumas cidades brasileiras apresentam baixíssima diversidade, com dominância de poucas espécies. Rodolfo Júnior et al. (2008) na cidade de Pombal-PB, encontrou predomínio de F. benjamina e S. siamea que juntas foram responsáveis por aproximadamente 77% do total de indivíduos. No norte do Mato Grosso, Almeida (2009) encontrou que as três espécies mais frequentes representavam 79,1% do total de indivíduos, das cidades estudadas. Andrade (2002) encontrou que 87,8% dos indivíduos arbóreos de Campos de Jordão pertenciam a duas espécies. Das 12 espécies encontradas em Patos-PB, somente duas foram responsáveis por 83,53% das árvores amostradas (Melo; Lira Filho; Rodolfo Júnior, 2007). Estes valores de dominância são muito superiores aos encontrados na capital baiana.

Na Macroárea, em Salvador, as oito espécies mais abundantes responderam por um pouco mais da metade (52,85%) da comunidade arbórea. Em Jacareí-SP as quatro espécies mais freqüentes representaram em torno de 52% dos indivíduos (Faria; Monteiro; Fisch, 2007), assim como em Taubaté-SP (Minhoto; Monteiro; Fisch, 2009). No bairro estudado por Araújo et al. (2009), em Campina Grande-PB, a espécie F. benjamina foi a mais freqüente (51,95%) e as cinco mais abundantes totalizaram 83,62% da comunidade arbórea. Em Uberlândia-MG as cinco espécies mais frequentes representaram 67,2% do total de indivíduos (Silva et al., 2002). Sete espécies respondiam por 70% da arborização de Sete de Setembro-RS (Coletto; Müller; Wolski, 2008).

As dez espécies mais freqüentes, em Salvador-BA representaram 60,06% do total da comunidade arbórea. Valor próximo ao de Franca-SP, 64,5% (Silva et al., 2008).

Em Assis-SP, Rossatto, Tsuboy e Frei (2008) encontraram predomínio de L. tomentosa (21,41%) e as dez espécies mais frequentes foram responsáveis por 82,77% dos espécimes. Em Maringá-PR, as dez espécies mais frequentes responderam por 74,76% da arborização de vias públicas (Sampaio e De Angelis, 2008).

Em Águas de São Pedro-SP, ocorreu maior diversidade que em Salvador, pois a soma das dez espécies mais abundantes respondeu por 48,33% do total de indivíduos, apesar de C. peltophoroides apresentar freqüência de 13,63% (Bortoleto et al., 2007).

Portanto, a Macroárea Lucaia/Costeira, em Salvador, apresenta considerável diversidade em comparação a outras cidades brasileiras, mas está longe do ideal, devido à dominância de poucas espécies e presença de muitas espécies com poucos indivíduos. Para Silva et al. (2008) o baixo número de indivíduos de algumas espécies é decorrente de plantios realizados pelos próprios moradores.

A estabilidade, obtida através da diversidade, depende da cooperação entre as espécies. É necessário que estas não causem prejuízos umas às outras. Alguns detalhes importantes a serem conhecidos na hora da escolha de árvores para crescerem juntas são: a estrutura da árvore madura, o que interfere no sombreamento dos indivíduos ao redor; a tolerância à sombra; a altura das árvores na maturidade, para decidir a localização e necessidades de espaço; a necessidade de umidade; e a ocorrência de alelopatia (Mollison e Slay, 1998).

As espécies

Sempre que possível, deve-se utilizar espécies nativas ou aquelas adaptadas e reconhecidas como benéficas (Mollison e Slay, 1998). Deve ser respeitada a aptidão ecológica de cada espécie (Lorenzi, 2002).

As plantas distinguem-se em relação ao seu comportamento ambiental. As pioneiras só crescem na mata jovem (capoeira). As secundárias predominam no estágio intermediário e as clímaxes crescem e reproduzem-se somente na floresta madura (Lorenzi, 2002).

A natureza encarrega-se de transformar numa floresta qualquer área coberta com solo e sem vegetação. Nos primeiros anos desenvolvem-se apenas herbáceas anuais, herbáceas perenes e arbustivas perenes. Somente depois de quatro anos surgem as primeiras arbóreas pioneiras e após o sombreamento da área aparecem as espécies secundárias e clímaxes (Lorenzi, 2002). As plantas iniciais da sucessão modificam o ambiente e facilitam o estabelecimento das espécies mais tardias, ou seja, “cada estágio pavimenta o caminho para o próximo” (Ricklefs, 2003).

Mollison e Slay (1998) destacam a importância de se promover a sucessão natural, ao invés de lutar contra este processo à custa de trabalho e energia.

Quanto à origem das espécies, na amostragem de Salvador houve predomínio de exóticas tanto em relação ao número de espécies (36,6%) quanto ao número de indivíduos (53,3%). O número de espécies nativas não regionais (21) foi um pouco inferior ao das nativas regionais (25), mas estas últimas representaram apenas 17,1% do total de indivíduos.

Muitos autores não fazem distinção entre as espécies nativas regionais e não regionais. Melo e Chagas (2008) encontraram, na UNIFEOB, em São João da Boa Vista,

19 espécies nativas e 9 exóticas. Faria, Monteiro e Fisch (2007) encontraram igual número de espécies entre nativas e exóticas (sendo a maior parte destas, frutíferas plantadas pela população). Em Assis-SP, o número absoluto de árvores nativas foi quatro vezes maior que o de exóticas, apesar do número de espécies exóticas ser maior (Rossatto; Tsuboy; Frei, 2008). Estes estudos, portanto, subestimaram a presença de organismos exóticos ao bioma local.

Porém, mesmo quando não há distinção entre nativas regionais e não regionais, na maior parte dos estudos prevalece o predomínio de exóticas ao Brasil. Araújo et al. (2009) encontrou o dobro de espécies exóticas em relação a nativas. Almeida (2009) em cidades do norte do Mato Grosso encontrou que 56,8% das espécies eram exóticas. Na Estância Turística de Águas de São Pedro, houve predomínio de espécies exóticas (61,33%) (Bortoleto et al., 2007), assim como em Sete de Setembro-RS com 58,3% das espécies (Coletto; Müller; Wolski, 2008). Teixeira e Santos (2007) encontraram 71,7% de indivíduos exóticos. Segundo Lorenzi et al. (2003) as exóticas representam cerca de 80% das espécies usadas no país.

Considerando-se a importância das variações regionais, dentro do mesmo país, muitos autores fazem a separação daquelas espécies do bioma local. Contudo, essa definição varia em virtude do território considerado.

Silva et al. (2008) encontrou em Franca-SP, 68,5% dos indivíduos exóticos e 31,5% nativos do Brasil. Destes, apenas 8,3% eram nativos da região. Blum, Borgo e Sampaio (2008) encontraram em Maringá muitas espécies exóticas ao Brasil (55,2%), além de 20,7% exóticas ao ecossistema natural de Maringá.

Silva et al. (2008) mostraram que as espécies mais abundantes na arborização de Mariopólis não têm nenhuma identidade com o bioma local. No total, ocorreram oito espécies nativas do Brasil, três do bioma local e 12 exóticas (sendo seis destas consideradas invasoras no Paraná).

Das 55 espécies inventariadas por Cadorin et al. (2008), em Pato Branco-PR, 25 são nativas e apenas 11 são do bioma local, sendo a freqüência de indivíduos arbóreos nativos bem menor que a de exóticas.

Em Salvador ocorreu boa representatividade das espécies nativas regionais (17,1% do total de indivíduos), em comparação a outras localidades do Brasil. Contudo deve-se levar em conta o amplo território considerado (Domínio da Mata Atlântica no estado da Bahia).

Blum, Borgo e Sampaio (2008) ressaltam que nem toda espécie exótica traz prejuízos ambientais, mas é preciso valorizar a riqueza florística regional. Machado et al. (2006) encontraram 48 espécies nativas em parques e praças de Teresina-PI, mas afirmam a importância do estudo de espécies com potencial para arborização de calçadas laterais.

Lorenzi (2002) argumenta que nem todas as espécies de árvores nativas são adequadas para o plantio em áreas urbanas, contudo, a maior parte pode ser plantada em grandes avenidas, praças e parques. A indisponibilidade de mudas é a principal dificuldade para o uso destas.

Funcionalidade

A importância da diversidade em um sistema não está somente no número de elementos presentes, mas, principalmente, na quantidade de conexões funcionais entre estes (Mollison e Slay, 1998).

“Cada elemento no sistema deverá ser escolhido e posicionado de forma a executar o maior número possível de funções” (Mollison e Slay, 1998). Segundo estes, as árvores podem servir para: controle da erosão, condicionamento do solo, controle do clima, manutenção da vida selvagem, como ornamentais, quebra-ventos, para fornecimento de sementes, alimento, remédios, entre outras funções.

Das 82 espécies levantadas em Salvador, apenas 30 fornecem alimento à fauna, o que representou 26,45% do total de indivíduos. Silva et al. (2008) encontraram, em Franca-SP, 65% dos indivíduos com potencial para alimentação de aves e morcegos, número bastante superior ao encontrado na capital baiana. Contudo, em Salvador não foi considerado o alimento para visitantes florais.

Morrow (2003) julga necessário, para a sustentabilidade, trazer a produção de alimentos de volta às cidades, usar o máximo da capacidade de tudo e ajudar a tornar as pessoas independentes.

Sobre a alimentação humana, Rossato et al. (2008) encontraram, em Assis-SP, 11 indivíduos de frutíferas, que correspondiam a 0,5% da comunidade, o que para eles indica pouca interferência da população. Coletto, Müller e Wolski (2008) encontraram significativo número de espécies frutíferas (16), compondo 12% do total de indivíduos.

Para eles o plantio destas, em geral, é feito de forma espontânea pela população, visando à alimentação.

O uso de espécies com frutos grandes em calçadas é inviável (Pivetta e Silva Filho, 2002), contudo estas podem ser usadas em canteiros largos e praças, como proposto pela Lei Municipal nº 4.456 de 09 de Dezembro de 1991, que trata do plantio de árvores frutíferas nas avenidas de vale, bem como nas avenidas que disponham de áreas marginais favoráveis para tal.

Deve-se levar em conta que cada elemento do sistema, para funcionar eficientemente, deve estar posicionado no lugar certo, de forma que facilite suas interações com outros elementos (Mollison e Slay, 1998), estes autores destacam as seguintes questões para basear estratégias:

 “Que uso tem os produtos deste elemento, em particular, para as necessidades dos outros elementos?”;

 “Quais serão as necessidades deste elemento que serão supridas pelos outros?”;

 “De que forma este elemento é incompatível com os outros?”;  “De que forma este elemento beneficia outras partes do sistema?”.

Espécies com folhas caducas em calçadas prejudicam o sistema de drenagem e, assim como frutos grandes, trazem muita sujeira (Pivetta e Silva Filho, 2002). Devem, portanto, ser evitadas, assim como a introdução de espécies potencialmente invasoras, que podem romper o balanço natural do ambiente (Mollison e Slay, 1998).

Ocorreram na cidade de Salvador, 11 espécies potencialmente invasoras, entre árvores, arbustos e palmeiras, com destaque para a amendoeira (T. catappa), espécie de maior freqüência na cidade.

Em via pública de Pato Branco-PR, a espécie predominante também foi invasora (Silva et al., 2007). Coletto, Müller e Wolski (2008) encontraram 11 espécies invasoras em Sete de Setembro-RS. Blum, Borgo e Sampaio (2008) levantaram 16 em Maringá-PR.

No Horto Municipal da Barreirinha, Curitiba-PR, 6,67% das espécies produzidas eram consideradas invasoras no Brasil e 3,03% no Paraná (Biondi e Leal, 2008).

Blum, Borgo e Sampaio (2008) levantaram que 5,5% da arborização de Maringá é composta por 16 espécies consideradas invasoras no estado do Paraná. Na área urbana de Curitiba, Biondi e Macedo (2008) encontraram, entre plantas de todos os hábitos, 23

Das espécies que ocorreram em Salvador merecem destaque as mangueiras (M. indica) e jaqueiras (A. heterophyllus), fornecedoras de alimento; e o dendezeiro (E. guineensis), de importância cultural para a cidade. O uso destas pode ser feito se não oferecer risco de contaminação em áreas de conservação da flora local.

As outras espécies encontradas devem ter seu uso evitado, são elas: amendoeira (T. catappa); casuarina (C. equisetifolia); leucena (L. leucocephala); sabiá (M. caesalpiniifolia); nim (A. indica); ipê-amarelo-de-jardim (T. stans); e C. procera.

Quanto à presença de plantas tóxicas ou com princípios alergênicos, foram encontradas sete espécies, arbustivas, arbóreas ou palmeiras.

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