• Nenhum resultado encontrado

Benefícios do turismo de negócios

Capítulo 5. Desenvolvimento e Importância do Turismo de Negócios

5.4 Benefícios do turismo de negócios

Rutherford (1990, p.1) descreveu o sector dos negócios como “uma coleção multifacetada de funções e diligências que em conjunto orquestram uma máquina económica de proporções multibilionárias”, aludindo à sua capacidade de gerar benefícios económicos de âmbito nacional, regional e local (Kim, Chon & Chung, 2003).

Como tal, as potencialidades do turismo de negócios rapidamente despertaram a atenção dos investigadores que se apressaram a identificar um conjunto de vantagens diretamente relacionadas com a organização de eventos ligados ao sector, com especial enfoque para as regiões de destino (Davidson & Cope, 2003; Hanly, 2012; Lee, 2006). Simultaneamente, os destinos capacitaram-se no sentido de identificar os impactes do turismo de negócios, reconhecendo, numa primeira análise, a faculdade deste em gerar externalidades económicas positivas (Hanly, 2012). A Figura 5.2 expressa as principais vantagens económicas do turismo de negócios que permitem, aos destinos, otimizar o investimento realizado no sector, mais concretamente, em equipamentos e infraestruturas e em ações de marketing (Rogers, 2003) e cuja natureza apresenta uma relação intrínseca com o elevado poder financeiro que caracteriza os turistas de negócios (Hanly, 2012).

Figura 5.2. Contributos de ordem económica gerados pelo turismo de negócios.

Fonte: Elaboração própria com base em Bradley, Hall & Harrison (2002); Davidson & Cope (2003); Kim, Chon & Chung (2003); Rogers (2008); Weber & Chon (2002).

Uma breve análise aos contributos referidos permite compreendê-los de uma forma mais concreta. O turismo de negócios, pelas características que apresenta, permite criar empregos permanentes (Davidson & Cope, 2003; Peters & Jones, 1996; Weber & Chon, 2002) quer de forma direta como de forma indirecta (Bradley, Hall & Harrison, 2002;Kim, Chon & Chung, 2003); ao envolver um grande número de participantes (empresários, empreendedores),

Capítulo 5 – Desenvolvimento e importância do turismo de negócios

99 concentrados em destinos específicos, pode suscitar o aparecimento de novos conceitos de negócio ou, da mesma forma, de novos negócios “físicos” nos locais visitados (Davidson & Cope, 2003; Weber & Chon, 2002); tratando-se de uma atividade enquadrada no sector do turismo, as viagens de negócios contribuem para o aumento das receitas turísticas, em particular, pelo facto de lhe ser inerente um cariz de despesas avultadas (Davidson & Cope, 2003); em simultâneo, e fazendo uso desta última justificação, este segmento contribui para que o crescimento dos gastos diários e totais, nos locais de destino (Rogers, 2008).

No entanto, não só de impactes económicos se reveste a organização de eventos de negócios. Diversos autores identificaram contributos sociais e culturais que atribuem, ao turismo de negócios, um carácter ainda mais relevante quer a nível nacional, como também regional e local. O Quadro 5.1 oferece um panorama geral das potenciais vantagens inerentes à organização de eventos de negócios.

Quadro 5.1. Tipo de impactes relacionados com o turismo de negócios. Outros impactes positivos do turismo de negócios

Melhoria da imagem do destino Baixos níveis de poluição Incentivo às relações empresariais Promoção do destino internacionalmente Diminuição da sazonalidade Melhoria da qualidade de vida da população local Promoção da transferência de conhecimentos e tecnologia Atração de novos visitantes e investimento relacionado

Fonte: Elaboração própria com base em Davidson & Cope (2003); JMIC (2011); Mistilis & Dwyer (1999); Opperman (1996); Kim, Chon & Chung (2003); Rogers (2008); Weber & Chon (2002).

Dos contributos não-económicos proporcionados pelo turismo de negócios, é possível enfatizar a atenuação da sazonalidade, pelo facto de os eventos de negócios possuírem um carácter “anual” e, como tal, não tendem a concentrar a sua procura num período específico. (Davidson & Cope, 2003; Hanly, 2012; Rogers, 2008). Apesar desta constatação, este segmento pode constituir um complemento ao turismo de lazer (Davidson & Cope, 2003; Rogers, 2008), por optar por viagens durante os períodos de outono e/ou primavera (Opperman, 1996). Em paralelo, a organização de eventos de negócios pode criar, em torno do destino, uma imagem de credibilidade, pelo facto de se associar os negócios a características como a notoriedade (Davidson & Cope, 2003; Kim, Chon & Chung, 2003). Como tal, e em parte associada a esta vantagem, emerge a promoção a nível internacional do destino, tratando-se de uma forma de “investimento” futuro (Davidson & Cope; Rogers, 2008). Quer isto dizer que a organização de eventos de negócios de renome funciona, automaticamente, como forma de promoção dos

Capítulo 5 – Desenvolvimento e importância do turismo de negócios

100

destinos (Lee, 2006), geralmente concretizada pelos participantes. Ou seja, quando devidamente agradados pela experiência proporcionada, estes revelam forte tendência para recomendar o destino a amigos e familiares ou, num outro sentido, regressar ao local visitado, num contexto de lazer, e fazendo-se acompanhar por familiares (Davidson & Cope, 2003; Rogers; 2008). Desta forma, o destino, inicialmente considerado de negócios, pode vislumbrar uma oportunidade de se posicionar no mercado como destino de férias e lazer.

Tamanhas potencialidades, associadas às mais-valias em termos de transferência de know-how e tecnologia (JMIC, 2011; Mistilis & Dwyer, 1999) e, acima de tudo, ao facto de funcionar como fator de atração de diversos agentes para se fixarem nos locais de destino tendo em vista o estabelecimento de novos negócios (Rogers, 2008), posicionam o turismo de negócios como um produto turístico apetecível para diversos destinos. Ao mesmo tempo, a tendência cada vez mais notória de congregar eventos de negócios com atividades de lazer, proporciona, de igual forma, vantagens competitivas, tendo em conta o facto de os indivíduos envolvidos em negócios demonstrarem maior dinamismo e propensão em participar em atividades que antecedem e/ou sucedem o evento principal, gerando gastos superiores nos locais de destino (Kim, Chong & Chung, 2003; JMIC, 2011).

Neste capítulo, as autoridades locais vislumbram a construção de equipamentos de apoio40 ao turismo de negócios como um catalisador da reestruturação e regeneração das infraestruturas e da economia regional (Bradley, Hall & Hawson, 2002). Com base nestes elementos, esta indústria emerge como uma garantia para alcançar os objetivos sociais e económico- financeiros estabelecidos por cada destino (JMIC, 2011).