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Viagens de negócios individuais e colectivas

Capítulo 5. Desenvolvimento e Importância do Turismo de Negócios

5.3 Conceito

5.3.1 Viagens de negócios individuais e colectivas

Rogers (1998) designa a viagem de negócios individual - individual business travel ou corporate travel - como aquela que é efetuada no próprio país, ou para o estrangeiro, porque a profissão assim o exige. Conclui-se, portanto, que se trata de uma vertente do turismo de negócios composta por viagens realizadas no sentido do exercício de funções necessárias à profissão do viajante, revelando um carácter regular. Neste campo destacam-se, a título de exemplo, jornalistas e investigadores, cujas ações se desenrolam em eventos como apresentações, investigações ou reuniões one-to-one (Davidson & Cope, 2003).

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Trata-se de um Conselho, criado em 1978, que estabelece elos de comunicação entre diferentes associações ligadas ao sector do turismo de negócios e contribui também para a análise estrutural do sector, assim como, das estratégias desenvolvidas e aplicadas (JMIC, 2011).

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95 Por outro lado, salienta-se a viagem de carácter coletivo. Como foi possível averiguar anteriormente, algumas das definições em análise atribuíram destaque tanto às viagens de negócios de cariz individual, como também às viagens de negócios em grupo. Neste sentido, e durante largo período, foi usual designar-se esta componente de viagem por Meetings, Incentive, Conventions and Exhibitions (MICE) (Del Chiappa, 2012), Meetings Industry (UNWTO, 2006b) ou Business Tourism (Davidson & Cope, 2003; Rogers, 1998). Embora divergindo em termos de nomenclatura, as opiniões sobre a composição das viagens de grupo não apresentam variações consideráveis e, dessa forma, é usual integrarem-se as reuniões e conferências, as viagens de incentivos, os congressos ou convenções, as feiras ou exposições e os eventos corporativos (Davidson & Cope, 2003; Marques & dos Santos, 2012; Rogers, 1998).

Neste ponto, emerge a necessidade de enquadrar estas tipologias de acordo com o tipo de evento a que respeitam – ou seja, eventos de carácter corporativo ou associativo. Clarifiquem- se, então, os dois conceitos:

1. Eventos associativos: geralmente descritos como eventos de associações (organizações governamentais e não governamentais) que envolvem um considerável número de participantes. Englobam congressos e convenções, assim como, feiras e exposições;

 Eventos corporativos: descritos como reuniões de empresas, em particular de departamentos específicos, cuja dimensão é bastante variável. Abrangem reuniões e viagens de incentivo (ICCA, 2012; MEE, 2013).

Apesar da aparente organização dos conceitos, as viagens de negócios de âmbito coletivo apresentam designações discordantes entre si, sendo este o ponto onde o sector do turismo de negócios se torna bastante complexo e controverso. De acordo com a literatura, a inexistência de terminologia tipificada é constantemente referida, o que significa que o conceito se funde num princípio dogmático e não padronizado (Marques & dos Santos, 2012; Rogers, 1998, 2008; UNWTO, 2006b). Embora a terminologia MICE tenha mantido uma certa unanimidade no seio do sector, durante um período de tempo, foram-lhe reconhecidas algumas desvantagens, entre elas, o facto de “apresentar a indústria como um conjunto de partes distintas entre si e não de uma forma holística” (UNWTO, 2006b, p. 18). Esta visão sobre a indústria dos negócios despoletava algumas divergências relativas a um mesmo conceito. A título de exemplo, Rogers (2008, p. 21) refere que “conferência no Reino Unido descreve eventos de maior ou menor dimensão, enquanto que nos Estados Unidos da América, conferência é sinónimo de uma reunião ou evento com um número limitado de participantes”.

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Deparando-se com uma indústria necessitada em uniformizar as suas bases conceptuais, a resolução do 45º Congresso da International Congress and Convention Association (ICCA), realizado em 2007 em Rhodes (Grécia), conclui que a designação mais apropriada para o segmento de negócios seria Meetings Industry, em substituição da sigla MICE (Delgado, 2007). Em sustentação desta alteração, a UNWTO (2006b, p. 19) havia acrescentado que a adoção deste conceito seria a atitude mais benéfica para a indústria, uma vez que “a componente- chave de qualquer evento de negócios é a reunião entre pessoas”.

Assim, o segmento de negócios de procura coletiva, agora designado por Meetings Industry, apresenta uma composição ordenada da seguinte forma:

i. Eventos Corporativos

a. Reuniões e conferências: conceito respeitante a um vasto leque de eventos de negócios, tais como conferências, seminários, lançamento de produtos ou assembleias-gerais anuais. No geral, este tipo de eventos proporciona as condições ideais para que as organizações coloquem em prática os processos de comunicação com e entre funcionários, clientes, stakeholders e outros potenciais interessados (Davidson & Cope, 2003). Lawson (1982), acrescenta que as reuniões e conferências garantem o debate e a decisão sobre a políticas e os objetivos das organizações e, em simultâneo, revelam um cariz social ao permitir o intercâmbio de ideias e a criação de laços entre os diferentes membros de uma organização.

b. Viagens de incentivo: desenvolvidas durante a primeira metade do século XX nos EUA, são consideradas como um dos melhores estímulos que uma empresa pode utilizar para motivar e/ou recompensar os seus funcionários (Rogers, 2003). Especificando, viagens de incentivo são experiências de recreio que visam premiar os funcionários de uma empresa que se notabilizam por alcançar determinados objetivos (de produtividade ou de vendas, por exemplo) estipulados pela administração (Davidson & Cope, 2003; Ricci & Holland, 1992).

ii. Eventos Associativos

a. Feiras e exposições: uma componente da indústria das viagens de negócios que consiste na apresentação, por parte das empresas, de bens e serviços ou material promocional, com propósitos de marketing, de venda ou estabelecimento de relações com potenciais clientes. Regra geral, ocorrem em

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97 espaços abertos ao público, só a profissionais ou a ambos os segmentos (ATA, 2010; Davidson & Cope, 2003; UNWTO, 2006b).

b. Congressos e convenções: os congressos são designados como eventos de centenas ou milhares de indivíduos pertences a qualquer grupo profissional, cultural ou religioso, nos quais se discutem assuntos particulares, cuja apresentação fica, exclusivamente, a cargo dos membros da entidade. Trata-se de um tipo de evento com uma duração extensa e que pode conter sessões paralelas. Relativamente às convenções, são um tipo de reunião ou assembleia formal de um órgão legislativo, ou de grupos sociais ou económicos, convocadas com o intuito de transmitir informações sobre uma situação peculiar e, consequentemente, deliberar sobre a mesma e alcançar um consenso entre os participantes (OOPEC, 1992).

Fundamentados nas apreciações que têm vindo a ser expostas, e para efeitos da presente investigação, devem ser tidos em consideração os seguintes conceitos:

Turismo de negócios para definir o sector na sua totalidade, ou seja, a adoção deste como um conceito “chapéu” (Marques & dos Santos, 2012), fazendo referência às componentes da oferta e da procura (esta última incluindo todas as viagens, individuais e coletivas, realizadas com propósitos de negócios);

Meetings Industry para designar as viagens de carácter coletivo, onde se incluem as

reuniões ou conferências, viagens de incentivo, eventos Corporativos e feiras ou Exposições.

A Figura 5.1 visa auxiliar a perceção sobre o turismo de negócios, sintetizando a sua composição.

Figura 5.1. Organização do turismo de negócios Fonte: Elaboração Própria com base em Davidson & Cope (2003)

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