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Parte I Análise Multivariada de Dados Qualitativos

4. Análise dos resultados

4.1. Análise da amostra

4.1.1. Benefícios económicos

A Tabela 4.2 apresenta as estatísticas descritivas das variáveis referentes aos benefícios económicos (secção I) que a chancela trouxe ao residente.

Tabela 4.2: Estatísticas descritivas relativas aos benefícios económicos

Variável Extremos Proporção da classe

modal

Média Desvio

padrão

Sub-região predominante 1-3 0,58 (Cima Corgo) ---- ----

Tempo na atual morada (anos) 1-85 ---- 36,98 19,01

Natural do ADV 1(Sim) - 2 (Não) 0,84 --- ---

Residentes empregados 1-6 0,80 ---- ----

Setor predominante 1-3 0,54 (terciário) ---- ---

Duração no emprego atual (anos) 1-75 ---- 20,9 14,19

Residentes empregados no ADV 1(Sim) - 2 (Não) 0,96 (sim) ---- ---- Influência do estatuto na escolha da

residência 1(Sim) - 2 (Não) 0,87 (não) --- ---

Influência do estatuto no exercício da

profissão 1(Sim) - 2 (Não) 0,75 (não) ---- ---

Influência do estatuto no retorno

económico 1(Sim) - 2 (Não) 0,67 (não) ---- ----

Setor de atividade dominante

1-4 0,65 (vitivinicultura) ---- ---- Situação 1(Proprietário) - 2 (Por conta de outrem) 0,79 (proprietário) ---- --- Vitivinicultura Retorno económico 1-5 0,29(4) ---- ---- Procura de vinho 1-5 0,33(4) ---- ----

Valorização dos vinhos 1-5 0,31(4) ---- ----

Comércio Retorno económico 1-5 0,51(3) ---- ---- Oferta de serviços 1-5 0,44(4) ---- ---- Procura de serviços 1-5 0,51 (4) ---- ---- Turismo Retorno económico 1-5 0,56(4) ---- ---- Oferta de serviços 1-5 0,5(4) ---- ---- Procura de serviços 1-5 0,5(4) ---- ----

A repartição da amostra no ADV é heterogénea e distribui-se mediante a sua representatividade por sub-regiões: 38%, Baixo Corgo; 58%, Cima Corgo; 4% Douro Superior. A maior parte reside em Alijó (30%) e São João da Pesqueira (18%). No extremo oposto surge Torre de Moncorvo (1,2%).

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O tempo médio na atual morada aproxima-se dos 40 anos, variando entre 1 e 85 anos. Unicamente 16% dos inquiridos não são naturais do ADV. Contabilizam-se os novos residentes no ADV, desde o estatuto, pelo cruzamento das variáveis categorizadas: tempo na atual morada (1-Menor ou igual a 13 anos; 2-Maior do que 13 anos;) e da naturalidade (1-Natural do ADV; 2-Caso contrário). Desde 2001, 5,2% dos respondentes afirma ter ido morar no ADV e 9,2% ter mudado a sua residência dentro da região classificada (Tabela 4.3).

Tabela 4.3: Cruzamento das variáveis Naturalidade e Tempo na atual morada Tempo na atual morada

Menos de 13 anos Mais de 13 anos Total Naturalidade

Natural do ADV 23 186 209

Não é natural do ADV 13 28 41

Total 36 214 250

Quanto à situação perante o emprego, cerca de 80% estão empregados, 8% são reformados, 5% são desempregados, 3% são domésticas, 3% assinalaram outra situação (e.g. estágios profissionais), e 1% são estudantes. Maioritariamente, 96% dos inquiridos trabalha no ADV e a duração média no atual emprego é de 21 anos, variando entre 1 e 75 anos.

Os residentes distribuem-se pelos 3 setores de atividade económica da seguinte forma: 43% no primário, 3% secundário e 54% terciário.

No que se refere às variáveis que visam conhecer a opinião do residente sobre a influência do estatuto no seu trajeto de vida, 12,8% assume-o na escolha do local de residência, 25,2% no exercício da profissão e 33,2% no seu retorno económico (Figura 4.2).

Figura 4.2: Perceção dos residentes sobre a influência da chancela

12,8% 25,2% 33,2% 86,8% 74,4% 66,4%

Residência Profissão Retorno económico

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Na amostra, 97% dos inquiridos (dos quais 79% são proprietários) indica que, desde 2001, já trabalhou num dos setores predominantes da região: 65% na vitivinicultura, 23% no comércio e 10% no turismo. Dos residentes proprietários, 189 procederam a uma avaliação da sua dinâmica económica: 134 na vitivinicultura, 39 no comércio e 16 no turismo.

A Tabela 4.4 mostra a avaliação dos proprietários na vitivinicultura sobre a sua dinâmica económica depois do estatuto atribuído ao ADV, na generalidade, as opiniões dividem-se, apresentam proporções semelhantes, destacando-se o nível 4 (maior) como o mais escolhido, com mais de 25% dos proprietários. Distingue-se ainda uma maior variabilidade na opinião dos vitivinicultores, comparativamente aos proprietários do turismo e do comércio.

Analisando as escolhas dos vitivinicultores, verifica-se uma distribuição semelhante pelos vários níveis de escala, com exceção do extremo inferior (muito menor), não existindo uma opinião unânime entre os produtores. A maioria dos vitivinicultores considera que a chancela UNESCO melhorou a sua dinâmica económica nos três indicadores: 58% na procura de vinho, 56% na valorização dos vinhos e 48% no retorno económico. O efeito reverso também é sentido por alguns produtores, 28% na valorização do vinho, 26% no retorno económico e 17% na procura do vinho.

Tabela 4.4: Frequência absoluta e relativa para perceção dos vitivinicultores, n (%)

(1) Muito menor (2) Menor (3) O mesmo (4) Maior (5) Muito Maior

Retorno económico 6(4%) 29(22%) 35(26%) 39(29%) 25(19%) Procura de vinho 4(3%) 19(14%) 34(25%) 44(33%) 33(25%) Valorização dos vinhos 8(6%) 30(22%) 21(16%) 42(31%) 33(25%)

Analisando-se a relação entre o rendimento mensal líquido do vitivinicultor e a sua perceção nos três indicadores após a atribuição da chancela UNESCO, usou-se o teste de independência do Qui-Quadrado para testar a relação entre as variáveis descritas. Verifica-se que apenas a

perceção na procura de vinho se relaciona com o rendimento (𝜒2(4) = 14,978, p-value ≈

0,005, rejeitando-se a hipótese nula de independência entre as variáveis), especificamente a percentagem de vitivinicultores inquiridos com rendimentos mais elevados são os que consideram que a chancela tornou a procura do vinho maior, Figura 4.3.

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Figura 4.3: Relação entre o rendimento do vitivinicultor e a sua perceção na procura de vinho

No comércio, 51% dos proprietários refere que o retorno económico é o mesmo e 38% maior, 44% sente que a oferta de serviços é maior e 51% também menciona que o efeito na procura de serviços é maior.

A avaliação da perceção no turismo não apresenta respostas nas categorias extremas (muito menor e muito maior). Metade dos proprietários sente um efeito positivo na oferta e procura de serviços e 56% no seu retorno económico (Tabela 4.5).

Tabela 4.5: Frequência relativa (%) para perceção dos proprietários no Comércio e Turismo

(1) Muito menor (2) Menor (3) O mesmo (4) Maior (5) Muito Maior

Comércio (39) Retorno económico 3% 8% 51% 33% 5% Oferta de serviços 0% 15% 38% 44% 3% Procura de serviços 0% 15% 28% 51% 5% Turismo (16) Retorno económico 0% 6% 38% 56% 0% Oferta de serviços 0% 6% 44% 50% 0% Procura de serviços 0% 6% 44% 50% 0%

A Figura 4.4 compara a perceção dos proprietários sobre os efeitos da inclusão do ADV na lista UNESCO, no seu retorno económico, em cada setor. Na vitivinicultura destaca-se na variabilidade de opiniões nos vários níveis de escala. No comércio, o efeito da chancela varia,

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principalmente, entre os níveis menor (2) e muito maior (5), no qual 75% considera que o retorno económico é no mínimo igual. Os proprietários no turismo excluem os extremos da escala e 56% sentem um efeito maior.

Figura 4.4: Perceção dos proprietários sobre os efeitos da chancela no retorno económico nos diversos setores

A aplicação do teste de independência do Qui-Quadrado64 confirma a influência da área de

atividade na perceção do proprietário sobre o efeito da chancela no seu retorno económico

(𝜒2(4) = 14,416, p-value ≈ 0,015, permite rejeitar a hipótese nula de independência entre as

variáveis). Ou seja, a perceção do proprietário sobre o seu retorno económico varia de acordo com a sua área de atividade, sendo maior na área do turismo.