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4. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA OBJETO DE ESTUDO

4.1. PRODUTO: O TOMATE

4.1.2. Regime de cultura e etapas para a comercialização do tomate

4.1.2.2. Beneficiamento

Essa etapa de recebimento pode ser fonte de danos físicos ao tomate, se realizada diretamente em uma esteira de recebimento. Para diminuir o risco de danos, pode-se recorrer ao recebimento em tanques com água.

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Transferência manual Esteira de recebimento

Figura 4.2 – Recebimento de tomate

Fonte: FERREIRA, 2004.

A etapa da limpeza é uma das principais no sistema de beneficiamento e classificação do tomate, além de ser de muito valor para imprimir qualidade ao produto. Alguns pontos nesta etapa merecem especial atenção. São eles:

Lavagem: é realizada com água clorada e escovas. A água é um item importante tanto em relação à qualidade como à quantidade. A lavagem pode ocorrer em tanques; pode-se também submeter os frutos a jatos de água, sejam em forma de spray ou de pequenas gotas. Outro recurso é uma

associação das duas alternativas: imersão em tanques e jatos de água, em geral nessa ordem.

A qualidade da água em uma linha de beneficiamento e classificação deve sempre ser monitorada. Maior quantidade de água não indica maior eficiência no processo de lavagem. Muitas vezes menor quantidade de água associada a escovação adequada traz resultados mais eficientes na limpeza. O cloro é um importante sanitizador, usado para manter condições de higiene para o produto e combater bactérias e fungos no tanque de água.

Secagem: ocorre logo após a lavagem. Neste processo os frutos passam por ventiladores a frio.

Polimento: realizado com a utilização de escovas, existentes em diversos modelos. As cerdas podem ser de origem vegetal, sintética ou animal. As de origem sintética e vegetal são em geral utilizadas na etapa inicial de lavagem. As de origem animal são mais usadas para polimento, após ou durante o processo de secagem. Na etapa de secagem são também usadas escovas de espuma.

No Brasil a aplicação de ceras ocorre, em geral, para frutas destinadas à exportação. No caso do tomate a sua utilização não é muito comum; quando ocorre, geralmente é feita a aplicação por aerossol, e em seguida o produto passa por um túnel de secagem.

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Figura 4.3 – Lavagem do tomate

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Figura 4.4 – Escovação dos tomates na etapa de limpeza

Fonte: FERREIRA, 2004.

A etapa de seleção ocorre antes da classificação do tomate e caracteriza-se pela retirada e eliminação de frutos danificados, deformados ou com presença de doenças. A eliminação dos frutos doentes é importante, pois inibe a proliferação do mal.

Nessa seleção existem três categorias de produtos:

produtos bons: próprios para o consumo in natura;

produtos com defeitos leves: próprios para o consumo, mas o fato de apresentarem essas pequenas falhas faz cair seu preço de venda; em vista disso, são destinados a mercados secundários, como mercados locais, ambulantes, etc.;

produtos com defeitos graves: impróprios para o consumo in natura, o que conduz seu destino à indústria.

A etapa seguinte é a classificação, que pode ser realizada com equipamentos nacionais ou importados. Os equipamentos nacionais classificam os frutos apenas pelo tamanho (diâmetro equatorial), enquanto alguns equipamentos importados classificam os frutos por tamanho e cor, ou tamanho e peso.

Após a classificação os produtos devem ser acondicionados. Para tanto existem diversos tipos de embalagem, desde caixas de madeiras até embalagens plásticas ou de papelão. Essa variedade pode ser observada a seguir.

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Embalagem de papelão Tomates acondicionados

em caixas plásticas Caixa K

Fonte: FERREIRA, 2004. Fonte: CEAGESP

Figura 4.5 – Tipos de embalagem

Nos últimos anos foram feitas muitas alterações nas embalagens utilizadas, mas para o tomate ainda predomina a caixa de madeira tipo K que é uma embalagem de madeira padronizada, com as seguintes dimensões internas: 495 mm de comprimento, 356 mm de largura e 200 mm de altura. Hoje, a comercialização atacadista de hortícolas é feita "por caixa", ou seja, por um volume padronizado a partir da embalagem e não por peso do produto.

A caixa K, embalagem conhecida há mais de 60 anos, usada para transportar querosene durante a década de 20, até hoje é a mais utilizada para acondicionamento e transporte de produtos hortícolas embora apresente como desvantagens as perdas no transporte, problemas de ordem sanitária, os crescentes custos de madeira e o custo de frete (TOPEL, 1981 apud LUENGO et al., 2003).

Além disso, a caixa K, por ser feita de madeira possui superfície áspera, o que contribui para o aparecimento de danos nos frutos. Elas apresentam, quando reutilizadas, problemas tanto de higiene, quanto fitosanitários (pela contaminação das caixas por fungos e bactérias); o ideal seria que as caixas fossem utilizadas uma única vez ou que passassem por um rigoroso processo de higienização. Além disso, deveriam ser mantidas afastadas do chão, em lugares limpos e secos.

A eliminação das caixas de madeira não se relaciona apenas com problemas de ordem econômica (redução de custos) ou ecológica, já que essas embalagens vêm de recursos naturais renováveis, assim como as de papelão. O que também existe são importantes razões sociais a se considerar: pois a utilização das caixas de madeira gera muitos empregos na ETSP-CEAGESP, que seriam extintos com a mecanização do sistema.

Em uma pesquisa elaborada por Andreuccetti et al. (2003) foi constatada que há uma ampla utilização da embalagem de madeira, caixa K, seguidas 20,8% de caixas plásticas e 16,7% de caixas de papelão. Observou-se que os atacadistas comercializam o tomate classificado manualmente (58,4%), automaticamente (8,3%) ou por ambos os sistemas (33,3%); porém os índices de padronização não são satisfatórios: encontram-se numa mesma caixa mistura de graus de coloração e de variedade de tamanhos, o que exige reclassificação do produto.

A transferência de embalagem a que é submetido o produto pós-classificado pode ser realizada manualmente ou pelo uso de paleteiras ou empilhadeiras, equipamentos acoplados à parte inferior de um palete, para seu transporte até o interior do caminhão. Porém para a utilização do sistema é necessário que as embalagens sejam paletizáveis, o que não acontece no caso da utilização de caixas K.

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Caixas plásticas em palete Paleteira manual

Figura 4.6 – Carga paletizável

Durante o transporte deve-se buscar a manutenção da qualidade do produto, pois condições de transporte inadequadas provocam inúmeros danos.