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2. Revisão da Bibliografia

2.2. David Popper (1843-1913)

2.2.1. Biografia

Os títulos de “(...) um dos maiores mestres do violoncelo de todos os tempos.” (Ginsburg apud Straeten, 1978, p.102)30, e “(...) ‘o rei do violoncelo’ (...)” (Park, 2007, p.7)31, são alguns dos exemplos que bem elucidam acerca da importância de David Popper, que foi um dos maiores mestres do violoncelo de todos os tempos e uma das principais influências neste instrumento durante o século XIX (Campbell, 1999), e que será razoável dizer que, estas influências se estenderam para os séculos XX e XXI, tendo dedicado a sua vida à composição, ao violoncelo e à pedagogia deste instrumento.

David Popper nasceu em Praga, na República Checa, a 16 de junho de 1843. Sendo filho de um cantor de sinagoga, o seu interesse pela música despertou desde tenra idade, evidenciando desde muito cedo um talento musical, que o levaria a aprender a tocar piano e violino com cerca de 6 anos de idade (Venturini, 2007).

Mais tarde, aos doze anos de idade viria a ingressar no Conservatório de Praga, mas com a condição de que fosse aprender violoncelo, indo assim para a classe do professor Julius Goltermann, onde continuou a evidenciar o seu enorme talento musical. Isto deveu-se ao facto de na época haver uma insuficiência de violoncelistas tanto no Conservatório, como noutras organizações culturais (Venturini, 2007).

Depois de concluir a sua formação no Conservatório de Praga, David Popper, com cerca de dezoito anos de idade, obteve emprego como músico na Capela Real do Príncipe Hohenzollern em Löwenburg, tornando-se mais tarde

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“(...) one of the greatest masters of violoncello of all times.” (Ginsburg apud Straeten, 1978, p.102).

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Kammervirtuoso (Campbell, 1989). Em 1863 inicia uma série de concertos por

toda a Europa, que foram decorrendo ao longo de toda a sua vida e que fariam dele um violoncelista, e até compositor, com bastante notoriedade.

Numa dessas digressões pela Europa, Popper conhece o maestro alemão Hans von Bülow, que teria ficado impressionado com o seu virtuosismo (Rees, 1980). Em 24 de Janeiro de 1864, David Popper, a convite deste mesmo maestro alemão, em detrimento de outros violoncelistas da época como Grützmacher, Cossmann, Goltermann (professor de Popper), ou até Piatti e Davidov, fez a estreia do Concerto para Violoncelo em Lá menor opus 33 de Robert Volkmann (Campbell, 1989).

No ano de 1868, Popper tornou-se com cerca de 25 anos de idade, o escolhido para o lugar de violoncelo principal da Orquestra de Ópera de Viena (Campbell & Stowell, 1999). Em paralelo com a atividade de violoncelista da Orquestra de Ópera de Viena, Popper também colaborou assiduamente com a Orquestra Filarmónica de Viena (De’ak, 1980), e ao mesmo tempo tornou-se membro de um dos mais famosos quartetos de cordas da época, o Quarteto

Hellmesberger. Este quarteto era constituído por J. Hellmesberger, no 1º violino,

A. Brodsky, no 2º violino, S. Bachrich, na viola d’arco, e o próprio Popper, no violoncelo (De’ak, 1980). Permaneceu no cargo de violoncelista das orquestras acima mencionadas até ao ano de 1873, afirmando o autor Stephen De’ak (1980):

“Ele [Popper] terminou os seus contratos com a Ópera de Viena e a Filarmónica de Viena até ao fim da temporada de primavera em 1873” (De’ak, 1980, p.131)32.

Depois desta saída, Popper continuou a realizar concertos pela Europa e pela Rússia, em conjunto com a pianista Sophie Menter, filha do violoncelista Joseph Menter e aluna de Franz Liszt, com quem Popper casara um ano antes

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“He terminated his contracts with the Vienna Opera and the Vienna Philharmonic at the end of the spring season in 1873.” (De’ak, 1980, p.131).

(Rees, 1980). Estes permaneceram casados até ao ano de 1886, ano em que David Popper ingressaria na Royal Hungarian Academy of Music (De’ak, 1980), ou Academia de Música Franz Liszt.

Ao longo da sua carreira, David Popper recebeu inúmeras condecorações e distinções em diversos países da Europa (Campbell, 1989). Em 1882, David Popper, e o violinista francês, e compositor Émile Sauret (1852-1920), realizaram uma digressão por Espanha e Portugal, na qual foram agraciados com condecorações dos reis dos respectivos países, evidenciando as qualidades artísticas de cada um deles (De’ak, 1980).

Em 1875, Franz Liszt fundou a Royal Hungarian Academy of Music, em Budapeste, que mais tarde foi renomeada de Academia de Música Franz Liszt, em homenagem ao seu fundador (Marín apud Dalos, 2015). Mais tarde, em 1886, Liszt convida David Popper e o violinista Jeno Hubay (1858-1937) para iniciarem a secção de cordas nesta instituição de ensino da música (Carpinteyro apud Frank, 2007). Durante a sua ligação a esta instituição de ensino, Popper desenvolveu uma intensa atividade enquanto pedagogo do violoncelo e de música de câmara. Mas anteriormente, apenas teria ensinado esporadicamente entre concertos e digressões (De’ak, 1980), logo esta foi a primeira e única instituição de ensino da música ao qual ele estaria ligado durante a sua vida, permanecendo no cargo durante 27 anos, até à data da sua morte (Carpinteyro, 2007).

Em paralelo com a ação que foi desenvolvendo enquanto pedagogo, Popper juntou-se ao seu colega de profissão, o violinista Jeno Hubay, e fundam o Quarteto de Cordas de Budapeste ou como era chamado Quarteto Hubay-Popper, onde permaneceu durante algumas temporadas. Este quarteto de cordas era constituído por J. Hubay no 1º violino, V. Herzfeld no 2º violino, B. Eldering na viola d’arco, e D. Popper no violoncelo (De’ak, 1980). O autor Stephen De’ak, realça ainda o facto da inclusão de Popper no quarteto ser uma mais-valia para o grupo, afirmando:

“A participação de Popper tinha sido a escolha ideal de Hubay. Além da sua grande experiência no Quarteto Hellmesberger, o estilo refinado e nobre de Popper intimamente combinado com a forma elegante de tocar de Hubay (...)” (De’ak, 1980, p.175)33.

Ainda relativamente ao Quarteto Hubay-Popper, há a destacar o facto de eles terem colaborado inúmeras vezes com o compositor e pianista Johannes Brahms (1833-1897), sendo responsáveis pela estreia de algumas das suas obras camerísticas. Algumas destas composições foram inclusive executadas em conjunto com o próprio compositor, Johannes Brahms, que tocaria no piano (De’ak, 1980). Stephen De’ak, foi ainda mais longe afirmando que:

“(...) o grupo introduziu muitas das obras de música de câmara de Brahms, num momento em que ele estava entre os compositores modernos cuja música era difícil de executar e de compreender, apesar do seu gênio já ser reconhecido.” (De’ak, 1980, p.177)34.

Em 1891, mais concretamente a 25 de Novembro desse ano, David Popper estreia em Londres uma das suas principais obras, que atualmente detém bastante notoriedade por todo o mundo. Essa obra é o Requiem para 3 Violoncelos e

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“Popper’s participation had been an ideal choice by Hubay. In addition to his great experience in the Hellmesberger Quartet, Popper’s refined and noble style closely blended with Hubay’s elegante playing (...)” (De’ak, 1980, p.175).

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“(...) the group introduced many of Brahms’ chamber music works, at a time when he was among the modern composers whose music was difficult to perform and to understand, even though his genius was already recognized.” (De’ak, 1980, p.177).

Figura 1. David Popper

Orquestra op. 66, que teve como solistas nessa estreia o próprio Popper, o

violoncelista inglês Edward Howell35 e o seu “velho amigo” Jules Delsart36, tendo a Orquestra como maestro o britânico F. H. Cowen (De’ak, 1980).

David Popper viria a falecer a 7de Agosto de 1913, em Baden, próximo de Viena. Num artigo publicado na revista The Musical Times à data da sua morte, é possível comprovar a importância que David Popper teria já naquela época, dizendo a mencionada revista que: “David Popper, um dos músicos de violoncelo mais célebres de todos os tempos (...)” (The Musical Times, 1913, p.606)37.

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