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Relativamente às conclusões possíveis de constatar através da análise técnica e musical aos 15 Estudos Fáceis op.76i, e aos 10 Estudos Intermédios op.76, é possível verificar a diversidade de aspectos técnicos e musicais presentes em cada um destes estudos.

Ao contrário da ideia defendida por alguns autores, como Ozan Tunca (2003), em que este, referindo-se aos op.73, menciona o facto de Popper não explorar uma vasta gama de técnicas de arco (Tunca, 2003), é possível apurar que em cada um dos estudos analisados existem sempre aspectos do arco a serem trabalhados e desenvolvidos, como é o exemplo do staccato, spiccato,

detaché, ou legato, e por muito que alguns desses golpes e articulações do arco

se repitam sucessivamente ao longo dos vários estudos, em cada um destes a exploração e o uso feito por David Popper é diferente, devido à grande variedade de combinações diferentes de arcadas e a respetiva distribuição do arco, existentes ao longo dos mais diversos estudos alvo de análise.

É possível ainda verificar o cuidado que Popper teve na criação e desenvolvimento da sonoridade, e da dimensão artística do violoncelista. Um bom exemplo disso são os seus 15 Estudos Fáceis op.76i, em que muitos deste têm um carácter melódico, ajudando o aluno de violoncelo desde cedo no desenvolvimento de dois factores preponderantes de um músico, que se encontram acima mencionados.

Depois da análise realizada aos 15 Estudos Fáceis op.76i, é possível concluir que a parte composta por Popper para o segundo violoncelo, geralmente tocada pelo professor, trata-se de uma mais-valia nestes estudos. Isto deve-se não só pela possibilidade performativa, mas também, pelo trabalho que é possível desenvolver na aula com a consolidação da afinação, a relação harmónica, a coerência rítmica, e a aprendizagem visual e imitativa por parte do aluno, que vê o

professor a tocar, e que é muito recorrente nos primeiros anos da aprendizagem de um instrumento de cordas friccionadas, como é o caso do violoncelo.

É por isso importante relacionar as ideias dos professores de violoncelo entrevistados, com a análise técnica e musical realizada a cada um dos estudos presentes nos dois livros op. 76. Grande parte dos conceitos destes professores, relativamente aos estudos de Popper, encontram-se em concordância com o que se poderá chamar de realidade dos estudos.

Verifica-se que apesar das discrepâncias existentes entre os intervenientes no que consta aos seus anos de experiência, às realidades de ensino onde lecionam, e inclusive, ao estereótipo de alunos que têm, é possível concluir que qualquer um dos três livros de estudos de David Popper são considerados ferramentas de ensino válidas para estes professores entrevistados. Claro está que, a utilização destes estudos por parte dos entrevistados encontra-se contextualizada à realidade que cada um destes tem.

Além disso, todos os quatro professores entrevistados, fruto das suas vivências pedagógicas, revelam um vasto conhecimento acerca destes estudos, e da sua utilidade enquanto ferramenta pedagógica para o ensino do violoncelo. Embora seja possível constatar, ao longo da secção anterior, a existência de várias concepções acerca da objetividade técnica de ambos os livros de estudos. Alguns destes professores consideram que, estes estudos direcionam-se mais para a técnica da mão esquerda (com desenvolvimento da geografia do violoncelo, da própria destreza dos dedos), outros atentam que nestes estudos, David Popper procurou desenvolver ambas as questões, mão esquerda e mão direita, com a inclusão de golpes de arco variados, como legato, staccato, ou até

detaché.

Apesar das concepções diferentes acerca do tema anteriormente mencionado, os entrevistados são unânimes numa questão primordial acerca da utilização e da importância destes estudos no futuro do ensino do violoncelo. Estes mencionam que, todos os três livros de estudos são ferramentas

pedagógicas essenciais no ensino deste instrumento, e que o continuarão a ser, argumentando alguns que, estes estudos encontram-se devidamente repartidos por níveis (Anexo V), ou ainda que, estão bem organizados (Anexo IV).

É também importante nesta secção do trabalho fazer alusão, relativamente à utilização dos estudos de Popper em outros países da Europa, como é o caso da Espanha e da França.

Na sua tese de doutoramento, a autora Carolina Marín (2015), depois de investigar os programas curriculares de violoncelo de diversos Conservatórios Profissionais de Música em Espanha no nível básico, constata a utilização dos 15

Estudos Fáceis op.76i, nesse nível de ensino do violoncelo. Esta autora menciona

ainda que num dos Conservatórios alvo de análise do programa curricular, os estudos op.76i estão abrangidos “(...) dentro do reportório de orientação para o exame de admissão ao terceiro nível básico.” (Marín, 2015, p.177) 55 . Relativamente a França, dentro de um nível de ensino idêntico ao referido anteriormente, a autora baseia-se em guias de reportório, e realça também a utilização destes estudos dizendo que:

“Na categoria de estudos incluem-se os 15 Estudos Fáceis op.76i, que se recomendam utilizar durante o terceiro ano.” (Marín, 2015, p.178)56.

Referente aos estudos op.76 e op.73, de dificuldades mais elevadas, Carolina Marín (2015), também menciona a utilização destes estudos em diversos Conservatórios Profissionais de Música, em Espanha. Já em França, esta autora baseada nas guias de reportório realça o facto de que, é recomendado a

55

“(...) dentro del repertorio orientativo para la prueba de acceso a tercero de grado elemental.” (Marín, 2015, p.177).

56

“En la categoría estudios se incluyen los 15 estudios fáciles op.76I, que se recomiendan utilizar durante el tercer curso.” (Marín, 2015, p.178).

utilização dos 10 Estudos Intermédios op. 76, a partir de um determinado nível (Marín, 2015).

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