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BIOGRAFIA SUMÁRIA

Maria Lamas tem honras de figurar nas páginas dos Anais Torrejanos

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,

ladeando com os factos mais importantes da sua terra natal, bem como as

personalidades que se destacaram em Torres Novas. Eis como é descrita:

1893-X-6 – Nasce em Torres Novas, na freguesia de S. Pedro, D. Maria da Conceição Vassalo da Cunha Lamas, filha de Manuel Caetano da Silva e D. Maria da Encarnação Vassalo e Silva. Directora da revista feminina – Modas & Bordados – suplemento do Século, ocupa um lugar de relevo na literatura portuguesa, sob o pseudónimo de Rosa Silvestre, com que tem subscrito várias obras, entre as quais:

Humildes, poesias – Caminho Luminoso, romance – e Contos Infantis, além de muitas poesias dispersas.

Promotora do certame de trabalho feminino que com o título de «Mulheres Portuguesas» se realizou nas salas do jornal O Século durante um mês, viu o seu brilhante esforço coroado com uma sessão solene de encerramento no dia 18 de Junho de 1930, a que assistiu o Chefe de Estado, o Ministro da Instrução e outras altas individualidades.

A revista Portugal Feminino, dirigida por Maria Amélia Teixeira, publica na

secção «A infância das nossas escritoras»

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, uma breve biografia de Maria Lamas,

assinada por Miriam. Com a reprodução de uma fotografia de Maria Lamas, com a

idade de oito anos, a jornalista Miriam conta aos leitores, que Maria Lamas

Morava na moradia paterna, propriedade contígua ao castelo de Torres Novas. Achava mais graça em ver brincar as outras crianças do que brincar ela própria. Ainda bem pequenina, se furtava ao elogio e já em criança manifestava as tendências poéticas. Ainda bem pequena entregava-se a uma meditativa contemplação, no seu quartozinho isolado. Rosa Silvestre não podia suportar o barulho da ruidosa alegria das irmãs, no seu quarto isolado ficava longos minutos, antes de adormecer a pensar em tudo que os seus olhos tinham visto e admirado e iam guardando com amorosa ternura, para uma futura expansão de sentimento. Dos 7 para os 8 anos deu entrada no colégio de St.ª Teresinha, onde foi aluna das mais cumpridoras. Um dia foi lá o Exmº Cardeal Neto, ao tempo patriarca de Lisboa e quando as freiras perguntaram quem queria

101 Artur Gonçalves, Anais Torrejanos, Companhia Editora do Minho, Torres Novas, 1939, pp. 150-151. O livro é dedicado ao Dr. Rafael da Silva Neves Duque. Ministro da Agricultura, natural de Torres Novas.

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fazer a saudação, Rosa Silvestre ofereceu-se logo, apesar de estar há pouco tempo no colégio. Foi ela própriaque fez o discurso. Quando chegou a altura, acercou-se do cardeal e alheia aos ritos pontificais, acercou-se e pegou-lhe na mão e levou-o para um canto duma janela assegurando-lhe que tinha uma coisa a dizer-lhe. Bondosamente, sossegando a atitude receosa das freiras, aflitas com a incorrecção do gesto, o cardeal ouviu atentamente, na introdução da frase – «eu queria ter…», e o cardeal disse no fim, afagando-a, que também ele quereria ter assim uma alma ingénua e simples como a alminha dela. Também foi simples a rosa que escolheu para o seu lindo pseudónimo.

A partir da realização de uma exposição, a Biblioteca Municipal de Almada,

publicou um catálogo onde apresentava aspectos biográficos de Maria Lamas de que

resultou uma breve biografia

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:

Maria Lamas é a mais velha de quatro irmãos, três raparigas e um rapaz. Dos

doze aos quinze é internada num colégio de freiras Teresianas, de Santa Teresa de Jesus.

Em Março de 1911, faz o primeiro casamento com oficial de cavalaria Ribeiro da

Fonseca. Dez meses depois, parte na sua companhia para Angola. A sua filha Maria

Emília nasce em Luanda. Em princípios de 1913, volta com a filha e vem grávida. A 9

de Julho nasce a segunda filha, Manuela.

O marido volta a Portugal em 1916 e parte para a guerra em França juntamente

com o seu amigo aviador Óscar Monteiro Torres, padrinho da filha mais velha. O

marido regressa doente de França. Quando se restabelece em 1919, divorciam-se. Com

28 anos e duas filhas procura emprego e através de Maria Monteiro Torres, viúva do

aviador, conhece Virgínia Quaresma que dirigia a Agência Americana de Notícias, onde

trabalhará. Aí conhece Alfredo da Cunha Lamas, monárquico e redactor do Correio da

Manhã com quem casa a 25 de Abril de 1921.

Em Maio de 1922 nasce a terceira filha, Maria Cândida. Vivem dificuldades

financeiras e Maria Lamas aceita costura para fazer em casa e dá lições. Cursa o 5º ano

de Português e interna a filha Maria Emília no Instituto Luso-belga, em Carnide,

pagando o internamento em lições. Em 1936, separa-se e fica com a Maria Cândida.

Maria Lamas assina em 1945 as listas para a fundação do MUD juvenil. Em

1946, participou no Congresso da Federação Internacional das Mulheres na Bélgica. Em

1953, dirige a delegação portuguesa ao Congresso Mundial das Mulheres em

Copenhaga e é eleita membro do Conselho Mundial da Paz.

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Em 1957 participa no Congresso Mundial da Paz, em Ceilão. Em 1962, chefia a

delegação portuguesa à Conferência para o Desarmamento e pela Paz.

Em Outubro de 1960 morre a filha Manuela, o grande desgosto da sua vida.

Vive temporadas na Madeira, na ilha de S. Miguel. Esteve 15 meses em Paris e, depois,

sete anos. Conheceu toda a Europa, Japão, China, Ceilão…Foi 5 vezes à União

Soviética, e esteve na Albânia a convite do Governo e em Argel. No estrangeiro vai

dando apoio aos exilados e emigrantes.

Condecorada pelo Presidente Carmona, aquando da Exposição das Mulheres

Portuguesas, com a Ordem de Oficial de Santiago de Espada, possui entre outras

condecorações a Ordem da Liberdade concedida pelo Presidente Eanes, em 1980.

Maria Lamas recebe a medalha de ouro

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da Câmara Municipal de Torres

Novas em 1982 numa homenagem que lhe foi prestada no Salão Nobre dos Paços do

Concelho.

Tomou parte em vários congressos de Organizações de Mulheres, em diversos

países e da FDIM, da qual possuía a Medalha de Honra. Foi a primeira mulher a receber

a medalha de Honra do MDM – Movimento Democrático de Mulheres, da qual era

Presidente de Honra. Fez parte da Comissão Nacional de Paz, sendo eleita membro do

Conselho Mundial da Paz.

Personalidade de grande relevo na vida cultural e política nacional e

internacional foi directora da revista Mulheres até à data do seu falecimento em 6 de

Dezembro de 1983.

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