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O grupo dos artrópodes é representado por animais com apêndices corporais articulados. Com mais de 1.000.000 de espécies, que correspondem a 70 ou 80% de todo o reino animal, revelam um considerável sucesso evolutivo (BRUSCA & BRUSCA, 1990). Em relação à classe dos crustáceos, estes compreendem cerca de 38 mil espécies, que evidenciam excelente adaptação ao ambiente aquático, entretanto, alguns representantes habitam a terra úmida, i.e os tatuzinhos de jardim, um tipo de isópode terrestre.

Quase um terço das espécies conhecidas do grupo é representado por cerca de 8.500 decápodes descritos. O ambiente marinho é abrigo para a maioria dos decápodes, todavia, os lagostins, certos camarões, raros Anomura e inúmeros caranguejos colonizaram o ambiente dulcícola. Há também, registro na literatura de alguns caranguejos anfíbios e terrestres (BARNES, 1984).

Os representantes marinhos e dulcícolas dos crustáceos apresentam imensa variedade de formas, modo de vida e habitat. Podemos encontrar siris em águas rasas; caranguejos em buracos na areia e em ecossistemas costeiros intermareais; organismos sesseis como as cracas fixadas

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sobre as rochas, cascos de embarcações e corpos de grandes cetáceos; camarões e lagostas nos bentos marinhos; baratinha-das-pedras deslocando-se sobre as rochas na área litorânea; microcrustáceos fazendo parte do zooplâncton marinho e dulcícola (RUPPERT & BARNES, 1994).

A ordem dos decápodes apresenta os maiores e mais especializados indivíduos no grupo dos crustáceos. Os principais representantes desta ordem são os camarões, caranguejos, lagostas e lagostins. Muitos decápodes são de grande importância econômica para a carcinicultura como o camarão L. vannamei, uma espécie nativa do pacifico leste, trazido para o Rio Grande do Norte (Brasil) em 1981, para fins de cultivo em viveiros (TAVARES & MENDONÇA, 1996).

A característica anatômica dos peneídeos é o corpo alongado e lateralmente comprimido. São animais dioicos que se reproduzem sexuadamente com cópula e apresentam fecundação externa (Fig. 5-6).

Figura 5-6. Anatomia interna de um Peanaidae. FONTE: http://www.biocultura.net.br/crustacea/.

Durante seu crescimento e desenvolvimento é necessário que ocorra a troca de carapaça, sendo este fenômeno influenciado pela temperatura da água e pela alimentação. Estes fatores são primordiais nas fases jovens, onde ocorre o maior período de mudas. No período de muda ocorre aos animais tornarem-se férteis e neste estágio eles ficam bastante vulneráveis ao ataque dos predadores e da própria espécie (canibalismo) (DALL et al, 1990; RIBEIRO, 2009).

Existem 15 gêneros encontrados na subfamília Penaeinae. Sendo que as espécies de maior importância econômica são do gênero Penaeus. Este último é subdividido em cinco gêneros: Litopenaeus, Marsupenaeus, Farfantepenaeus, Fenneropenaeus e Melicertus (PÉREZ- FARFANTE & KENSLEY, 1997). Os indivíduos da espécie L. vannamei apresentam o rostro com dentes dorsais. A carapaça é translúcida, possibilitando desta forma a visualização dos ovários das fêmeas.

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O L. vannamei é classificado como um camarão marinho do grupo dos peneídeo pertencente à família Penaeidae. Uma de suas características que se destacam é o fato de não apresentar o segundo par de pereópodes, que nos camarões carídeos (espécies de camarão de água doce) são avantajados e espessos. Seu esqueleto externo é de origem calcária e rico em polissacarídeos como a quitina, apresenta apêndices articulados, característica típica dos artrópodes. Assim como outros representantes do subfilo dos Crustáceos, animais aquáticos com cerca de 300.000 espécies descritas, a carapaça do L. vannamei é rígida, sua cabeça e tórax são fundidos (Cefalotórax), apresentam apêndices birremes (com dois ramos), e dois pares de antenas. Desta forma, diferenciam-se dos demais artrópodes (Fig. 5-7). A capacidade de percepção do campo magnético, pode estar associada à alguma estrutura anatômica exerna ou interna. Ordem decapoda, com 8.500 espécies registradas (BUCKUP & BOND-BUCKP, 1999).

Figura 5-7. Anatomia externa do camarão peneídeo.

FONTE: http://candidopedrosa.blogspot.com.br/2013/06/aula-de-artropodes-7-e-b.html.

A espécie. L. Vannamei é pertencente à subordem dendobranchiata (caracterizada por depositar os ovos diretamente na água). A grande parte das capturas de camarão no mundo é oriunda desta espécie, aproximadamente 700.000 toneladas por ano (BUCKUP & BOND-BUCKP, 1999).

O camarão marinho Litopenaeus vannamei, é comumente chamado de camarão-branco- do-Pacífico ou camarão-cinza, trata-se de uma espécie oriunda do Oceano Pacífico e que foi introduzida no Brasil em meados da década de 80. Hoje esta espécie é encontrada na maioria dos cultivos de carcinicultura do país (BARROSO, 2005). Sua distribuição natural abrange a costa oriental do oceano pacífico, desde a costa da Califórnia, nos Estados Unidos, até a costa de Tumbes, no Peru.

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Segundo os trabalhos de PÉREZ-FARFANTE & KENSLEY, 1997 é possível classificar o

Litopenaeus vannamei na forma: REINO: Animalia

FILO: Crustacea (Pennant, 1777) CLASSE: Malacostraca (latreille, 1806)

SUBCLASSE: Eumalacostraca (Grobben, 1892) SUPERORDEM: Eucarida (Calman, 1904) ORDEM: Decapoda (Latreille, 1806)

SUBORDEM: Dendrobranchiata (Bate, 1888) SUPERFAMÍLIA: Penaeoidea (Rafinesque, 1815) FAMÍLIA: Penaeidae (Rafinesque, 1815)

SUBFAMÍLIA: Penaeinae (Dana, 1852) GÊNERO: penaeus (Fabricious, 1798)

ESPÉCIE: Litopenaeus vannamei (Boone, 1931)

As espécies pertencentes a esta família atuam em grupos diversificados, ocorrendo em várias regiões do planeta. Podemos encontra-las nas regiões tropicais e subtropicais dos Oceanos Atlântico, Indico, Pacífico e Mediterrâneo, regiões essas de origem tropical e subtropical, em áreas costeiras com água temperada (RIBEIRO, 2009). No Brasil, as espécies de peneídeos mais

importantes são: Farfantepenaeus subtilis (Pérez-Farfante, 1967), Litopenaeus

schmitti (Burkenroad, 1934), F. paulensis (Pérez-Farfante, 1967), F. brasiliensis (Latreille,

1817), Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862) e Artemesia longinaris (Bate, 1888) (RIBEIRO, 2009). O L. vannamei tem facilidade em se adaptar a condições adversas de clima (Ii.e. suporta salinidades que variam de 5 a 55 ppm) e a crescer rapidamente (RIBEIRO, 2009). A tolerância dessa espécie a uma ampla faixa de salinidade (com um controle adequado em água doce, ele se adapta satisfatoriamente) está relacionada com o ciclo de vida migratório destes animais, visto que a reprodução ocorre no oceano, sendo as larvas deslocando-se para dentro dos estuários e baías onde completam seu desenvolvimento (BARROSO, 2005).

Apesar da atividade de cultivo do L. vannamei se encontrar em declínio atualmente, a consequencia desta atividade deixou vários organismos livres no entorno do estuário. O setor de cultivo do L. vannamei, se encontra desgastado por crises econômicas decorrentes do surgimento de enfermidades, atualmente se buscam espécies que sejam menos suscetíveis a doenças (RODRIGUES et al, 2008). Na década de 90, esta espécie ocupou rapidamente o primeiro lugar em produção, ganhando destacando-se na região Nordeste. O Nordeste foi a região com a maior produtividade de camarão no país com grande viabilidade comercial (RIBEIRO, 2009; BRASIL, 2001), inclusive, segundo a literatura, o Brasil chegou a ser uma referência no hemisfério sul devido a alta produtividade deste setor no nordeste brasileiro (ROCHA & RODRIGUES, 2004). O estudo dos efeitos do campo magnético controlado nesses animais deve ser considerado uma ferramenta potencial para contribuir com o equilíbrio ambiental.

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