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BLOG: DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO

BLOG: DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO

Neste capítulo trataremos da definição e caracterização do blog, uma escrita hipertextual praticada por muitos usuários da rede. De modo especial, trataremos do perfil, um elemento que entra na composição do blog e tem sua importância ressaltada pela função de apresentar à comunidade virtual o autor do diário on line.

2.1 – Blog: definição

O termo weblog, segundo Oliveira (2006), foi cunhado em 1997 por Jorn Barger, escritor americano nascido em Ohio que o descreve como um processo de “logar na web”. Entretanto, é Dave Winer que é considerado o pai dos blogs, sendo dele a criação do primeiro blog em 1996, como parte do Website 24 Hours of

Democracy.

Schittine (2004) explica que o termo weblog é a combinação entre web (página na internet) + log (diário de bordo), razão pela qual a expressão “diário íntimo na internet” é tida como sinônimo de weblog. O termo não demorou a ser abreviado e divulgado em sua forma mais curta, blog.

De acordo com Komesu (2005), o blog é uma alternativa para publicação de textos on-line. A facilidade para edição, atualização e manutenção dos textos foi e continua sendo um dos principais fatores para o sucesso e a difusão dessa ferramenta de auto-expressão. Ainda, segundo a autora, há o exibicionismo e voyerismo que não são privilégios da era dos computadores, porém a internet possibilitou levar essas práticas a limites impensáveis.

Sobre esse assunto, Miller (2009) baseada em Calvert (2000) explica que o desejo documentado de observar os momentos rigorosamente particulares dos outros, data pelo menos do século XI, quando um homem chamado Tom espreitou Lady Godiva cavalgando nua pela cidade para persuadir seu marido a suspender um repressivo imposto. Tom, o espreitador, dependendo da versão dessa história, ficou cego ou foi morto por seu voyeurismo. Ainda, a autora esclarece que, embora esteja

normalmente associado à gratificação sexual, o voyeurismo, de forma mais geral, atinge-nos mais como um interesse impróprio pelos outros em termos de curiosidade, não de valores morais.

Mais recentemente, contudo, a união da onipresença da televisão como meio de divulgação de notícias juntamente com a insaciabilidade do desejo do público por informação ajudou a reabilitar o voyeurismo: ele tornou-se sinônimo de acesso à informação e do direito do público de saber. Ver é saber, não apenas acreditar, afirma Miller.

Na obra Voyeur nation: media, privacy and peering in modern culture, Calvert (2000 apud Miller, 2009) caracteriza os efeitos da saturação da mídia em nossas relações com a informação e em nossas relações uns com os outros como um “voyeurismo mediado”. O autor define “voyeurismo mediado” como o consumo de imagens reveladoras e de informações sobre a vida aparentemente mostrada e desprotegida dos outros, com propósitos de entretenimento através dos meios de comunicação de massa e da internet.

O “voyeurismo mediado”, de acordo com os estudos de Miller, tem sua origem no jornalismo dos tablóides sensacionalistas do final do século XIX e início do século XX. Ao fingirem insanidade para serem confinados em um manicômio ou ao amarrarem uma câmera em seu tornozelo para tirarem fotografias da execução de um assassino condenado, os repórteres dos primeiros tablóides ofereciam aos leitores vislumbres da vida dos outros, vislumbres que pareciam mais reais, pois eram secretos.

Baseada em Calvert (2000), Miller destaca uma série de forças sociais contemporâneas que promovem o voyeurismo mediado e três delas são especialmente significativas para a nossa pesquisa. Em primeiro lugar, existe a busca da “verdade” em um mundo crescentemente saturado pela mídia; a insatisfação com o aumento da mediação pelo jornalismo leva ao interesse pela informação que parece proporcionar uma “realidade” menos mediada e, portanto, mais autêntica. Em segundo lugar, existe o interesse pela excitação de ver os outros enfrentando um “momento de ajuste de contas” num debate em um programa de entrevistas ou um incrível vídeo caseiro “de tirar o fôlego”; nesses momentos, podemos vicariamente experimentar desafios que dão sentido à vida. Em terceiro e último lugar, existe uma necessidade de envolvimento, um desejo de ser parte do

mundo à nossa volta, mesmo que o voyeurismo, por sua própria natureza, apenas possa proporcionar a ilusão de envolvimento.

O voyeurismo não poderia ter se tornado uma preocupação tão comum em nosso tempo sem os objetos de desejo. Assim, contrapondo o “voyeurismo mediado” temos o “exibicionismo mediado” cujo ponto central consiste na psicologia social da autoexposição, que serve a quatro propósitos de acordo com Calvert (2000 apud Miller 2009): ao autoesclarecimento, à validação social, ao desenvolvimento de relacionamentos e ao controle social.

Os dois primeiros propósitos são de ordem interior e proporcionam uma elevada compreensão de si mesmo através da comunicação com os outros, bem como a confirmação de que crenças pessoais encaixam-se nas normas sociais. Os dois últimos propósitos funcionam de maneira exterior, proporcionando uma elevada compreensão de si mesmo, transformando informações pessoais em mercadoria e manipulando as opiniões dos outros através de revelações bem calculadas.

É claro que a mídia mais indicativa dessas tendências documentadas é a Internet, afirma Miller (2009). Nas home pages pessoais e especialmente nos blogs, as pessoas compartilham uma incontável quantidade de informação pessoal com pessoas normalmente estranhas. A tecnologia da internet tornou isso mais fácil do que nunca, assim as pessoas hoje podem ser tanto voyeurs quanto exibicionistas.

Sobre a aparição dos blogs, Miller (2009:93) afirma

O weblog ou “blog” como quase todo mundo costuma chamá-lo, ilustra bem uma das qualidades duradouras do meio eletrônico – mudança rápida e constante. O blog emergiu na cena discursiva contemporânea em 1999 e rapidamente se tornou o genre du jour. Nos anos seguintes, o número de blogs cresceu exponencialmente, a quantidade de comentários sobre blogs em outros meios e gêneros proliferou e novas tecnologias para o blog foram rapidamente desenvolvidas e adotadas. A surpreendente aceitação e o extenso uso do blog sugeriram que esse gênero estava respondendo a uma exigência recorrente, ampla e profundamente sentida. Mas o crescimento do blog não foi simples ou linear: os blogs começaram a mudar e se adaptar, a se especiar, por assim dizer.

Miller (2009) divide a história do blog pessoal em três fases. Na primeira fase, antes de 1999, os blogs foram usados principalmente por indivíduos familiarizados com a Web – em geral, os programadores trabalhando na indústria tecnológica – para compartilhar informações uns com os outros. Esses blogs tiveram três traços principais: eram organizados cronologicamente, continham links para os sites de

interesse na web e forneciam comentários sobre os links. Assim, os primeiros

blogueiros tinham de ser capazes de localizar informações na Web e codificar suas

próprias páginas HTML.

Na segunda fase, a partir de 1999, alguns sites que hospedavam blogs (incluindo Blogger, LiveJournal e Xanga) passaram a oferecer ferramentas de fácil editoração. Essas mudanças na tecnologia abriram o caminho para a segunda fase do blog, com um novo tipo de usuário, mais jovem e menos apto tecnicamente, com uma nova ênfase não só no comentário pessoal em vez de links, mas também na autoexposição em vez de compartilhamento de informações.

Na terceira fase a mudança se refere à maneira como os usuários passam a acessar os blogs. Ao acessar um blog o leitor “cai” em sua entrada mais recente e pode clicar em um link para ler mais sobre o seu autor. Os blogs são acessados através de um link no perfil do usuário.

Um artigo sobre blogs de Rebecca Blood (2000 apud Miller 2009) acerca da história dos weblogs oferece uma classificação dessa produção em dois “estilos”, baseados em grande parte no conteúdo: um “estilo-filtro” original, no qual o blogueiro é principalmente um editor e um comentarista de links; e um mais recente “estilo- blog” de weblog mais pessoal, no qual os blogueiros dedicam-se a “um surto de auto-expressão”. Outras fontes confirmam essa percepção de dois grandes tipos baseados principalmente em uma diferente ênfase substantiva: um tipo inicial que enfatiza o acesso à informação com links para outros sites de interesse, e um tipo posterior que salienta uma escrita pessoal, parecida com a de um diário.

Walker (2003 apud Miller 2009) enfatiza que o padrão esperado do conteúdo é o de não ficção, embora alguns blogs sejam explícita ou implicitamente ficcionais em variados níveis. Além disso, a organização cronológica inversa do blog proporciona um “senso de imediatismo”, conforme Blood (2000), uma característica que reforça a impressão de que o conteúdo é verdadeiro ou real.

2.2 Blog: caracterização

O blog é definido como uma página na internet com entradas constantemente datadas em ordem cronológica inversa (conforme ) e a

presença de links (conforme ) e comentários, conforme podemos observar na página do blog que nos serve de exemplificação:

Disponível em: <http://lanapw.blogspot.com/2011_10_01_archive.html/> Acesso em: 15/10/2011.

O termo blog não só designa um texto, mas também um programa e um espaço onde blogueiros e comentaristas ou leitores encontram-se. Para se ter um blog, enquanto texto e espaço, normalmente se utiliza um programa de blog (software que facilita a escrita e a publicação na web em formato de inserções textuais). De qualquer forma, o blog/programa não é condição necessária, pois o blog/espaço e o blog/texto podem ser construídos por meio de recursos convencionais para a publicação de sites.(cf.: Primo 2006 e Miller 2009)

O blog pode, então, ser definido como uma página da web, composta de mensagens dispostas em ordem cronológica, atualizadas constantemente pelo usuário. O dispositivo permite a qualquer usuário a produção de textos verbais (escritos) e não verbais (fotos, desenhos, animações, arquivos de som), além da ação de copiar e colar um link e sua publicação na web, de maneira rápida e eficaz, às vezes, praticamente simultânea ao acontecimento que se pretende narrar. A

cronologia inversa e o registro do horário das postagens geram uma “expectativa por atualizações”.

De acordo com Miller (2009), o conteúdo é importante para os blogueiros porque representa sua liberdade de seleção e apresentação. O que a maioria dos

blogueiros acha mais atraente nos blogs é a habilidade de combinar o

imediatamente real e o genuinamente pessoal.

Komesu (2005:26) afirma que “quem está na rede é para se mostrar” e que, quanto mais chamativa for a sua página, maiores são as chances de se fazer visto na profusão de endereços globais que compõem a teia de alcance global.

Como afirmado anteriormente, de modo geral, o blog é comparado a um diário virtual, uma vez que apresenta registros frequentes de informações, inseridos por meio de posts, que se apresentam em ordem cronológica, deixando-se em evidência na página o post mais atual. Trata-se de um tipo de produção textual caracterizado pelo tom informal e pela diversidade de temas, podendo, portanto, expressar uma grande diversidade de idéias e opiniões.

Normalmente os textos que são disponibilizados nos blogs são de pequenas dimensões e permitem que os leitores insiram comentários. Quando isso ocorre, o autor do blog é notificado pelo gerador do blog em sua caixa de mensagens.

Também é comum os blogs apresentarem um título no alto da página (conforme ) e um texto abaixo (conforme ), com a finalidade prática de identificar o tema e o objetivo do blog ou de trazer alguma informação sobre o autor, como exemplificado a seguir:

Disponível em: < http://www.byav.tumblr.com.br/> Acesso em: 09/10/2011.

O blog apresenta o título em destaque, que é o nome da blogueira ou o nome pelo qual ela prefere ser chamada, e algumas informações sobre seus gostos.

Com estrutura hipertextual, os blogs permitem acesso público e gratuito ao conteúdo da página online, porém o blogueiro é livre para formatar o link que desejar, desde o seu formato – um ícone, uma animação, uma palavra ou frase – até o seu conteúdo. Assim, o link torna-se uma ferramenta indispensável, já que os blogs apresentam arquivos de textos e comentários antigos em formato hipertextual.

De acordo com Elias e Ribeiro (2008), para a produção dos blogs, bem como dos comentários que lhes são dirigidos, é preciso que leitor e escritor se situem em relação ao novo espaço, utilizando ferramentas próprias ao meio, bem como estratégias sóciocognitivo-interacionais, tendo em vista o processo comunicacional.

Nesse sentido, vale destacar, segundo Komesu (2004), que essa escrita emerge em meio a “condições de produção do discurso”, que tornam possíveis as práticas sociais de exposição pública na intimidade, no espaço de interação da internet.

São muitos os tipos de blogs existentes na internet. Elias e Ribeiro (2008) citam, além do blog pessoal, o blog jornalístico e o corporativo. Este último, de acordo com Cipriani (2006), refere-se a blogs criados por empresas que estão descobrindo o poder e os benefícios que eles podem oferecer. No Brasil os blogs corporativos estão começando por meio de campanhas de marketing e se concentram entre as micro e pequenas empresas, porém ainda é pequeno o número de adeptos, se comparado ao número de blogs corporativos existentes nos Estados Unidos.

O foco de nossa pesquisa é o blog pessoal, em especial aqueles produzidos por adolescentes, e justificamos a escolha com base em Komesu (2004) para quem a profusão de textos sobre as vidas individuais dos sujeitos na internet não implica variedade de aspectos ou perspectivas, mas a raridade de modos de dizer a vida e pensar as relações com o outro na sociedade.

2.3- Blogosfera

Blogosfera é o termo que abrange todos os blogs como uma comunidade ou rede social com muitos blogs interconectados. Rodrigues (2008:52) assim define a blogosfera:

Blogosfera é o termo coletivo que compreende todos os weblogs (ou blogs) como uma comunidade ou rede social com muitos blogs densamente interconectados e na qual os blogueiros têm acesso aos blogs uns dos outros, criam enlaces para os mesmos, referem-se a eles na sua própria escrita e postam comentários em outros blogs. A ramificação de ligações também permitiu a criação de outras culturas que incluem outros termos como “Blogtopia”, “Blogespaço”, “Bloguiverso”, “Bloguisilvânia” e “Bloguistão”.

A blogosfera fez surgir diferentes sites e serviços da internet com a intenção de fornecer ferramentas para a criação e manutenção de blogs. Os blogueiros passaram a divulgar outros blogs em suas páginas; dessa forma, créditos eram concedidos ao blogueiro que tinha seu link divulgado por outros membros, e aumentava assim a rede de internautas adeptos ao gênero. Esse contexto mudou quando empresas criaram softwares desenvolvidos para automatizar a publicação em blogs. Porém, já se considerava a importância de esse ser um espaço para

divulgar produtos, lançar mercadorias, vender manchetes. Um dos softwares mais famoso, o Blogger, passou a disponibilizar todo tipo de recurso para a publicação de conteúdo, o que incluía a facilidade para usar recursos para montar um blog, assim como para sua publicação, sem exigir do usuário conhecimento tecnológico sobre a estrutura e o design de páginas virtuais.

Ainda segundo Rodrigues (2008), o software privilegiava uma escrita espontânea, interativa, tendo como única exigência o usuário estar plugado em rede. A empresa influenciava a não utilização de links, e a idéia que foi adotada por milhares de internautas apresentou controvérsias na comunidade blogueira original, que passou a acusar os blogs gerados por softwares de serem simplesmente diários virtuais e não blogs de verdade, devido à ausência da característica principal dos blogs: os links.

Também anteriormente, os blogs não disponibilizavam o recurso de inserir comentários, o que foi feito por hackers. Eles criaram programas de comentários aplicáveis aos sistemas de publicação dos blogs. Esse processo de comentários em blogs significou a democratização da publicação, pois possibilitou aos leitores postarem comentários sobre textos lidos.

Com o passar dos anos, a blogosfera cresceu surpreendentemente, o que fez também aumentar o interesse da mídia pelo fenômeno. Hoje já é possível ter como profissão (se assim se pode dizer) “blogueira”. Algumas empresas passam a patrocinar os escreventes em troca de divulgação de marcas, como indica a imagem:

Disponível em: <http:// www.crivallias.com.br/?gclid=CK6_vZWFma4CFdCP7QodZFMRHw> Acesso em 12/01/2012.

A autora do blog elenca os eventos de moda que ocorrem semanalmente e enaltece as marcas, possivelmente as que lhe são convenientes, posando para fotos com as peças citadas (na imagem, uma sacola de papel com a marca Ateen

( )), além da propaganda explícita na legenda abaixo da figura ( ). Em todo o blog, há postagens e comentários de coleções de moda, geralmente associando os conselhos às marcas.

Como podemos ver, no blog representado abaixo, ao lado esquerdo do blog, a autora coloca fotos dela, geralmente em pontos turísticos, em formato de hiperlinks, ( )abaixo das fotos, há também em formato de hiperlink anúncios de artigos femininos dos mais variados, calçados, lingeries, acessórios, (conforme ). A roupa utilizada pela blogueira na foto central do post,( indicada por ) é repetida em muitas outras fotos e ao final do post são reveladas as marcas da saia, da camisa, da carteira, da sandália e do bracelete.

Disponível em:< http:// www.crivallias.com.br/?gclid=CK6_vZWFma4CFdCP7QodZFMRHw> Acesso em: 22/09/2012.

2.4 - O perfil em blogs

Com o propósito de apresentação, o autor do blog produz seu perfil. No dicionário de Língua Portuguesa Aurélio (1986), perfil é definido como:

1 contorno de uma pessoa vista de lado: um perfil grego. 2 o

aspecto ou a representação gráfica dum objeto que é visto só de um lado 3 contorno, silhueta: o perfil das montanhas 4 descrição de uma pessoa em traços mais ou menos rápidos

No dicionário Houaiss (2001), o perfil é:

2 delineamento de um rosto visto de lado 2 contorno gráfico de uma

figura, de um objeto, visto apenas por um dos lados 3 linha de contorno de qualquer coisa apreendida numa visão de conjunto <o p.

da montanha era imponente> 4 descrição de uma pessoa em traços

que ressaltam suas características básicas <o jornalista traçou um p. inteligente do escritor> 4.1 informação concisa e informal sobre a vida de alguém <a imprensa esboçou um p. biográfico do fugitivo> 5 conjunto de traços psicológicos ou habilidades que tornam alguém

apto para determinado posto, encargo ou responsabilidade <perfil de líder> (...)

Essas acepções indicam a finalidade do perfil, no caso do perfil em blog, representar por meio de palavras aquele que está por trás da escrita. No plano da interação, conhecer o outro, aquele que nos dirige a palavra, faz-se essencial para a contextualização, para a atribuição de sentido. Eis a razão pela qual escolhemos o perfil como objeto de análise.

Podemos dizer ser o perfil um tipo de texto biográfico, mas não uma biografia, visto ser esta uma composição superdetalhada de vários textos biográficos (facetas, episódios, convivas, pertences, legados, o feito, o não-feito). Assim, enquanto o biógrafo se detém em um grande conjunto de inputs, o autor do perfil se concentra em apenas alguns aspectos daquele que se retrata.

Perfis aparecem ocasionalmente em revistas e jornais com o intuito de melhor apresentar uma pessoa. Normalmente quando apresentado o “perfil” de um entrevistado,por exemplo, o texto se faz de maneira sucinta, com a finalidade de apresentar o entrevistado, seus interesses, alguns aspectos de sua aparência, gostos, passatempos ou aquilo que a pessoa deseja mostrar no momento.

Na versão impressa ou digital, a revista Veja, publicação da Editora Abril, tem uma seção dedicada ao perfil, como indicado no exemplo:

Disponível em: <WWW.vejasp.abril.com.br/revista/edicao-2140a/claudia-matarazzo-perfil> Acesso em: 15/08/2012.

Ainda na reflexão sobre o perfil, vale ser destacada a posição de Costa (2009:39) para quem o perfil é um autorretrato virtual traçado pelo próprio indivíduo. O autor explica que se a intenção for a interação e o relacionamento com alguém da própria rede de computadores, a construção do autorretrato se dará de acordo com o objetivo e a sinceridade do relacionamento. Em suas palavras:

[...] na rede, a produção de um autorretrato, em que o usuário traça seu próprio perfil físico e/ou psicológico e passa seus dados pessoais, será mais/menos detalhada dependendo do objetivo. Se for apenas para se identificar, são poucos os detalhes físicos e/ou psicológicos e as informações ou dados pessoais. Mas se for para interagir e se relacionar com alguém, a construção do autorretrato se fará de acordo com o objetivo e a sinceridade do relacionamento

Cada internauta pode traçar seu perfil segundo sua personalidade, afirma Costa (2009:40), e o retrato construído de si pode ser mais ou menos fiel, podendo o internauta inclusive inventar um personagem de acordo com o gosto do interlocutor e do tipo de relacionamento que tem ou pretende ter com ele. Afirma o autor:

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