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O termo Weblog, que significa registo diário na Web, foi simplificado para blog e aportuguesado para blogue, tendo maior vulgarização a partir de 2003 (Carvalho & Moura, 2006). A autoria dos blogues foi atribuída a Jorn Barger, que o usou pela primeira vez por volta do ano de 1996 (Barbosa & Granado, 2004, citado por Cruz e Carvalho, 2006:894).

O blog é provavelmente a ferramenta da Web 2.0 mais conhecida e utilizada em contexto educativo. O termo blog ou weblog é uma página na Web que se pressupõe ser actualizada com grande frequência através da colocação de mensagens – que se designam por “posts” – constituídas por imagens e/ou textos normalmente de pequenas dimensões (muitas vezes incluindo links para sites de interesse e/ou comentários e pensamentos pessoais do autor) e apresentadas de forma cronológica, sendo as mensagens mais recentes normalmente apresentadas em primeiro lugar (Gomes 2005:311).

No sentido de sistematizar as possíveis utilizações pedagógicas dos blogs, considera Gomes (2005:311) duas categorias possíveis: a) como recurso pedagógico e b) como estratégia educativa. Enquanto recurso pedagógico, considera a autora que os blogs podem ser utilizados: a) como um espaço de acesso a informação especializada e b) como um espaço de disponibilização de informação por parte do professor. Na modalidade de “estratégia educativa” os blogs podem servir como: a) um portefólio digital; b) um espaço de intercâmbio e colaboração; c) um espaço de debate (role playing), e ainda, d) um espaço de integração.

A Web tem-se assumido cada vez mais a fonte de conteúdo para que se possa ensinar e para aprender. Além disso, o simples acto de escrever já não fica limitado ao texto, uma vez que integrar vários formatos tem-se tornado cada vez mais fácil. Qualquer que seja o blog podemos inserir uma hiperligação para um sítio na Web, disponibilizar uma imagem ou mesmo inserir um vídeo do YouTube. Os recursos existentes online associados às ferramentas de fácil publicação da Web 2.0 constituem, de facto, uma boa oportunidade para que professores e alunos possam aprender colaborativamente, divulgando e compartilhando as suas experiências e saberes. É importante começar por uma ferramenta, para se apropriar das suas funcionalidades e potencialidades, integrando-a depois nas suas práticas lectivas (Carvalho, 2008:12).

A partir do momento em que se introduziram as tecnologias da informação e comunicação na educação abriu-se um leque de oportunidades para a promoção de actividades que levam os alunos a trabalhar colaborativamente. No entanto, realizar esta actividade nem

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sempre é fácil o que conduz quase sempre a uma situação de aprendizagem cooperativa (cada indivíduo realiza uma parte da tarefa de forma isolada) em vez de colaborativa (todos os alunos participam na construção das partes do trabalho). Referimo-nos à aprendizagem colaborativa como sendo uma situação na qual duas ou mais pessoas aprendem ou tentam aprender em conjunto algum conteúdo (ver ponto 1.6 do Capítulo 1). Essa mesma aprendizagem pode acontecer num pequeno grupo, numa classe, numa comunidade com milhares de pessoas ou numa sociedade com centenas de milhares de pessoas (Coutinho & Bottentuit, 2007b).

Podemos também dizer que ocorrem situações de aprendizagem colaborativa de diferentes formas de interacção. Desta forma, essa aprendizagem pode ser face a face ou mediada por computador, estabelecendo, para o efeito, canais de comunicação síncrona, em que os participantes estão conectados por proximidade (por exemplo, numa sala) ou por tecnologia (por exemplo, ao telefone), e assíncrona em que a conexão entre os participantes é indirecta (como por exemplo, o correio electrónico). A actividade de aprendizagem colaborativa envolve tanto o sujeito da aprendizagem como outros intervenientes, nomeadamente os alunos e os professores. Na prática, as tecnologias permitem encurtar distâncias e aproximar as pessoas com interesses em comum, podendo esta comunicação ser directa (síncrona) ou indirecta (assíncrona).

O professor, ao desenvolver actividades com recurso à Web, cumpre a missão que lhe é exigida, isto é, a de preparar os seus alunos para agarrarem as oportunidades sócio-culturais permitidas pelas novas tecnologias ao mesmo tempo que alerta os seus alunos contra os riscos que estas comportam (Pouts-Lajus & Riché-Magnier,1999).

Como sabemos, vivemos numa sociedade em que cada vez é mais importante o trabalho em equipa assim como a partilha do saber individual ao dispor e proveito do grupo, isto é, deve ser privilegiada a interacção social e interpessoal. Devem encaminhar-se os alunos para uma progressiva autonomia e que não deve ser confundida com individualismo, ou seja, esta autonomia deverá resultar de interacção social e, na prática, traduzir-se em contribuição social (Cruz, 2008).

Neste contexto, foi a partir do conhecimento e das potencialidades do blog que decidimos usar essa ferramenta Web 2.0 para partilhar os trabalhos realizados no âmbito do projecto da WebRádio. O blog do nosso projecto funcionou como uma ferramenta facilitadora de interacção e comunicação entre os intervenientes no projecto e o Agrupamento de Escolas onde se desenvolveu o projecto. A propósito, Siemens (2002) refere que as ideias e os conteúdos

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apresentados num blog são, de facto, o ponto de partida para o diálogo e não o ponto de chegada. É igualmente verdade que durante gerações os alunos trabalharam isolados uns dos outros, mas na era dos nativos digitais todos podem partilhar entre si experiências e conteúdos. Na verdade, com a Web, torna-se mais fácil produzir trabalho colaborativo, uma vez que a maior parte das ferramentas da Web 2.0 permite a autoria conjunta o que, naturalmente, favorece a criação colaborativa (Carvalho, 2008).

Simultaneamente o blog tem, entre outras vantagens, a possibilidade de publicar gratuitamente informação, centrando-se no conteúdo e não na interface devido à facilidade de edição e onde podem ser postados textos, imagens e vídeos.

Sobre as diferentes formas de utilização do blog em contexto educativo, Coutinho (2008) no seu estudo integrativo concluiu que é uma óptima ferramenta para: a) a gestão do conhecimento em comunidade; b) desenvolver estratégias de aprendizagem cooperativa/colaborativa; c) facilitar a auto percepção do aluno sobre o seu processo de aprendizagem e ainda d) um recurso para fomentar a comunicação professor/aluno e aluno/aluno para além do espaço de sala de aula.

Para Dillenbourg (1999) e ainda Pallof &Pratt (2002, citados por Coutinho & Bottentuit, 2007b:619), a integração das tecnologias da informação e educação (TIC) na educação permite desenvolver actividades com os alunos em que estes podem trabalhar colaborativamente. Contudo, realizar actividades em colaboração nem sempre é fácil, porque, na prática, quase sempre trabalhamos em situação de aprendizagem cooperativa, ou seja, cada indivíduo realiza uma parte da tarefa de forma isolada, em vez de se criar uma situação de aprendizagem colaborativa em que todos os alunos colaboram e partilham a construção das diferentes partes do trabalho.

Ainda segundo Clothier (2005), os blogs têm a vantagem de poderem ser actualizados com frequência, com textos de carácter pessoal, tanto do seu autor como de outros autores, podendo, desta forma, discutirem-se temas específicos de interesse para esse grupo ou turma em geral. Os blogs também permitem, como já referimos, fazer comentários assim como estabelecer hiperligações para outros sites.

Orihuela & Santos (2004) apontam três vantagens na utilização de blogues: i) a criação e o manuseamento das ferramentas de publicação é mais fácil; ii) as interfaces disponibilizadas permitem ao utilizador centrar-se no conteúdo;

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iii) apresentam funcionalidades como comentários, arquivo, entre outras.

A facilidade de edição online, o alojamento gratuito e a exposição mediática, entre outros, são, na verdade, factores que ajudam a explicar o rápido e enorme sucesso de milhões de weblogs na blogosfera. Actualmente, já se pode falar em blogomania devido ao número excessivo de blogues que são criados diariamente (Carvalho et al., 2006).

Os blogs podem ainda se utilizados também como avisos (Clothier, 2005), indicação de trabalhos a realizar, ligações para materiais de consulta e textos de apoio às aulas (Cruz & Carvalho, 2005), caderno diário electrónico (e-caderno), fórum, portefólio digital (Carvalho et al., 2006), evidenciando o percurso da aprendizagem efectuada pelos alunos (Gomes & Silva, 2006).

Em suma, podemos referir que os blogs permitem a criação e a partilha de ideias, possibilitam a colaboração e a socialização, factores de extrema importância para qualquer situação de aprendizagem. E foi com base nestes pressupostos que se utilizou o blog como plataforma de apoio ao projecto de WebRádio, em que os alunos e outros intervenientes no projecto, tiveram a oportunidade de apresentar publicamente o seu trabalho, as suas ideias e os seus comentários, assunto que abordaremos noutro ponto mais adiante deste estudo.

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