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a) Objetivo:

Obter melhores condições ambientais, a fim de minimizar o estresse térmico e promover o conforto dos animais, e consequentemente melhorar a resposta de saúde dos animais.

b) Alertas e cuidados:

O conforto dos animais é influenciado pelo ambiente físico e social e se aplica a diversos tipos de instalações, seja ela a pasto, semi-intensivo ou um confinamento (ex: free-stall, compost barn). Para garantir um ambiente confortável, esteja atento ao excesso de ruídos no ambiente, altas temperaturas, falta de ventilação, pisos lisos ou abrasivos, ou com obstáculos que podem causar acidentes e ferimento nos cascos, como pedras e buracos pelo caminho.

3.5.1 PROCEDIMENTOS DE MANEJOS REALIZADOS TODOS OS DIAS

NA FAZENDA E ASPECTOS IMPORTANTES A SEREM CONSIDERADOS

PARA A PROMOÇÃO DO BEM-ESTAR ANIMAL

a) Manutenção e limpeza de equipamentos e instalações:

1. As instalações devem estar limpas e em boas condições de manutenção; 2. A periodicidade de limpeza e desinfecção deve ocorrer de acordo com a frequência de uso, número de animais e condições ambientais do dia. Em dias de chuva, a atenção com a manutenção e limpeza do local de descanso dos animais deve ser redobrada. Nessa situação especial, a frequência de limpeza do local deve ser maior. Para instalação do tipo compost-barn, a frequência de escarificação da cama em dias de chuva deve ser maior. Caso a fazenda tenha disponibilidade, considerar mudar o local de descanso dos animais, transferindo-os para áreas mais secas e sem acúmulos de lama e fezes;

3. Higiene na área de permanência das vacas e dos bezerros: deve-se evitar o acúmulo de lama, barro e esterco na área de alojamento. Sempre que possível, desinfetar o local com produtos químicos próprios e com recomendação para uso em animais. Cada categoria animal (bezerros, novilhas, vacas secas e em lactação) requer um produto específico para uma boa higienização e desinfecção. Consulte um técnico especialista no assunto para obter a recomendação mais apropriada;

4. Limpeza da sala de ordenha: o local de ordenha deve ser de fácil limpeza, boa drenagem de efluentes e com boa iluminação;

5. Higiene do ordenhador e dos tratadores de bezerros: devem estar com roupas limpas (a utilização do avental ajuda na manutenção da limpeza da vestimenta), boa higiene pessoal e principalmente das mãos.

b) Cuidados especiais com as áreas de descanso:

1. No piquete, manter as áreas de descanso secas e confortáveis para as vacas deitarem;

2. Próximo aos cochos e bebedouros, fazer a raspagem e retirada da lama frequentemente, sempre que notar o acúmulo de lama e dejetos;

3. No estábulo, disponibilizar camas limpas, secas e em número suficiente para todos os animais;

4. Quanto ao material das camas, as vacas preferem deitar em superfícies macias e frescas. Proporcione camas com altura de pelo menos 15 cm, em quantidade em que não exponha o piso com as movimentaçãos dos animais. Outra forma de avaliar o conforto da cama é posicionar-se de joelhos sobre ela e verificar se é possível permanecer nesta posição por pelo menos três minutos consecutivos.

5. Atentar para o dimensionamento adequado das baias. No caso de baias para a instalação do tipo free-stall, observar se as vacas possuem

espaço para deitar e levantar normalmente, sem dificuldades (sem bater contra a instalação). Para que o dimensionamento seja adequado, o projeto deve considerar o tamanho médio dos animais a serem alojados e o seu peso vivo. Disponibilizar uma baia com cama para cada animal alojado no free-stall;

6. Para instalações do tipo compost-barn, deve-se respeitar as recomendações contidas no desenho projetado para a fazenda, pois o tamanho de área recomendado por animal varia muito de acordo com a raça e o peso vivo do animal. Como recomendação padrão, é importante o cuidado com a cama, estabelecendo rotinas quanto ao número de vezes/dia que se deve escarificá-la, bem como a reposição do material e o funcionamento dos ventiladores;

b) Como reduzir o estresse térmico:

Existem várias medidas que podem melhorar as condições de conforto térmico de um rebanho. Dentre elas, tem-se o uso de ventiladores, aspersores e nebulizadores, além da oferta de sombra (natural ou artificial) nas pastagens e nos confinamentos.

1. Observar se as vacas estão em conforto térmico. Caso perceba sinais de estresse por calor ou pelo frio, atuar modificando o ambiente em busca de torná-lo mais ameno. Este estresse, quando causado por calor, pode ser identificado por sinais de ofegação nos animais (boca aberta, língua exposta, excessiva salivação e redução de ingestão de alimento e, por consequência, redução na taxa de ruminação). O estresse por frio é menos impactante e pode ser observado quando os animais permanecem muito tempo parados, aglomerados e se esquivando de correntes de vento;

2. Sombreamento: deve ser considerado independentemente do sistema de produção adotado, da raça ou da idade do animal. Fornecer sombra em quantidade suficiente para que todas as vacas possam utilizá-la simultaneamente. Para cada animal adulto, disponibilizar ao menos 2 m² de área de sombra (natural ou artificial);

3. Ventilação: Utilizar de forma eficiente a ventilação natural do ambiente. Salas de ordenha e galpões devem ter o pé direito alto (pelo menos 3m nas laterais) e lanternins que permitem a saída de ar quente localizado no cume do telhado do galpão. Utilizar ventiladores em locais estratégicos das salas de espera, de ordenha e nos estábulos;

4. Nebulização e aspersão: Antes de adotar esta tecnologia, avaliar as necessidades dos animais durante as estações do ano, o impacto do resfriamento sobre as condições ambientais, bem como sua relação custo-benefício. Tanto a nebulização quanto a aspersão podem ser contínuas ou intermitentes e, quando bem utilizadas, contribuem muito com o conforto térmico dos animais em dias muito quentes. No piquete, manter as áreas de descanso secas e confortáveis para as vacas deitarem;

5. Próximo aos cochos e bebedouros, fazer a raspagem e retirada da lama frequentemente, sempre que notar o acúmulo de lama e dejetos;

6. No estábulo, disponibilizar camas limpas, secas e em número suficiente para todos os animais;

7. Atentar para o dimensionamento adequado das baias e utilizar um bom material de cama, em quantidade suficiente.

c) Cuidados especiais com os caminhos dos animais:

1. Nos caminhos, remover pedras, paus ou objetos que possam ferir os cascos. Nos caminhos com piso de concreto, devem-se evitar superfícies muito lisas ou muito abrasivas;

2. Alternativas para reduzir o risco de escorregões e de quedas nestes locais:

- Evitar o acúmulo de fezes e umidade; - Utilizar pisos com ranhuras;

- Usar tapetes de borracha;

3. Os tapetes de borracha podem ser fixados apenas nos locais de maior risco de escorregões e quedas, bem como em outras áreas onde as vacas passam muito tempo, como a sala de ordenha. Estes tapetes reduzem a abrasão e a pressão nos cascos, oferecendo mais conforto para as vacas. Por outro lado, os tapetes de borracha aumentam os custos com as instalações e exigem maior manutenção quando comparados aos pisos de concreto;

4. Para prevenir a formação de atoleiros, identificar caminhos alternativos para a ordenha ou aterrar o local com cascalho, fazendo a compactação do terreno e evitando deixar pedras soltas ou com pontas salientes;

5. Nos locais com piso de concreto, evitar superfícies muito lisas ou muito abrasivas. O piso de concreto com ranhuras proporciona facilidade de limpeza e segurança no caminhar dos animais. Este tipo de piso deve possuir composição, inclinação e design próprio, de acordo com a área onde será utilizado, recomendado por um especialista. De forma geral, as ranhuras têm 1,2 cm de largura e profundidade e tendem a ter espaçamento entre 5 e 8 cm.

d) Cuidados de ambiência na sala de ordenha:

1. Evite o excesso de ruídos durante a ordenha;

2. Não gritar com as vacas. Chamá-las pelo nome e falar em tom de voz normal;

3. A música pode ser utilizada na sala de ordenha, mas cuidado com o volume! Som muito alto pode ser prejudicial aos animais e às pessoas.

3.5.2 INDICADORES DE BEM-ESTAR ANIMAL PARA AVALIAÇÃO DE

CONFORTO DOS ANIMAIS

Estes indicadores com base no ambiente e no animal podem te ajudar a avaliar o nível de estresse térmico dos animais. Esta avaliação deve ser feita diariamente:

1. Temperatura do dia;

2. Umidade relativa do ar do dia; 3. Muita sobra de alimento no cocho;

4. Grau de sujidade dos animais (muitos animais sujos indicam local de descanso sem manutenção de limpeza);

5. Maioria das vacas ruminando em pé na área de descanso; 6. Número de vacas ofegantes;

7. Queda na produção de leite do dia: este indicador está associado a diminuição do consumo de alimento e ao estresse propriamente dito que pode dificultar a descida do leite das vacas;

8. Monitorar o comportamento das vacas, observando a ocorrência de animais deitados fora das baias do free-stall e do compost-barn. Este comportamento demonstra que não há espaço suficiente para todos os animais do lote, ou ainda que estes podem estar buscando por locais mais frescos ou confortáveis;

9. Monitorar a higiene das vacas. Caso encontre animais muito sujos, faça uma inspeção detalhada nas instalações. Número alto de vacas sujas indica que o local de descanso precisa de maior atenção e limpeza imediata;

10. Para sistema de free-stall: monitorar lesões no jarrete das vacas. Falta de pelos nessa região, lesões avermelhadas ou até mesmo arranhões podem indicar desconforto da cama. Ou seja, a altura da cama não proporciona maciez suficiente para a vaca deitar, permitindo que o jarrete entre em contato direto com o chão.

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