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No início do século 20, talvez a Física fosse a mais dominante das ciências. Ocupada em desvendar e inspecionar o mundo físico há muito tempo mantido em segredo, ela começou a ganhar um certo glamour. Parte de sua fama, entretanto, veio com uma percepção tardia. Se a bomba atômica não tivesse sido inventada, talvez a física não fosse vista com tanta admiração.

Durante muito tempo, o átomo fora proclamado como o último "tijolo" da obra. Um átomo era tão pequeno que, se 10 bilhões deles fossem colocados lado a lado, eles cobririam somente o espaço de 1 metro. Em 1704, em sua obra Tratado de Óptica, Isaac Newton escreveu que o átomo era tão duro e tão elementar que nunca poderia ser quebrado em pedaços, "nenhuma força comum poderia dividir o que o próprio Deus havia tornado único em sua Criação". Mais tarde, porém, veio a ser descoberta uma unidade ainda menor e mais complexa, chamada de núcleo. A enorme força do átomo e do núcleo para criar energia e infligir destruição não fora prevista no início da Primeira Guerra Mundial. Somente depois de pesquisas feitas pelo emigrante neozelandês Ernest Rutherford, o dinamarquês Niels Bohr e físicos de outras nações ocidentais é que sua força foi claramente conhecida.

Como a Alemanha estava à frente no ramo da Física, era de esperar que fosse também enérgica em tentar atrelar essa ciência à guerra. A Alemanha, entretanto, colocava a pureza racial acima da procura pelo conhecimento. Muitas de suas estrelas da física eram judeus e, na década de 1930, com muito bom senso, eles acabaram encontrando refúgio do outro lado dos mares. Os Estados Unidos demoraram a assumir a liderança das pesquisas nucleares. Em dezembro de 1942, conseguiram o domínio da divisão nuclear, mas ainda havia um longo caminho de experiências e pesquisas a ser percorrido.

A Alemanha foi finalmente conquistada em 1945, antes de os Estados Unidos estarem prontos para testar sua primeira bomba atômica. Mesmo assim, os americanos continuaram empenhando-se em suas pesquisas pois ainda restava o Japão para ser derrotado. Em 16 de julho de 1945, a primeira bomba foi testada no deserto do Novo México; a explosão gerou tanto calor que a superfície do deserto, num raio de aproximadamente um quilômetro, foi derretida, transformando-se em vidro. Estava aí a arma mais extraordinária da história dos conflitos de guerra. Para a pergunta "Deveríamos usá-la contra as forças japonesas?" não havia resposta fácil, e a resposta escolhida ainda é debatida com grande impasse até os dias de hoje. Entre os líderes políticos americanos, havia um desejo de vingar Pearl Harbor. Na mente dos cientistas nucleares, havia a resolução, de certa forma compreensível, de testar a eficiência da arma pela qual eles haviam trabalhado tanto. Na mente dos generais americanos, havia o medo de que o Japão lutasse até o fim e de que, talvez, meio milhão de vidas americanas se perdessem antes de o Japão ser finalmente derrotado.

Em julho de 1945, cinco milhões de soldados japoneses estavam prontos para defender muitas de suas conquistas iniciais, incluindo a maior parte da China, o arquipélago da Indonésia, a Península da Malásia, Taiwan e o atual Vietnã. Os arsenais de munição dentro do Japão ainda eram altamente produtivos. Os japoneses mantinham mais de cinco mil aviões camicases, com pilotos corajosos dispostos a sacrificar suas vidas chocando-se contra os porta-

aviões e as bases aéreas inimigas, e, além disso, ainda não estavam querendo admitir a derrota.

Hoje, muitos historiadores denunciam a decisão americana de lançar bombas atômicas sobre o Japão como outro passo na infâmia humana; argumentam que a bomba inaugurou uma nova era de massacre de civis. E, apesar disso, talvez essa nova era já houvesse chegado. Ataques aéreos sobre cidades alemãs e japonesas com bombas convencionais já eram mortais o suficiente. Um desses ataques realizados sobre Tóquio, no mês de maio anterior, havia matado 82 mil civis ou quatro décimos dos japoneses que foram mortos pela primeira bomba atômica. E se a guerra continuasse indefinidamente e somente bombas altamente explosivas fossem usadas, centenas de milhares de civis japoneses seriam mortos pelos ataques e bombardeios aéreos, e talvez, por fim, pela invasão das ilhas do Japão.

Esses argumentos foram amplamente aceitos pelo presidente Truman, em Washington. Um fator crucial, entretanto, não foi percebido. A bomba atômica, quando lançada, faria o que nenhuma outra bomba normal podia fazer: sua radiação criaria danos genéticos, punindo assim as crianças ainda não nascidas pelos fracassos e pecados da geração japonesa da guerra. Mas mesmo que a radiação tivesse sido inteiramente compreendida pelos cientistas, eles ainda assim poderiam ter chegado à mesma conclusão, de que a bomba atômica deveria ser usada contra os japoneses. Por aproximadamente seis anos, essa terrível guerra generalizada fora travada. A vitória não devia ser adiada: esse argumento tem muito mais impacto sobre aqueles que viveram o momento do que sobre aqueles que a viram décadas depois.

Em 6 de agosto de 1945, um pesado bombardeiro americano voou das Ilhas Marianas em direção ao Japão, e a bomba foi então lançada. A maior parte de Hiroshima virou praticamente um alto-forno e aproximadamente 90 mil japoneses foram mortos. Na vizinha Tóquio, não havia nenhum sinal de rendição. Três dias depois, uma segunda bomba atômica, a última bomba desse tipo no arsenal americano, foi lançada sobre a cidade de Nagasaki. Mesmo assim, a mensagem esperada com tanta ansiedade não chegou de Tóquio. Cinco dias depois, o imperador do Japão pessoalmente anunciou no rádio que sua nação havia se rendido. Era um sinal da frieza e da majestade do imperador que sua voz estivesse sendo ouvida no rádio pela primeira vez. Estava aí um imperador exercendo relíquias de seu poder divino numa era moldada por Marconi e Henry Ford.

Os primeiros tiros oficiais da Segunda Guerra Mundial haviam sido dados nas planícies do norte da Europa e, agora, os documentos de paz eram assinados num navio de batalha ancorado na Baía de Tóquio. No decorrer da guerra, mais de 107 milhões de pessoas haviam se alistado nas forças armadas. Talvez 11 milhões de soldados russos tenham sido mortos, um número maior que o total das forças que lutaram dos dois lados na Primeira Guerra Mundial. As mortes nas forças japonesas e alemãs juntas atingiram quase cinco milhões. As mortes de civis foram muito maiores que as da guerra anterior. Na China, talvez tenham atingido o número de 20 milhões e, na Rússia, talvez 11 milhões.

Os judeus, cuja população antes da guerra em toda a Europa era pequena comparada com a população da Alemanha, haviam sofrido mais mortes no total do que as forças armadas alemãs e os civis alemães que viviam nas cidades bombardeadas. Ironicamente, muitos judeus um dia chegaram a se sentir seguros na Alemanha. Na verdade, um enorme contingente de judeu- alemães havia assumido posições de honra no direito, nas universidades e na

medicina. Alguns haviam viajado para a Alemanha com esperança, vindos de terras problemáticas, rejeitando a oportunidade de emigrar para os crescentes povoamentos judeus na Palestina: na época, o estado de Israel ainda não havia sido criado. Mas, em 1942, talvez antes, os líderes alemães já haviam resolvido exterminar os judeus em todas as terras que dominavam. Pelo menos cinco milhões foram mortos.

A esse projeto de liquidação os líderes nazistas deram o nome de "a solução final da questão dos judeus". Mais tarde, "o holocausto" tornou-se a descrição mais simplificada. Em meio à selvageria e ódio, esse evento não foi único. A história da humanidade, através dos séculos, é temperada com atos de selvageria em grandes proporções, bem como de generosidade e boa vontade. Mas o holocausto foi aterrorizador devido à proporção dos massacres e à recusa em isentar os mais idosos e os mais jovens. Foi um choque para a idéia de progresso humano, pois havia sido projetado e executado por uma nação que era vista por muitos olhos imparciais, no início do século, como a mais civilizada e culta do mundo.

A existência de armas nucleares também foi um choque para a idéia de progresso humano. A maioria das pessoas do mundo teria se sentido segura se os Estados Unidos sozinhos tivessem possuído essa arma tão superior a todas as outras. Mas um país, a União Soviética, não se sentiu seguro e, por isso, tinha de possuir uma arma semelhante. Finalmente, em 1949, os russos secretamente testaram sua primeira bomba atômica. Como resposta, foi apresentada em 1951, pelo presidente Truman, uma arma ainda mais poderosa: a bomba de hidrogênio.

Juntando os pedaços do mundo novamente

Depois de 1945, a Europa dividiu-se em duas. As democracias dominavam a metade ocidental. A União Soviética controlava a metade oriental, incluindo parte da Alemanha. Duas outras nações comunistas, Albânia e Iugoslávia, formavam uma área isolada na metade ocidental. A tensão entre o comunismo e o capitalismo democrático foi então chamada de Guerra Fria, embora, observando hoje o passado, na verdade houve muito mais paz do que guerra.

A Alemanha, ocupada pelos vitoriosos, havia perdido praticamente todo o seu poder. Até mesmo a Inglaterra, a França e a Holanda tinham menos poder do que em 1939. Os danos causados pela guerra tiveram enormes proporções, e essas nações haviam incorrido em pesadas dívidas ou vendido patrimônios no exterior para financiar a guerra. Além disso, suas colônias ultramarinas, que eram uma fonte de orgulho e de possível renda, mais do que uma renda real, pareciam dispostas a buscar ou a forçar sua independência.

A maioria dos líderes se recusava a enfrentar o fato de que as nações se encontravam agora mais enfraquecidas em sua influência. A Europa havia seguido as pegadas dos centros de poder anteriores que, quando estavam no auge de sua confiança, acabavam brigando internamente. As cidades-estado gregas haviam travado guerras autodestrutivas entre si e perdido coletivamente sua supremacia. O império de Roma havia sido enfraquecido por conflitos internos e guerra civil. O Islã e o cristianismo também haviam sofrido cismas. A China e o império sul-americano dos incas, exatamente quando sua

autoconfiança estava em alta, foram dilacerados por disputas internas. A colisão pós-guerra entre o comunismo na Rússia e o capitalismo no ocidente foi outra fase na longa história da disputas européias. Apesar disso, a Europa conseguiu ser salva da decadência através de uma crescente união.

Essa união começou simplesmente como a proposta de uma pequena zona de livre comércio, abrangendo as indústrias de carvão, ferro e aço dos tradicionais inimigos, Alemanha Ocidental e França. Quando foi inaugurada, em 1952, contava com seis nações-membro. Em 1970, já era o maior mercado comum da história, envolvendo mais pessoas e comércio do que o outro antigo mercado comum, os Estados Unidos da América. Em 1993, quando se tornou uma união política e econômica, abrangeu 15 nações, estendendo-se, com duas exceções, desde Portugal e Irlanda, a oeste, até a Grécia e a Finlândia, a leste. Conhecida como União Européia, ela praticamente constitui hoje uma nova nação.

A Europa ressuscitou, embora tenha perdido quase todas as suas colônias. De alguma forma, as colônias eram um fardo, embora não tivessem sido vistas assim durante os quatro séculos e meio em que, uma a uma, foram adquiridas. Mesmo em 1945, a posse de colônias ultramarinas trazia prestígio e, por isso, não foram rendidas tão facilmente.

No início da Segunda Guerra Mundial, aproximadamente um terço dos povos do mundo ainda vivia sob o domínio europeu. Os altos e baixos da guerra, principalmente os apuros militares sofridos pela França, Holanda e Inglaterra em 1940 e 1941, abalaram o controle europeu. As lutas mostraram que as potências coloniais européias não eram invencíveis. Em muitas colônias, os lutadores da resistência aproveitaram sua oportunidade. A moralidade das nações que possuíam colônias foi desafiada nos parlamentos europeus onde, após a guerra, os partidos de esquerda tornaram-se mais fortes.

A primeira grande colônia a ser libertada foi a Índia. Seu principal libertador foi Mahatma Gandhi, um dos mais notáveis políticos do século. Em 1891, com vinte e poucos anos de idade, Gandhi tornou-se advogado em Londres, vestia-se elegantemente, aprendeu dança e elocução. Já no fim da década, era um próspero advogado na África do Sul, mas começando a viver uma vida ascética, fazendo suas próprias roupas e submetendo-se a períodos de jejum, hábito aprendido com sua mãe. Em 1907, o parlamento da região de Transvaal obrigou os residentes asiáticos a portar carteiras de identidade, e Gandhi, pela primeira vez, aplicou sua "resistência passiva". Como resultado, passou um total de 249 noites na cadeia. Ao voltar à Índia, em 1915, ele formulou a campanha pela independência da Índia com uma estratégia de desobediência civil em relação ao domínio inglês. Usando sandálias, um pedaço de pano branco em forma de xale jogado sobre o ombro e outro pedaço ao redor do quadril, formando um tipo de saia, geralmente mostrando seu sorriso desdentado para os fotógrafos dos jornais, ele se tornou o mais famoso de todos os indianos aos olhos do mundo exterior. Tentou mais do que qualquer outra pessoa unir uma terra que não podia ser unida.

Quando a Índia adquiriu sua independência em 1947, foi dividida em duas nações separadas, uma Índia hindu e um Paquistão islâmico; mais tarde, Bangladesh tornou-se uma terceira nação. Nas convulsões sociais e políticas que cercaram a divisão de 1947, perto de 15 milhões de pessoas saíram como refugiados para que pudessem viver com segurança na Índia de sua escolha. Gandhi foi vítima desse primeiro ano turbulento da independência, vindo a ser morto por um militante hindu.

voto concedido a quase todos os adultos, alfabetizados ou não. Foi um dos eventos mais impressionantes da história política: a segunda nação mais populosa do mundo estava em processo de implementação de um sistema de governo inventado, primeiramente, para pequenas assembléias democráticas nas cidades da Antiga Grécia, numa época em que o mundo inteiro tinha menos pessoas do que a Índia democrática no ano de suas primeiras eleições.

A China também se libertou. Embora nunca tivesse perdido a inde- pendência completamente, esta havia enfraquecido durante os últimos Cem anos, por resistir a russos, ingleses, franceses, alemães e, especialmente aos japoneses, para cada um dos quais ela havia feito concessões ou perdido território. Também foi enfraquecida pela sua própria guerra civil. Mao Tsé-tung, que liderou brilhantemente os comunistas durante uma longa guerrilha, finalmente saiu vitorioso em 1949, deixando para seus opositores somente Taiwan.

Esperava-se que a nova República Popular da China, sendo a nação mais populosa do mundo, aos poucos readquirisse a autoridade que havia tido há uns cinco séculos. Mas o relacionamento entre a população e o poder geralmente tem sido precário e complicado. Em vez de tornar-se uma das principais potências, a China comunista permaneceu em total atraso econômico. O interior do país estava dominado pela pobreza, e o progresso econômico era mais um cântico de propaganda do que um fato real.

O líder da libertação da China, conhecido hoje como "o grande timoneiro", acreditava que as mentes das pessoas eram felizmente "vazias" e que ele podia gravar sobre elas uma mensagem indelével. Em 1966, sua nação foi o grande cenário de uma revolução cultural ou um drama popular de moralidade, estreada em grande escala, com mortes, prisões e exílio rural impostos sobre aqueles líderes de opinião que fossem julgados como politicamente imorais ou incorretos. A nação que, cinco séculos antes, provavelmente havia liderado o mundo na utilização dos talentos de seu povo, agora deliberadamente consignava centenas de milhares de seus professores, artistas e intelectuais às tarefas enfadonhas de criar porcos, trabalhar na colheita e tirar água dos moinhos para irrigação. Só na década de 1980 é que a China começou a dar o grande salto adiante que havia sido o orgulho de sua propaganda de partido, três décadas antes.

A Indonésia foi outra das extraordinárias nações que emergiram na década após a Segunda Guerra Mundial. Em 1940, as ilhas da Indonésia tinham aproximadamente 70 milhões de habitantes, somente três milhões menos que o Japão. Depois de um pouco mais de um século, a Indonésia já tinha mais de 200 milhões de pessoas, sendo excedida somente pela China, Índia e Estados Unidos; tornara-se também a nação islâmica mais populosa do mundo.

A Indonésia foi erguida e, em seguida, quase destruída pelo presidente Sukarno. Nascido de mãe balinesa hinduísta e pai javanês muçulmano, ele desenvolveu um talento para palavras e línguas. Finalmente, aprendeu a falar holandês, em cuja língua recebeu a maior parte de sua educação, e inglês, francês, alemão, japonês, javanês, balinês e sundanês (língua falada na parte ocidental de Java). Obviamente, aprendeu árabe também para que pudesse estudar o Alcorão. Ao mesmo tempo, tinha mais conhecimento de tecnologia do que a maioria dos outros que vieram a liderar novas nações e, em 1925, formou-se em engenharia pela Universidade de Bandung, em Java.

Confiante, exuberante, um mágico dos discursos, Sukarno protestou contra o domínio holandês numa época em que as revoltas coloniais no mundo ainda não eram freqüentes. Durante treze anos, ele era encontrado ou na

prisão, ou exilado de sua pátria, a ilha de Java. Quando os japoneses ocuparam as índias Orientais Holandesas em 1942, Sukarno acolheu-os e tornou-se consultor especial, bem como líder de seu povo. Após o Japão ter sido derrotado, ele recomeçou sua luta contra os holandeses, conquistando a independência de sua nação em 1949. Permitiu uma eleição parlamentar em 1955 e, não gostando do resultado inconclusivo, acabou escolhendo o que chamou de "democracia guiada", com ele mesmo como guia e com uma democracia não tão visível assim. Como muitos dos fundadores de novas nações, acabou sendo derrubado de seu pedestal.

Entre 1945 e 1960, as colônias, que somavam um quarto da população mundial, ganharam liberdade. A maioria dos líderes das novas nações não tinha nenhuma experiência de governo. Sua burocracia não era treinada, sua ansiedade em conseguir dinheiro emprestado excedia em muito sua capacidade de quitar as dívidas. Guerras contra vizinhos ou preparos de guerra absorviam dinheiro que poderia ser usado na construção de ferrovias, barragens, hospitais, escolas e cidades. Encontravam-se poucos empreendedores com habilidade para desenvolver os recursos naturais disponíveis nas nações recém-criadas.

O Terceiro Mundo, nome inventado na França para descrever as novas nações pobres e não estruturadas, ficava em terceiro da lista em tudo, fosse renda média ou taxa de alfabetização. Em um aspecto, porém, ocupava o primeiro lugar: sua população crescia a uma velocidade como nenhuma outra nação havia vivenciado na história do mundo até então conhecida. A difusão do conhecimento em Medicina, a presença de mais médicos e enfermeiros, a vacinação de crianças, a luta contra a malária e as melhorias na higiene pública fizeram baixar a taxa de mortalidade, enquanto a taxa de natalidade continuava alta. Entre 1950 e 1980, numa época em que novas atitudes e a nova pílula anticoncepcional puseram um freio na taxa de natalidade da Europa, a população de várias terras mais pobres praticamente dobrou. O principal desafio, tão formidável quanto o vivido em possivelmente qualquer outra fase da história humana, era simplesmente como alimentar o povo em rápida multiplicação. A assim chamada revolução verde, com suas novas espécies de arroz e outras plantas comestíveis, salvou inicialmente a situação, mas a população ainda se multiplicava. A China já tinha perto de um bilhão de habitantes quando, em um dos experimentos mais raros da história mundial, tentou restringir as famílias a terem um só filho.

A África, a arena mais movimentada da descolonização, em pouco tempo chegou a ter nações demais, palácios presidenciais demais e muitos embaixadores vivendo no luxo em cidades no exterior. Em 1982, a África já contava com 54 nações, mais de duas vezes a quantidade de nações da Ásia inteira. Algumas nações africanas tinham, cada uma, menos de um milhão de

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