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provedores de conteúdo e outros serviços

de informação na internet por município

O Mapa 19 evidencia, como retrato do processo descrito acima, a topologia de um grupo específico de empresas distribuidoras de informação sobre o indivíduo, os chamados portais de internet e provedores de conteúdo. Este dado foi mapeado em seu entrecruzamento com a já analisada distribuição dos volumes de fluxos informacionais presentes no território brasileiro.

O que verificamos é que, nas principais zonas onde o volume do fluxo de dados é maior, há também uma maior densidade de portais e provedores de conteúdo. Em termos gerais, contudo, a proliferação deste tipo de atividade continua mais concentrada na macrometrópole paulista e no município do Rio de Janeiro.

Destacamos também que, em algumas unidades da federeção, a cobertura territorial dos portais de notícia é maior do que em outros. Isto significa dizer que, ainda produção de informações esteja concentrada nas capitais, municípios mais interioranos também participam, em alguma escala, do circuito espacial de informação sobre o indivíduo. Esta maior cobertura pode ser verificada principalmente nos estados do Sul (Santa Catarina e Paraná) e Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais). Nas demais regiões brasileiras, apenas os estados da Paraíba e de Alagoas aparentam possuir uma maior distribuição, em seus territórios, das atividades provedoras de conteúdo da internet. Na paraíba, esta distribuição se relaciona com a estrutura de sua rede urbana, que apresenta, em subespaços mais afastados da capital, uma pujante economia da urbanização, principalmente em torno de cidades como Campina Grande, Patos, Sousa e Cajazeiras.

A produção de conteúdo é um indicador fundamental para a análise das horizontalidades presentes no território e, portanto, para a consolidação de formas mais democráticas de acesso à informação e comunicação. Nesse mesmo sentido, a emergência de iniciativas locais e regionais de exploração da informação sobre o indivíduo pode sugerir a existência de uma economia local da informação, em contraposição a usos externos, supralocais e verticais.

De outro modo, a rarefação da produção local de informação em grandes porções do território brasileiro supõe a intromissão de informações produzidas alhures, criando hierarquias e relações de dependências na rede urbana. Não por acaso foi

detectado, em pesquisa do Observatório da Imprensa25, que, em 2017, 4500 municípios brasileiros não tem registros de iniciativas locais de produção de notícias, o que representaria uma descobertura (ou deserto de notícias) de informação banal para 70 milhões de brasileiros.

Como mencionado, a topologia das empresas provedoras de conteúdo no Brasil ressalta o papel da macrometrópole paulista como principal fonte emissora de informações banais, e, portanto, é a porção do território brasileiro onde há maior perenidade dos processos de arrendamento informacional das informações sobre o indivíduo.

O consumo de informação banal produzida alhures importa para os lugares novos sentidos simbólicos e culturais, revelando desarranjos e desavenças com o conteúdo local. Com a internet, a circulação de informação banal ganha força em escalas internacionalizadas, contudo, toda ela é fruto da concepção de seus agentes produtores, que, por sua vez, são experiências cognitivas, sensoriais, corpóreas e locacionais. Nesse sentido, a informação banal importada carrega em si a essência de seu lugar de origem, como é o caso, no Brasil, do papel de São Paulo neste contexto.

As empresas produtoras de conteúdo sediadas em São Paulo, sobretudo as grandes empresas, produzem sentidos que se tornam nacionais quando difundida para além de seus limites físicos, o que nos leva a crer que a metropolização de São Paulo é um fenômeno que impacta a produção de representações sobre a formação socioespacial brasileira como um todo, e constitui, portanto, o principal epicentro explorador da datasfera e produtor da psicosfera.

Ribeiro (2013c), por sua vez, nos convida ao entendimento de que a produção da psicosfera, quando concentrada geograficamente, transmite para espaços de escassez os conteúdos culturais do urbano genérico, graças ao encadeamento, mediado pela informática e pela comunicação, de diferentes recursos e formas de trabalho. Nas palavras da autora, “nesta dinâmica, a produção estratégica da escassez transforma os extensores da urbanidade, criando os fundamentos do atual período histórico” (RIBEIRO, 2013c, p. 243).

Devido à hipervelocidade fornecida pela internet, associada à limitação técnica que a telefonia móvel oferece para a criação de tessituras locais de informação banal, o território brasileiro é preenchido por extensores imateriais da experiência urbana

25http://observatoriodaimprensa.com.br/atlas-da-noticia/70-milhoes-de-brasileiros-vivem-em-deserto-de-

metropolitana que, mesmo que traduza experiências locais, sobretudo da macrometrópole paulista, torna-se referência genérica e padrão para a vida social.

Este processo se intensificou ao longo dos últimos anos pois, como podemos verificar através do Mapa 20, as principais zonas de emergência dos provedores de conteúdo, isto é, os municípios que não tinham empresas desta categoria em 2006 e passaram a tê-la em 2016, estão primariamente concentradas na macrometrópole paulista, sobretudo na região metropolitana da capital.

Ressaltamos, contudo, que o imperativo de São Paulo nesse processo não pode se traduzir no entendimento de que as demais frações da rede urbana nacional se fazem como meros receptáculos dos fluxos de informação banal. A importação dos sentidos metropolitanos não significa sua reprodução ou mimetização absoluta, mas sim o acolhimento dos vetores e sua ressignificação de acordo com o conteúdo local.

Catelan (2012) nos lembra que o processo de concentração e centralização espacial vivenciados no território nacional a partir de São Paulo convive com a explosão de pontos no espaço “cuja importância decorre da diferenciação de suas funções e de seus papéis nas redes em que se articulam (...) a partir de ações e interesses construídos por agentes atuantes nesta escala” (CATELAN, 2012, p. 109). Sendo assim, os demais pontos do território que dinamizam os circuitos espaciais da informação sobre o indivíduo ressignificam tais sentidos, introduzido nos lugares como um conteúdo que se hibridiza aos sentidos locais.

Mapa 20 – BRASIL - Zonas de emergência de empresas de tipo Portais, Provedores de Conteúdo e Outros serviços de Informação na Internet Entre 2006 e 2016. Fonte: ANATEL, 2007, 2018 / RAIS, 2006, 2016

/ IBGE, 2010

BRASIL - Zonas de emergência de