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CAPÍTULO I – HARMONIZAÇÃO E NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA

1.1 Harmonização Contabilística

1.1.2 Organizações responsáveis pela harmonização contabilística

1.1.2.2 Brasileiras

1.1.2.2.1 Conselho Federal de Contabilidade

Desde 1946, as normas contábeis no Brasil são regulamentadas e acompanhadas pelo Conselho Federal de Contabilidade - CFC, que foi criado pelo Decreto-Lei nº 9.295, de 27 de Maio de 1946.

Dentre as muitas atribuições do CFC, há a que determina a atenção com a normalização contábil. Para isto, mais recentemente, foi criado o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, pela Resolução CFC nº 1055, de 07 de Outubro de 2005, que, conforme o Art. 3º deste documento tem como objetivo:

Art. 3º O Comitê de Pronunciamentos Contábeis – (CPC) tem por objetivo o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais.

As ações do CPC ocorrem em função da união de esforços das entidades Associação Brasileira das Companhias Abertas – ABRASCA, Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado e Capitais – APIMEC NACIONAL, Bolsa de Valores de São Paulo – BOVESPA, Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON, Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras – FIPECAFI, e também, o CFC.

Reforçando o trabalho das entidades componentes do CPC, grupos técnicos de especialistas em contabilidade podem ser constituídos para colaborar. Como exemplo, atualmente há o Grupo de Técnico de Contabilidade Pública - GTCP, que dedica esforços para convergir as Normas

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Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público - NBCASP com as NICSP editadas pelo IPSASB.

Num cronograma de ações contínuas do GTCP, após a edição da NBCASP em novembro de 2008, estabeleceu-se os seguintes passos:

- 2009 – Tradução das NICSP do IPSASB, além da preparação das minutas das NBCASP convergidas com as NICSP;

- 2010 – Disponibilização, apresentação e discussão das NBCASP convergidas, em seminários regionais nos mesmos moldes que foram discutidas as NBCASP em 2008;

- 2011 – Capacitação dos profissionais de contabilidade sobre o conteúdo e aplicação das NBCASP convergidas.

- 2012 – Início da vigência das NBCASP convergidas.

As evoluções na harmonização contabilística brasileira, por iniciativa do CFC e de todos colaboradores, vêm anular o que pensava Soares (2005, pp. 83 e 84):

Apesar, das importantes mudanças nas práticas contábeis, não significa que o Brasil está em conformidade com as práticas contábeis internacionais. Porém, vale ressaltar que há interesse em harmonizar as práticas contábeis brasileiras vis à vis as recomendadas pelo IASB, como visto no projeto de Lei nº 3.741, de 2000, que destaca como principal objetivo uma maior transparência e qualidade nas informações contábeis.

1.1.2.2.2 Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

O Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON surgiu com o objetivo de concentrar em um único órgão a representatividade dos profissionais auditores, contadores com atuação em todas as áreas e estudantes de Ciências Contábeis.

O IBRACON foi criado oficialmente em 13 de Dezembro de 1971, tendo na época a sigla IAIB, o que concretizava o sonho dos profissionais que buscavam maior representatividade perante o poder público e a sociedade. Mais tarde, em 1º de Julho de 1982, houve a transformação para a sigla IBRACON, resultado da decisão da diretoria em abrir o quadro associativo para contadores das várias áreas de atuação. Então passou a ser denominado Instituto Brasileiro de Contadores. No entanto, em 8 de Junho de 2001, a Diretoria Nacional aprovou a idéia de voltar a acentuar a característica de cuidar da classe dos auditores, porém como o nome IBRACON já estava consolidado, tanto no meio profissional como nos setores público e empresarial, optou-se por mantê-lo mudando a denominação para Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, como está atualmente, com abrangência de auditores, contadores e estudantes.

23 Atualmente, dentre as muitas atividades do Instituto, destaca-se o trabalho de convergência das NCBASP com as NICSP, pois o IBRACON é membro ativo da CPC que foi instituída pelo CFC para um trabalho amplo de harmonização contabilística no Brasil.

O IBRACON e o CFC são as instituições brasileiras que têm representantes na IFAC com a responsabilidade de participar, como elo de ligação, nos processos de harmonização contabilística no tocante as normas contabilísticas e de auditoria.

1.1.2.2.3 Secretaria do Tesouro Nacional

A Secretaria do Tesouro Nacional - STN foi criada em 10 de Março de 1986, conforme Decreto nº 92.452/86, o que provocou a fusão da antiga Comissão de Programação Financeira e a Secretaria de Controle Interno do Ministério da Fazenda. A STN é o órgão central do Sistema de Administração Financeira Federal e do Sistema de Contabilidade Federal, conforme previsto no inciso I do Art. 4º do Decreto nº 3.589, de 6 de Setembro de 2000. Sua criação foi um passo significativo no fortalecimento das finanças públicas no Brasil.

A STN, na condição de órgão central de sistema, e respaldada no § 2º do Art. 50, da Lei Complementar nº 101/2000, divulga aos entes da Federação, Estados, Distrito Federal e Municípios orientações técnicas com o objetivo de harmonizar os conceitos e os procedimentos contábeis, orçamentários, financeiros e patrimoniais com vistas à consolidação das Contas Nacionais.

Um significativo marco da trajetória de padronização de procedimentos contábeis da STN foi o movimento de modernização e racionalização da administração pública brasileira, que gerou a criação, em janeiro de 1987, do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal – SIAFI, que possibilitou a interligação on line de mais de cinco mil instituições públicas federais, com cerca de 34.000 usuários, executores de despesas do Orçamento da União. No enfoque da harmonização contabilística, o Ministério da Fazenda do Brasil – MF editou a Portaria nº 184, de 25 de Agosto de 2008, que dispõe sobre as diretrizes a serem observadas no setor público (pelos entes públicos) quanto aos procedimentos, práticas, elaboração e divulgação das demonstrações contábeis, de forma a torná-los convergentes com as NICSP da IFAC/IPSASB.

Nos últimos anos, provavelmente, a Portaria MF nº 184/2008 tenha sido o documento legal que mais tenha dado importância e incentivo ao trabalho de convergência e harmonização

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contabilística na contabilidade pública brasileira. Isto fica bem referenciado ao ler-se o terceiro argumento das considerações inseridas em seu texto legal e o Art. 1º com o inciso I:

A necessidade de promover a convergência das práticas contábeis vigentes no setor público com as normas internacionais de contabilidade, tendo em vista as condições, peculiaridades e o estágio de desenvolvimento do país;

...

Art. 1° Determinar à Secretaria do Tesouro Nacional - STN, órgão central do Sistema de Contabilidade Federal, o desenvolvimento das seguintes ações no sentido de promover a convergência às Normas Internacionais de Contabilidade publicadas pela International Federation of Accountants - IFAC e às Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade - CFC, respeitados os aspectos formais e conceituais estabelecidos na legislação vigente:

I - identificar as necessidades de convergência às normas internacionais de contabilidade publicadas pela IFAC e às normas Brasileiras editadas pelo CFC;

A concretização deste preceito legal tem ocorrido por diversos acontecimentos, visto que o CFC, assim como a Coordenação-Geral de Contabilidade - CCONT da STN vem produzindo normativos que evidenciam a harmonização contábil brasileira.

Raciocinar com harmonização contábil é ter como ponto central um trabalho de modificações nas leis brasileiras com matérias contábeis, não apenas no que concerne ao setor público, mas também para o setor privado. Em 2007, a Lei nº 6.404, de 15 de Dezembro de 1976, que dispõe sobre sociedade por ações, teve diversas alterações inseridas pela Lei nº 11.638, de 28 de Dezembro de 2007, dentre elas a inclusão do § 5º no Art. 177, que diz:

As normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários a que se refere o § 3o deste artigo deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários. (grifo do autor)

A inserção deste parágrafo no texto da Lei nº 6.404/76 demonstra a atitude dos legisladores em apoiar o processo de harmonização contabilística do Brasil.

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