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4 Brasileiros, uruguaios e imigrantes: Disputa e ocupação das terras na região de

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CAPÍTULO II: Rio Grande de São Pedro: A fronteira muito além do Império

II. 4 Brasileiros, uruguaios e imigrantes: Disputa e ocupação das terras na região de

A preocupação em ocupar e manter os espaços fronteiriços levou a projetos de colonização e doação de terras para a fixação de colonos. A intenção era distribuir terras devolutas para a ocupação: “Na falta de outros meios mais efficazes, ordenei ás camaras dos Municipios, onde mais convem estabelecer colônias, que informassem ao Governo da Província sobre a existência de boas terras devolutas apropriadas para estabelecimento” 281.

A fundação das colônias se propunha como solução parta o povoamento na região, possibilitando a introdução de mão-de-obra para o trabalho na indústria e agricultura. O incentivo a imigração conseguiu resultados rápidos e 1850 o número de colonos já chegva 13.000, empregados em sua maioria nas atividades agrícolas282.

A fundação de colônias próximas às fronteiras tornou-se uma ação efetiva do governo rio-grandense, o que pode ser acompanhado pela determinação da Secretaria de Governo de 1850, que estabeleceu a criação de lotes e datas em locais, onde as terras fossem férteis e de fácil acesso. A ocupação dessas áreas se limitou aos imigrantes europeus ficando proibida a entrada de negros para o trabalho tanto nas lavouras quanto nas indústrias.

A partir do artigo 32 eram apresentadas as regras para o estabelecimento dos colonos e a concessão de terras. A proibição do uso de escravos nas colônias e principalmente nas localizadas na fronteira era justificada pela preocupação de fuga para os países vizinhos. O que, se aprofundou, em 1850, com a Lei Eusébio de Queiros, do Sul nos seus diferentes aspectos. A obra abrange os dados censitários de 1872 a 1950 e alguns do período de 1803 a 1862 assim divididos: I - Evolução Político-Administrativa do Estado e II - Dados Estatísticos. Com este trabalho, a FEE objetiva agregar, em uma publicação, um conjunto de dados e informações que se encontram dispersos em diversas fontes, facilitando o trabalho de pesquisa por parte dos interessados. Os dados a seguir foram copilados das páginas 11 a 19.

280 Ver anexos um e dois.

281 Relatório da Secretaria de Governo, de 1852, p.12.

282 A discussão sobre a fundação das colônias pode ser vista no: Relatório da Secretaria de Governo, 1850, p.22.

que proibiu o tráfico negreiro e aumentou o preço dos escravos e ampliou o temor pelo fim da escravidão.

Nenhum colono poderá possuir escravos nos limites da Colonia, aquelle que os tiver por compra, herança e doação ou outro qualquer modo poderá conservar o seo domínio não os podendo chamar a Colonia a titulo algum, aquelle que contravier será expulso da colônia.283.

A obrigação em se firmar às bases legais da ocupação era trazida novamente à tona no relatório ministerial de 1852, que trazia as determinações sobre a entrada de escravos nas fronteiras. Tal documento elogiava a lei n. 183 de 18 de outubro de 1850 que vinha sendo cumprida pelos colonos com seriedade, uma vez que, nenhuma denúncia sobre o uso de escravos teria sido apresentada formalmente ao governo provincial. Os colonos deveriam ser fieis ao contrato firmado, que proibia salva algumas condições a entrada de escravos nas colônias fronteiriças.

. Em 1848, o objetivo de fixar populações nas áreas de fronteira foi garantido e determinado pelo artigo quinto que estimulava a ocupação dessa área. O artigo deixava claro o projeto para fixação populacional das colônias, tendo como foco de interesse a fronteira com os países vizinhos: quinto; em fim, deve ser nos logares desertos da

Fronteira desta Província com as repúblicas e na margem esquerda do Uruguay 284.

Mesmo com o incentivo a ocupação algumas áreas ainda eram devolutas em 1852, quando presidente da província determinou um censo de ares não ocupadas a fim de que fossem catalogadas para uma futura remarcação das propriedades.

Uma das primeiras colônias criadas foi a de São Francisco de Paula – Pelotas estabelecida pela Lei Provincial no 143 de 2 de julho de 1848 que mandou estabelecer

junto á Serra dos Tapes, Município de Pelotas, uma colônia agrícola, com a denominação de S. Francisco de Paula. Foi determinada a medição e demarcação precisas das terras quando fossem devolutas e apropriadas, e em alguns casos foi autorizada à compra, sendo para tal criado um subsidio de até vinte contos de réis.

Pelotas foi à cidade gaúcha mais importante do século XIX, tendo seu progresso se originado nas grandes charqueadas. Essas atividades manufatureiras, além de serem as geradoras do progresso e prosperidade de Pelotas, foram também as responsáveis pela entrada em grande quantidade de trabalhadores escravizados no extremo sul brasileiro285. Em virtude de sua identificação com o requinte, as artes e o

saber, a bela Pelotas recebeu de sua elite o cognome de “Atenas do Rio Grande do Sul”. O progresso e a cultura pelotense podem ser medidos também pelo número de periódicos existentes. Chegou a possuir, em certa época, dez jornais funcionando consecutivamente. Além dos periódicos, podemos citar: a Biblioteca Pública, o Museu Municipal, o serviço de telégrafo, encanamento d’água etc286.

283 O presidente da província relata essas preocupações em seu relatório de 1850, p.20. 284 Relatório da Secretaria de Governo, 1848, p.19-20.

285 Idem, SANTO, p. 191. 286 Idem, SANTO, p. 192

O Rio Grande foi incorporando uma nova diretriz para a região de fronteira fixando indivíduos e dinamizando a economia para além da produção de charque. Essa fronteira viva de imigrantes, comerciantes, contrabandistas, escravos fugitivos se tornava desejo de novas aspirações e trazia a tona antigos conflitos.

O presidente da província em 1850, José Antônio Pimenta Bueno287, marquês

de São Vicente, relatou que seu antecessor, Francisco José de Sousa Soares de Andréa288, Barão de Caçapava enfrentou dificuldades em determinar terras devolutas, e

acabou por comprar propriedades para incentivar o povoamento, e apoiou o projeto de Thomas José dos Campos que já havia começado um povoamento com a fundação da colônia de Pedro Segundo.

Outra colônia fundada pelo Coronel Thomaz Jose de Campos, foi a de Monte Bonito, instalada pelo militar com o auxilio e subsidio do governo provincial, em suas terras sobre a Serra dos Tapes. Para impulsionar o povoamento fez pedidos de subsídios ao governo provincial com a promessa de pagamento a cada seis meses totalizando seis anos para a quitação do empréstimo. 289. Em 1851, o presidente da província, Patrício

José Correia da Câmara, informava em relatório não conhecer as informações de ocupação da colônia Monte Bonito, mas demonstrava clareza em relação aos valores emprestados ao fundador do povoamento, que acabou fracassando, em 1853.

Na sessão de 23 de junho de 1849 da Assembléia Legislativa da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul foi discutida uma importante questão entre os deputados Joaquim José da Cruz Secco, Antonio de Sá Brito e Israel Rodrigues Barcellos, no que se refere aos cargos políticos criados nas colônias. Barcellos tornou- se opositor à proposta apresentada na reunião. Inicialmente podemos aferir erroneamente que se trata apenas de uma discussão acerca de um cargo político, mas as análises dos discursos enunciados naquele momento nos levam ao encontro a uma rede de interesses políticos no Rio Grande. Este deputado opunha-se a existência de um diretor para a colônia de São Leopoldo, que para tal função recebia elevada gratificação. O deputado Barcellos argumentava que os custos pra os cofres da província com o pagamento do diretor eram altos e não correspondiam as suas obrigações. Acusava a Câmara dos Deputados aprovou três verbas sem o menos conhecer seu uso e defendia que o único funcionário que deveria ser pago pelo governo era o engenheiro que fazia a medição e distribuição das propriedades.

287 José Antônio Pimenta Bueno. (4 de dezembro de 1803 — 19 de fevereiro de 1878) Bacharel em

Direito pela primeira turma da tradicional Faculdade de Direito de São Paulo. Presidente da província do Rio Grande do Sul - 6 de março a 4 de novembro de 1850. Sobre os presidentes da província do Rio Grande ver Sousa Docca, Emílio Fernandes de, História do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro : Edição da Organização Simões, 1954.

288 Francisco José de Sousa Soares de Andrea, barão de Caçapava. (Lisboa, 29 de janeiro de 1781 — São José do Norte, 2 de outubro de 1858) foi um militar e político luso-brasileiro. Foi Presidente das províncias do Pará, de 9 de abril de 1836 a 7 de abril de 1839, onde combateu a cabanagem; de Santa Catarina, de 17 de agosto de 1839 a 26 de junho de 1840; do Rio Grande do Sul, de 27 de julho a 30 de novembro de 1840, tendo derrotado nos combates de Laguna os farroupilhas liderados por Giuseppe Garibaldi; de Minas Gerais, nomeado em 1843, permanecendo no cargo até 1844; da Bahia, de 22 de novembro de 1844 a 1846, e em 10 de abril de 1848 voltou a ser presidente da província do Rio Grande do Sul, permanecendo no cargo até 6 de março de 1850. Marechal, foi também responsável pela comissão de demarcação dos limites fronteiriços entre o Império do Brasil e a República Oriental do Uruguai em 1854. Nesta época fundou a localidade de Santa Vitória do Palmar, no sul do Rio Grande do Sul. Ver sobre o barão: SILVA, Alfredo P.M. Os Generais do Exército Brasileiro, 1822 a 1889. M. Orosco & Co., Rio de Janeiro, 1906, vol. 1949.

O deputado Lobato apresentou um longo argumento, afirmando que Barcellos já teria sido diretor da colônia e que não guardaria bons laços de amizade com o atual diretor da colônia. A resposta provocaria ainda maior debate. Barcellos negou agir por seus interesses pessoais e afirmou no discurso em só pensar na administração da província. O deputado Cintra respondeu em nome de outros membros da Assembléia que essa era a forma com que todos agiam a favor da província e não por interesses pessoais.

Barcellos reapresentou novamente a proposta do fim do cargo de diretor da província, mas parou seu discurso a fim de se defender do deputado Lobato que o acusava de caluniador. O deputado havia informado à Assembléia terem ocorrido manipulações nas eleições e que muitos cargos teriam sido criados a fim de atender aos interesses do deputado Lobato. A partir daí, a primeira questão levantada por Barcellos aponta para aspirações políticas que visam não somente discutir o cargo de diretor, mas de apresentar argumentos que negassem a necessidade de existência do cargo em função das disputas eleitorais.

No relatório provincial de 1851 são apresentadas as informações do sucesso da Colônia de São Leopoldo, fundada em 1824, com 122 colonos. São demonstradas importantes informações sobre o cotidiano da colônia como suas estatísticas de crescimento populacional290 e de suas exportações. Os elementos davam conta de um

elevado crescimento desses índices.

Em relação às exportações, os dados demonstram o crescimento da década anterior ao relatório. Os produtos se destinavam a um comércio em que os produtos brasileiros se sobrepunham em qualidade aos americanos e aos de Cuba. Um importante comerciante citado foi Nicolau Stumpi que conseguia alta rentabilidade com a venda de algodão e tabaco para Hamburgo.

A produção na Colônia de São Leopoldo era diversificada. Havia inclusive uma fábrica de bens de consumo, como as envernizadoras de couro e as de óleos. O proprietário, Jacon Freychlag, teria feito investimentos consideráveis, mas os mesmos não conseguiram emplacar uma elevada produção, que ainda era feita em pequena escala 291. A indústria produzia bens de couro, óleos e flores para exportação, que se

voltava para o mercado europeu. Na agricultura o destaque eram as grandes safras de produção de tabaco e algodão.

O relatório provincial de 1852 demonstrava os bons resultados das exportações e do crescimento populacional da Colônia de São Leopoldo, que se tornava a mais florescente das áreas de povoamento. A população crescia a cada ano e os relatórios apontavam para a pequena presença de escravos. A produção atendeu até mesmo as forças militares que compraram carne bovina no período de guerra. Mas não foi apenas no momento de conflito que as vendas cresceram, toda a produção se ampliou desde o inicio da década de 1840.

Porém toda a prosperidade da província era questionada pelos colonos que recriminavam o presidente da província pela falta de apoio financeiro. No relatório de 1853, o presidente da província contra-argumentava as acusações e dava créditos aos colonos pelo desenvolvimento do povoamento, mas salientava que o crescimento

290 O relatório informava que a população da colônia chegou a 10273 habitantes. 291 Relatório da Secretaria de Governo, 1851, p.5.

econômico só foi conseguido com os altos subsídios financiados pelo governo da província.

As melhorias técnicas e os referenciais de seu crescimento agrícola eram reconhecidos, mesmo nas mudanças de governo provincial. S. Leopoldo tornava-se, assim, um modelo ideal de colonização e desenvolvimento financeiro, que deveria ser seguido de perto. Eram apresentados dados referentes ao movimento da entrada de maquinário não só compradas pelos colonos, mas enviadas para lá para que fossem copiados pelos moradores, que ficavam cada vez mais associados à indústria e ao trabalho fabril iniciado por um desejo de crescimento e que encontraria tanto no mercado nacional quanto estrangeiro o mercado de consumo para sua produção.

Em 1853, novamente a Colônia de São Leopoldo aparece em relatório provincial com as descrições já mencionadas, seguindo o discurso exaltado dos presidentes da província. Essa região crescia em meio a uma área de fronteira e se tornou um modelo a ser copiado e reinventado. Assim, o relatório de 1853 apresentava esse povoamento:

A COLÔNIA DE S. LEOPOLDO.- Esta é a mais populosa e florescente colônia do Império; ás suas boas terras, á navegação do rio dos Sinos, á cuja margem está, á proximidade do mercado desta capital, mediante o gentio laborioso e perseverante de seus habitantes, deve ella o grande progresso que tem tido. Essa colônia não prospera sómente pela producção agrícola, mas também pelos numerosos artefactos que fabricão seus industriosos habitantes292.

Apesar do sucesso, crescimento e empreendedorismo destacados em São Leopoldo, o mesmo não acontecia em outras colônias, que, por inúmeras razões, não tiveram o mesmo destino. As razões apresentadas como impedimentos ao crescimento eram apresentadas nos relatórios dos presidentes de província, que deixavam claro a dificuldade de fixar povoamentos próximos às fronteiras, onde ocorriam conflitos entre uruguaios e brasileiros; a ausência de estradas e falta de verbas no orçamento provincial para a melhoria das já existentes, que ora tinham de ser ampliadas ora restauradas; o alto custo de instalação de bem feitorias: pontes, transporte, mão-de-obra (muitas vezes a província não contava com engenheiros e técnicos para a medição de terrenos, construção e elaboração das vias de transporte).

O relatório de 1853 apresentava mais uma razão para a dificuldade de algumas colônias, que ainda não haviam progredido em população e produção. O presidente da província cobrava uma ação mais enfática da Diretoria Geral das Colônias293. Esse

órgão foi chamado de inútil por não coloborar na administração das colônias. Além da queixa, o relatório trazia as ações que deveriam ser tomadas por essa Diretoria a fim de que sua existência fosse justificável. Ao apresentar o relatório, o presidente da província, João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, apresentou não apenas a sua critica, assim como enumerou as atividades que deveriam ser preenchidas pelos diretores, que deveriam acompanhar e visitar os estabelecimentos coloniais.

292 Relatório da Secretaria de Governo, 1853, p.25.

293 Ao examinar a documentação da Diretoria Geral das Colônias de 1848 a 1850 podemos examinar as breves discussões acerca do povoamento e do desconhecimento das problemáticas enfrentadas pelos colonos.

A colonização de São Leopoldo tornava-se referencial para os demais projetos de colonização. Tal é o caso da Colônia do Mundo Novo, também situada próxima ao município de São Leopoldo, fundada por Tristão José Monteiro. O povoamento contava com 400 moradores, que trabalhavam pelo bom funcionamento da colônia, que contava com fabricas de serrar madeira, de cereais e de produção de azeite. A 2.ª Colônia do Mundo Novo esta “situada na margem esquerda do Rio-Santa Maria no município de S. Leopoldo, foi fundada pelo cidadão Tristão José Monteiro nas terras da sua Fazenda do mesmo nome da Colonia”294. Em 1853, a fim de facilitar a ocupação da colônia foi

proposta a construção de uma estrada que chegasse até Vacaria a fim de melhorar o escoamento da produção.

Outra antiga área de ocupação correspondia ao território da colônia de Três Forquilhas, Tão antiga quanto à de São Leopoldo, mas que enfrentava em meados do século XIX dificuldades de comunicação e de finanças, entraves no crescimento econômico e no povoamento. Esses entraves impossibilitavam a execução de tarefas rotineiras, em razão de seu afastamento da Capital e dos demais núcleos de povoamento.

A Colônia de Pedro II também foi fundada nas proximidades de Pelotas, junto à fronteira. Assembléia provincial concedeu um auxílio para facilitar a ocupação na região. A ocupação foi feita por quarenta e nove irlandeses, que receberam oito contos de réis para incentivar a ocupação.

O relatório de 1852 informava as condições populacionais da Colônia de D. Pedro II, que era ocupada por um pároco, quarenta e três famílias irlandesas, com duzentos e setenta e quatro indivíduos se empregavam na produção de fumo, algodão, trigo, e outros cereais. São as atividades que mantêm as famílias na região. Essa Colônia recebia auxílios do governo da província a fim de motivar a empreitada do povoamento, já que havia famílias se estabelecendo atraídas pela disponibilidade das terras. A Assembléia apoiava a emigração a partir da aprovação de um orçamento direcionado à ocupação.

O relatório provincial de 1853 novamente mencionava o malogrado empreendimento da Colônia de Pedro II, que, apesar de ter sido fundada nas proximidades de Pelotas, enfrentava dificuldades de terras para o plantio. Os argumentos apresentados para o fracasso foram: a fragilidade e a esterilidade da terra; o endividamento da colônia; a baixa produção agrícola; a falta de qualificação profissional dos colonos, que não possuíam técnicas agrícolas; e por fim serviu apenas de área de repouso e transição de colonos que migravam para outras regiões.

Outra colônia instalada próxima à fronteira no município de Rio Pardo foi Santa Cruz, criada em 1849. A fundação se deu em uma área com dificuldades de acesso por não haver próxima ao núcleo populacional nenhum rio navegável, estando, mas proximidades da estrada de Santa Cruz, que apenas foi iniciada. Apesar dos inconvenientes notados, os Colonos de Santa Cruz viviam na abundancia, porque as terras eram férteis e produziam em grande escala o feijão, o milho, a batata, o tabaco, a cevada, o linho e alguma cana.

O núcleo havia sido montado em uma área bem situada que atraía imigrantes, que dispunham de uma larga faixa de terras ainda não povoada, que se punham a espera da entrada de novos imigrantes, vindos da Europa. Apesar de enfrentarem problemas 294 Relatório da Secretaria de Governo, 1852, p.12.

relacionados ao acesso e as doenças a colônia matinha sua produção agrícola suficiente ao bem-estar dos moradores, que se sentiam instalados em uma nova pátria295.

A chegada de imigrantes europeus para se estabelecerem nas fronteiras era notória. A possibilidade de vir ao Brasil era conseguida com o apoio de agenciadores responsáveis pelos contratos migratórios, tal é o caso citado abaixo de Pedro Kleudgen, responsável pela entrada de dois mil imigrantes, mas que não contava com simpatia com Associação Central de Berlim, que não concordava com a assinatura e execução dos contratos.

Em 1852 foi aprovada pela Assembléia Provincial uma verba para a construção de uma igreja e de uma escola, além de serem discutidas as dificuldades de acesso ao povoamento de Santa Cruz, devido às péssimas condições da estrada que ligavam a Rio Pardo. A colônia havia sido fundada em 1849 e recebia auxilio financeiro dos cofres provinciais. Sua localização era atraente, ms a dificuldade de acesso impedia e desanimava a fixação de moradores. As estradas em sua maioria precisavam de reparos e muitas não ofereciam condições de passagem.

Em 1853, novamente era demonstrado o projeto político do governo em colonizar o Rio Grande, dando informações sempre positivas relativas ao solo, clima e localização geográfica. O objetivo era claro, ocupar os territórios, principalmente os mais próximos à região das fronteiras disputadas pela diplomacia uruguaia e brasileira.

O presidente da província, João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, pediu que medidas fossem tomadas sobre as novas leis de ocupação tecendo argumentos

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