• Nenhum resultado encontrado

O Programa Escolhas (PE) foi lançado pela primeira vez em 2001, seguindo a Resolução do Conselho de Ministros nº 4/2001 de 09 de Janeiro. Coordenado pela Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, tinha como finalidade ser um programa de “prevenção da criminalidade e de inserção de jovens dos bairros mais vulneráveis de Lisboa, Porto e Setúbal, a título experimental, pelo período de três anos” (INA, 2006/2007:2).

Em 2004, seguindo a Resolução do Conselho de Ministros nº 60/2004, de 30 de Abril, é lançada uma segunda fase do PE, sob a denominação de Escolhas – 2ª Geração (E2G). A finalidade desta segunda fase é agora centrada “na promoção da inclusão social de crianças e jovens em risco, com especial atenção para os jovens descendentes de imigrantes e minorias étnicas. Igualmente, a lógica de actuação passa a assentar em projectos localmente planeados, sendo as instituições locais (escolas, centros de formação, associações, IPSS) responsáveis pela concepção, implementação, execução e auto-avaliação dos projectos” (INA, 2006/2007:4).

Em 2006, a Resolução do Conselho de Ministros nº 80/2006, de 26 de Junho, dá continuidade à trajectória do PE. Nesta 3ª Fase, “permanece o objectivo da promoção da inclusão social, procurando a igualdade de oportunidades e o reforço da coesão social, e assiste-se a um aumento do investimento e do número de projectos a apoiar” (INA, 2006/2007:4).

Na caracterização do PE, e para o fim deste trabalho, centrar-nos-emos essencialmente nesta 3ª fase do programa – a actual, à data de escrita desta dissertação.

Nesta sua 3ª fase, de 2007 a 2009, o Programa Escolhas é pois o resultado de uma estreita cooperação entre os Ministérios da Presidência do Conselho de Ministros, Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, Ministério da Educação e Ministério da Ciência e do Ensino Superior.

Da apresentação do Programa Escolhas feita pela sua equipa central de coordenação em Janeiro de 200725, podemos retirar o seguinte:

Quanto aos seus objectivos, o Programa Escolhas tem como missão promover a inclusão social de crianças e jovens provenientes de contextos sócio-económicos mais vulneráveis, tendo em vista a igualdade de oportunidades e o reforço da coesão social. Procura, assim, “consolidar o modelo anterior, investindo no desenvolvimento de actividades no âmbito do apoio à educação formal e não formal, de orientação e encaminhamento para a formação profissional, de desenvolvimento de competências e saberes facilitadores da integração social e profissional, bem como de envolvimento dos familiares no processo de aprendizagem e desenvolvimento pessoal e social das crianças e jovens” (p.5).

Os destinatários do Programa Escolhas são, prioritariamente, crianças e jovens, “entre os 6 e os 24 anos, residentes em territórios com maior índice de exclusão e insuficientes respostas institucionais; jovens em abandono escolar precoce, sem a escolaridade mínima obrigatória; descendentes de imigrantes e minorias étnicas e jovens que estão ou estiveram sujeitos a medidas tutelares educativas e a medidas de promoção e protecção” (p.6).

A grande maioria dos projectos têm uma duração de três anos, sendo renovados anualmente “apenas mediante parecer positivo do Coordenador do Programa Escolhas” (p.6).

A já referida Resolução do Conselho de Ministros define que o Programa Escolhas se estrutura em quatro áreas estratégicas de intervenção, a saber:

25 Apresentação no âmbito do Seminário Inicial do Programa de Formação para os coordenadores do Programa

a) Inclusão escolar e educação não-formal b) Formação profissional e empregabilidade c) Participação cívica e comunitária

d) Inclusão digital

A Resolução define ainda um conjunto de acções a desenvolver para responder a cada uma destas áreas estratégicas de intervenção. A título de exemplo, destacamos aquelas que, no âmbito deste trabalho, mais nos interessarão (p.4518-4519):

“a) Inclusão escolar e educação não formal

− Desenvolvimento de actividades de combate ao abandono escolar e de promoção do sucesso escolar, através da concepção, implementação, financiamento e desenvolvimento de planos individuais de educação, envolvendo escolas, e outras instituições relevantes na área da educação.

− Implementação de medidas de educação que facilitem a reintegração escolar de crianças e jovens que tenham abandonado a escola ou dela estejam ausentes a partir dos 12 anos, concretizadas dentro ou fora do espaço escolar;

− Concepção e desenvolvimento de acções que, através da educação não formal, favoreçam a aquisição de competências pessoais e sociais, promovendo o sucesso educativo e maior o responsabilização numa cidadania mais participativa;

− Promoção da co-responsabilização dos familiares no processo de desenvolvimento pessoal e social das crianças e dos jovens, nomeadamente através da mediação familiar e formação parental.”

Para levar a cabo esta intervenção estratégica e estas acções, o Programa Escolhas conta com a concepção e desenvolvimento de projectos de base local. Estes projectos, que responderão a pelo menos uma das áreas de intrevenção estratégica, poderão ter uma duração mínima de 1 ano e uma duração máxima de três anos. O Programa Escolhas é coordenado sob a tutela do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas, que constitui, para esse fim, uma equipa de coordenação central.

“Para aceder ao programa, os projectos devem ser apresentados por consórcios de instituições promotoras (as que desempenham funções de coordenação do conjunto de actividades) e instituições parceiras (as que desempenham funções de cooperação na execução do projecto). Estes consórcios devem incluir, no mínimo, três instituições e àquelas compete, nomeadamente, a concepção, execução, acompanhamento e avaliação do projecto. Cada consórcio deve assegurar os recursos de gestão administrativa e financeira do projecto. Estas medidas permitem delimitar o número de projectos candidatos, velando para que apenas as instituições que possam efectivamente dar um contributo válido para a inclusão social das crianças e jovens mais desfavorecidos participem no Programa. No processo de candidatura são apresentados formulários próprios, dos quais constam informação de carácter obrigatório, designadamente diagnóstico de necessidades e recursos; objectivos e resultados intercalares e finais; caracterização dos destinatários do projecto; plano de actividades; processo de auto- avaliação; orçamento desagregado por rubricas e ano civil; recursos humanos afectos ao projecto e serviços de apoio; síntese dos aspectos inovadores; complementaridade com outras iniciativas ou projectos congéneres; roteiro de sustentabilidade” (INA, 2006/2007:15).

No periodo de 2007-2009, e em termos quantitativos o PE estima desta forma:

− apoiar e acompanhar cerca de 120 projectos de base local (já efectivamente aprovados e em curso)

− abranger cerca de 39.000 destinatários, 26.000 dos quais crianças e jovens

− envolver 480 técnicos

− intervir em 71 concelhos de todo o território nacional (continente e ilhas) − estabelecer protocolos com cerca de 776 parceiros de base local e nacional

Este esforço é acompanhado de um orçamento total de 20.741.368,10€ para os três anos, sendo 17.419.293,10€ destinados às medidas I, II e III e 3.322.074,79€ destinados à medida IV.

“Na presente fase, o Programa Escolhas continuará a ser financiado através do Instituto da Segurança Social, I.P. com 5.750.000,00€ em 2007, sendo que no âmbito da Medida I se prevê uma dotação de 2.000.000€ através de financiamento a conceder via Ministério da Educação. No âmbito da Medida II, relativa à formação profissional e empregabilidade, o

Programa irá nesta terceira fase celebrar um Protocolo de Parceria com o IEFP, onde se prevê o financiamento de 3.000.000€ para os três anos. Será também apoiado através de um Contrato Programa com o POEFDS – Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social com 2.000.000€, verba ainda referente ao terceiro Quadro Comunitário de Apoio. É de salientar que 45% das verbas destinadas à Medida IV (Centros de Inclusão Digital) são financiadas através do POS-C - Programa Operacional da Sociedade do Conhecimento” (p.14).26

De um total de 488 candidaturas foram apoiados, como já foi referido, 120 projectos. Estes estão distribuídos geograficamente da seguintes forma: 38 na Zona Norte, 45 na Zona Centro e 37 na Zona Sul e Ilhas.

Relativamente ao perfil das entidades envolvidas protocolarmente em parceria no âmbito dos projectos, o quadro seguinte27 ilustra a sua distribuição:

INSTITUIÇÕES TOTAL Escolas / Agrupamentos 145 IPSS 134 Municípios 90 Juntas de Freguesia 68 CPCJ 46

Associações Desportivas e Culturais 42 Associações de Desenvolvimento 21 Saúde 21 Empresas Públicas 20 Associações Juvenis 19 Direcção de Educação 18 Centros de Formação 16 Empresas Privadas 13 Associações de Imigrantes 13 IRS 11 Institutos e Fundações 8 ISSS 8 PETI 7

26 Apresentação equipa de coordenação central PE, ibidem. 27 Dados da equipa de coordenação central do PE

ONG 5 Centros de Emprego 4 Entidades Religiosas 2 Polícias 2 Outras 63 Total 776

Fonte: Coordenação Central Programa Escolhas

5.2 – O PROGRAMA DE FORMAÇÃO DOS COORDENADORES E A OFICINA VIRTUAL SOBRE ENF – O