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Breve história do caulino

No documento Caulino : das origens às aplicações (páginas 39-41)

HISTÓRIA DO CAULI O

5.1. Breve história do caulino

Caulino é o termo utilizado para denominar a rocha constituída essencialmente por caulinite, assim como o produto resultante do seu beneficiamento.

A designação caulino deriva da expressão chinesa Kao ling que significa Alta crista, nome de uma colina da China Central perto da qual se explorava este material, que era utilizado no fabrico de objectos de porcelana, vários séculos atrás.

O termo China Clay, data do século XVIII e era usado muitas vezes como sinónimo de caulino. Esta argila branca da província de Kingsi, na China, era utilizada para o fabrico de porcelana de mesa e objectos de arte. Actualmente esta designação está praticamente circunscrita ao Reino Unido que a utiliza para denominar as argilas provenientes da região da Cornualha e Devon. As argilas semelhantes que ocorrem noutras partes do mundo são denominadas caulino.

O caulino pode ser considerado um dos mais importantes minerais industriais, tendo aplicação nos mais variados segmentos industriais. Embora ao longo do tempo a sua principal aplicação seja a cerâmica, as suas propriedades mineralógicas, químicas, físicas e tecnológicas permitem o uso por exemplo nas indústrias do papel, têxteis, cosméticos e farmacêutica, borracha, tintas, porcelanas, fertilizantes, plásticos, fibra de vidro e catalisadores.

A fabricação cerâmica data do período neolítico, onde o homem pré-histórico já fazia cestos de vime com barro. Verificou, mais tarde que poderia usar somente o barro, surgindo a cerâmica. No ano 4000a.C. os Assírios já obtinham cerâmica vidrada. A porcelana surge na China da época Teng, é aperfeiçoada a sua produção culminando na época Ming com expansão e desenvolvimento até ao século XIX. O governo era o proprietário das cerâmicas que empregavam milhares de trabalhadores, tornando-se os objectos de porcelana uma importante mercadoria do comércio doméstico e internacional.

Por volta do século XVI a porcelana obteve grande desenvolvimento na Coreia e Japão e graças às importações pelas Companhias das Índias a Europa conhece peças artísticas de variadas formas e beleza.

A produção europeia começa por copiar toscamente a porcelana oriental e só no século XVIII, com um domínio progressivo das técnicas de produção de porcelana e com a prospecção e selecção de novos jazigos de caulino, na Inglaterra, Espanha e Alemanha, começa a produção a equiparar-se à oriental.

As primeiras amostras de caulino foram trazidas para a Europa por Père d’Entrecolles, um missionário jesuíta francês que estava na altura a trabalhar na China no início do século XVIII. As amostras foram estudadas em Paris pelo cientista R. A. Reamur (1683 – 1757) que revelou que a porcelana, de que se desconhecia na altura a sua composição, continha dois componentes essenciais, o caulino e a rocha granítica que ainda mantém a maioria dos feldspatos não alterados.

As primeiras descobertas de depósitos de caulino na Europa foram em Aue, perto de Schneeberg, na Saxónia e em St. Yrieix, perto de Limoges, na França. Na Inglaterra o caulino foi descoberto na Cornualha por volta de 1750 por William Cookworthy, de Plymouth. Em 1768, este, patenteou o processo de fazer porcelana a partir de quartzo, feldspato e caulino, em que este último dava ao corpo cerâmico um vidrado branco transluzente. Estas matérias-primas foram encontradas primeiro em Tregonning Hill, perto de Breage, e depois em St. Stephens, em Brannel, perto de St. Austell (sede da multinacional Emerys), na Cornualha. As suas descobertas conduziram à produção de

hardpaste ou porcelana verdadeira, em Plymouth e depois em Bristol.

Os europeus, para obterem lucro comercial, necessitavam que a matéria-prima se encontrasse perto das indústrias pelo que foram descobertos jazigos de caulino no início do século XVIII em Inglaterra, na França e na Alemanha.

Nos EUA, o caulino foi inicialmente extraído no estado da Georgia, no tempo colonial, e exportado por barco para Inglaterra. A empresa Wedgwood Pottery (fabricante que revolucionou a indústria da porcelana) abasteceu-se de caulino proveniente das colónias americanas. A partir do momento em que o caulino passa a ser extraído na Inglaterra a indústria extractiva dos EUA entra em colapso. Só em 1876 se recomeçou a extracção e actualmente, os depósitos de caulino da Georgia são dos mais importantes a nível mundial e representam 72% da produção de caulino dos EUA.

5. História do Caulino _________________________________________________________________________

Alguns dos depósitos mais importantes localizavam-se, na altura, em territórios dos índios Cherokee, na região sul do actual estado da Carolina do Norte, nos condados de Jackson, Macon e Swain. Quem deu início à extracção foi Thomas Griffith, em 1767 e forneceu a empresa Wedgwood. Os Cherokees também utilizavam o caulino para fabricar peças de cerâmica (louça de barro) mas o seu maior interesse era a extracção de mica para fins ornamentais.

Em 1876 com a retoma da extracção, resultante do ritmo de desenvolvimento industrial presente nos EUA, este depósito tornou-se o mais importante a nível mundial.

Para a porcelana são necessárias três matérias-primas: o quartzo, o feldspato e o caulino. O quartzo é adicionado como carga e como formador do corpo cerâmico, o feldspato é aplicado fundamentalmente como fundente, enquanto o caulino por possuir plasticidade suficiente para ser trabalhado e conformado e cozer branco é o constituinte mais importante. Daí o interesse na sua extracção.

O caulino da Cornualha é de excelente qualidade, sendo actualmente o segundo depósito mais importante do mundo.

A cerâmica foi a primeira aplicação do caulino, pelo menos em termos industriais e a segunda é na indústria do papel, a qual é responsável por absorver cerca de 50% de todo o caulino consumido no mundo. No entanto, para atender às especificações requeridas pela indústria, grande parte tem que sofrer processos de beneficiamento.

No documento Caulino : das origens às aplicações (páginas 39-41)