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2.2 Tecnologias da Informação e Sistemas ERP

2.2.1 Breve Histórico da Evolução do Sistema ERP

O sistema ERP – Enterprise Resource Planning é considerado uma evolução do sistema MRPII – Manufacturing Resource Planning e, este, do MRP – Material Requeriment Planning (LAURINDO; MESQUITA, 2000; GAMBÔA; CAPUTO; BRESCIANI FILHO, 2004; PRADELLA; SILVA, 2005).

Segundo Peeters (2009), Laurindo e Mesquita (2000), em 1963, foram desenvolvidos programas denominados Processadores de Listas de Materiais (Bill of Materials Processing), que apesar das limitações computacionais da época, revelaram-se bastante úteis para os fabricantes de produtos com estrutura complexa e produção intermitente. Esses programas foram projetados pela equipe de desenvolvimento da IBM (International Business Machine), formada por Gene Thomas, Joseph Orlick e Oliver Wight.

Isto só foi possível em função da difusão dos computadores nas décadas de 50 e 60 e as mudanças no ambiente industrial americano, que permitiram o desenvolvimento do programa e que apesar das limitações computacionais da época, revelaram-se bastante úteis para os fabricantes de produtos com estrutura complexa e produção intermitente, conforme Laurindo e Mesquista (2000).

Peeters (2009) afirma que o sucesso desse projeto levou a IBM a iniciar o desenvolvimento do projeto Production Information and Control System – PICS, que foi considerado a “mãe de todos os sistemas ERP”. Em 10 anos, a IBM desenvolveu sistemas e conhecimento que se tornaram a base para a indústria atual de ERP. A primeira importante contribuição para o desenvolvimento do MRP que evoluiu para o MRPII e ERP, foi a noção de demanda dependente e independente descrita por Orlick.

Conforme afirmam Laurindo e Mesquita (2000), Orlicky et al2 (1973), continuaram trabalhando no desenvolvimento de um sistema que traria maior eficiência a gerência da produção e que por volta dos anos 70, resultou em um novo produto Material Requirement Planning ou simplesmente MRP. Este sistema apresentava três elementos básicos para gerenciamento da produção: i) programa mestre de produção; ii) lista de materiais; iii) quantidades em estoque. O modelo MRP permitiria o cálculo das necessidades destes materiais ao longo do tempo. Em 1981, Oliver Wight publica o livro Manufacturing Resources Planning, MRPII, no qual apresenta a nova geração dos MRP’s. Além de incorporar os módulos RCCP – Rough Cut Capacity Planning (Planejamento da Capacidade de Recursos Críticos), e o CRP – Capacity Requeriment Planning (Planejamento das Necessidades de Capacidade) o novo sistema permite considerar outros recursos de produção, entre eles, os recursos humanos e orçamentários. Em virtude do aumento da abrangência do modelo, passou a ser denominado planejamento dos recursos de produção em lugar de necessidades de materiais.

De acordo com Laurindo e Mesquita (2000), os sistemas de planejamento da produção não satisfaziam plenamente às necessidades das empresas devido à limitação da abrangência e as dificuldades de integração com outros sistemas utilizados nas diferentes áreas da empresa. Dessa forma, cada área detinha um sistema de informação com uma base de dados própria e específica, os dados eram replicados e muitas vezes não se compatibilizavam. A integração dos dados era realizada periodicamente, conforme representa a figura 1:

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ORLICKY, J.A.: "Net Change Material Requirements Planning." IBM Systems Journal. v.12, n.1, p.2-29, 1973.

Figura 1 – Sistemas legados

Fonte: Adaptado de Martins, P.G., Laugeni, F.P. (2006, p. 388)

No início da década de 90, em evolução aos sistemas MRPII, surgiram os sistemas integrados, denominados Enterprise Resource Planning – ERP.

O sucesso da IBM resultou do domínio no sistema de armazenamento de estoque, incluindo o sistema MRP e, em 1972, lançou o sistema COPICS (Comunications Oriented Production Information and Control System – Sistema de Informação e Controle da Produção Orientado para Comunicações, direcionado às pequenas empresas. Nessa mesma ocasião, a SAP (Systeme, Anwendungen, und Produkte in Datenverarbeitung – Sistemas, Aplicações e Produtos em Processamento de Dados, foi fundada por cinco ex-funcionários da IBM, com o propósito de desenvolver aplicações de negócios, embora não necessariamente sistema MRP. Inicialmente, a empresa desenvolveu um sistema de gestão de inventário e, em 1975, incluiu um módulo de cálculo de necessidades de materiais. A integração desses dois módulos deu à SAP uma vantagem competitiva muito grande em relação as outras empresas (PEETERS, 2009).

De acordo com Padilha e Marins (2005, p. 105) ”não existem registros precisos de quando os sistemas ERP foram criados e a partir de quando a palavra ERP passou a ser utilizada”, mas a SAP é a empresa que se destacou rapidamente neste mercado.

A evolução do sistema de gestão empresarial, disponibilizada no site da SAP, relata que os ex-funcionários - Dietmar Hopp, Hans-Werner Hector, Hasso Plattner, Klaus Tschira e Claus Wellenreuther - da IBM fundaram a empresa Systems Applications and Products in Data Processing (Sistemas, Aplicativos e Produtos para Processamento de Dados) em Mannheim, Alemanha, no ano de 1972. O objetivo era desenvolver um software aplicativo padrão para processos de negócios em tempo real. Em 1973, foi lançado o módulo de contabilidade financeira, constituindo-se a base para o contínuo desenvolvimento de outros componentes de software, posteriormente denominado R/1 - R da primeira letra de real-time data processing (processamento de dados em tempo real). Na década de 80, a empresa lança o R/2 com o aprimoramento do banco de dados e do sistema de controle de diálogo. Em 1990, surge o SAP R/3 com conceito cliente-servidor, aparência uniforme de suas interfaces gráficas, uso consistente de bancos de dados relacionais e aplicáveis em computadores de diferentes fornecedores (disponível em http://www.sap.com/brazil/about/historico/index.epx).

Esta nova geração de sistemas integrados tem sua abrangência expandida para além da Produção, atingindo, entre outras, as áreas Contábil, Financeira, Comercial, Recursos Humanos, Engenharia, Gerenciamento de Projetos, Gerenciamento do Relacionamento com o Cliente, planejamento avançado englobando uma completa gama de atividades dentro do cenário de negócios das empresas (LAURINDO; MESQUITA, 2000; PEETERS, 2009).

A integração vai além da corporação, abrangendo sistemas de gerenciamento da cadeia de suprimentos e de automatização da força de vendas. Esta integração aumenta ainda mais a liquidez das organizações, ao associar com mais eficiência seus processos aos dos clientes e parceiros de negócios (TURBAN; RAINER; POTTER, 2003), conforme representa a Figura 2:

Figura 2 – Sistema de Informação Integrado

Fonte: Adaptado de Martins, P.G., Laugeni, F.P. ( 2006, p. 388).

Segundo Peeters (2009), cada geração de sistema deixa algo a desejar e os clientes continuam aumentando suas expectativas e demandas.

A comercialização dos Sistemas ERP, ocorrem na forma de pacotes comerciais de software que permitem a integração de dados dos sistemas de informação transacionais e dos processos de negócios ao longo de toda a organização, conforme Souza e Saccol (2003).

No Brasil, lidera o mercado de ERP a TOTVS, de acordo com a 23ª Pesquisa Anual do Uso de TI 2011/2012, realizada pela Fundação Getúlio Vargas, conforme demonstra o Gráfico 1 – ERP no Brasil – Market Share. A amostra da pesquisa teve 2.180 respostas válidas, dentre as 5.000 empresas consultadas. O resultado da pesquisa demonstra que a TOTVS é a que detém a maior fatia de mercado, alcançando 38% (trinta e oito por cento) das empresas que se utilizam de ERP, seguida da SAP com 28% (vinte e oito por cento); Infor, QAD, Sênior, StarSoft com 18% (dezoito por cento) e a Oracle 16% (dezesseis por cento):

Gráfico 1 – ERP no Brasil – Market share

Sistema Integrado de Gestão (ERP) 2011/12

(% de empresas usando no TOTAL da amostra)

Outros (Infor, QAD, Senior, StarSoft ...) 18% SAP 28% Oracle 16% TOTVS (Datasul, Microsiga, RM... ) 38% Fonte: http://eaesp.fgvsp.br/sites/eaesp.fgvsp.br/files/GVpesqTI2012PPT.pdf

Os sistemas ERP’s são considerados como uma das mais importantes evoluções na aplicação da tecnologia da informação realizada pelas empresas nos últimos anos e dão suporte a milhares de atividades de negócios (HABERKORN, 1999; DAVENPORT, 2002).