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Os primeiros registros sobre a literatura de cordel surgiram por volta do século XVI na Espanha. Logo após, com a descoberta da imprensa e a popularização da arte no século XVIII e XIX, os textos de cordel atingiram o seu apogeu naquele país. Como se dizia na Espanha esse gênero de expressão literária era chamado de “folhas volantes” ou “pliegos sueltos”. Geralmente eram escritos em quadras, décimas ou em prosa e postos em feiras livres.

A tradição desses folhetos, como atualmente são chamados no Brasil, ou “folhas volantes” como dizem os portugueses, tratavam sobre romances da realeza

europeia entre reis e rainhas, príncipes ou cavaleiros e princesas. Retratavam histórias de lutas, guerras, catástrofes naturais, crimes, amores, traições, vitórias e derrotas de toda população europeia.

Da Espanha a Portugal, os folhetos de cordéis, também chamados de folhas volantes, cruzaram mares atravessando tempos até chegar ao Nordeste brasileiro pelos colonizadores portugueses em forma de arte e cultura popular.

Essas histórias ou versos em prosa também eram conhecidos como de “trancoso”, devido aos escritos de Gonçalo Fernandes Trancoso que fez em Portugal uma série de textos moralizantes no início do século XVI. Embora esses escritos tivessem seu início no século XVI, seu apogeu se deu no século XIX.

Com a importação de máquinas tipográficas de segunda mão trazidas da Inglaterra para capitais e cidades do Sertão, a literatura de cordel ganhou uma dimensão até então não conhecida e se estabeleceu finalmente nas feiras do interior mais distante, em aldeias e, sobretudo no meio rural.

A partir daí os “folhetos de cordel” ganharam uma dimensão que até então não possuíam. Junto com essa popularização surgiram grandes artistas, escritores e cantadores no século XIX, tais como, Leandro Gomes de Barros e Francisco das Chagas Batista (escritores) e cantadores como Inácio da Catingueira e Romano do Teixeira que foram protagonistas de grandes duelos ou “pelejas” que posteriormente foram títulos de textos de cordel.

Essas pelejas são cantorias de improviso onde os cantadores oponentes duelavam na oralidade empregando motes – que são estruturas dos relatos de cordel - que seu adversário não consiga rimar. Os versos são sugeridos pela plateia ouvinte da peleja. O cantador improvisa os versos com muita criatividade e vence o cantador que improvisar a melhor rima.

A partir do século XIX com Romano do Teixeira e Silvino do Pirauá de Lima os cordéis obtiveram novas formas e passaram a ser cantados além de em quadras ou décima, também em sextilhas numa referência à poesia oral.

em praças e feiras, a literatura de cordel portuguesa está mais ligada à escrita de que a oralidade como romances e peças de teatros. Muitos dos textos de cordel escritos em Portugal eram escritos no formato de prosa, até quando os versos eram rimados em quadras ou redondilha maior.

As inovações nos folhetos nordestinos advêm do romanceiro ibérico com contornos de locais e temas como o “Ciclo do Boi” e o “Ciclo do Cangaço”, expressões vivas da realidade nordestina.

Os estudiosos levantaram hipóteses sobre a origem da literatura e concluíram que a partir de documentos dispostos em diversas regiões – como inscrições em pedras, tábuas de argila ou vegetal, pergaminho, papiros, rolos ou folhas e grossos livros manuscritos difundiram-se oralmente de geração para geração.

A “literatura clássica” tem sua célula-mater na Novelística Popular Medieval em fontes orientais indo-europeias. Segundo pesquisadores, a coletânea mais antiga da Literatura Popular Europeia é Calila e Dinna surgida por volta do século V a.C.

No ocidente europeu, as primeiras manifestações literárias surgiram na Idade Média com a literatura narrativa de fontes diferentes: popular e outra culta. Entre os séculos IX e X oralmente começou a difundir-se a literatura popular conhecida como folclórica transformada posteriormente em literatura infantil.

Surgiram no século X as fábulas latinas de Fetro, que traduziu as fábulas gregas de Esopo, as quais despertaram grande interesse. Na França apareceram histórias de animais narradas em versos e em língua “romance”, conhecidas como Isopets, que consistiam em relatos moralizantes, mais tarde foram escritos para as escolas.

A história da literatura brasileira vinculou-se às mudanças estruturais ocorridas na sociedade nos séculos XVII e XVIII. A origem da literatura deu-se no modelo burguês da família unicelular, da nova classe emergente, olhando para a criança e as instituições, assim surgiu à produção de texto direcionado às crianças.

Estes textos tinham como alvo apresentar os valores da burguesia e sua ideologia intenções, reforçando o caráter pragmático do gênero. Acabou, portanto, comprometendo o reconhecimento da literatura como forma de expressão artística.

No final do século XIX, a literatura começou a passear no Brasil, propagando a concepção original, contextualizada com a literatura universal. Encontrou dificuldades para introdução do gênero na conquista hegemônica e no reconhecimento como produção artística. Os textos importados tinham o caráter didático-normatizador, para difusão de preceitos e normas de comportamento.

A primeira fase compreende o final do século XIX e início do século XX, buscava atender os anseios da sociedade na integração da instalação da cultura nacional, ligada à escola e à valorização do nacionalismo.

A segunda fase ocorreu nos anos de 1920 a 1945 – época do brilhantismo na política, da intelectualidade e do artístico. No período da Segunda Guerra Mundial registrou-se a transição do país arcaico para o moderno. A educação primária tornou-se obrigatória. Os autores dessa época nortearam seus textos para o regime autoritário, privilegiavam o espaço rural para as cenas dos enredos. As belas histórias da História do Brasil, de Viriato Correia, abordavam o passado de seus heróis segundo o nacionalismo e a ideologia da época.

A terceira fase abrange os períodos da década de 50 e 60 – a década da democracia. No início dos anos 50, surgiu a Reforma Capanema, momento essencial da aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Na década de 60, surgem os movimentos da educação popular e do grupo da reforma da Universidade de Brasília.

Nesse período, a Literatura assumiu um caráter conservador, privilegiando a agricultura, o café como fonte de riqueza. A Amazônia mereceu destaque. A supremacia da área urbana sobre a rural, abandono das terras. O campo transformou-se em pano de fundo para as aventuras das narrativas, surgem os temas históricos - história dos bandeirantes e os relatos da história.

A quarta fase compreende a década de 70 e 80, conhecida como época de transformações aceleradas. A pior crise econômica estabelecida no país. Na política, houve a abertura democrática, houve a reforma do ensino.

privilegiou o enfoque do cotidiano infantil, e a criança-natureza focalizando as sensações e o mundo das cores, recuperou-se o folclore oral, através das cantorias. Sem esquecer a tradição, mas sem desprezar a contemporaneidade, o cordel chega vivo e com fôlego ao século XXI. (HAURÉLIO, 2010, p. 106)

E com méritos, portanto, é que a Literatura de Cordel alcança um novo público, sem perder de vista os leitores tradicionais. Longe do paternalismo, característico do período de crise mais aguda – meados dos anos 1980-90 – e sem depender de subvenções demagógicas, o Cordel (texto e ilustração) e seus criadores evoluíram e se organizaram. Os poetas e editores antenados não abrem mão das novas tecnologias para oferecer ao público edições bem cuidadas.

CAPÍTULO II