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3. MODELO

3.5. Breve Inclusão Histórica

Não faz parte do escopo desse trabalho o aprofundamento histórico da amostra utilizada, porém uma breve inclusão dos fatos mais importantes ocorridos nesse período de tempo permite-nos uma melhor compreensão dos movimentos do emprego relativo e, em breve, das oscilações da produtividade agregada dos países utilizados com relação ao Brasil.

1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5 0.55 0.6 0.65 Anos E m p re g o R e la ti v o Ag. dados Svc. dados Ind. dados Ag. modelo Svc. modelo Ind. modelo

O plano de metas (1956-1960) adotado no governo de Juscelino Kubitschek é tido como o apogeu do período do processo de substituição de importações, considerado o berço da industrialização brasileira. O rápido crescimento do produto e da industrialização foi obtido por meio de uma filosofia de estabelecer uma economia industrial integrada e madura no país, através de um aprofundamento do setor produtor de bens de consumo duráveis, como foi o caso da indústria automobilística.

Três pontos foram cruciais no desenvolver do plano, são eles: investimentos estatais em infra-estrutura, principalmente em construção de um sistema rodoviário mais robusto; o estímulo ao aumento da produção de bens intermediários; e os incentivos à introdução dos setores de consumo duráveis e de capital. Os efeitos desse plano foram intensamente sentidos principalmente a partir de 1958 com o grande crescimento do setor industrial nesse ano.

É possível notar o efeito desse crescimento nos dados do trabalho relativo da indústria no gráfico anterior, onde se inicia a mudança de inclinação a partir desse ano, devido ao grande esforço em atrair trabalhadores para esse setor. Esse efeito corrobora com o preceito da transformação estrutural que implica um aumento relativo do emprego na indústria no desenvolvimento dessa e com um declínio futuro, formando o “u” invertido.

O período entre 1968-1973 caracterizou-se pelas maiores taxas de crescimento do produto brasileiro na história recente, com relativa estabilidade de preços – o que ficou conhecido como o “Milagre Econômico”. Esse desempenho foi decorrência das reformas institucionais e da recessão no período anterior, que implicaram uma capacidade ociosa no setor industrial e as condições necessárias para a retomada da demanda. Esse momento ímpar na história da economia brasileira foi marcado pelas

altas taxas de crescimento na indústria no setor de serviços, sendo discretamente maior na primeira, a despeito de taxas menores na agricultura.

É nesse instante que podemos observar uma discreta mudança na inclinação dos dados do labor relativo aos serviços no gráfico 3, levando esse setor a um nível menor de crescimento no trabalho. É a partir do ano de 1970 que o setor de serviços terá uma desaceleração constante no emprego até o final da amostra, enquanto o crescimento laboral observado na indústria sofre uma nova aceleração entre 1971 e 1975.

O momento histórico posterior é caracterizado pelas altas oscilações nas taxas de inflação e de crescimento econômico. A saga dos planos heterodoxos (1985 a 1994) surge em um instante em que diversos pacotes econômicos foram implementados com o norte de combater a inflação que então era diagnosticada como inflação inercial. Ao longo das constantes alterações da política econômica e a mudança de planos, os agentes foram absorvendo a lógica do período. A cada insucesso, os agentes se precaviam quanto aos novos congelamentos de preços, provocando uma constante aceleração inflacionária.

É importante enfatizar que a implementação dessas políticas se deu em um contexto cujo país se encontrava praticamente excluído do fluxo de capitais internacionais, o que impunha outras restrições ao processo de estabilização, a qual apenas foi obtida a partir de 1994 com o Plano Real que perdura com relativo sucesso até os dias atuais.

de ter sido promovida uma redução das alíquotas, diminuindo também o tamanho de seu espectro. Até então as alíquotas variavam de 0 a 105%, passando a variar de 0 a 85%. Esse regime comercial foi apenas posto como meta explicita no governo Collor que além de extinguir muitas das barreiras não tarifarias, definiu-se um programa de diminuição gradual das tarifas sobre importação. Contudo no governo FHC a abertura comercial passou a ter um ritmo dependente do restante da política econômica, a qual por pressão de grupos que sofreram fortemente com a competitividade externa forçou uma diminuição do ritmo da abertura, chegando inclusive a apontar na direção contrária.

Se a abertura em si e a forma como foi implementada implicaram efetivamente uma readequação das empresas nacionais, auxiliaram no processo de estabilização e permitiram aos consumidores o acesso a uma infinidade de produtos antes inacessíveis, varias criticas também foram feitas. A abertura pode ser considerada rápida, com forte diminuição inicial das tarifas sem dar tempo para que os setores internos se preparassem, agravando portanto os problemas sociais implícitos nesse processo. A falta de competitividade da indústria nacional tornou-se explicita com a abertura comercial, e agravou-se com a valorização da taxa de cambio após o Plano Real. A conseqüência é o fechamento de um grande numero de empresas e a profunda retração do emprego industrial, porém com implicações positivas para a produtividade da indústria que foi obrigada a melhorar o desempenho por causa da competição externa. Em nosso modelo pode ser percebido esse fato pela diminuição no emprego relativo naquele setor, isto é, saída de trabalhadores da indústria para outros setores.

Essa propriedade de crescimentos menores aos observados no começo da amostra, do instante temporal pós-1985 apresentará, como veremos no gráfico 4, uma

mudança importante no ritmo da produtividade agregada do trabalho do Brasil relativo aos outros países inclusos nessa pesquisa. A grandeza desses números é revelada pelos dados, onde entre 1950-1984 o crescimento anual médio do produto foi cerca de 6,92%, enquanto que em 1985-2003 o crescimento foi de apenas 1,97%

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