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Transformação estrutural e produtividade agregada no Brasil

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA PIMES/PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA. DISSERTAÇÃO. Transformação Estrutural e Produtividade Agregada no Brasil. Luís Sávio Barbosa Dantas Orientador: Nelson Leitão Paes. Recife, 2008.

(2) Luís Sávio Barbosa Dantas. Transformação Estrutural e Produtividade Agregada no Brasil. Dissertação apresentada ao curso de PósGraduação em Economia da Universidade Federal de Pernambuco como último requisito para a obtenção do grau de Mestre em Economia.. Nelson Leitão Paes Orientador. Recife, 2008.

(3)

(4) Dantas, Luís Sávio Barbosa Transformação estrutural e produtividade agregada no Brasil / Luís Sávio Barbosa Dantas. – Recife : O Autor, 2008. 55 folhas : tab. e gráfico. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCSA. Economia, 2008. Inclui bibliografia e apêndice. 1. Produtividade do trabalho. 2. Produtividade industrial. 3. Desenvolvimento econômico. 4. Emprego. I. Título. 330.35 330. CDU (1997.) CDD (22.ed.). UFPE CSA2009-044.

(5) “As pessoas que fazem parte da minha vida.”.

(6) AGRADECIMENTOS. A elaboração dessa dissertação somente foi possível pelo apoio dos meus pais, parentes, amigos, que não apenas me incentivaram no âmbito da educação, mas que são eles a razão de minha existência. Em especial, para Danielle que meu apoiou e me ajudou em tudo que foi preciso para realização do trabalho.. Agradeço a Patrícia, secretária do PIMES, principal engrenagem para o funcionamento perfeito desse curso. A pessoa que tornou possível a realização de meu mestrado com toda sua capacidade de organização e sua disponibilidade quando foi preciso.. Agradeço aos professores do PIMES, que me transmitiram seus conhecimentos, em especial ao meu orientador, Nelson Leitão Paes e meu co-orientador, Tiago V. de V. Cavalcanti, que com suas sabedorias puderam me guiar aos resultados obtidos no presente trabalho. Agradeço também a todos os amigos do PIMES que me proporcionaram excelentes momentos nessa saga do mestrado em economia. Vale a pena aqui dizer o nome de cada um, qualquer um que não tenha sido lembrado sinta-se tão importante quanto aos outros. São eles, Edward, Bruno, Hélio, Leonardo, André, Thiago, Keuler, Gisléia, Erica, Pollyana, Themis, Andréa, Carol, Natasha, Poema e Roberta..

(7) “A vida só pode ser compreendida olhandoolhando-se para trás, trás mas só pode ser vivida olhandoolhando-se para frente” frente Soren Kierkegaard (1813(1813-1855) 1855.

(8) RESUMO Esta dissertação tem por objetivo construir um modelo para captar o impacto das produtividades entre setores e suas implicações sobre a transformação estrutural – a realocação de trabalho entre agricultura, indústria e serviços. De posse do modelo avaliamos as conseqüências desse movimento sobre a produtividade agregada do Brasil entre os anos de 1950 a 2003, comparado-a a de outros países da América Latina e China. Embora haja uma diminuição na diferença de produtividade entre os países utilizados, os resultados apontam um longo caminho a ser traçado pelo Brasil, acarretado pelo mau desempenho do crescimento setorial a partir da segunda metade da amostra utilizada. A despeito da grande importância da agricultura entre os países usados, os setores industrial e de serviços demonstram ser os grandes responsáveis pela aproximação que houve entre esses países. Palavras-chave: produtividade do trabalho, transformação estrutural, produtividade setorial, empregro..

(9) ABSTRACT This dissertation aims to build a model to capture the impact of productivity between sectors and their implications on the structural transformation - the reallocation of labor between agriculture, industry and services. Possession of the model assessed the consequences of this movement on the aggregate productivity in Brazil between the years 1950 to 2003, compared it to other Latin American countries and China. Although there is a decrease in the difference in productivity between countries used, the results indicate a long way to be mapped by Brazil, caused by the poor performance of industry growth from the second half of the sample used. Despite the importance of agriculture among the countries used, the industrial and services sectors show be the major responsible for the rapprochement between those countries. Keywords: labor productivity, structural transformation, sectorial productivity, employment..

(10) Lista de Ilustrações – Gráficos & Tabelas. Gráfico 1 – Relações entre indústria e serviços ........................................................................ 12 Gráfico 2 – Modelo vs. Dados (Empregos totais) .................................................................... 37 Gráfico 3 – Modelo VS. Dados (Empregos Relativos) ............................................................ 38 Gráfico 4 – Produtividade Agregada do Trabalho relativa ao Brasil ....................................... 43 Gráfico 5 – Crescimento médio anual da Agricultura .............................................................. 44 Gráfico 6 – Crescimento médio anual da Indústria .................................................................. 45 Gráfico 7 – Crescimento médio anual dos Serviços ................................................................. 46 Tabela 1 – Fontes de Crescimento — Capital Físico, Labor, Capital Humano e PTF, 19312000 (% p.a.) ............................................................................................................................ 20 Tabela 2 – Definições ISIC III ................................................................................................ 31 Tabela 3 – Resultados da Calibragem ...................................................................................... 36 Tabela 4 – Crescimento populacional e trabalho relativo na agricultura ................................. 44 Tabela 5 – Contra Factuais (Coréia) ......................................................................................... 47 Tabela 6 – Produtividade Agregada do Trabalho ..................................................................... 49.

(11) Sumário INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 11 1. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................... 15 2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 22 3. MODELO ........................................................................................................................... 24 3.1. Descrição do ambiente econômico ............................................................................ 25 3.2. Equilíbrio do modelo .................................................................................................. 28 3.3. Dados .......................................................................................................................... 30 3.3.1. Dados Agregados................................................................................................. 30 3.3.2. Dados Setoriais .................................................................................................... 31 3.4. Calibragem .................................................................................................................. 33 3.4.1 Resultados da Economia Brasileira ...................................................................... 36 3.5. Breve Inclusão Histórica ............................................................................................. 38 3.6. Simulações .................................................................................................................. 42 3.6.1 Contra Factuais ..................................................................................................... 47 4. Conclusões .......................................................................................................................... 50 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 52 APÊNDICE ............................................................................................................................. 54 A. Decomposição de Hodrick-Prescott .............................................................................. 54 B. Equação 25 .................................................................................................................... 55.

(12) INTRODUÇÃO. Modelos de crescimento balanceado são amplamente usados por serem consistentes com o que é conhecido como “Kaldors Facts” relativo ao crescimento econômico, entre os quais estão a relativa estabilidade da taxa de crescimento, a razão capital-produto, a receita relativa ao produto do capital e trabalho e a taxa de juros real. As constâncias dessas razões provêm uma boa caracterização do comportamento de longo prazo para os Estados Unidos.. Tão importante quanto às regularidades difundidas por Kaldor, estão as massivas realocações de labor da agricultura para outros setores, geralmente conhecida por transformação estrutural. A transformação estrutural é um processo pelo qual os setores, à exceção da agricultura, contam com crescimento relativo do emprego e produto da economia. Embora a economia se torne orientada a ser menos agrícola em um sentido relativo, continua a crescer em termos absolutos e gerar as ligações importantes ao crescimento do resto da economia. A transformação estrutural envolve assim transferência líquida de recurso da agricultura a outros setores da economia no longo prazo (Staatz 1998).. O crescimento da produtividade e da renda no setor agrícola são pré-requisitos para transformação estrutural. O aumento na produtividade na agricultura fornece a força de trabalho antes centrada no campo para os demais setores e um aumento na renda no mesmo dirige sua demanda para bens manufaturados e serviços, que conduz por sua vez ao crescimento de empresas nesses setores..

(13) Como se procede em diversos países, não diferentemente no Brasil, o emprego relativo na agricultura vem diminuindo ao longo do tempo, movimentando-se para outros setores. No ano de 1950 enquanto a agricultura representava 63% do trabalho total, em 2003 esse número baixou para 18%. No entanto esses valores aumentavam para a indústria e os serviços, de forma a crescer relativamente estável nos serviços e inicialmente crescer para a indústria e depois decair. Essa forma de avaliar as regularidades nos movimentos do trabalho relativo é mencionada por Kongsamut, Rebelo & Xie (2001) como “Kuznets facts”. Alguns aspectos do “Kuznets facts” para o Brasil, como um aumento da relevância do setor de serviços pode ser visto no gráfico a seguir. O que o gráfico evidencia é o crescimento relativo do emprego nos serviços sobre a indústria, enquanto a relação de produto entre esses setores mantém certa estabilidade.. Gráfico 1 – Relações entre indústria e serviços. 3.5 Razão do trabalho entre serviços e indústria Razão do Produto Real entre serviços e indústria 3. 2.5. 2. 1.5. 1 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 Anos. Fonte:Elaboração do próprio autor. Ver Dados, seção 3.3.. 12.

(14) Os textos sobre o assunto tipicamente utilizam-se de uma análise pelo lado da demanda através de preferências não-homotéticas consistentes com a lei de Engel’s, ou seja, com o aumento da renda os gastos com alimentos diminuem; ou de forma alternativa avaliam o lado da oferta, em que o diferencial de produtividade entre setores é o responsável pela transformação estrutural. Em nosso modelo, seguindo Rogerson (2005) iremos promover uma união dessas análises.. Durante esse mesmo período (1950-2003), o Brasil se aproximou em termos de produtividade agregada dos países da América Latina com um crescimento médio anual de 2,20%, superior a todos os outros inclusos nesse trabalho, tirando o país do último lugar em 1950 para sétimo em 2003.. Grande parte desse fenômeno foi. concebido na primeira metade desse momento onde o crescimento da produtividade agregada foi de 4,47%, enquanto durante a segunda metade foi praticamente zero. Surpreendentemente, a Coréia, entre 1963 e 2003, passou praticamente da metade da produtividade brasileira para um pouco mais que o dobro, cerca de 2,18 vezes maior.. Compreender os fatores que regem esse fenômeno nos oferece diferentes interpretações para diversas questões da macroeconomia. O presente trabalho tem por objetivo utilizar-se de um modelo de equilíbrio geral para entender melhor as influências das produtividades setoriais sobre a transformação estrutural e a produtividade agregada no Brasil. A partir dessas informações far-se-á uma análise temporal de convergência quanto à produtividade agregada do trabalho relativo a outros países da América Latina1 e Coréia em 2003.. O trabalho será dividido em quatro seções. O seguinte tópico faz uma breve revisão da literatura, levando em consideração a importância da transformação 1. Para maiores detalhes quanto aos países utilizados ver os dados em Modelo.. 13.

(15) estrutural em vários aspectos macroeconômicos e a produtividade agregada. Em seguida será fornecida uma justificativa para o estudo, utilizando-se de uma função de produção Cobb-Douglas e dados relativos ao Brasil. A terceira seção analisa o modelo e suas implicações, na qual serão apresentadas a calibragem e as simulações obtidas. Por último será fornecida uma conclusão do trabalho.. 14.

(16) 1- REVISÃO DA LITERATURA. Na literatura vigente, muito vem utilizando-se da transformação estrutural para explicar fatores macroeconômicos importantes em diversos países. Em busca de responder uma das questões mais antigas e intrigantes da economia, o porquê de países serem tão ricos e outros tão pobres, Gollin, Parente e Rogerson (2002) argumentam que um modelo de transformação estrutural proveria uma teoria capaz de explicar o que eles consideram a causa mais provável dessa disparidade - a industrialização tardia de alguns países e o porquê ela ocorre de forma tão lenta. Eles sugerem que políticas e tecnologias agrícolas ultrapassadas resultam numa queda no valor do PIB per capita em relação aos países desenvolvidos.. A principal implicação de sua metodologia utilizada é que o crescimento na produtividade da agricultura tem papel central no desenvolvimento. Para tanto, desenvolvem um modelo de dois setores, sendo um explicitamente agrícola e o outro abrangente de ramos diversos da economia. Eles focam em uma economia de equilíbrio competitivo, em particular, em como diferenças entre os valores da produtividade total dos fatores por setor afetam os resultados da alocação dinâmica.. Os resultados mostram que diferentes datas para o início da industrialização levariam a diferentes produtos relativos ao Reino Unido, e os países que começaram seu processo de industrialização tardiamente exibiram crescimento mais rápido que os fizeram mais cedo. Pode-se assim concluir que o aperfeiçoamento na produtividade da agricultura é capaz de acelerar o início da industrialização e então ter um largo efeito sobre a receita relativa dos países. Gollin, Parente e Rogerson (2002) enfatizam, contudo, que no curto prazo tais mudanças terão um forte impacto comparado a. 15.

(17) melhoras na produtividade do setor não-agrícola. Embora no longo prazo a produtividade de setores como indústria e serviços é quem vai determinar a posição do país relativo aos mais desenvolvidos.. Derivar as implicações de diferentes crescimentos das produtividades totais dos fatores setoriais (PTF) sobre a mudança estrutural e mostrar que mesmo sob a ocorrência dessa mudança as razões da economia agregada podem ser constantes são os objetivos de Ngai e Pissarides (2006). Referindo-se a essa última como crescimento agregado balanceado, acreditam que para serem consistentes a realização da transformação estrutural e o crescimento balanceado são necessárias apenas fracas restrições. na. forma. funcional. que. freqüentemente. são. utilizadas. por. macroeconomistas no contexto relacionado.. Para tanto se utilizam de um modelo de vários bens de consumo finais e um único bem de capital e relaxando mais a frente essa última hipótese. Suas restrições são quantitativas relativas à convencional função de utilidade CES, que mantém a independência dos parâmetros das preferências e tecnologias; e à função de produção, utilizando-se das mesmas para todos os setores.. Dessa forma, Ngai e Pissarides (2006) alcançam a conclusão que diferentes taxas de crescimento dos PTF`s entre os setores industriais levam a mudanças setoriais no emprego que são consistentes com o fato de haver baixa substitubilidade entre os bens finais produzidos por cada setor. E que, subjacente ao crescimento balanceado agregado, existe um deslocamento de trabalho dos setores com alta taxa de crescimento tecnológico para os de menores taxas.. 16.

(18) No âmbito da economia regional, um trabalho utiliza-se de um modelo para mudança estrutural com o intuito de explicar a convergência que ocorreu nos Estados Unidos entre os diferentes grupos geográficos. Esse é o artigo de Caselli e Coleman (2001) onde encontram empiricamente que a convergência em todo o país dos salários agrícolas e não-agrícolas e a rápida transição dos trabalhadores do Sul dos empregos agrícolas para os não-agrícolas pode ser imputada à transformação estrutural.. Algumas hipóteses básicas foram atribuídas em seu modelo, entre as quais estão: uma elasticidade renda menor que um para os bens agrícolas; PFT maior para esse setor; e um declínio nos custos para adquirir habilidades não-agrícolas. Partindo desses princípios, foi arquitetado um modelo no qual havia duas localizações (Norte e Sul), dois bens (agrícolas e manufaturados) e três fatores de produção (terra, labor e capital).. Assim, eles encontraram que as disparidades iniciais exibidas pela receita per capita poderiam ser explicadas pela variação na fração do produto dedicada à agricultura entre os estados. Dessa forma, ao longo do tempo, o declínio dos custos sobre educação e treinamento aumentou a proporção da força de trabalho que saía de empregos agrícolas, que requeriam menos preparo, para os setores não agrícolas que necessitavam de profissionais mais qualificados, aumentando os salários no campo e diminuindo o número de empregados relativos nesse setor.. A poupança é um dos principais indicadores macroeconômicos e é o principal motivo do estudo de Laitner (2000) apresentando um modelo em que a mudança estrutural devida à operação da lei de Engel’s pode sistematicamente afetar a mensuração da poupança.. 17.

(19) De acordo com o seu modelo, a renda nacional de um país e a contabilidade da propensão média a poupar do produto irão crescer naturalmente se e quando o progresso tecnológico elevar a sua receita per capita. Através desse ele sugere uma nova interpretação das evidências quanto às series de tempo: historicamente as taxas de poupança tendem a ser maiores após a industrialização nos países, mas não se pode automaticamente inferir que a mudança na acumulação de riqueza leva a modernização, todavia a mudança estrutural acompanhando o crescimento deve ter causado o aumento nas taxas de poupança.. Essa peculiaridade do modelo permitiu aos autores concluir que quando as receitas são baixas a agricultura tende a ser relativamente importante e que os ganhos de capital sobre a terra camuflam a acumulação de riquezas das famílias da contabilidade nacional da receita e dos produtos. A propensão a poupar de um país que passa pelo estágio de consumo relativo dos bens agrícolas alto irá endogenamente tender a crescer mesmo que a riqueza das famílias continue constante. Os governantes de um país com uma renda menor que deseje aumentar sua produtividade devem ter em mente que financiar o novo capital produtivo requer pouco ou nenhum ajuste no comportamento da poupança na família do setor agrícola.. As horas trabalhadas na Europa relativas aos Estados Unidos vêm declinando desde 1956. Uma das contribuições de Rogerson (2005) é mostrar que uma das propriedades que demonstram esse fato é que as economias européias não desenvolveram um setor de mercado de serviços similar aos dos EUA desde que o alcançaram em termos de desenvolvimento em geral. A transformação estrutural ocorrida na Europa a aproximou dos EUA em produtividade agregada durante o ano. 18.

(20) 2000, acompanhando as mesmas taxas de empregabilidade na indústria e na agricultura, mas é apenas 70% do setor de serviço dos EUA.. Com o objetivo de decifrar as causas desses acontecimentos, o autor propõe dois candidatos: diferença no tamanho dos impostos governamentais e os programas de gastos; e a diferença de tecnologia. Um dos aspectos inovadores é a inclusão de um setor de produção doméstica em seu modelo. Como produção doméstica pode-se entender qualquer tipo de produção feita fora do mercado. Esse efeito teria um aspecto de substitubilidade com os serviços oferecidos no mercado.. Para o autor três pontos cruciais podem ser apontados com a realização desse artigo. Primeiro, que a literatura quanto ao mercado de trabalho europeu negligência os estudos de níveis de emprego relativo, dando preferência ao desemprego relativo. Segundo, que para entender a diferença de produtividade entre os EUA e a Europa, o setor de serviços deve ser o foco dos estudos. Terceiro, que diferenças de produtividade setorial e os impostos como principais motivos da deteriorização dos produtos por trabalhador passam longe de explicar o caso europeu.. Para o caso brasileiro, Bonelli (2005) lança indicadores que demonstram a posição do Brasil com relação ao PTF e a mudança estrutural, entre outros. Ele defende que o estudo da PTF tem ganhado proporções importantes nos estudos econômicos e que, inclusive em nosso país, o desempenho macroeconômico desde o começo dos anos 90 sugere que a PTF tem muito a contribuir na explicação do crescimento econômico. Como ele apresenta em seu trabalho, a tabela a seguir serve como norte para os estudos da PTF.. 19.

(21) Tabela 1 – Fontes de Crescimento - Capital Físico, Labor, Capital Humano e PTF, 1931-2000 (% p.a.). Período. PIB. Capital Físico. Labor. Capital Humano. PTF. 1931-50. 5.14. 1.59. 0.37. 0.84. 2.35. 1951-63. 6.88. 2.6. 0.56. 1.06. 2.66. 1964-80. 7.79. 2.69. 0.65. 1.31. 3.14. 1981-93. 1.64. 0.78. 0.43. 0.26. 0.17. 1994-00. 3.05. 0.69. -0.07. 0.21. 2.23. Fonte: Bonelli, R. (2005). “Economic Growth and Productivity Change in Brazil”. Document prepared for the World Bank’s Brazil Investment Climate Assessment (ICA).. Grandes contribuições para o presente trabalho foram retiradas de Duarte e Restuccia (2006a). Esses autores documentam a transformação estrutural em Portugal e a redução na diferença da PTF entre Portugal e os Estados Unidos.. No referido estudo eles se utilizam de um modelo de equilíbrio geral para obter maior conhecimento sobre os fatores que dirigem a transformação estrutural e a produtividade agregada do labor em Portugal. Com esse propósito, realizaram três diferentes simulações a fim de obter o melhor resultado do modelo com relação aos dados de Portugal, usando os Estados Unidos como Economia Base. Para chegar ao resultado esperado, fizeram uso de uma técnica geralmente usada em finanças (TimeVarying Barrier) para simular de forma apropriada a relação entre atividades de mercado e de não-mercado.. Desse modo, foram capazes de distinguir o papel do crescimento da produtividade setorial do trabalho na redução da diferença entre a produtividade agregada de Portugal e EUA. Depararam com o importante papel do crescimento da produtividade do trabalho na indústria, enquanto a produtividade sobre os serviços e agricultura não acompanharam aquele setor. Perceberam também que o desempenho. 20.

(22) da produtividade agregada do trabalho em Portugal vai depender da capacidade de aproximá-lo da produtividade do setor de serviços dos Estados Unidos.. 21.

(23) 2- JUSTIFICATIVA. As forças que conduzem o produto por trabalhador podem ser derivadas e apontar o motor do crescimento. Para isso vamos avaliar uma economia que é caracterizada por uma função de produção Cobb-Douglas que depende do capital K, do total de horas trabalhadas Lh e o fator de produtividade total (FPT) A. Y = A K σ ( L h)1−σ , σ ∈ [0,1]. (1). Onde L é o número de trabalhadores empregados, h representa as horas trabalhadas por pessoa, σ representa quanto a variação no capital reflete sobre o total produzido Y. Conhecendo as variáveis envolvidas na equação acima podemos calcular o FPT como residual.. Essa equação pode ser reescrita em termos de produto por trabalhador Y/L como:. 1. σ. Y  K  1−σ = A1−σ   h L L. (2). O que essa equação mostra é que movimentos no PIB por trabalhador Y/L podem ser decompostos em movimentos no FPT, movimentos na relação capitaltrabalho K/L e movimentos na média de horas trabalhadas h.. Evidências empíricas sugerem que as relações capital-produto são estáveis ao longo do tempo para vários países, incluso o Brasil2. Com relação às horas trabalhadas, estudos da OIT mostram que para o Brasil desde a década de 90, as horas 2. Essas estimações podem ser encontradas em Morandi e Reis (2003) para o Brasil.. 22.

(24) médias trabalhadas por semana giram em torno de 41 horas. O que nos permite acreditar que há pouca influência dessa variável sobre o produto por trabalhador Y/L. Dessa forma, podemos focar nos movimentos da PTF como fator importante no movimento do PIB por trabalhador.. 23.

(25) 3- MODELO. Inicialmente duas classes de modelos surgiram na literatura a fim de explicar os processos da distribuição entre setores no processo de transformação estrutural. A primeira classe tinha ênfase em preferências não-homotéticas, ou seja, se as elasticidades renda não são todas iguais a um, quanto mais rica se tornar a economia, haverá uma realocação de recursos entre os setores. Como exemplos podemos citar Kongsamut, Rebelo e Xie (2001) e Gollin, Parente e Rogerson (2002). A segunda classe desses modelos foca em um desnível entre os progressos tecnológicos dos setores, isto é, se as produtividades relativas estão mudando entre as atividades e as elasticidades de substituição são diferentes do valor um entre os bens, haverá uma migração de trabalho entre os setores. Podemos citar como exemplo o trabalho de Ngai e Pissarides (2004).. Contudo, Rogerson (2005), seguido por outros, sugere a utilização de um híbrido dos modelos citados, utilizando-se de preferências não-homotéticas como ponto central da diminuição do trabalho na agricultura, e desníveis no progresso tecnológico como foco dos movimentos entre recursos da indústria e serviços.. Assim, desenvolvemos um modelo simples de alocação de trabalho em uma economia que produz a cada ano três bens: agricultura, indústria e serviços. Seguindo Rogerson (2005) e Duarte & Restucia (2006a e 2006b), em nosso modelo a realocação de trabalho entre os setores é impulsionado por duas forças: um efeito renda devido às preferências não-homotéticas como em Kongsamut, Rebelo e Xie (2001) e um efeito substituição devido ao diferencial do crescimento da produtividade entre indústria e serviços como em Ngai e Pissarides (2004). Calibramos a economia. 24.

(26) referência com os dados do Brasil entre 1950 e 2003. Mostraremos como o nosso formato básico captura as características da transformação estrutural no Brasil.. 3.1 Descrição do ambiente econômico. Tecnologia: Três bens são produzidos a cada período de tempo: agricultura (a), indústria (m) e serviços (s) de acordo com a função de produção3 a seguir: Yi = Ai × Lαi i. (3). Onde Yi é o produto do setor i, Li é a alocação de trabalho na produção do setor i, Ai é o parâmetro tecnológico específico de cada setor e o α i é a elasticidade do produto relativo ao emprego do setor i. Para tanto é assumido que existe um contínuo de firmas homogêneas em cada setor as quais são competitivas tanto no mercado de produto quanto no mercado de fatores.. Para cada data, dados o produto, os preço do bem i e os salários, a firma representativa do setor i se comportará da seguinte forma:. {. max p i A i Lαi i − w Li Li ≥ 0. }. (4). onde Li é a demanda do setor i pelo fator trabalho.. Famílias: A economia é habitada por uma família representativa que viverá para sempre. A preferência da família com relação ao consumo se comporta como veremos em seguida: 3. Desde que abstraímos quanto ao capital por simplificação, mudanças na produtividade do trabalho implicitamente incorporam os movimentos do K.. 25.

(27) ∞. ∑β. t. t =0. u (ct , c a ,t ),. β ∈ (0,1). (5). Onde cat é o consumo de bens agrícolas na data t e ct é o consumo dos outros bens e β o fator de desconto intertemporal. A utilidade, para cada período, é dada por: u (ct , c a ,t ) = log(ct ) + V (c a ,t ). (6). Onde V (ca ,t ) é não-homotética. Para o presente caso, se assume que V é de tal forma que existe um consumo de subsistência de bens agrícolas a 4, o qual a família não poderia sobreviver com menos. Essa propriedade tem sido usada com freqüência na literatura vigente, e tem uma importante contribuição sobre o movimento do trabalho para setores distintos da agricultura no processo da transformação estrutural. Seguindo Gollin, Parente e Rogerson (2002), nós simplificaremos a especificação de V assumindo que, considerando-se a característica da preferência quanto à subsistência, V é de tal forma que a família apenas consome o nível de subsistência a . Formalmente teremos:. V (c a ,t ) = −∞ quando c a < a  V (c a ,t ) = min{c a , a } quando c a ≥ a. (7). A composição do consumo assume a forma seguinte:. [. ρ. ct = b c m,t + (1 − b) (c s ,t + s ). ]. 1. ρ ρ. (8). 4. A literatura sugere que os níveis de consumo agrícola per capita para países na pré fase de industrialização não se altera muito. Veremos mais a frente que essa é uma boa aproximação para o Brasil.. 26.

(28) Onde Cm é o consumo de bens industrializados e Cs, o consumo de bens de serviço e s > 0, b є (0,1) e ρ < 1. Dado s , as preferências implicam que a elasticidade renda dos bens de serviço é maior que um. O parâmetro s pode ser interpretado como um nível constante de produção de serviços domésticos e o parâmetro ρ = ε − 1/ ε , é a transformação da elasticidade de substituição da função utilidade CES ε .. O problema da família também surge de maneira estática. A cada período de tempo, dados os preços, as famílias escolhem seu consumo de cada bem de forma que maximize sua utilidade sujeita a restrição orçamentária:. [.   max = log b c mρ ,t + (1 − b) (c s ,t + s ) ρ ci ≥ 0  . ]. 1. ρ.    + V (c a ,t )  . (9). s.a. pa ca + p s cs + p m cm = w. (10). no qual será normalizado o salário igual a um.. Market Clearing: Assume-se que as famílias são dotadas com L unidades de fator de produção no tempo que as oferece inelasticamente no mercado. Há um crescimento exponencial da população: L(t ) = e nt L(0). (11). Assim, a demanda por trabalho das firmas deve ser igual à oferta exógena para cada instante no tempo: La ,t + Ls ,t + Lm ,t = L(t ). (12). 27.

(29) Da mesma forma, para cada t o mercado deve absorver todos os bens produzidos: c a = Ya , c s = Ys , c m = Ym. (13). 3.2 Equilíbrio do Modelo. Um equilíbrio competitivo para essa economia é um conjunto de preços {pa, pm, ps}, um vetor de alocações {ca, cm, cs} para as famílias, e um vetor de alocações {La, Lm, Ls} para as firmas tais que:. a). dado os preços, alocações da empresa {La, Lm, Ls} resolvem o. problema da empresa na equação (4).. b). os preços dados, o consumo das famílias {ca, cm, cs} resolve o. problema da equação (9).. c). os mercados se equilibram: equações 12 e 13 se mantêm.. A condição de primeira ordem do problema da firma implica que o benefício e o custo de uma unidade marginal do trabalho devem ser iguais. Desde que o salário é normalizado a um, segue que os preços dos bens são a relação inversa a produtividade:. pi =. 1 α i Ai Lαi i −1. (14). 28.

(30) A especificação de V (ca ,t ) implica c a = a e, conseqüentemente, a restrição do recurso de bens agrícolas implica que a alocação de trabalho na agricultura está determinada unicamente pela restrição de subsistência e produtividade do trabalhador na agricultura e o crescimento populacional. Isto é, trabalho na agricultura deve satisfazer:. 1.  a L e nt La =  o  A a . α a   . (15). A condição de primeira ordem para o consumo de bens manufaturados e serviços implica:. b  c m  1 − b  c s + s . ρ −1. =. pm ps. (16). Usando as condições de market clearing para o consumo dos bens manufaturados e serviços e as condições de primeira ordem da firma, obtemos a relação de emprego entre esses setores:. α s −1 ρ α m −1. Ls Lm =. 1. αs.  A L +s  ×  s s  A s  .  b  ρ α m −1  Am ×   1− b   As.   . ρ ρ α m −1. ρ −1 ρ α m −1. α ×  m  αs.   . 1. (17). ρ α m −1. No entanto por se tratar de uma relação não linear entre as variáveis Lm e Ls, se faz necessário descobrir se há uma solução única para o vetor de alocação das firmas que resulta o equilíbrio competitivo.. 29.

(31) Considerando-se os expoentes da equação (17), podemos notar os seguintes resultados:. α s −1 , ρ αm −1. ρ −1 , ρ αm −1. ρ 1 >0 & <0 ρ αm −1 ρ αm −1. Dessa forma, temos que a função Lm com relação à Ls é estritamente crescente, como podemos descrever Ls ,t = L(t ) − La ,t − Lm ,t , a solução torna-se singular.. 3.3 Dados. Os dados utilizados nesse trabalho formam um painel de 10 países com a Paridade do Poder de Compra (PPC) ajustado do PIB (preços constantes), e emprego e produto (preços constantes) por setor, definidos como: agricultura, indústria e serviços. Os países inclusos em nossos dados são Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Coréia, México, Peru e Venezuela. Os períodos da amostra variam entre países, mas em geral vão de 1950 a 2003.. 3.3.1 Dados Agregados. Foram utilizados dados da Penn World Table versão 6.2 (ver Heston, Summers e Aten, 2006) para construir os dados anuais das séries da PPC-ajustado do PIB a preços constantes e emprego total para cada país. Essas duas séries cobrem o período de 1950 a 2003 para cada país, exceto Chile (1951-2003) e Coréia (1953-2003).. 30.

(32) O emprego total foi construído utilizando-se das variáveis População (POP), PIB real por trabalhador (RGDPWOK), e PIB real per capita (RGDPCH) na forma:. L=. RGDPCH × POP RDGPWOK. (18). Seguindo a formação dos dados agregados, construiu-se a série de PPC-ajustado do PIB a preços constantes usando as variáveis População (POP) e PIB real per capita (RGDPCH) como:. PIB = RGDPL × POP. (19). 3.3.2Dados Setoriais. Foram obtidos dados anuais de emprego e produto para agricultura, indústria e serviços para todos os países descritos acima. Os setores são definidos pela International Standard Industrial Classification, definições da revisão 3 (ISIC III),. como mostra a tabela a seguir:. Tabela 2 – Definições ISIC III. Setores Agricultura. Indústria. Definição Agricultura, Silvicultura e Pesca. 01-05. Mineração e Pedreiras. 10-14. Manufatura. 15-37. Serviços Públicos. 40-41. Construção. 45. Comércio por Atacado e Varejista, Hotéis e Restaurantes.. Serviços. 50-55. Transportes, Armazenagem e Comunicação. 60-64. Finanças, Seguros e Imobiliário. 65-74. 31.

(33) Comunidade, Sociais, Serviços Pessoais e (a). 75-99. Serviços Governamentais. (a). Fonte: Marcel P. Timmer and Gaaitzen J. de Vries (2007), "A Cross-Country Database For Sectoral Employment And Productivity In Asia And Latin America, 1950-2005".. Os dados de valor agregado e do emprego foram obtidos através do Goningen Growth and Development Centre (GGDC 10-Sector Database)5. A base de dados nos fornece informações sobre valor agregado a preços constantes (VA-K) e pessoas empregadas (EMP). Os dados são agregados em 10 setores, como mostrados na tabela acima e posteriormente agregados nos três setores de interesse. Os dados cobrem os países antes referidos dos anos de 1950-2003, com duas exceções: Coréia (19632003) e Peru (1960-2003).. Foram computadas as cotas setoriais do valor agregado total utilizando as séries de valor agregado por setor, como:. cVAi =. VAi , i = a, m, s VAa + VAm + VAs. (20). onde VAi é o valor agregado por setor i. Após a obtenção dessas relações, multiplicamos os valores obtidos pelo PIB a preços constantes computados através da Penn World Table para conseguir a série de produto de cada setor por país. Esse ajuste nos garante que as taxas de crescimento das séries agregadas e da PWT coincidam.. Procedemos da mesma forma para obter a séries do emprego. Usando os dados setoriais, construímos uma cota para cada setor:. 5. Ver Marcel P. Timmer and Gaaitzen J. de Vries (2007).. 32.

(34) cLi =. Li , i = a, m, s La + Lm + L s. (21). onde Li é o valor agregado por setor i. Pelo mesmo motivo, multiplicamos essas relações pelo emprego total adquirido através da PWT a fim de obter os valores do emprego por setor.. Todas as séries tiveram suas tendências alcançadas usando o filtro de HodrickPrescott6 com um parâmetro de suavização λ = 100 antes de qualquer razão ser calculada.. 3.4 Calibragem. Calibramos nossa economia de referência para dados do Brasil no período de 1950 a 2003. Nossa estratégia é selecionar parâmetros de tal forma que o equilíbrio do modelo coincida com as estatísticas dos dados. Nosso objetivo na calibração é buscar as principais características da transformação estrutural para o Brasil. O período assumido aqui é de um ano. Assim precisamos definir os seguintes parâmetros: b, ρ,. s , a e αi e as séries de tempo da produtividade para cada setor Ai ,t para t de 1950 a 2003 e i = a, m, s .. Nossa estratégia de calibragem pode ser dividida em três partes. Primeiramente é necessária a obtenção dos parâmetros αi de cada setor. Em seguida, como o emprego na agricultura é determinado independente do estado dos outros setores, calibraremos a produtividade e a subsistência na agricultura de tal forma que o modelo se iguale a. 6. Uma breve explicação sobre o filtro de Hodrick-Prescott é oferecida no Apêndice A.. 33.

(35) participação do emprego agrícola no emprego total. Depois, nos focalizaremos na calibragem dos parâmetros de forma a alcançar a participação do emprego da indústria no emprego total (conseqüentemente o labor do serviço através do market clearing) e o crescimento médio da produtividade agregada.. Detalhadamente prosseguimos da seguinte forma. Primeiro obtemos o crescimento do emprego no Brasil, que segundo nossos dados é em torno de 2,8% a.a. e normalizamos os níveis de produtividade entre os setores igual a um em 1950, isto é, Ai ,1950 = 1 ∀ i = a, m, s. Essa simplificação não promove perda de generalidade já que um ponto chave do modelo é analisar o impacto da diferença de crescimento das produtividades causando a realocação de trabalho. Dada a normalização, utilizamos dos dados relativos ao PIB e emprego por setor do Brasil em 1950 e obtivemos os αi através dos produtos setoriais com relação ao produto total de acordo com a equação a seguir: Yi Lαi i = αa Y La + Lαmm + Lαs s. ∀ i = a, m, s.. (22). A segunda parte é referente à obtenção dos parâmetros para agricultura. Com o valor de Aa ,1950 = 1 e αa em mãos, escolhemos o valor de a para coincidir o emprego da agricultura para os dados do Brasil em 1950. Dado o a , usamos a equação (15) para obter os valores de Aa ,t de forma que o modelo alcance os dados relativos à agricultura para o Brasil em cada ano entre 1950 e 2003. Essa calibragem implica um crescimento anual da produtividade agrícola de 2,6%, o qual é consistente com os dados de crescimento da produtividade do trabalho no setor que é de 3%.. 34.

(36) E finalmente, na terceira parte precisamos restringir os valores de b, ρ e s e a trajetória dos Ai ,t ’s para a indústria e os serviços para corresponder aos valores do emprego na indústria e o crescimento da produtividade agregada. As trajetórias dos Ai ,t ’s, dada a normalização, serão determinadas pelos dados do crescimento médio. anual da produtividade do trabalho da indústria e do serviço no Brasil durante a amostra. Os parâmetros b, ρ e s , serão escolhidos de forma a obter o resultado do seguinte sistema de equações7 (23,24 e 25):. Lm,t=0 =. αs −1 ρ αm −1. (. αs. ). Ls,t=0 × Ls,t=0 + s. ρ−1 ρ αm −1. (23). 1. 1.  b  ραm−1  αm  ραm −1 ×    1 − b    αs  ρ−1. αs αs −1  As Ls + s   Ls ×  As   b= ρ −1 ρ αs     α  A L + s A − 1 ρ α  + Lm m × m  × m  Lsαs −1 × s s  A  α    s  s  As .  γ AT =   . αa. αs. αm. A a L a ,t = n + A s L s , t = n + A m L m ,t = n L (t = n ) A a Lαa a,t = 0 + A s Lαs ,st = 0 + A m Lαmm,t = 0 L (t =0).    . 1 n. (24). (25). Onde os Liα i ’s são os valores médios do emprego e os Ai ’s são os valores médios das produtividades durante o tempo da amostra, para todo i=s, m. E γAT é o crescimento médio anual da produtividade agregada do trabalho.. 7. Por motivo de espaço a equação 25 está totalmente desenvolvida apenas no Apêndice B.. 35.

(37) Sendo assim, reportamos na tabela a seguir um resumo com os valores dos parâmetros obtidos e as metas para obtê-los.. Tabela 3 – Resultados da Calibragem.. Parâmetros. Valores. Objetivos. Ai,56. 1. αa. 0.413. Razão do produto em 1950. αs. 0.5955. Razão do produto em 1950. αm. 0.5486. Razão do produto em 1950. a. 0.0025. Emprego na agricultura em 1950. Aa,t. {.}. Emprego na agricultura em 1951-2003. (Am,t+1/Am,t). {.}. Crescimento da produtividade na ind. 1950-2003. (Am,t+1/Am,t). {.}. Crescimento da produtividade na ind. 1950-2003. s. 26.07. ρ. -2.98. Emprego na indústria e crescimento da produtividade. b. 0.1051. agregada. Normalização. Fonte:Elaboração do próprio autor.. Os parâmetros obtidos são condizentes com a literatura. Gomes, Bugarin e Ellery Jr. (2003) utilizaram-se da metodologia de Gollin (2002) para calcular a elasticidade do produto total com relação ao emprego e obtiveram valores entre 0.50 e 0.55. O ρ obtido, que é menor do que zero, também condiz com os valores encontrados por Rogerson (2005) e Duarte & Restuccia (2006).. 3.4.1 Resultados da Economia Brasileira. Nossa calibragem restringiu os parâmetros das preferências e da tecnologia do modelo para coincidir com os dados da economia brasileira entre 1950 e 2003. Os empregos resultantes do modelo (linhas tracejadas) e dos dados (linhas sólidas) são confrontados no gráfico a seguir:. 36.

(38) Gráfico 2 – Modelo vs. Dados (Empregos totais) 4. 6. 5. Emprego (mil). 4. x 10. Ag. dados Svc. dados Ind. dados Ag. modelo Svc. modelo Ind. modelo. 3. 2. 1. 0 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 Anos. Fonte:Elaboração do próprio autor. Ver Dados, seção 3.3.. Note que o nosso modelo implica perfeitamente os dados do trabalho para agricultura, desse modo podemos avaliar com melhor precisão os movimentos do emprego entre serviços e indústria. Observe que o modelo se aproxima bastante dos dados reais. É importante ressaltar que um dos preceitos da transformação estrutural é a diminuição relativa do trabalho, porém isso não implica a redução absoluta do emprego na agricultura como mostrado há pouco. Contudo, nosso maior interesse é quanto à transformação estrutural. Como poderemos ver no quadro a seguir houve um forte declínio no trabalho relativo da agricultura e um aumento significativo no emprego relativo dos serviços. Quanto à indústria, houve um pequeno aumento a partir da década de 60, todavia demonstra um declínio até aproximar-se dos valores da agricultura, o que é uma propriedade dessa transformação - o formato de “u”. 37.

(39) invertido. Temos assim uma visão característica da transformação estrutural8 e uma boa aproximação do modelo.. Gráfico 3- Modelo VS. Dados (Empregos Relativos) 0.65 0.6 0.55. Emprego Relativo. 0.5 0.45 0.4 0.35. Ag. dados Svc. dados Ind. dados Ag. modelo Svc. modelo Ind. modelo. 0.3 0.25 0.2. 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 Anos. Fonte:Elaboração do próprio autor. Ver Dados, seção 3.3.. 3.5 Breve Inclusão Histórica. Não faz parte do escopo desse trabalho o aprofundamento histórico da amostra utilizada, porém uma breve inclusão dos fatos mais importantes ocorridos nesse período de tempo permite-nos uma melhor compreensão dos movimentos do emprego relativo e, em breve, das oscilações da produtividade agregada dos países utilizados com relação ao Brasil.. 8. Para obter as séries de emprego relativo, os resultados do modelo foram divididos por L(t).. 38.

(40) O plano de metas (1956-1960) adotado no governo de Juscelino Kubitschek é tido como o apogeu do período do processo de substituição de importações, considerado o berço da industrialização brasileira. O rápido crescimento do produto e da industrialização foi obtido por meio de uma filosofia de estabelecer uma economia industrial integrada e madura no país, através de um aprofundamento do setor produtor de bens de consumo duráveis, como foi o caso da indústria automobilística.. Três pontos foram cruciais no desenvolver do plano, são eles: investimentos estatais em infra-estrutura, principalmente em construção de um sistema rodoviário mais robusto; o estímulo ao aumento da produção de bens intermediários; e os incentivos à introdução dos setores de consumo duráveis e de capital. Os efeitos desse plano foram intensamente sentidos principalmente a partir de 1958 com o grande crescimento do setor industrial nesse ano.. É possível notar o efeito desse crescimento nos dados do trabalho relativo da indústria no gráfico anterior, onde se inicia a mudança de inclinação a partir desse ano, devido ao grande esforço em atrair trabalhadores para esse setor. Esse efeito corrobora com o preceito da transformação estrutural que implica um aumento relativo do emprego na indústria no desenvolvimento dessa e com um declínio futuro, formando o “u” invertido.. O período entre 1968-1973 caracterizou-se pelas maiores taxas de crescimento do produto brasileiro na história recente, com relativa estabilidade de preços – o que ficou conhecido como o “Milagre Econômico”. Esse desempenho foi decorrência das reformas institucionais e da recessão no período anterior, que implicaram uma capacidade ociosa no setor industrial e as condições necessárias para a retomada da demanda. Esse momento ímpar na história da economia brasileira foi marcado pelas. 39.

(41) altas taxas de crescimento na indústria no setor de serviços, sendo discretamente maior na primeira, a despeito de taxas menores na agricultura.. É nesse instante que podemos observar uma discreta mudança na inclinação dos dados do labor relativo aos serviços no gráfico 3, levando esse setor a um nível menor de crescimento no trabalho. É a partir do ano de 1970 que o setor de serviços terá uma desaceleração constante no emprego até o final da amostra, enquanto o crescimento laboral observado na indústria sofre uma nova aceleração entre 1971 e 1975.. O momento histórico posterior é caracterizado pelas altas oscilações nas taxas de inflação e de crescimento econômico. A saga dos planos heterodoxos (1985 a 1994) surge em um instante em que diversos pacotes econômicos foram implementados com o norte de combater a inflação que então era diagnosticada como inflação inercial. Ao longo das constantes alterações da política econômica e a mudança de planos, os agentes foram absorvendo a lógica do período. A cada insucesso, os agentes se precaviam quanto aos novos congelamentos de preços, provocando uma constante aceleração inflacionária.. É importante enfatizar que a implementação dessas políticas se deu em um contexto cujo país se encontrava praticamente excluído do fluxo de capitais internacionais, o que impunha outras restrições ao processo de estabilização, a qual apenas foi obtida a partir de 1994 com o Plano Real que perdura com relativo sucesso até os dias atuais.. A abertura comercial iniciou-se em 1988 ainda no governo Sarney. No período Sarney, aboliram-se diversos regimes especiais de importação, reduziu-se a redundância tarifária, unificando-se a incidência dos impostos sobre importação, além. 40.

(42) de ter sido promovida uma redução das alíquotas, diminuindo também o tamanho de seu espectro. Até então as alíquotas variavam de 0 a 105%, passando a variar de 0 a 85%. Esse regime comercial foi apenas posto como meta explicita no governo Collor que além de extinguir muitas das barreiras não tarifarias, definiu-se um programa de diminuição gradual das tarifas sobre importação. Contudo no governo FHC a abertura comercial passou a ter um ritmo dependente do restante da política econômica, a qual por pressão de grupos que sofreram fortemente com a competitividade externa forçou uma diminuição do ritmo da abertura, chegando inclusive a apontar na direção contrária.. Se a abertura em si e a forma como foi implementada implicaram efetivamente uma readequação das empresas nacionais, auxiliaram no processo de estabilização e permitiram aos consumidores o acesso a uma infinidade de produtos antes inacessíveis, varias criticas também foram feitas. A abertura pode ser considerada rápida, com forte diminuição inicial das tarifas sem dar tempo para que os setores internos se preparassem, agravando portanto os problemas sociais implícitos nesse processo. A falta de competitividade da indústria nacional tornou-se explicita com a abertura comercial, e agravou-se com a valorização da taxa de cambio após o Plano Real. A conseqüência é o fechamento de um grande numero de empresas e a profunda retração do emprego industrial, porém com implicações positivas para a produtividade da indústria que foi obrigada a melhorar o desempenho por causa da competição externa. Em nosso modelo pode ser percebido esse fato pela diminuição no emprego relativo naquele setor, isto é, saída de trabalhadores da indústria para outros setores.. Essa propriedade de crescimentos menores aos observados no começo da amostra, do instante temporal pós-1985 apresentará, como veremos no gráfico 4, uma. 41.

(43) mudança importante no ritmo da produtividade agregada do trabalho do Brasil relativo aos outros países inclusos nessa pesquisa. A grandeza desses números é revelada pelos dados, onde entre 1950-1984 o crescimento anual médio do produto foi cerca de 6,92%, enquanto que em 1985-2003 o crescimento foi de apenas 1,97%. 3.6 Simulações. Nesta seção iremos usar nosso modelo para acessar o papel dos movimentos setoriais na transformação estrutural e o impacto dessa na determinação da produtividade do trabalho agregada. Primeiro, iremos comparar os diferentes crescimentos da produtividade em cada setor para cada país. Segundo, vamos produzir contra factuais para compreender o papel quantitativo da transformação estrutural na produtividade agregada brasileira. Terceiro, iremos tentar identificar o quão distante, em termos anuais, o Brasil está dos outros países envolvidos na pesquisa, isto é, em que ano haverá convergência entre a produtividade desse país com relação aos demais em 2003.. O Brasil obteve bons resultados em termos de produtividade total com relação aos outros países usados para comparação. Entre eles estão Argentina, Bolívia, Chile, Costa Rica, Colômbia, México, Peru e Venezuela. Como poderemos observar no gráfico 4, até o ano de 1985, o Brasil conseguiu se aproximar em termos de produtividade dos países antes citados, com algumas exceções, entre elas o Peru, a Bolívia e a Colômbia que já haviam sido ultrapassadas em anos anteriores e a Coréia que aproximadamente nesse ano alcançou o Brasil em termos de produtividade agregada do trabalho. Esse é um retrato do momento histórico da época, com altas taxas de crescimento entre setores.. 42.

(44) Gráfico 4 – Produtividade Agregada do Trabalho relativa ao Brasil.. Produtividade do Trabalho Relativo ao Brasil. 3.5. ARG. dados BOL dados CHL dados CRI dados COL dados KOR dados MEX dados PER dados VEN dados BRA. 3. 2.5. 2. 1.5. 1. 0.5. 1950. 1955. 1960. 1965. 1970. 1975 1980 Anos. 1985. 1990. 1995. 2000. Fonte:Elaboração do próprio autor. Ver Dados, seção 3.3.. Porém a partir de 1985, diversos países começaram a “reagir” e acabaram por se distanciar do Brasil, nos casos de produtividade relativa maior que um, e a aproximação daqueles que obtinham pior resultado em produto por trabalhador até então.. Para compreender quais fatores foram relevantes, calculamos o valor do crescimento por setor de cada país. Para tanto, restringimos os parâmetros desses países iguais ao do Brasil, ou seja, b, ρ, s , a e αi serão idênticos para todos e apenas o crescimento populacional e os crescimentos da produtividade de cada setor (Yi/Li) serão representados pelos dados de cada país.. Para obter os dados de crescimento médio anual da produtividade no setor agrícola de cada país, utilizamos a equação (15), a mesma utilizada para calibrar os dados brasileiros, e obtivemos o seguinte gráfico:. 43.

(45) Gráfico 5 – Crescimento médio anual da Agricultura.. Agricultura 0.04. 3.54% 3.15%. 0.035 0.03. 2.88%. 2.66%. 2.82% 2.40%. 0.025 1.83%. 0.02. 1.98%. 2.18%. 2.12%. 0.015 0.01 0.005 0 BRA. ARG. BOL. CHL. CRI. COL. KOR. MEX. PER. VEN. Fonte:Elaboração do próprio autor. Ver Dados, Dados seção 3.3.. Unindo esses dados com as informações sobre o crescimento da população, pode-se se ver na tabela 4 que os países com maior crescimento de produtividade do labor agrícola e com menor crescimento populacional foram aqueles que obtiveram a maior redução no emprego go relativo.. Tabela 4 – Crescimento populacional e trabalho relativo na agricultura. Trabalho Relativo na Agricultura Países. Crescimento Populacional. 1950. 2003. Redução. 1963. 2003. Redução. BRA. 2.84%. 0.63452. 0.18572. 70.73%. 0.54976. 0.18572. 66.22%. ARG. 1.54%. 0.27376. 0.08588. 68.63%. 0.20513. 0.08588. 58.13%. BOL. 2.11%. 0.70716. 0.28079. 60.29%. 0.69266. 0.28079. 59.46%. CHL. 2.07%. -. 0.10324. -. 0.28857. 0.10324. 64.22%. CRI. 3.20%. 0.57714. 0.16822. 70.85%. 0.48973. 0.16822. 65.65%. COL. 2.84%. 0.56147. 0.22648. 59.66%. 0.47574. 0.22648. 52.40%. KOR. 2.50%. -. 0.09038. -. 0.63541. 0.09038. 85.78%. MEX. 3.03%. 0.58402. 0.16080. 72.47%. 0.49139. 0.1608. 67.28%. PER. 2.93%. -. 0.33947. -. 0.50547. 0.33947. 32.84%. 0.31047. 0.11346. 63.45%. VEN 3.44% 0.45338 0.11346 74.97% Fonte:Elaboração do próprio autor. Ver Dados, seção 3.3.. Como exemplo, pegamos dois países para comparação. A Costa Rica mesmo tendo um resultado muito próximo ao do México ico em relação à produtividade, teve um. 44.

(46) crescimento populacional maior, impedindo um deslocamento de mão-de-obra mão do campo para os setores industriais e de serviços, dado que a produção agrícola deve suprir as necessidades de subsistência da população.. Excluindo-se se apenas Coréia e Peru, os países obtiveram uma redução muito parecida do trabalho relativo dedicado à agricultura.. Entretanto apenas dois países – Coréia e Argentina - apresentam uma alocação de menos de 10% nesse setor, demonstrando a grande importância do setor no trabalho para os países envolvidos na amostra. A tabela 4 a seguir demonstra a composição dos dados para para esse setor.. Os setores de serviços e indústria tiveram tiveram desempenhos parecidos para o Brasil, onde o país obteve o segundo melhor resultado em ambos os crescimentos médios anuais da produtividade em cada setor. Poderemos notar que a dispersão no crescimento nto da agricultura vista agora a pouco é muito menor do que nos outros setores. Enquanto na indústria o desvio é de 0.027349943,, que é o maior de todos, o desvio apresentando nos serviços é de 0.010459209.. Gráfico 6 – Crescimento médio anual da Indústria.. Indústria 0.12. 10.39%. 0.1 0.08 0.06 3.63%. 3.22% 3.29% 2.88%. 0.04. 3.14% 2.27%. 1.97%. 1.44%. 0.02 0.06% 0 BRA. ARG. BOL. CHL. CRI. COL. KOR. MEX. PER. VEN. Fonte:Elaboração do próprio autor. Ver Dados, Dados seção 3.3.. 45.

(47) Esses dados tão divergentes para a indústria são candidatos a responsáveis responsáve pelos movimentos da produtividade agregada entre os países. Perceba que houve uma maior convergência entre aos países noo ano de 2003, como pôde ser visto no gráfico 4. Para ter uma real noção desse acontecimento, a amplitude apresentada entre o Brasil (que naquele momento era o país com menor produtividade) e a Argentina (o de maior) no primeiro ano da amostra era de 3.45. No ultimo ano essa amplitude caiu para apenas 1.70.. Gráfico 7 – Crescimento médio anual dos Serviços.. Serviços 0.045 0.04 0.035 0.03 0.025 0.02 0.015 0.01 0.005 0. 4.15%. 2.26% 1.89%. 2.16%. 2.03%. 1.98%. 1.62%. 0.91%. 0.78% 0.38%. BRA. ARG. BOL. CHL. CRI. COL. KOR. MEX. PER. VEN. Fonte:Elaboração do próprio autor. Ver Dados, Dados seção 3.3.. Distante do que ocorreu com a indústria, ind os países ses não tiveram uma diferença diferen tão grande no nível vel de crescimento cre desse setor,, contudo não houve uma mudança mudan brusca de posiçãoo entre os países. pa. Esses resultados confirmam a observação quanto a produtividade total dos fatores relativos ao Brasil. É interessante observar como a Coréia teve resultados tão diferentes dos outros países, todavia não parece ser um resultado equivocado, já que. 46.

(48) foi desse país o melhor desempenho em termos de produtividade agregada do trabalho relativo ao Brasil.. 3.6.1 Contra Factuais. Foram contruídos alguns contra factuais para entendermos o papel da tranformação estrutural na produtividade agregada do Brasil. Foi escolhida a Coréia, por ter obtido resultados significativamente melhores que o Brasil quanto aos crescimentos anuais médios em todos os setores. Contudo não serão utilizados os dados referentes ao crescimento médio da agricultura, seguindo as conclusões de Gollin, Parente e Rogerson (2002), os quais sugerem que os demais setores é que são responsáveis pela aproximação dos países em termos de produtividade agregada no longo prazo.. Tabela 5 – Contra Factuais (Coréia) Produtividade Agregada. Produtividade Agregada. Modelo. Agricultura. Indústria. Serviços. (BRA/BRA). (KOR/BRA). Dados ContraFactual (1). 0.185727. 0.211291. 0.602982. 1. 2.18697. (La /Lt)2003 ContraFactual (2). 0.185727. 0.397423. 0.41685. 5.022529. 0.443. (La /Lt) 2003. 0.185727. 0.01974. 0.794533. 1.90388. 1.16865. (La /Lt)2003 0.185727 Fonte:Elaboração do próprio autor.. 0.043305. 0.770968. 2.514722. 0.95555. ContraFactual (3). Primeiramente assumimos que o Brasil teve entre 1963-2003 o mesmo crescimento da produtividade do trabalho no setor de serviços que a Coréia. Nesse caso, a alocação de trabalho nesse setor, deixaria de ser cerca de 60% como observado. 47.

(49) em 2003 e estaria em torno de 41%. Um crescimento acelerado no setor de serviços, permitiu um deslocamento maior para o emprego na indústria. A nova alocação de trabalho resultante elevou em mais de 5 vezes o valor da produtividade agregada brasileira em 2003. Nesse mesmo ano a produtividade relativa da Coréia com relação ao Brasil seria de aproximadamente 44%, como a Coréia é o país de maior produtividade, podemos concluir que o Brasil ultrapassaria todos os outros referidos no texto. Esse resultado impressionante, demonstra a importância do setor de serviços no desenvolvimento da produtividade agregada do trabalho.. Logo depois, assumimos que o Brasil teve no período referido, o aumento da produtividade da indústria sucedido na Coréia. Houve um deslocamento massivo do emprego da indústria para os serviços, onde os valores para o trabalho naquele setor chegou a cerca de 2% da população total. A produtividade agregada não demonstrou a mesma atuação quando apenas foi considerado o setor de serviços da Coréia. No entanto esse país ainda manteria sua supremacia quanto ao Brasil.. E finalmente, utilizamos o crescimento da produtividade de ambos os setores. A distribuição do labor foi muito próxima a alcançada com o segundo contra factual. O mais interessante é que a produtividade agregada foi praticamente a metade daquela obtida apenas com a utilização dos dados do setor de serviços. Essas decorrências dos contra factuais podem ser explicadas pela importância da relação Am/As na equação 17, pois é ela quem define as diferentes trajetórias do Lm. Resultados semelhantes também foram encontrados por Duarte e Restuccia (2006b).. Após a constatação da importância da transformação estrutural na produtividade agregada e a diferença de produtividade entre Argentina, Chile, Costa Rica Coréia, México, Venezuela e o Brasil, quanto tempo seria necessário para que o Brasil. 48.

(50) obtivesse o mesmo resultado de produtividade agregada do trabalho de 2003 que esses outros países?. Para responder a essa questão partimos da seguinte hipótese. Se o Brasil obtiver o mesmo desempenho em termos de crescimento médio anual da produtividade do trabalho por setor adquirido entre os anos de 1950 e 2003, teríamos a situação da tabela a seguir.. Tabela 6 – Produtividade Agregada do Trabalho Demais Países. Brasil. Países. Produtividade em 2003. Ano**. Produtividade*. Agricultura (La/Lt)*. Serviços (Ls/Lt)*. Indústria (Lm/Lt)*. Argentina. 25429.7. 2037. 25520.64. 0.084447. 0.7503. 0.165254. Chile Costa Rica. 29390.06. 2047. 29596.02. 0.066975. 0.78245. 0.150573. 20749.55. 2024. 20945.79. 0.114146. 0.70158. 0.184277. Coréia. 33290.37. 2056. 33743.52. 0.054363. 0.80793. 0.137707. México. 18732.84. 2017. 18776.38. 0.134255. 0.67167. 0.194072. Venezuela 16105.51 2008 16250.2 0.165401 *Valores relativos ao Brasil no ano de convergência. **Ano de convergência do Brasil a produtividade de outros países em 2003. Fonte:Elaboração do próprio autor.. 0.62897. 0.205632. Essa situação se dá em parte pela recuperação demonstrada pelos países relativos à produtividade agregada do trabalho no Brasil a partir de meados da década de 80. A diminuição do crescimento e da produtividade nos últimos anos distanciou o país dos demais, fazendo que um esforço maior seja necessário para se obter uma produtividade hegemônica na região. A Coréia, por outro lado, demonstrou um desenvolvimento espantoso, trazendo esse país para uma situação superioridade com relação aos países da América Latina.. 49.

(51) 4 - CONCLUSÕES. Nós documentamos a realocação de emprego sobre o tempo entre os setores agrícola, indústria e serviços e a taxa de crescimento da produtividade do trabalho entre países. Enquanto o Brasil mostrava um excelente desempenho até meados da década de 80, após esse ano a maioria dos países demonstrou uma recuperação em termos relativos. Mesmo assim, durante a amostra o país demonstrou ter diminuído a diferença de produtividade agregada do trabalho quanto aos países utilizados nesse trabalho, demonstrando um bom crescimento médio anual na indústria, serviços e agricultura.. Um dos pontos cruciais discutidos nesse trabalho foi a importância do setor de serviços para o desenvolvimento da produtividade agregada. Como a indústria normalmente cresce de forma mais acelerada, a mão-de-obra antes alocada naquele setor vai se acumulando nos serviços provocando um declínio ou estagnação da produtividade do trabalho agregada. Evidencia assim a importância de se investir nesse setor para obter resultados mais expressivos sobre os países aqui estudados.. É válido ressaltar a importância do setor agrícola para os países da América Latina, onde o Brasil tinha em torno de 63% dos empregados e ainda em 2003 esse número era em torno de 18%. Não obstante, os dados relativos ao crescimento da indústria e serviços parecem ser os responsáveis pela aproximação dos países latinos em termos de produto total por trabalhador, corroborando com os resultados de Gollin, Parente e Rogerson (2002) que sugerem que esses setores são os responsáveis pela convergência da produtividade no longo prazo.. 50.

(52) Há infinitas possibilidades quanto ao uso da transformação estrutural e suas implicações na produtividade agregada entre outros. Como sugestão está a possibilidade de estudar mais a fundo o desenvolvimento do setor de serviços e suas influências na indústria, dados os resultados obtidos quanto a melhora na produtividade daquele setor.. 51.

Referências

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