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pelo uso da água bruta

4.1. Breve panorama histórico

O CEEIVAP foi instalado em 1979, por meio do Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas – CEEIBH19, do Departamento Nacional de Águas e Energia

Elétrica – DNAEE20, do Ministério de Minas e Energia - MME e que atuou por cerca de

20 anos, sendo o precursor do atual Comitê de Integração da Bacia do Rio Paraíba do Sul, o CEIVAP. Este primeiro comitê, denominado pelos atores da bacia como “comitê chapa branca”, chegou a congregar cerca de 40 integrantes oriundos, em sua grande maioria, do setor público e, especialmente, do setor elétrico (Tabela 5). Tinha funções consultivas e informativas e chegou a desenvolver estudos e recomendações sobre

18 Para informações sobre o período anterior consultar o (Nogueira et al, 2000) que indica as tentativas de

gestão integrada na Bacia, sobretudo na parte paulista.

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Criado por meio da Portaria Interministerial n° 09 0 de 29 de março de 1978.

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Criado em 1968, o DNAEE foi responsável pela regulação do setor elétrico e assumiu o controle quase que absoluto, também sobre a área de recursos hídricos.

medidas corretivas nas áreas de qualidade de águas, enquadramento dos corpos d’água sob domínio da União, macrozoneamento, etc.

Com a desativação do CEEIBH em 1983 o antigo comitê, CEEIVAP, se vê diante de uma crise institucional e, por iniciativa de seus membros passa, progressivamente, a realizar arbitramento sobre conflitos quanto ao uso das águas, no entanto, devido ao seu caráter meramente consultivo, nada obrigava que suas decisões fossem implementadas. Adotando uma postura pró-ativa diante das dificuldades institucionais, políticas e financeiras o colegiado reage e busca caminhos alternativos. Por meio de um processo denominado de “interiorização” que consistia em ampliar o número de membros, principalmente organismos municipais e empresas, o colegiado objetivou que as ações fossem viabilizadas pelas intuições que o integrava (PQA, 1999).

Tabela 5. Composição inicial do CEEIVAP em 1979.

DNAEE Água e Energia Elétrica

DNOS Obras e saneamento

SERSE Outros

BNH Habitação e Saneamento

Nuclebras Energia

Furnas Energia Elétrica

Light Energia Elétrica

Governo Federal

SUDEPE Pesca e outros

CEMIG Energia Elétrica

COPASA Água e Saneamento

CETEC Outros

MG

DAE Energia Elétrica e Água

FEEMA Meio Ambiente

SERLA Meio Ambiente

CEDAE Saneamento

RJ

DAE Energia Elétrica e água

CETESB Saneamento e Meio Ambiente

SABESP Saneamento

DAEE Água e Energia Elétrica

SP

CESP Energia Elétrica

Neste contexto, o antigo CEEIVAP por meio de sua Secretaria Executiva propõe ao DNAEE e à Embaixada da França no Brasil, em agosto de 1989, a extensão do Acordo de Cooperação Técnica entre os governos brasileiro e francês para a gestão dos recursos hídricos da bacia do rio Doce (MG e ES) à bacia do rio Paraíba do Sul (Cooperação Técnica Brasil-França, 1998). Considerada uma bacia prioritária, devido a sua importância econômica, o pensamento corrente a época era de que se projeto fosse bem sucedido em uma bacia tão complexa como a do Paraíba do Sul poderia, facilmente, ser aplicado em qualquer outra bacia hidrográfica nacional. Ademais, o DNAEE ambicionava acumular a sua função de gestor de rios federais com as novas funções de Agência das bacias de rios sob o domínio da União, refletindo assim o caráter centralizador do poder público que desejava a gestão “por bacias” e não “pelos atores da bacia”; o projeto de lei das águas encaminhado pelo executivo ao Congresso Nacional, em 1991, confirma essa ambição do DNAEE.

Desta forma foi criado o Projeto Paraíba do Sul cujo objetivo principal era implantar um sistema de gestão integrada dos recursos hídricos para a bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul baseado no princípio “usuário-pagador” e cujo eixo era a instalação de um sistema informatizado de gestão de bacias denominado “Sistema VIVA”, formado por um banco de dados compostos por cadastro detalhado de usuários, dados relativos ao diagnóstico da bacia e ferramentas capazes de simular as necessidades da bacia em termos de planejamento e financiamento.

Nogueira et al (2000) destacam que a implantação de um sistema de gestão auto- sustentável (econômica e tecnicamente) por meio da aplicação do conceito “usuário- poluidor-pagador” e de uma Agência de Bacia seria a solução para a operacionalização, de forma confortável, e com sustentação política, para o CEEIVAP. Por outro lado, relatório confidencial de avaliação do Projeto Paraíba do Sul, elaborado por consultores contratados pela Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, em 1998, sinaliza que a engrenagem criada faria com que o processo de gestão das águas ficasse dependente de um software de propriedade de uma empresa privada, operadora da Cooperação Brasil-França no Projeto Paraíba do Sul, uma vez que haveria a necessidade de compras periódicas de licenças para instalação e atualização do software. Por outro lado, o Brasil já dispunha de tecnologia para esse tipo de modelagem o que tornou o software criado pela empresa francesa dispensável.

A decisão do Ministério de Minas e Energia de criar a Comissão de Estudos Integrados da Bacia do Rio Paraíba do Sul – CEIPAS, para acompanhar o “Projeto Paraíba do Sul”, da Cooperação Técnica Brasil-França, a criação, por meio da Lei Estadual 7.663, do Comitê das Bacias Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul e Serra da Mantiqueira – CBH/PSM o chamado “Comitê Paulista” e o processo de transformação que se configurava no setor de recursos hídricos, foram determinantes para o fim do antigo comitê:

“Os últimos anos de existência do CEEIVAP evidenciam a importância das instituições trabalharem, de forma constante, para assegurar sua sustentabilidade econômica, política e social. (...) Socialmente o órgão, que fora concebido para a realização de estudos não tinha visibilidade, era escassa a comunicação institucional. A exceção de organizações especializadas em recursos hídricos e de órgãos que, formalmente o integravam, poucas entidades civis sabiam de sua existência” (Nogueira et al, 2000).

Conclui-se, com base nos documentos disponíveis, que, além dos motivos já mencionados, a aprovação, na mesma época, de uma linha de financiamento junto ao Banco Mundial pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPO, por meio da Secretaria de Política Urbana - SEPURB, para a implantação do Projeto Qualidade das Águas e Controle da Poluição Hídrica – PQA21 jogou definitivamente uma “pá de

cal” sobre o antigo comitê e sobre o Projeto Paraíba do Sul, da Cooperação Brasil França, pois suas existências contrariavam vários interesses. Desta forma, o CEEIVAP foi oficialmente extinto, mas sua sigla foi preservada com uma pequena adequação como forma de “homenagear o esforço” do antigo comitê.

4.2. O Comitê para Integração da Bacia do Rio Paraíba