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A educação brasileira apresenta uma série de problemas em todos os seus níveis de escolaridade, entretanto, é flagrante que o ensino médio carece de um olhar mais atento e um cuidado especial, haja vista, este apresentar uma acentuada dificuldade de permanência do aluno na escola, comprovado pelos altos índices de evasão escolar, assim como também pela distorção idade/série, tempo de permanência na escola e elevados índices de repetência. De acordo com Kuenzer (2000), dos matriculados no ensino médio, apenas 48% têm entre 15 e 17 anos; esta taxa era de 45,3% em 2005 e a distorção idade/série cresceu de 0,38 para 0,54, entre 2000 e 2007. Em 2007 41,3% das matrículas foram feitas no período noturno, havendo

crescimento da taxa de repetência de 18,6% (2000) para 22,6% em 2005; de evasão, de 8,0% em 2000, para 10,0% em 2005 e do tempo médio de conclusão de 3,7% para 3,8% no mesmo período.

Outro fator que depõe desfavoravelmente para o modelo de ensino médio adotado é o fato de a escola falhar no seu objetivo precípuo que é formar um jovem capaz de interagir, compreender e atuar na sociedade em que faz parte, de forma consciente e responsável, visando à tomada de decisões que envolvem o desenvolvimento científico e tecnológico, priorizando o bem comum. A LDB 9394/96 afirma que o ensino médio, por representar etapa final da educação básica, deve ter como princípios fundamentais ações capazes de, compreender a necessidade de adotar diferentes formas de organização curricular e, sobretudo, estabelecer princípios orientadores para a garantia de uma formação eficaz dos jovens brasileiros, que se mostre capaz de atender os diferentes anseios dos jovens que se encontram na faixa etária de escolarização, que possam participar do processo de construção de uma sociedade mais solidária, reconhecendo suas potencialidades e os desafios para inserção no mundo competitivo do trabalho (BRASIL, 2009).

Segundo Saidelles (2013, p.10), “esta nova concepção de formação do jovem, diverge das tentativas anteriores da maioria dos sistemas de ensino médio das últimas décadas que consistiam somente na preparação técnica especializada, de forma fragmentada e sem levar em consideração os princípios da formação unitária e humanista do cidadão”. Diante disso, vale citar a Lei 5692/71 implantada no contexto da ditadura militar que tornou o ensino médio totalmente profissionalizante.

Sobre a finalidade do ensino médio, a resolução 2/2012 de 31 de janeiro de 2012 do Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica (CNE/CBE) define as diretrizes curriculares para o ensino médio, deixando claro nos artigos 3º e 4º que o ensino médio deve ser assim compreendido:

Art. 3º: O Ensino Médio é um direito social de cada pessoa, e dever do Estado na sua oferta pública e gratuita a todos:

Art. 4º: As unidades escolares que ministram esta etapa da educação básica devem estruturar seus projetos politico pedagógicos considerando as finalidades previstas na LDB, Lei 9.394/96:

I- a consolidação e o aperfeiçoamento dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o progresso de estudos;

II- a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores. (BRASIL, 2012, p. 20).

Através dos artigos elencados é possível verificar que o ensino médio ofertado nos moldes tradicionais não atende a essa etapa da educação básica, tanto no que tange a sua identidade, quanto a seus objetivos e finalidades, visto que este apresenta um caráter de terminalidade em si mesmo. No entanto, é consenso que o ensino médio deve proporcionar uma preparação para o mundo do trabalho dando acesso ao conhecimento cientifico e tecnológico e aos princípios em que estes estão fundamentados.

Diante das novas demandas exigidas pela sociedade para inserção do jovem no mundo do trabalho, assim como dados estatísticos do censo escolar do MEC/INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) entre 2007 e 2011 que nos mostram que houve um aumento do número de matrículas em 2010 chegando à cerca de 8.357.675 e perfazendo um percentual de 0,2 % a mais em relação a 2009, se fez necessário à adoção de medidas que garantissem a permanência dos nossos estudantes na escola e principalmente promovessem uma aprendizagem que seja significativa e faça sentido para esses jovens (AMARAL; OLIVEIRA, 2011).

Diante dos fatos, tornou-se necessário uma tomada de atitude por meio dos órgãos legais que definem a política educacional, sendo assim, o MEC, com a Secretaria de Educação Básica lançou nos últimos anos uma série de políticas públicas educacionais em uma tentativa de reverter o quadro de desigualdades sociais que somente a educação é capaz de realizar. Política educacional corresponde a uma série de medidas planejadas e colocadas em prática por um governo, com o objetivo de elevar os índices educacionais e promover a inserção da população na sociedade por meio da educação.

É fundamental pensar políticas de Estado para a educação nacional, em que, de maneira articulada, níveis (educação básica e superior), etapas e modalidades em sintonia com os marcos legais e ordenamentos jurídicos (Constituição Federal de 1988, PNE/2001, LDB/1996, dentre outros), expressem a efetivação do direito social à educação, com qualidade para todos. Tal perspectiva implica, ainda, a garantia de interfaces das políticas educacionais com outras políticas sociais, que promovam o desenvolvimento com inclusão social e inserção soberana do País no cenário global (BRASIL, 2010, p. 25).

Nos últimos anos vários programas educacionais foram implantados para melhorar a qualidade da educação, trataremos aqui de dois deles: Os Centros Médios de Excelência, atualmente conhecidos como Centros Médios Experimentais instituídos em 2005 e o ProEMI instituído em 2009.