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2.1 Sociografia característica, filiação partidária, trajetória e influência política

2.1.1 Breve perfil: gênero, faixa etária, região de origem e profissão

Ao lançar um olhar para o perfil dos deputados que compõem a Bancada da Bala, um fator logo chama a atenção: são todos homens. Isto é reflexo, em primeiro lugar, da baixa representação feminina no parlamento brasileiro: para a legislatura iniciada em 2015, apenas 51 das 513 cadeiras foram ocupadas por mulheres (DIAP, 2014). Em segundo lugar, os profissionais das forças de segurança são majoritariamente do sexo masculino. De acordo

com os dados do Ministério da Justiça sobre o perfil das instituições de segurança pública no Brasil, em 2013, a composição feminina da Polícia Militar e dos Bombeiros era apenas de 10% e 7,7%, respectivamente. Na Polícia Civil, o número de mulheres é maior, mas elas ainda são minoria: 27% do total (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2017). Além disso, no levantamento das candidaturas à Câmara feito por Berlatto, Codato e Bolognesi (2016), dos candidatos oriundos da Polícia Civil, 10% são do sexo feminino, enquanto que nas instituições militares, a diferença entre homens e mulheres aumenta mais ainda: apenas 4% correspondem a candidaturas ferminas. Portanto, é de se esperar uma baixa representação das mulheres na Bancada da Bala.

O segundo aspecto a ser observado dos deputados desta Bancada diz respeito à sua faixa etária. A partir do levantamento da data de nascimento dos deputados, observou-se que a variação de idade dos parlamentares da Bancada da Bala é de 30 anos: o mais novo tem 33 e o mais velho, 63 anos12.

Gráfico 1. Faixa etária

Fonte: www.eleicoes2014.com.br. Elaboração própria.

Conforme apresentado no gráfico acima, percebe-se que a Bancada da Bala é formada por deputados com idade acima da idade média da legislatura eleita para 2014, que era de 49 anos (DIAP, 2014). A maior parte deles (oito) tem entre 50 e 59 anos, seguidos

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dos que tem entre 60 e 69 (cinco). Além disso, apenas um deputado está na faixa de 30 a 39 anos.

Com relação às regiões dos estados de origem dos deputados da Bancada da Bala, há parlamentares das cinco regiões brasileiras, mas nota-se uma concentração de deputados oriundos do Sudeste, o que está de acordo com o esperado, tendo em vista que esta é a região com o maior número absoluto de representantes na Câmara. O gráfico abaixo traz esse resultado:

Gráfico 2. Região de origem

Fonte: http://www2.camara.leg.br/. Elaboração própria.

No Sudeste, o estado com maior representação é o de São Paulo, com quatro deputados e não há nenhum representante do Espírito Santo. A região Centro-Oeste é a segunda maior, com quatro representantes, os quais estão concentrados em dois estados: Distrito Federal e Goiás. Não há, portanto, representantes dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No Norte, há maior diversidade de estados (Acre, Amapá e Pará), mas quatro não têm representantes na Bancada: Amazonas, Rondônia, Roraima e Tocantins. O Nordeste, por outro lado, região com maior número de estados brasileiros, só possui dois representantes do Ceará. Por fim, a região com menor representação é o Sul do Brasil, com apenas um deputado do Paraná participando da Bancada. Destaque para o peso da Bancada da Bala no Distrito Federal, pois, das oito cadeiras do estado na Câmara, duas, isto é, um

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quarto está ocupada por deputados deste grupo. Em termos proporcionais, esse é o estado em que os representantes da Bancada estão em maior peso.

Por fim, outro ponto importante de comparação diz respeito à origem profissional dos deputados da Bancada da Bala. Apesar de serem todos oriundos das forças de segurança, sabe-se que existem diversas carreiras dentro dessa categoria, as quais, muitas vezes, possuem agendas diferentes e até conflitantes entre si. No caso da Polícia Militar, as duas formas de ingresso na profissão correspondem a formações e funções diferentes, sendo elas: oficiais e praças, sendo que estes últimos dificilmente conseguem chegar aos postos mais altos do oficialato (AZEVEDO, 2016). Segundo Costa e Lima (2015), o conflito entre essas carreiras tem levado a greves que, muitas vezes, geram crises institucionais, tendo em vista que a Constituição Federal não permite a associação dos militares em sindicatos.

Com relação às forças repressivas civis, elas também são formadas por várias carreiras (agentes, delegados, escrivães e peritos) e, mais uma vez, as diferentes carreiras geram diferentes planos de cargos e salários. Os autores explicam que há conflitos entre todas as carreiras, mas as maiores tensões ocorrem entre os delegados e os agentes. Em suma, percebe-se que a origem das tensões entre as diferentes carreiras policiais está na exigência ou não de curso superior. No entanto, a partir da década de 1990, esses conflitos voltaram- se para duas questões institucionais: o militarismo nas Polícias Militares e o inquérito policial nas Polícias Civis (COSTA; LIMA, 2015).

A profissão dos deputados da Bancada da Bala é, portanto, um fator importante para compreender as diferenças em seus posicionamentos sobre segurança pública. O quadro abaixo especifica a profissão de cada um deles:

Quadro 6. Profissão

Deputado Profissão

Alberto Fraga Policial Militar

Cabo Daciolo Bombeiro Militar

Cabo Sabino Policial Militar

Capitão Augusto Policial Militar

Delegado Éder Mauro Delegado de Polícia Civil Delegado Edson Moreira Delegado de Polícia Civil Delegado Francischini Delegado de Polícia Federal

Delegado Waldir Delegado de Polícia Civil

Eduardo Bolsonaro Escrivão de Polícia Federal Gilberto Nascimento Delegado de Polícia Civil

João Campos Delegado de Polícia Civil

Laerte Bessa Delegado de Polícia Civil

Major Olimpio Policial Militar

Marcos Reategui Delegado de Polícia Federal

Moroni Torgan Delegado de Polícia Federal

Rocha Policial Militar

Subtenente Gonzaga Policial Militar

Fonte: http://www2.camara.leg.br/. Elaboração própria.

Um aspecto que chama a atenção é que metade dos deputados da Bancada da Bala é composta por Delegados de Polícia, seja Civil ou Federal. Em seguida, vêm os membros da Polícia Militar, com seis representantes. Os três restantes advêm de outras carreiras: um é Bombeiro Militar, outro é membro das Forças Armadas e outro é Escrivão de Polícia Federal. Em termos de comparação entre deputados oriundos das forças repressivas civis ou das forças repressivas militares, a quantidade de deputados advindos das forças repressivas civis é ligeiramente maior do que os advindos das forças repressivas militares, como pode ser observado no gráfico abaixo:

Gráfico 3. Forças repressivas de Estado

Fonte: http://www2.camara.leg.br/. Elaboração própria.