• Nenhum resultado encontrado

Tipos de atrasos Burocracia Infra-estrutura Freqüência navios/roubos de Atrasos por infra estrutura/estradas 8 Escolha das linhas de navegação Disponibilidade / serviço Qualidade serviço Melhor freqüência frete / Qualidade serviço

PROCESSO DE EXPORTAÇÃO ORIGEM: Marechal Cândido Rondon – Estado do Paraná Brasil

7 Tipos de atrasos Burocracia Infra-estrutura Freqüência navios/roubos de Atrasos por infra estrutura/estradas 8 Escolha das linhas de navegação Disponibilidade / serviço Qualidade serviço Melhor freqüência frete / Qualidade serviço

9 Particularidades no desembaraço Falta de agilidade

CNCA / Aduana angolana

Inspeção no Brasil /

CNCA Emissão CNCA 10 Pagamento antecipado Sem problemas Sem problemas Sem problemas Sem problemas 11 Influência da infra-estrutura brasileira Infra-estrutura portuária - Congestionamento nos portos Infra-estrutura rodoviária e portuária 12 Análise logística Planejamento Planejamento Prazo / antecipar negociações

Escolha das linhas de

navegação 13 Influência da Guerra Civil - Péssima infra-estrutura - Intra-estrutura rodoviária 14 Pós-venda para evitar atrasos Metodologia única adotada Metodologia única adotada - Agilidade na documentação 15

Diferencial quanto à compressão do

tempo Planejamento

Administrar

elos da cadeia Preço -

REVISTA JOVENS PESQUISADORES ANO VI, N. 10, JAN./JUN. 2009

De uma forma geral, as respostas estavam de acordo entre as amostras. Notou-se que as empresas que buscavam o mercado angolano possuíam uma visão bem moderna e empreendedora. Empresas jovens que buscaram experiências e novas fontes de rentabilidade visualizaram Angola como uma oportunidade de mercado, um mercado promissor, com excelente potencial, porém dependia muito de empresas internacionais, dada sua extrema dependência de alimentos e produtos primários, os quais o Brasil é um bom produtor. Essa dependência e escassez de produtos internos deviam-se principalmente à guerra-civil que esteve presente no país por aproximadamente l0 anos. Outro ponto importante que vale a pena ressaltar foi que enquanto as empresas Global Impex e da Vinci trabalharam com clientes diferentes, a empresa Corib possuía apenas o Governo Angolano como cliente, ocorrendo assim diferentes opiniões quanto ao relacionamento com clientes, ficando claro que trabalhar com um órgão estatal de um país de terceiro mundo era muito mais difícil do que com uma empresa privada, especialmente quanto a colocação do pedido, onde a comunicação é difícil e nem sempre ágil. O primeiro gargalo encontrado no ciclo do pedido, onde o simples contato com o cliente podia atrasar e comprometer os demais elos da cadeia. Os elos exigiam também a coordenação das atividades da empresa. Por exemplo, a pontualidade na entrega de determinado produto envolvia o funcionamento integrado de outros setores, como o gerenciamento dos estoques e a logística da empresa.

A Corib trabalhava por meio de agentes para fazer as exportações para Angola, enquanto que as outras empresas operavam com a busca de fornecedores para a realização das exportações, ocorrendo assim à disparidade quanto à opinião do relacionamento com os fornecedores. Essa disparidade ocorria porque no caso da contratação dos serviços dos fornecedores, faltava comprometimento, cultura exportadora, a busca de parcerias consistentes e crescimento, o compartilhamento de dados e planejamento mútuo, o que traria benefícios em relação a fluxo de caixa, controle de estoques e capacidade produtiva.

Após estes fatores que descreveram os problemas iniciais encontrados nos processos de exportação para Angola, já era possível entender outra parte do fluxograma do ciclo do pedido. As partes mais complicadas eram as envolvidas na contratação de frete interno do fornecedor até o porto, negociação e prazo para produção e entrega dos itens, relacionamento com os agentes de carga, despachos e liberação de mercadoria para exportação, entre outros. Todos estes elementos eram os elos que compunham a cadeia de suprimentos e, para o bom funcionamento desta, deveriam funcionar em harmonia, com muita atenção e controle nos lead times de cada processo, pois eles eram determinantes de reduzir os desperdícios, capacidade ociosa ou gastos marginais.

Para contornar essas situações, ficou evidente que os administradores sofriam muito com a infra-estrutura encontrada tanto no país importador quanto no exportador. O transporte foi destacado como um dos principais gargalos dos processos, pois seu pífio funcionamento, sua lamentável e fraca eficiência encarecia o produto final, fazendo com que as empresas nacionais mostrassem menos competitividade no disputado comércio internacional. Havia ainda o problema relacionado à disponibilidade e segurança dos mesmos.

A burocracia angolana com seus inúmeros documentos e infra-estrutura precária foram muito bem observadas por todos entrevistados, como por exemplo: se acontecer o caso em que o importador traga a mercadoria no porto e não dê entrada no CNCA

REVISTA JOVENS PESQUISADORES ANO VI, N. 10, JAN./JUN. 2009

(Certificado Nacional dos Carregadores de Angola), a multa é de cinco mil dólares. Outros problemas observados foram: a pouca freqüência de navios para Angola; dificuldade de atracação em berços angolanos e casos de roubo ou perda de mercadorias no descarregamento.

Como fatores relevantes foram detectados diversos problemas no gerenciamento desta cadeia de suprimentos e os entrevistados concordaram que um bom planejamento ajudaria na compreensão destes problemas e podia ajudar no incremento e melhoria das relações entre Brasil e Angola. Tal planejamento se referia às decisões sobre quais mercados poderiam ser atendidos, se existia a necessidade da contratação de subproduções (terceirização de parte da produção), o inventário de políticas a serem seguidas e o tamanho e a duração das promoções de marketing. A adoção de tais atitudes visava sempre à melhoria e otimização dos processos executados pela cadeia de suprimentos das empresas.

Resumindo, os aspectos citados na Tabela 2 sintetizaram a dificuldade de que as empresas brasileiras possuem para criar um diferencial quanto ao processo de compressão do tempo das exportações para Angola, muito por causa de fatores externos, como a infra-estrutura precária e a burocracia, existente no Brasil e em Angola; além da dificuldade de se administrar cada elo da cadeia de suprimentos, onde não pode ocorrer nenhuma falha para que o processo possa ocorrer no tempo estimado ou abaixo dele.

b) Entrevista estimulada

Na entrevista estimulada, os entrevistados foram solicitados a demonstrar o grau de influencia dos aspectos citados sobre o ciclo do pedido, segundo a escala entre: (1) “Não Influencia" e (5) "Influencia Muito" em relação às fontes apresentadas na Tabela 3. Observa-se que os fatores de maior relevância para os entrevistados, ou seja, os itens que obtiveram a escala 5 (Influência muito o ciclo do pedido nas exportações para Angola) foram fatores relacionados principalmente ao transporte da mercadoria, armazenamento da carga e encargos burocráticos; foram citados como fatores importantes também, o relacionamento com os fornecedores dos produtos, pois com isso os atrasos para a disponibilização dos produtos para a exportação podem sofrer menos atrasos. Vale ressaltar que os entrevistados atualmente encontram muita dificuldade em localizar linhas de navegação para Angola que mesclem um serviço de qualidade com um transit time curto.

REVISTA JOVENS PESQUISADORES ANO VI, N. 10, JAN./JUN. 2009

Tabela 3: Respostas das Entrevistas Estimuladas

Aspectos da Gestão da Cadeia de Suprimentos (Ciclo do Pedido)

Escala Escala de maior Freqüência 1 2 3 4 5

1 Colocação do pedido entre cliente cm Angola e Trading 1 1 2 4 2 Comunicação entre cliente em Angola e Trading 3 1 3 3 Contato entre Trading e o Fornecedor no Brasil 2 2 4 e 5 4 Apresentação da cotação ao cliente em Angola 4 4 5 Envio da cotação para o cliente em Angola 1 2 1 4 6 Aceitação das condições de ofcrta do produto 1 2 1 4 7 Entrada do pedido da Trading no Fornecedor 1 3 4 8 Pagamento antecipado do Cliente para a Trading 1 2 1 4 9 Pagamento antecipado da Trading para o Fornecedor 4 4

10 Disponibilização do produto 1 3 5

11 Armazenagem do produto no fornecedor 2 1 1 3 12 Transporte do produto do fornecedor para os armazéns do

porto

1 3 5

13 Armazenagem no porto 1 2 1 4

14 Processo de desembaraço aduaneiro no Brasil 3 1 4 15 Embarque dos produtos do Armazém para o navio 1 1 2 5

16 Contratação do transporte no navio 1 3 5

17 Contratação de seguro do transporte marítimo 3 1 3 18 Desembarque do produto no porto de Angola 1 3 5 19 Desembaraço aduaneiro do produto no porto de Angola 1 3 5 20 Armazenagem do produto no porto de Angola 1 1 2 5 21 Vistoria do container no porto de Angola 1 3 5 22 Transporte rodoviário do armazém do porto de Angola ao

Cliente 1 2 1 4

23 Serviços pós-venda 2 2 3 e 4

Fonte: Dados da Pesquisa

Outra parte da pesquisa apresentava perguntas fechadas em relação aos fatores inibidores e facilitadores para a gestão da cadeia de suprimentos nas exportações para Angola. Para se obter uma visão mais ampla, foi verificado que dentre os vinte aspectos listados para os entrevistados responderem, todos responderam como características inibidoras que ocorriam na cadeia de suprimentos, doze ou mais itens existentes na Tabela 3. Dois itens de extrema importância foram citados por todos os executivos como sendo os principais inibidores nas exportações para Angola, os quais foram a dificuldade de se comprimir o tempo nas exportações e a fragmentação da cadeia de suprimentos, que pode ser definida como sendo a divisão da cadeia em várias partes, cada uma com seus interesses e políticas próprias, o que dificulta a coordenação da cadeia como um todo. Quanto às características facilitadoras, duas específicas foram citadas por toda amostra: a) a demanda por produtos em Angola; b) o relacionamento com o cliente no exterior, neste caso os clientes angolanos.

Resumindo, nas entrevistas espontâneas os gestores demonstraram com maior liberdade os principais problemas e dificuldades que eles encontram para gerenciar a cadeia de suprimentos nas exportações para Angola; e nas entrevistas estimuladas os gestores apenas confirmaram o que já haviam respondido, porém destacando quais fatores eram mais problemáticos e quais melhorias que o setor careceria obter para ocorrer uma redução no tempo do ciclo do pedido.

REVISTA JOVENS PESQUISADORES ANO VI, N. 10, JAN./JUN. 2009

5 CONCLUSÕES

Os resultados da pesquisa revelaram que os principais aspectos que influenciaram o ciclo de pedido na exportação brasileira para Angola:

- A burocracia enfrentada pelos gestores no processo de exportação;

- Os fatores de transporte e infra-estrutura, tanto angolana quanto brasileira;

Outro ponto, não menos importante e que merece ser mencionado, trata-se do tempo de ciclo total para exportação entre a fábrica e o embarque no porto. Segundo o fluxo simplificado e o processo de exportação, mostrados nas Figuras 1 e 2 foi de 24 e 28 dias, respectivamente. Comparativamente, em um artigo jornalístico de Tamer (2006) publicado no jornal OESP de 2 de março de 2006, citava que as exportações brasileiras levavam 39 dias para chegar ao porto e serem embarcadas. Nos Estados Unidos, o prazo entre a saída do produto da fábrica e o embarque era de 12 dias, em média. O fato de o estudo ter levantado que nas empresas da amostra demoravam-se em média 26 dias, não é conclusivo que o tempo de demora entre a fábrica e o embarque no porto está melhorando, dado que, o processo de exportação é diferente para cada tipo de mercadoria, origem e destino. O que evidencia é a existência de enorme potencial para reduzir este tempo tanto nas questões relativas à burocracia como no desperdício de tempo em infra-estrutura precária.

De forma geral, o estudo apresentou mais características inibidoras do que facilitadoras dentro da cadeia de suprimentos, nos produtos exportados para Angola. Por conta disso, podem afetar diretamente o valor do produto e do serviço gerado nesta cadeia, numa relação entre os conceitos de cadeia de valor e cadeia de suprimentos. O diferencial competitivo da empresa brasileira nas exportações para o mercado angolano pode estar atrelado à compressão do tempo de ciclo do pedido, gerando valor ao cliente ao entregar seu produto com confiabilidade e rapidez.

Diante destes resultados é possível concluir que as principais dificuldades enfrentadas pelos empresários no gerenciamento da cadeia de suprimentos são provenientes de fatores indiretos e externos, ou seja, aspectos que não dependem da atuação das operações da empresa, mas sim de outros agentes, como órgãos públicos. Esses teriam como função oferecer as condições necessárias para facilitar a execução das atividades das empresas (infra-estrutura das mais variadas naturezas, menores burocracias e carga tributária).

Além disso, há fatores como a atuação dos fornecedores das mercadorias que nem sempre contribuíram para o aumento da eficiência da cadeia e a dificuldade de se encontrar armadores capazes de aliar um serviço de qualidade com viagens curtas para Angola.

Por fim, sugere-se como prosseguimento da pesquisa refinar o mapeamento do fluxo de exportação, com os respectivos tempos de duração, detalhando numa primeira etapa, as atividades burocráticas envolvidas na liberação do produto como as da ANISA, IBAMA e Receita Federal. Após, prosseguir no levantamento do tempo gastos nas questões relacionadas à infra-estrutura.

REVISTA JOVENS PESQUISADORES ANO VI, N. 10, JAN./JUN. 2009

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, Vera Lúcia da Costa; RAMIREZ, Ivete Maria Soares R.; LUCHESI, Eduardo Soares. Objetivo. São Paulo: Cered, 2006.

BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 5. ed. 2006.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

CHOPRA, Sunil; MEINDL, Peter. Supply chain management: Strategy, Planning and Operation. São Paulo: Pearson, 2. ed. 2004.

CHRISTOPHER, Martin. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégias para a redução de custos e melhoria dos serviços. São Paulo: Pioneira, 2002. GARCIA, Luiz Martins. Exportar: rotinas e procedimentos, incentivos e formação de preços. São Paulo: Aduaneiras, 8. ed. 2005.

KEEDI, Samir. ABC do comércio exterior: abrindo as primeiras páginas. São Paulo: Aduaneiras, 2. ed. 2004.

LAWRENCE, D. Fredendall; HILL, Ed. Basics of supply chain management (hardcover). USA: CRC, 2001.

LIMA, Maurício. COPPEAD - transporte de carga no Brasil: ameaças e oportunidades para o desenvolvimento do País. São Paulo, 2002. Disponível em: http://www.coppead.ufrj.br/. Acesso em 25 fev 2007.

MINERVINI, Nicola. O exportador: ferramentas para atuar com sucesso nos mercados internacionais. São Paulo: Pearson/Prentice Hall, 4. ed. 2005.

PORTER, Michael E. Principal estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 7.ed. 2004.

RATTI, Bruno. Comércio internacional e câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 10. ed. 2004.

RODRIGUES, Paulo Roberto Ambrósio. Introdução aos sistemas de transporte no

Brasil e à logística internacional. São Paulo: Aduaneiras, 3. ed. 2004.

TAMER, Alberto. Brasil leva 39 dias para exportar. São Paulo: OESP, Caderno de Economia, 2 de março de 2006, p. B7.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 6. ed. 2005.

YIN, Robert. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 3. ed. 2005.

REVISTA JOVENS PESQUISADORES ANO VI, N. 10, JAN./JUN. 2009