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Buscando Superar os Desafios no Coensino como Apoio a Inclusão Escolar

2.1 CONTRIBUIÇÕES DO COENSINO PARA ESCOLARIZAÇÃO DOS ESTUDANTES

2.1.1 Buscando Superar os Desafios no Coensino como Apoio a Inclusão Escolar

Apesar das atitudes geralmente positivas em relação ao Coensino como apoio eficiente a inclusão escolar, há desafios que precisam ser abordados.

Numa revisão de estudos qualitativos que descreveram mais de 400 salas de aula que possuíam dois professores atuando juntos, Scruggs, Mastropieri e McDuffie (2007) identificaram que o modelo de Coensino dominante foi de "um ensina, um auxilia" ainda pautados pelo ensino hegemônico-tradicional, com foco na deficiência do estudante. O papel assumido pelo professor especialista da Educação Especial era freqüentemente observado como um subordinado ao professor da classe comum (SCRUGGS; MASTROPIERI; MCDUFFIE, 2007). Outra questão importante que os autores identificaram foram que técnicas e conhecimentos frequentemente recomendadas para professores especialistas da Educação Especial, como a mediação entre pares, instrução estratégica, treinamento de habilidades de estudo, habilidades de autodefensoria e automonitoramento, raramente foram observados.

É inegável que a identificação e definição de papéis dos professores do Coensino implicam na melhoria do atendimento das necessidades dos estudantes PAEE no contexto de uma sala de aula. Scruggs e Mastropieri (2017) apontam três condições necessárias para que ambos os professores possam aumentar o sucesso de suas experiências coensinando por meio da eficiência na comunicação, maximizando seu tempo de planejamento e dominando o conhecimento do conteúdo.

O planejamento deve ser realizado em conjunto para que se possa executar com sucesso a instrução em uma sala de aula. No entanto, como já apontado em investigações anteriores, a falta de tempo para planejamento comum tem sido relatada por professores como uma das maiores barreiras para o sucesso do Coensino (MURRAY, 2004; KOHLER-EVANS, 2006), e é uma variável que os professores têm muito pouco controle.

Na medida em que os professores têm pouco tempo para planejar em conjunto, é importante que possam maximizar o tempo juntos. Ao apontar alternativas para maximizar esse tempo, Scruggs e Mastropieri (2017) indicaram o uso da tecnologia como especialmente útil para melhorar a eficiência do planejamento colaborativo. Por exemplo, documentos compartilhados em ambiente virtuais que possam ter acesso torna-se uma ferramenta importante para os professores registrarem anotações, planejarem com antecedência e comunicarem sobre preocupações importantes, em um único documento, em diferentes momentos do dia. A qualquer momento, qualquer professor pode abrir o documento para ver os registros anteriores e adicionar seus próprios.

Talvez uma das maiores barreiras para uma relação totalmente colaborativa entre professores do Coensino é o domínio do conteúdo da disciplina a ser ensinado (SCRUGGS; MASTROPIERI; MCDUFFIE, 2007). Isto é provavelmente consequência de uma precária formação inicial, com treinamento predominantemente tecnicista e tradicional, com foco na deficiência. Os professores devem ter conhecimento do conteúdo a ser ensinado a fim de compreender como avaliar problemas de aprendizagem com relação a este conteúdo e para planejar e organizar técnicas de instrução para resolver estes problemas. Para melhor sintetizar, segue o quadro 1 com os desafios e as possibilidades de soluções para a melhoria da interação entre professores no Coensino:

Quadro 1- Síntese dos desafios e possibilidades para a melhoria da interação entre os professores no Coensino.

Desafios Possibilidades

Tempo para planejamento comum

-Usar a tecnologia para apoiar atividades colaborativas;

-Identificar e ampliar outros horários de reunião, tais como tempo aberto na parte da manhã antes da aula começar, ou tempo posterior as reuniões de professores;

Domínio de conteúdo específico pelo professor da Educação Especial

-Adquirir o mapa do currículo do professor de educação geral;

-Selecionar, priorizar conceitos ou habilidades para se concentrar em aprender com antecedência;

-Acessar, pesquisar materiais, conteúdos disponíveis na internet para ajudar no entendimento dos conceitos;

-Reunir regularmente, discutir com o professor de educação geral, sempre que possível;

-Organizar o tempo de desenvolvimento profissional; Comunicação -Fazer uma escuta ativa;

-Identificar objetivos comuns;

-Monitorar o progresso em direção às metas planejadas; -Estabelecer aluno-alvo para cada meta;

Controle de situações- problemas

-Usar estratégias de comunicação eficazes;

-Estabelecer a responsabilidade compartilhada para todos os estudantes; -Promover a entrada do gestor escolar e coordenador pedagógico, conforme necessário;

-Procurar e identificar um terreno comum;

-Estabelecer o que é melhor interesse de todos os estudantes, incluindo aqueles com deficiência ou necessidades especificas;

-Identificar responsabilidades a serem compartilhados, bem como as responsabilidades individuais;

Diferenças na filosofia de ensino

-Usar estratégias de comunicação eficazes;

-Identificar metas de aprendizagem do currículo padrão;

-Usar a avaliação formativa e tomada de decisão baseada em dados;

-Acordar em avaliar a adequação de estratégias ou técnicas de instrução individuais com respeito a resultados de aprendizagem;

-Incentivar todos os professores a participar nas reuniões de construção do PEI;

Discordâncias sobre disciplina e gestão de comportamento

-Usar estratégias de comunicação eficazes; -Procurar um terreno comum;

-Usar a avaliação formativa e apoiar as estratégias que estão associadas com a mudança de comportamento positiva;

-Programar e implementar estratégias de gestão de comportamento em toda escola.

Segundo Scruggs, Mastropieri e Mcduffie (2017), os professores da Educação Especial podem colaborar com professor de classe comum de forma mais pontual ao: (a) identificar elementos críticos de conhecimento de fundo que precisarão ser preparados, (b) escolher as novas habilidades que provavelmente precisam ser modelados, (b) criar oportunidades significativas para guiar a prática, (d) estruturar oportunidades para prática independente, e (e) fornecer feedback imediato e corretivo e elogio específico.

Ao planejar e fornecer instrução explícita, o professor de classe comum pode fornecer ao professor da Educação Especial as metas da matéria e expectativas de aprendizagem de assuntos que são abordados no currículo geral. Em seguida, o professor de Educação Especial pode emparelhar essa informação com conhecimento específico do professor, das necessidades individuais do estudante e estratégias que são susceptíveis de apoiar os estudantes PAEE, ao mesmo tempo, garantindo que são entregues as diferenciações previstas no planejamento educacional individualizado (PEI).

As estratégias de ensino explícitas eficazes são essenciais para maximizar o aprendizado em salas de aula mais inclusivas (ARCHER; HUGHES, 2011). Mastropieri e Scruggs (2010) consideram que as principais variáveis para a garantia do ensino eficaz para os estudantes com deficiência estão relacionadas a: priorizar os objetivos de ensino; diferenciar o ambiente, materiais, instrução e avaliar sistematicamente.

2.2 EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS COM ENSINO COLABORATIVO E