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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.7 CÉLULAS SANGUÍNEAS: FUNÇÕES BIOLÓGICAS E MODELO

O sangue é um tecido conjuntivo formado por uma porção líquida, chamada de plasma, e uma porção sólida de natureza diversificada. A porção sólida corresponde a aproximadamente 45% do sangue total em humanos (HOFFBRAND e MOSS, 2012). Desta porção, os principais elementos são os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos, e as plaquetas. Cada elemento

sanguíneo possui funções específicas que contribuem para a homeostase fisiológica geral. Homeostase é definida como a manutenção do ambiente interno dentro de limites toleráveis para a manutenção da vida de algum organismo (CANNON, 1926). Sendo o sangue o principal fluido corporal dos animais com sistema circulatório fechado, a manutenção de suas condições é essencial para a sobrevivência destes animais, e isto está diretamente relacionado ao correto funcionamento de cada tipo celular presente neste fluído (HOFFBRAND e MOSS, 2012).

Os glóbulos vermelhos, também chamados de hemácias ou eritrócitos, são as células sanguíneas mais abundantes do organismo. Assim como as demais células sanguíneas, são produzidas a partir de células-tronco pluripotenciais presentes na medula óssea num processo denominado hematopoiese (ELIAS et al., 2017). Os eritrócitos possuem vida média de aproximadamente 120 dias, e sua principal função é fazer o transporte dos gases O2 e CO2 no

organismo (WAGNER, 1977). Estas células não possuem núcleo e o seu citoplasma é rico em hemoglobina. A hemoglobina é uma metaloproteína tetramérica, composto de dois tipos de cadeias de globina. Cada cadeia proteica está ligada a um grupo heme que possui um íon de ferro no seu centro, formando seis ligações coordenadas. O transporte de oxigênio acontece porque essa molécula liga-se ao ferro da hemoglobina, formando a oxihemoglobina. Como apenas uma molécula de oxigênio liga-se ao ferro, cada molécula de hemoglobina liga-se a quatro moléculas de oxigênio. Ao chegar aos tecidos, essa combinação é revertida, e o oxigênio é disponibilizado para as células. Além de transportar o oxigênio, a hemoglobina também remove o dióxido de carbono e garante o equilíbrio ácido-base do organismo. Nessa combinação, que ocorre normalmente nos tecidos, forma-se a carbamino-hemoglobina, que é facilmente revertida (O’NEILL e ROBBINS, 2017).

Os leucócitos, também chamados de glóbulos brancos, são as principais células de defesa do organismo. A contagem leucocitária considerada normal varia entre 4 e 12 mil células por milímetro cúbico, sendo que estes valores podem estar alterados em determinadas patologias ou por ação de diferentes drogas (FESSLER et al., 2017). Os leucócitos são normalmente divididos em duas classes: granulócitos e agranulócitos. Os granulócitos são constituídos pelos neutrófilos, eosinófilos, basófilos e mastócitos. Já os agranulócitos são constituídos pelos linfócitos e monócitos (MOHAMMADI et al., 2014). Os neutrófilos são os leucócitos mais abundantes, correspondendo a aproximadamente 65% do total de células brancas em indivíduos adultos normais. Estão envolvidos na defesa contra infecções bacterianas e outros pequenos processos inflamatórios. Os eosinófilos correspondem a uma porcentagem de 2 a 4% do total de leucócitos. Comuns na mucosa intestinal, sua principal

função é auxiliar no combate de infecções parasitárias. Além disso, juntamente com os basófilos participam dos processos alérgicos (SHAMRI et al., 2011; SIRACUSA et al., 2013). Os basófilos correspondem a menos de 1% dos leucócitos, e liberam substâncias como a histamina e heparina. Desta forma, tem papel fundamental nos processos alérgicos e em reações mais severas induzidas por substâncias externas, como o choque anafilático (SIRACUSA et al., 2013). Os monócitos correspondem a aproximadamente 5% dos glóbulos brancos e, apesar de também fazerem fagocitose, diferenciam-se em macrófagos sempre que necessário. Os macrófagos são o resultado da migração dos monócitos do sangue para os demais tecidos, e tem como função fagocitar microrganismos invasores (PERDIGUERO e GEISSMANN, 2016). Os linfócitos correspondem a uma porcentagem que varia normalmente entre 24 e 32% do total de leucócitos. São mais comuns no sistema linfático e se subdividem em linfócitos B, linfócitos T auxiliares (CD4+), linfócitos T citotóxicos (CD8+), linfócitos T inibidores, linfócitos NK entre outros, com funções de defesa específicas (JANEWAY et al., 2001).

As plaquetas, também chamadas de trombócitos, são pequenas células não nucleadas derivadas de um processo complexo de diferenciação, maturação e fragmentação dos megacariócitos da medula óssea. Evidências sugerem que a biogênese das plaquetas também pode ocorrer em locais como os pulmões por exemplo (LEFRANÇAIS et al., 2017). Após formadas, as plaquetas circulam no sangue e sua principal função é participar do processo de coagulação sanguínea, prevenindo a perda de sangue e mantendo a integridade vascular. Individualmente as plaquetas variam tanto em termos de volume, densidade e reatividade (RIEDL et al., 2017). A contagem normal de plaquetas no ser humano varia entre 150.000 e 400.000 plaquetas por mm³ de sangue, sendo que o tamanho pode variar entre 1,5 e 3 µm de diâmetro. Quando o número de plaquetas está abaixo do normal, aumenta o risco de hemorragias. Além de participar do processo de coagulação, as plaquetas também possuem papel importante na homeostase, na trombose e nos processos inflamatórios (MANCUSO e SANTAGOSTINO, 2017). Além disso, as plaquetas são especialmente afetadas pelas flutuações das atividades enzimáticas, tornando-se assim um bom modelo de estudo para estas alterações. Estas modificações enzimáticas podem prejudicar os mecanismos de coagulação, especialmente quando se tratam das enzimas envolvidas no catabolismo do ATP. Vários estudos focam nas enzimas NTPDase, 5’-nucleotidase e adenosina desaminase, que não estão apenas envolvidas no catabolismo do ATP, como também no mecanismo de agregação plaquetária. A NTPDase é a enzima responsável pela hidrólise do ATP e ADP para AMP e exerce um importante papel no controle do fluxo sanguíneo por regular o catabolismo do ADP. A enzima 5’-nucleotidase (EC 3.1.3.5, CD73) hidrolisa o AMP gerando adenosina e

completando, assim, o metabolismo do ATP (BARANKIEWICZ et al, 1997). Por outro lado, a adenosina é ativada no meio extracelular por ação da adenosina desaminase (ADA, EC 3.5.4.4, CD26), que catalisa a desaminação irreversível da adenosina à inosina (BLACKBURN, M.R., 2005).

2.8 Syzygium cumini COMO AGENTE ANTIGLICANTE, ANTI-HIPERGLICÊMICO E

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