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Tema: Responsabilidade Civil do Hospital Veterinário e do Pet Shop

Artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor

• Mesmo na responsabilidade objetiva é indispensável o nexo causal.

• Inexistência do defeito na prestação de serviço: O fato gerador do

acidente de consumo é o defeito, e o ônus dessa prova é do fornecedor.

• Se o fornecedor provar que o defeito inexiste, não haverá relação de

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA

• Defeito do serviço • Evento danoso

Prestação de serviços. Acidente de consumo. Serviço de traslado e banho. Cachorro que, após banho, começou a passar mal. Animal que veio a óbito após atendimento hospitalar. Ação julgada parcialmente procedente. Necropsia. Causa mortis ligada a quadro de internação. Ônus da prova do prestador de serviços que é 'opes legis'. Art. 14, § 3º, do CDC. Não enquadramento como excludente de responsabilidade o fato de o animal estar acima do peso. Ausência de prova de outra causa adequada. Danos materiais. Valores comprovados sem impugnação idônea na fase recursal. Danos morais devidos. Ofensa ao direito de personalidade caracterizado. Sofrimento e abalo emocional evidentes. Indenização fixada em R$ 15.000,00. Critérios orientadores de razoabilidade e proporcionalidade não observados. Redução para R$ 6.000,00. Recurso provido em parte. Há legitimidade ativa aferida, pois a documentação trazida é suficiente para reconhecer que o animal pertencia ao casal

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Não se cuida de semovente que exija formalidade para a transmissão, podendo ocorrer de forma verbal, bastando a tradição. Em caso de acidente de consumo, considerando os termos do disposto no artigo 14, §§ 1º e 3º, do Código de Defesa do Consumidor, o ônus da prova é do prestador de serviços, 'opes legis', cabendo provar que o defeito inexiste ou a culpa exclusiva do consumidor, pois é fato incontroverso o ocorrido, que o cachorro veio a óbito após o serviço de banho prestado no 'pet shop', sendo atendido pela veterinária responsável e levado diretamente do local para o hospital veterinário, constando relatório médico e laudo de necropsia com causa da morte a 'internação' (elevação da temperatura corporal) e não se enquadra como excludente de responsabilidade o fato de o animal estar acima do peso, bem como cabia à ré a prova de outra causa adequada. Não há contraposição que rompa o nexo causal, tampouco cerceamento de defesa diante da inatividade das rés em requerer produção de prova. O dano material está comprovado e se refere ao valor pago pelo animal e os gastos do atendimento médico, sem impugnação adequada na fase recursal. É cabível a indenização por dano moral quando evidenciado o abalo emocional sofrido. A situação vivenciada supera o mero aborrecimento e constitui ofensa a direito de personalidade, sendo evidente o sofrimento decorrente da morte do animal de estimação.

A quantificação dos danos morais observa o princípio da lógica do razoável, ou seja, deve a indenização ser proporcional ao dano e compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e a duração dos transtornos experimentados pela vítima, a capacidade econômica do causador dos danos e as condições sociais do ofendido. A fixação em R$ 15.000,00 revela- se excessiva, não ostentando razoabilidade e proporcionalidade, não podendo ser tratada a morte do cachorro, ainda que de estimação, como sendo similar ao do ser humano e reclamada por cada parte autora como se parente fosse, e os autores assim reconhecem quando buscam ressarcimento do valor do animal como se coisa fosse. A dor e o sofrimento são reconhecidos, razão da manutenção da verba, mas reduzidos para R$ 6.000,00 para os dois. (TJSP; Apelação Cível 1001943-18.2017.8.26.0009; Relator (a): Kioitsi Chicuta; Órgão Julgador: 32ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional IX - Vila Prudente - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento: 24/05/2019; Data de Registro: 24/05/2019)

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REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E MATERIAIS – PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS – ATENDIMENTO EM

CLÍNICA VETERINÁRIA – ANIMAL COM TUMOR E EXTRAVASAMENTO DE LÍQUIDO EM DECORRÊNCIA DE

SEU ROMPIMENTO – AUSÊNCIA DE ERRO MÉDICO – AVANÇADO ESTÁGIO DA DOENÇA 1 – Debate nos

autos que é delimitado a uma alegação, qual seja, a ocorrência ou não de erro técnico no atendimento veterinário que teria culminado com a morte de animal. A prova de tal fato é EXCLUSIVAMENTE técnica, afinal, quem tem condições de analisar a correção ou não do procedimento adotado pelo médico veterinário é apenas outro médico veterinário. Diante disso, absolutamente desnecessária a oitiva de testemunhas ou a colheita do depoimento pessoal das partes, que em nada auxiliariam na solução do caso, por não terem conhecimento técnico para tanto. Cerceamento de defesa inocorrente; 2 – Ausentes as hipóteses de intervenção do Ministério Público de acordo com os artigos 176 e 178 do NCPC. Ação individual de indenização por danos morais e materiais (direito patrimonial disponível), ajuizada por parte maior e capaz, devidamente representada por advogado regularmente contratado. Tese de nulidade por ausência do MP que margeia a má-fé; 3 - A responsabilidade civil dos profissionais liberais, inclusive a dos veterinários, profissão assemelhada à dos médicos, é a princípio subjetiva, por força do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, e repousa na demonstração da conduta culposa e do nexo causal com os danos sofridos pelo paciente; 4 – Não demonstrada culpa no caso concreto. Perícia extensa e bem fundamentada que concluiu pela correção dos procedimentos realizados, sendo que o animal já estava em estado avançado da doença quando levado na emergência do hospital veterinário, encontrando-se com tumor, ruptura no baço e extravasamento de líquido, não sendo a cirurgia a causa de sua morte. RECURSO IMPROVIDO. (TJSP; Apelação Cível 1094730-26.2013.8.26.0100; Relator (a): Maria Lúcia Pizzotti; Órgão Julgador: 30ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 13ª Vara Cível; Data do Julgamento: 16/05/2018; Data de Registro: 17/05/2018)

§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

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A culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro é causa de exclusão do nexo causal que equivale à força maior.

• Fala-se em culpa exclusiva do consumidor quando a sua conduta surge

como causa direta e determinante do evento danoso, de maneira que não seja possível responsabilizar o prestador do serviço.

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• Se o comportamento do consumidor é a única causa do acidente de

consumo, não há como responsabilizar o produtor ou fornecedor por ausência de nexo de causalidade entre a sua atividade e o dano.

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