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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.5 TÉCNICAS DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

3.5.1 Análise de Conteúdo

3.5.1.2 A Codificação

3.5.1.2.1 Os códigos

A seguir, apresentam-se os códigos e uma breve interpretação do que eles significam tendo como base a teoria, as observações da pesquisadora em relação às empresas juniores feitas em eventos, por exemplo, e as lógicas institucionais que foram observadas em estudos prévios e análise da pesquisadora. Os códigos estão apresentados em ordem alfabética, por ordem de famílias:

1) Família “Lógica Capitalista”:

a) Background Tradicional: Reconheceu-se recortes deste código quando o entrevistado preocupou-se em seguir algo que já havia sido ou estava sendo feito. Neste caso, recortes vinculados a este código podem ser considerados seguidores de cases de eventos MEJ ou de práticas aprendidas por outros meios, como benchmarkings, treinamentos ou por diretrizes da Brasil Júnior. Kraatz e Block (2008) apresentam como um dos tipos de respostas estratégicas a emergência de uma instituição originalmente criada pela própria organização, fortalecendo também a sua identidade, portanto;

b) Busca por estabilidade/previsibilidade: uma das características das organizações está relacionada com a busca pela estabilidade ou a previsibilidade, principalmente quando esta organização possui mais de uma lógica institucional influenciando-a (organização híbrida). Neste caso, quando foi observada uma preocupação com o futuro da empresa junior ou so MEJ como um todo, este código foi vinculado;

c) Empreendedorismo: o artigo 3º da Lei das Empresas Juniores define que as EJs tem como uma de suas finalidades o fomento ao empreendedorismo de seus associados. (MARQUES et al., 2016) Portanto, este código foi adicionado. Esta finalidade é observada quando é comparada com o que os entrevistados entendem por empreendedorismo e também o que os documentos da Brasil Júnior apresentam como empreendedorismo, ou seja, trata-se das interpretações sobre empreendedorismo que os entrevistados e os documentos analisados trazem;

d) Negócio/Projeto: a Brasil Júnior define que o propósito de realizar projetos gera um dos aprendizados que o guia de cultura da Brasil Júnior apresenta: o

aprendizado por projetos. (BRASIL JÚNIOR, 2015c). Estes projetos são ligados aos cursos de graduação que a EJ abarca e tem como objetivo maior transformar o Brasil. (MARQUES et al., 2016).

A lógica de negócios/projetos está relacionada com os dados analisados que refletem tanto os dados dos projetos em si e seu impacto em áreas como economia e a própria educação dos graduandos empresários juniores, quanto a preocupação com os projetos para colaborar com as metas do planejamento estratégico da rede, que o tem como um dos principais indicadores de maturidade das EJs. Consequentemente, com a meta dos clusters definidos pela Brasil Júnior, que também tem os projetos como um dos principais indicadores.

2) Família “Lógica Profissional”

a) Background Inovador: ligado ao que os entrevistados apresentam em relação às EJs e do que propõem os documentos analisados. Optou-se por vincular ao código “background inovador” características e atitudes com aspectos inovadores em relação ao que as EJs consideram tradicional, ou seja, algo que já está sendo ou foi feito, sendo isto proposto pela Brasil Júnior ou por outra instância já consolidada no MEJ. Ocasio e Radoynovska (2016) defendem a constante manutenção e reavaliação das respostas estratégicas organizacionais, considerando a dinamicidade das estratégias sendo, neste caso, apresentadas de forma inovadora. Entrevistados de Empresas Juniores (EJs) com recortes vinculados a este código podem ser considerados criadores de cases para eventos MEJ, tendo em vista que os cases geralmente abordam aspectos inovadores feitos por EJs e que servem como exemplo de sucesso ou insucesso em outras EJs;

b) Educacional: de acordo com Marques e colegas (2016, p. 95), “a finalidade peculiar mais relevante da EJ está relacionada ao aprimoramento de habilidades e competências dos alunos de graduação”, portanto, o cógido relacionado a parte educacional do que foi observado e analisado relaciona- se com aspectos como: aprendizado, aulas, treinamentos, capacitações, utilização de ferramentas de gestão e outras relacionadas com cada curso,

apoio de professores nas atividades e aplicação na prática do que é visto na teoria em sala de aula, por exemplo;

c) Política/Governo: sabendo que a BJ tem como propósito a transformação do Brasil (MARQUES et al., 2016), as esferas políticas e de governo relacionam-se diretamente com o que será analisado. Além disso, a Lei das Empresas Juniores quando citada pelos entrevistados ou em documentos também foi vinculada a este código. Além dela, qualquer assunto relacionado à política, posição política ou partidária, reflexos da política, do governo ou de Leis em relação às EJs e projetos por elas desenvolvidos também eram vinculados a este código;

d) Profissão/Curso: tendo em vista que um dos objetivos das EJs segundo a Lei das empresas juniores (MARQUES et al., 2016) relaciona-se com o aperfeiçoamento do processo de formação dos profissionais em nível superior, além de ter em seus cursos e futuras profissões o background para o seu aprendizado durante a graduação, este código foi adicionado e está vinculado a observações vinculadas tanto a profissão que irão seguir futuramente quanto a percepção dela e do curso ou instituição a qual pertencem as suas EJs;

e) Social: um dos objetivos das empresas juniores segundo a sua Lei (MARQUES et al., 2016, p. 223) define-se como: “promover o desenvolvimento econômico e social da comunidade ao mesmo tempo em que fomenta o empreendedorismo de seus associados”. Desta forma, devido a aspectos sociais em relação a clientes, formação e impacto de pós-juniores na sociedade e reconhecimento dos entrevistados em relação ao impacto dos projetos para a sociedade, por exemplo, este código foi vinculado.

3) Família “Respostas Estratégicas”:

a) Conflito: o conflito foi identificado na análise e vinculado a este código quando dúvidas surgiam na fala do entrevistado em relação a prioridades ao tomar decisões, ao considerar o que os membros da EJ almejavam, o que as diretrizes da confederação apresentavam, o foco da EJ em quesitos como projetos, desenvolvimento de membros, etc., entre outros aspectos. Estes conflitos também caracterizam as EJs como organizações híbridas, tendo em

vista os conceitos de pluralidade e complexidade apresentados na fundamentação teórica deste estudo. (GREENWOOD et al., 2011; KRAATZ; BLOCK, 2008; MEYER; HÖLLERER, 2016; MISANGYI, 2016; OCASIO; RADOYNOVSKA, 2016; RAYNARD, 2016);

b) Elementos Culturais: os elementos culturais apresentaram grande importância para as EJs e para o MEJ, porque por meio deles o MEJ e suas instâncias constroem suas particularidades em relação aos demais. Eles são observados em artefatos como mascotes, camisetas, bonés, hinos e na gestão visual observada nas sedes das empresas juniores (no caso das que foram visitadas), por exemplo, e nas diretrizes estratégicas, a saber: missão, visão, valores e propósito.

Elementos culturais além de serem prioritários para a construção das lógicas institucionais também o são para a definição das respostas estratégicas delineadas pelas EJs, já que, segundo os entrevistados, estes elementos muitas vezes dão base para decisões – principalmente as diretrizes estratégicas - e identificam as EJs perante o grupo do MEJ. Devido a sua importância, este código foi o que mais obteve recortes vinculados;

c) Estruturas Organizacionais: Deve-se levar em consideração os aspectos relacionados com a estrutura da empresa júnior, tendo em vista que com a alta rotatividade dos membros quanto mais organizada for a rotina da EJ e mais conhecimento a EJ tiver sobre seu funcionamento, mais integrado o grupo estará, gerando menos controvérsia e tensão. (THORNTON; OCASIO; LOUNSBURY, 2012b). O código sobre estruturas organizacionais reflete aspectos das EJs em relação ao organograma, modo de funcionamento, regras para seleção de novos membros e eleição de representantes, etc.; d) Influência do MEJ: o movimento empresa júnior (MEJ) consolida as EJs em um só grupo e elas, por sua vez, sentem-se parte deste movimento. Para o vínculo a este código foi considerada a influência de qualquer instância do MEJ: a confederação, as federações, os núcleos ou até outras EJs. Desta forma, vários entrevistados citam a influência do MEJ em suas atitudes e decisões.

e) Pessoas: o código “pessoas” está diretamente ligado a percepção e a importância que os entrevistados e os documentos analisados dão a formação e prioridade em relação a outros aspectos aos membros que atuam na EJ.

Outro detalhe que importa deixar claro é a substituição por termos genéricos de nomes ou expressões que pudessem identificar as EJs, os entrevistados, as federações ou os Estados aos quais estavam se referindo. Portanto, quando estes termos eram por ventura citados, foram substituídos por, respectivamente: “EJ”, “O Entrevistado”, “Federação” e “Estado”;

f) Percepção/Background do entrevistado: de acordo com o que é proposto pelos microfundamentos das lógicas institucionais (THORNTON; OCASIO; LOUNSBURY, 2012b), a individualidade de cada entrevistado ao considerar seu background anterior a participação na EJ e também o background construído a partir das experiências vividas na EJ. Estes backgrounds influenciam a interpretação e adoção de determinadas lógicas institucionais. Estas percepções foram consideradas em relação a aspectos pessoais mas não necessariamente só em relação ao próprio entrevistado mas também em relação as decisões dele na EJ;

g) Sentimento: aspectos individuais também estão relacionados ao comportamento humano e as construção da identidade organizacional a partir da identificação de seus desejos por significados culturais, sentimentos, regras e artefatos materiais. (GLYNN, 2008). Portanto, quando algum sentimento em relação a EJ ou ao movimento empresa júnior de modo geral foi identificado, este código foi vinculado.

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