• Nenhum resultado encontrado

4. ESTUDO DE CASO: PROCESSO DE REALOJAMENTO

4.1. C ARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO

4.1.2. C ARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÓMICA DA POPULAÇÃO RESIDENTE

A caracterização socioeconómica que seguidamente se apresenta fundamenta-se nos dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística, relativos ao ano de 2001, para a Secção estatística 44 e respectivas Subsecções estatísticas 1 e 2, da freguesia de Lordelo do Ouro.

Serão feitas algumas aproximações uma vez que as subsecções abrangem outros edifícios para além do conjunto habitacional do BA. As aproximações justificam-se na medida em que a população residente no BA representa 90% da população total e 84% dos alojamentos pertencem ao conjunto habitacional em estudo.

Como complemento dos dados do INE serão utilizados outros cuja fonte foi a Associação de Promoção Social da População do Bairro do Aleixo (APSPBA) que dizem respeito ao próprio Censos de 2001, recolhidos no âmbito de um estudo levado a cabo no Bairro, numa amostra de 240 moradores. Para além destes estes dados, foi possível aceder a outros relativos a um estudo realizado em 1994 no Bairro do Aleixo.

iii

Dados relativos à Caracterização dos Bairros Sociais, CMP, 2007, fornecidos pela APSPBA; Memória Descritiva do Grupo de Moradias Populares do Aleixo, 14 de Julho de 1969

iv Resenha Histórica da APSPBA

Tipologia Nº Au(m2)/tipologia

T2 128 47,07

T3 131 61,26

128

Com o intuito de perceber as características específicas da população serão abordadas os seguintes pontos:

• Famílias e núcleos familiares;

• Estrutura etária da população residente; • Habilitações literárias da população residente; • Posição face ao emprego.

Os dados relativos às famílias e aos núcleos familiares permitiram verificar que todas as famílias são clássicas e que 38.7% dessas são famílias constituídas por três ou quatro elementos. A maior parte dos núcleos familiares (64.8%) apresenta filhos não casados e 24.2% dos núcleos familiares residentes no BA tinham filhos com idades inferiores a seis anos. Além disso, à data do estudo realizado em 1994, foram identificados 317 núcleos familiares, predominando as famílias de tipo nuclear/nuclear extensa.

Quadro 4.2 - Tipologia das famílias

Fonte: APSPBA (1994)

Mais de metade das famílias têm elementos com menos de 15 anos e 107 das 357 famílias têm nos seus agregados familiares pessoas com mais de 65 anos (30%). A este propósito, é interessante verificar como é a distribuição da população residente por faixa etária.

Quadro 4.3 - Distribuição por faixa etária (2001)

Fonte: INE

O quadro mostra a importância da população jovem no BA já que 41% da população tem menos de 24 anos, dos quais 375 residentes têm idade inferior a 18 anos (30.3%).

Numa entrevista realizada em Maio de 2009 a um elemento da APSPBA, foi referido que a grande maioria da população realojada da Ribeira/Barredo ainda permanece no BA. Se a esse facto se associar a elevada percentagem de população jovem, e a dimensão das famílias, pode ser inferido que é muito

Nuclear 127 Nuclear extensa 84 Monoparental 22 Aparentadas 13 Isolados 19 s/ relação de parentesco 5 Outros 47 Total 317

Estrutura etária Nº Proporção

Residentes 0-14 anos 293 21,2%

Residentes 14-19 anos 159 11,5%

Residentes 20-24 anos 114 8,3%

Residentes 25-64 anos 676 49,0%

129 provável que a percentagem de famílias extensas seja elevada, estando-se possivelmente a tratar de casos de famílias com três gerações. Outro dado importante que permite corroborar este raciocínio é a idade dos inquilinos/arrendatários responsáveis pela habitação:

Quadro 4.4 - Distribuição dos concessionários por faixa etária

Fonte: CMP (2007)v

Aproximadamente 31% dos arrendatários têm idades superiores a 65 anos e aproximadamente 50% do total tem idades compreendidas entre os 45 e os 64 anos. Ou seja, e considerando que provavelmente a pessoa responsável pelo imóvel é a mais idosa, ainda existe uma percentagem considerável de população da ‘’primeira geração’’ de moradores do BA, significando assim a probabilidade de existência das referidas famílias extensas.

A capacidade económica dos agregados familiares é um importante factor que condiciona os seus ciclos de vida e as suas carreiras habitacionais. Desse modo, é importante perceber qual a posição dos indivíduos e das famílias relativamente ao emprego.

O quadro que se mostra em seguida retrata uma situação particularmente grave uma vez que existe uma grande parte da população que não está empregada, apesar de a população em idade activa (15 aos 64 anos) representar mais de 60% da população residente. O facto de 45% da população não exercer qualquer actividade económica aumenta o risco de pobreza.

Menos preocupante é a situação dos reformados e pensionistas que neste local não têm grande representatividade (18.6%). No entanto, não significa que não existam situações de vulnerabilidade, uma vez que a percentagem de famílias com elementos de idade superior a 65 anos ainda é razoável (30%) colocando-os numa situação de vulnerabilidade ‘’indirecta’’ (a reforma poderá constituir uma forma de subsistência dos elementos dos agregados). De referir que no BA 31.1% das famílias têm elementos desempregados e 22.7% das famílias têm apenas um elemento desempregado.

Quadro 4.5 -A posição dos indivíduos relativamente ao emprego (2001)

Fonte: INE

v Dados relativos à Caracterização dos Bairros Sociais, CMP, 2007, fornecidos pela APSPBA

Idade dos concessionários Nº 18-24 anos 1 25-44 anos 61 45-64 anos 155 >65 anos 96 Total 313

Posição face ao emprego Nº Proporção

Empregados 447 41,2%

Desempregados 150 13,8%

130

A capacidade económica de um agregado familiar está, normalmente, relacionada com as habilitações literárias dos elementos que o constituem e, consequentemente, o trabalho que desempenham na sua actividade diária. Os dados relativos aos níveis de escolaridade não são muito tranquilizadores, representando a população com baixa escolaridade uma percentagem considerável.

Quadro 4.6 - Habilitações literárias (2001)

Fonte: INE

A percentagem de pessoas que não sabe ler nem escrever é muito preocupante, ainda mais se for considerado que essa percentagem é mais do dobro da população com mais de 65 anos, implicando a existência de uma população em idade activa sem quaisquer habilitações.

Valor igualmente importante é o que representa a percentagem da população que apenas tem o 1º Ciclo do ensino básico completo. O facto de apenas 10.7% da população ter completado a escolaridade mínima obrigatória, num local em que o peso da população activa é elevado, torna o cenário muito pouco animador quando se pensa, mais uma vez, nas vulnerabilidades sociais associadas ao tipo de emprego desempenhado e aos rendimentos daí auferidos.

Na generalidade das situações, baixos níveis de escolaridade implicam trabalhos mais precários e de menor remuneração. O quadro seguinte mostra as funções desempenhadas pela população residente.

Quadro 4.7 - Indivíduos residentes empregados p/ sector de actividade

Fonte: INE

De referir que 79% dos indivíduos residentes presentes trabalham no concelho de residência.

Níveis de ensino Nº Proporção

n/sabe ler nem escrever 260 21,5%

1ºciclo 536 44,4% 2ºciclo 218 18,1% 3ºciclo 129 10,7% Secundário 52 4,3% Curso médio 0 0,0% Curso Superior 12 1,0%

Sector de actividade Nº Proporção

Primário 0 0

Secundário 168 37,6%

131

Documentos relacionados