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 Finalização do Processo Ofensivo

C ONDUTAS DE F INALIZAÇÃO DO P ROCESSO O FENSIVO (FPO)

No presente ponto, importa indagar acerca das condutas que, em termos comportamentais, estruturais e contextuais, activam as acções relativas ao final do processo ofensivo.

Com base nos nossos resultados, verificamos que a obtenção de golo revela excitatoriedade com as condutas regulares de Recuperação indirecta,

recuperação da posse de bola com saída por passe médio em profundidade sem variação do corredor de jogo, DPO por passe longo em profundidade sem variação e DPO por cruzamento aéreo.

Pelo que foi referido, constata-se que as condutas indutoras de um final eficaz procedem a condutas de recuperação indirecta, ou seja, bolas paradas a favor. Mas também condutas como o drible, a condução ou o passe em profundidade, quando se encaram como comportamentos anteriores à conduta critério, são indutoras de um final eficaz. Desta forma, afirma-se que estas são

condutas que, mesmo contendo um carácter de risco, permitem romper com o equilíbrio defensivo da equipa adversária, provocando uma desordem tal que permite situações de remate ou de golo. Relembrando o estudo de Russel (2005), dos primeiros golos do Chelsea FC, 45% resultaram de situações de drible ou de cruzamento.

O passe longo em profundidade é bastante utilizado nas sequências eficazes da equipa do Chelsea FC, confirmando o que já havia sido referido: o jogo directo é um estilo de jogo eficaz ou, pelo menos, benéfico para movimentar o Centro do Jogo para zonas de maior ofensividade e, nesses espaços, permitir a continuidade da fase ofensiva (Barreira, 2006), pese embora também se tenha verificado que a conduta de DPO por passe longo

em profundidade possa levar à interrupção do processo ofensivo por

recuperação da posse de bola pelo adversário (Silva, 2004; Barreira, 2006). Em relação à Espacialização do terreno de jogo, verificamos que as zonas 8, 9, 10, 11 e 12 são aquelas que mais se associam às acções ofensivas eficazes. No entanto, verificamos também que é o corredor central do terreno de jogo (zona 11) que mais activa a execução de remates por parte do Chelsea

FC à baliza adversária, sendo ainda esta a que tem maior força ou consistência

associativa com o FPO por golo, em consonância com os resultados obtidos por Silva (2004).

Por todos os dados que fomos obtendo ao longo deste estudo, e sendo a zona 11 a que mais activa a FPO com obtenção de golo, podemos admitir que a circulação de bola do Chelsea FC no ½ campo ofensivo percorre as várias zonas, indiciando que provavelmente as sequências concluídas com golo ocorrem quando a equipa utiliza a circulação de bola à periferia (Garganta, 1997), variando o corredor de jogo, criando situações favoráveis para a finalização na zona 11.

Na figura 5.16., são evidenciadas as zonas que mais fortemente activam as condutas de final do processo ofensivo no momento imediatamente anterior à sua ocorrência (Retardo -1), ou seja, as que possuem relações de excitatoriedade mais fortes com as condutas de final de fase ofensiva, sendo efectuada a distinção

entre as condutas indutoras de um FPO eficaz e não eficaz.

Depreende-se que as zonas centrais ofensivas do terreno de jogo induzem um FPO eficaz, ao passo que

as zonas do sector intermédio do terreno de jogo conduzem, com maior probabilidade, a situações de incapacidade para terminar o processo ofensivo com um remate à baliza adversária.

R -1 Frf Frd Frad Fgl 12 9 7 10 11 8 4 2 1 5 R -1 Frd R -1 Fzof R -1 Fbad 6 3 R -1 Fbad R -1 Fgra Finf R -1 Finf R -1 Finf

Figura 5.16. Relação excitatória entre as condutas de Finalização do

processo ofensivo e as zonas do terreno de jogo. É considerada apenas a relação de coesão mais forte e até ao primeiro retardo (positivo e negativo)

   

Conclusões

6. Conclusões

A partir da análise descritiva e sequencial dos resultados obtidos na presente investigação, torna-se possível aferir as seguintes conclusões. Estas afiguram-se como as mais pertinentes para dar resposta ao problema e para possibilitar a confirmação ou a negação das hipóteses colocadas:

 Existem comportamentos no Processo Ofensivo da equipa do Chelsea

FC 2004-2005, que devido ao elevado grau de regularidade e

probabilidade, conduzem à eficácia da fase ofensiva em Futebol, para além do mero acaso, confirmando-se assim a hipótese um do estudo.

 A hipótese dois é parcialmente verificada na presente investigação, isto

porque, de facto, a conquista da bola em zonas adiantadas do terreno de jogo revelou-se mais propícia à criação de situações eficazes de finalização.

No entanto, o passe em largura com variação do corredor de jogo no ganho de bola, apenas quando procedido de acções de jogo capazes de transportar a bola para zonas de maior ofensividade, é capaz de proporcionar situações eficazes de finalização.

Verificamos que são as saídas por acção individual (condução ou drible) e as saídas por passes em profundidade que permitem, no Início do

Processo Ofensivo do Chelsea FC, obter maior eficácia ofensiva.

Conclui-se, portanto, que os ganhos de bola em zonas adiantadas do terreno de jogo com saídas na profundidade têm maior probabilidade de criar situações de finalização eficazes. A saída em largura com variação do corredor de jogo permite tirar a bola da zona de pressão, mas só revela uma relação excitatória com acções de finalização eficazes quando seguida de acções que permitem «profundizar» jogo.

 Relativamente à hipótese três da presente investigação, os resultados encontrados permitem a respectiva confirmação, dado que as condutas de Desenvolvimento do processo ofensivo que se encontram mais fortemente associadas à eficácia ofensiva são as que pressupõem acções de pré-finalização ocorridas nas zonas laterais do sector ofensivo (zonas 10 e 12).

Senão vejamos: i) verificamos que o DPO por passe médio em

profundidade sem variação do corredor de jogo é uma conduta capaz de

fazer chegar a bola a zonas de maior ofensividade, essencialmente à zona 12, e tem uma relação excitatória com acções de finalização; ii) verificamos ainda que a partir de zonas recuadas do terreno de jogo, a realização de um passe longo para as zonas laterais do sector ofensivo (zona 10 e 12) permite à equipa atingir a zona ofensiva de forma a dar continuidade ao ataque e criar situações de finalização com obtenção de golo (Fgl), remate contra um adversário (Frad) e remate enquadrado com a baliza (Frd); iii) o cruzamento é uma conduta de pré-finalização que tem relação excitatória com o FPO com obtenção de golo, sendo excitado pelas zonas laterais do sector ofensivo (zonas 10 e 12); iv) o drible e a condução de bola (acções que precedem a realização do cruzamento) revelaram uma elevada força de coesão com as zonas laterais do sector ofensivo, mais concretamente, um valor de z = 12,72 para a zona 10, e para a zona 12 um valor de z = 12,74.

Por conseguinte, a equipa do Chelsea FC 2004-2005 procurava frequentemente as alas como espaços privilegiados para lançar o seu ataque.

 Relativamente à hipótese quatro da presente investigação, os resultados

encontrados não permitem a respectiva confirmação, dado que as condutas de IPO com variação do corredor de jogo e o DPO por passe curto não revelaram associação excitatória com a conduta de remate com obtenção de golo pela equipa do Chelsea FC.

Concluímos que: i) no que toca às condutas de Início do Processo

Ofensivo, aquelas que se associam à obtenção do golo são as

recuperações indirectas (marcação de pontapés livres e cantos), bem como a recuperação directa da posse de bola com saída por passe

médio em profundidade sem variação do corredor de jogo; ii)

relativamente às condutas de Desenvolvimento do Processo Ofensivo, são o passe longo em profundidade sem variação de corredor de jogo e o cruzamento aéreo para a área as condutas que revelam associação excitatória com a obtenção de golo por parte da equipa do Chelsea FC 2004-2005.

 A hipótese cinco é verificada, na medida em que o remate (entendido como a expressão do resultado do processo ofensivo, indicando que este não foi abortado e conseguiu chegar à fase de finalização) é precedido de condutas que se caracterizam por indicadores de ataque de longa duração (ataque posicional).

Ora vejamos:

i) para a conduta de remate fora encontramos como condutas prévias à sua ocorrência as condutas de acção individual, o DPO por passe curto em largura e o DPO por passe médio em largura

com variação do corredor de jogo;

ii) ii) para a conduta de remate dentro encontramos como condutas precedentes a conduta de IPO com saída por passe médio em

profundidade sem variação do corredor de jogo e a conduta de DPO por passe curto em largura;

iii) iii) para a conduta de remate contra um adversário encontramos como condutas precedentes as condutas de IPO com saída por

passe curto em largura e passe médio em profundidade com variação do corredor de jogo, bem como as condutas de DPO por acção individual e passe médio em largura com variação do corredor de jogo;

iv) para a conduta de remate com obtenção de golo encontramos

como condutas precedentes as condutas de Recuperação

indirecta (interrupção regulamentar a favor), DPO por passe longo em profundidade sem variação do corredor de jogo e ainda DPO

por cruzamento aéreo para a área adversária.

Em suma, os resultados demonstram que um jogo indirecto com condutas de acção individual, passe curto, passe médio e variações do corredor de jogo associam-se positivamente com a realização do remate.

Porém, um jogo em progressão longitudinal desde o sector defensivo até ao ofensivo, com recurso ao passe longo em profundidade, seguido de acções individuais e cruzamentos a partir do sector ofensivo, revelam maior eficiência do ponto de vista da concretização do golo.

   

Considerações