Revisão da Literatura
S ISTEMATIZAÇÃO D ESSE M ESMO P ROCESSO
O Futebol quando comparado com outros JDC, apresenta uma supremacia da defesa sobre o ataque, o que faz com que um dos grandes problemas do jogo consista em conseguir oportunidades de finalização (Castelo, 1994). Dado que na fase de jogo correspondente ao ataque a vantagem das equipas só tem sentido se conduzir à criação de situações de finalização, a necessidade de tornar o processo ofensivo mais objectivo e concretizador, conduzindo à criação de um maior número de oportunidades de golo, tem constituído uma preocupação evidente de todos quantos pretendem ver aumentada a qualidade e espectacularidade deste JDC (Luhtanen, 1993; Safont-Tria et al., 1996). Convém-nos aqui realçar que para uma correcta avaliação da eficácia do processo ofensivo, é importante considerar todas as situações que permitem perceber o nível de produção de jogo ofensivo das equipas, e não apenas aquelas que conduzam à obtenção de golo (Garganta, 1997).
2.4.1. M
ÉTODOS DEJ
OGOO
FENSIVOO Método de Jogo Ofensivo evidencia a forma de organização das acções dos jogadores na fase ofensiva, com o intuito de concretizar um conjunto de princípios implícitos no modelo de jogo da equipa, garantindo a racionalização do processo, desde a recuperação da bola até à progressão/finalização e/ou manutenção da posse de bola (Teodorescu, 1984; Castelo, 1994; Garganta, 1997).
No estudo realizado por Dias (2000:22), o autor refere que “… modelos de jogo diferentes traduzem uma rede diversa de relações entre as acções que a constituem. Relativamente à posse de bola, determinados modelos de jogo
privilegiam os passes curtos com predominância para as «lateralizações», outros passes longos e em profundidade, e ainda outros que combinam estas duas características, passes curtos integrados com acções de «desencaixe», que se tornam selectivamente efectivas consoante a situação ou conjectura do momento do jogo”.
Os pressupostos essenciais em qualquer Método de Jogo Ofensivo são: o equilíbrio ofensivo; a velocidade de Transição das atitudes e comportamentos táctico-técnicos individuais e colectivos da fase defensiva para a fase ofensiva, assim como do Centro do Jogo (da zona de recuperação da posse de bola até zonas predominantes de finalização); o relançamento do processo ofensivo; os deslocamentos ofensivos em largura e profundidade; e a circulação táctica (Castelo, 1996). Ainda segundo o mesmo autor (1996:133), os diferentes métodos visam assegurar:
1) “A criação de condições mais favoráveis, em termos de tempo, de espaço e de número, para a concretização dos objectivos do ataque ou dos objectivos tácticos momentâneos da equipa, levando consequentemente o adversário a errar.
2) A contínua instabilidade da organização da defesa adversária, em qualquer das fases do processo ofensivo.
3) A execução da maior parte das acções técnico-tácticas individuais e colectivas, em direcção à baliza adversária ou para as zonas vitais do terreno de jogo”.
Com base no estudo de Garganta (1997), o qual sintetiza o que um vasto conjunto de autores e investigadores referem acerca dos Métodos ofensivos de ataque, no quadro 2.1. salienta-se resumidamente as características de cada Método de Jogo Ofensivo.
Quadro 2.1. Resumo das características de cada Método de Jogo Ofensivo CONTRA-ATAQUE (Caracterização) ATAQUE RÁPIDO (Caracterização) ATAQUE POSICIONAL (Caracterização) Bola recuperada no meio
campo defensivo e a equipa adversária apresenta-se avançada no terreno de jogo
e desequilibrada defensivamente.
Bola recuperada no meio campo defensivo ou ofensivo
e a equipa adversária apresenta-se equilibrada
defensivamente.
Bola recuperada no meio campo defensivo ou ofensivo
e a equipa adversária apresenta-se equilibrada
defensivamente.
Utilizam-se preferencialmente passes
longos e para a frente. A circulação da bola é
realizada mais em profundidade do que em largura, com desmarcações
de ruptura.
A circulação da bola é realizada em profundidade e
em largura, com passes rápidos, curtos e longos alternados, e desmarcações
de ruptura.
A circulação da bola é realizada mais em largura do
que em profundidade, com passes curtos e desmarcações de apoio.
Passes em número reduzido (igual ou inferior a 5).
Número máximo de passes realizados não ultrapassa os
7.
Realiza acima de 7 passes.
Rápida transição da zona de conquista da bola para a zona de finalização; baixo
tempo de realização do ataque, em regra, igual ou
inferior a 12’’.
Tempo de realização do ataque não ultrapassa, em
regra, os 18’’.
Tempo de realização do ataque elevado (superior a
18’’).
Ritmo de jogo elevado (elevada velocidade de circulação da bola e dos
jogadores).
Ritmo de jogo elevado (elevada velocidade de circulação da bola e dos
jogadores).
Ritmo de jogo lento relativamente aos dois métodos anteriores (menor velocidade de circulação da
bola e dos jogadores).
A posse de bola, para além da concretização do objectivo do jogo, permite que as equipas (Castelo, 1994):
Controlem o ritmo de jogo da forma que mais lhe convier em determinado momento.
Surpreendam a equipa adversária através de mudanças de orientação das suas acções e da mudança contínua do centro de jogo.
Obriguem os adversários a passarem por longos períodos sem a posse de bola, levando-os a entrar em crise de raciocínio.
Para Ramos (1999), a manutenção da posse de bola, está ligada a dois aspectos que, sendo legítimos e necessários, restringem o sentido mais amplo do conceito e da sua aplicação, isto é:
Há posse de bola para evitar as acções ofensivas da equipa adversária, controlando o tempo de jogo e a sua iniciativa e para «fugir» à pressão defensiva adversária quando aquela equipa utiliza esse meio táctico para a tentar recuperar.
Há posse de bola para dar tempo e oportunidade de progressão/penetração quando se aplica o ataque posicional.