Finda uma parte do percurso de ser professora é chegado o momento de uma reflexão geral sobre o modo como este se desenrolou, as aprendizagens desenvolvidas, as dificuldades, os altos e os baixos.
Ser professora constitui um sonho desde criança, aquele que mais vezes punha a mestranda a idealizar sobre como seria exercer esta profissão, o estar com crianças e jovens, o ajudar na construção das suas aprendizagens e no seu desenvolvimento pessoal e social. Apesar disso, no ingresso no ensino superior, a mestranda deixou este sonho e resolveu correr atrás de outro, ingressando no jornalismo. Era outra paixão, outro modo de comunicar, de se envolver com as pessoas e foi este o primeiro sonho concretizado. Após terminar a licenciatura em Ciências da Comunicação: Ramo do Jornalismo, o sonho de ser professora voltou a chamar pela mestranda que o resolveu abraçar e dar prosseguimento ao mesmo tendo-se inscrito, novamente, no ensino superior, na licenciatura em Educação Básica. Depois de 3 anos de muitas aprendizagens, a primeira parte do sonho mais antigo estava concretizada, era necessário, agora, continuar estudos e ingressar no mestrado. A escolha do mestrado estava pensada desde o início da licenciatura e recaiu sobre o Ensino em 1º e 2º ciclos do Ensino Básico. Foram 2 anos de muito trabalho, desafios constantes, várias dificuldades mas também de superação que culminam no desenvolvimento da prática pedagógica e terminam com a redação deste relatório e sua defesa.
É relevante então fazer uma retrospetiva deste último momento salientando a importância do mestrado na construção de diferentes aprendizagens, na possibilidade de experimentar várias vivências e o seu papel fundamental para a prática profissional futura.
A PES constituiu um momento único e foi uma experiência avassaladora por tudo aquilo que envolveu. Consistiu num ótimo momento de aprendizagem, essencial para pôr em prática as bases teóricas aprendidas ao longo da licenciatura e do mestrado. Permitiu compreender a importância de algumas dinâmicas, como a observação, planificação, cooperação e reflexão, enquanto ferramentas úteis na boa prossecução da prática profissional de um
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professor. A planificação apresentou-se como o processo no qual a mestranda sentiu mais dificuldades devido à necessidade de escolher as estratégias que melhor se adequariam às turmas tendo em atenção os interesses dos estudantes e planos de aula motivadores e inovadores. Para além disto, a prática educativa possibilitou ultrapassar obstáculos, como a dificuldade em algumas áreas do saber, nomeadamente nas Ciências Naturais, e constituiu-se como um desafio e a primeira grande e verdadeira experiência naquela que é a profissão que a mestranda ambiciona exercer no futuro. Foi possível realizar práticas pensadas tendo em conta o contexto e as suas características sendo que a prática, tanto no 1º como no 2º ciclos do Ensino Básico possibilitou ampliar perspetivas, pelo conhecimento de novas realidades e o questionamento constante sobre a melhor forma de se fazer isto ou aquilo, sobre o que se pode fazer, como e para quê, resultando um momento crucial para a consolidação dos conhecimentos profissionais necessários a uma ação docente competente e de qualidade.
Importa destacar que este foi um percurso complexo e difícil em vários momentos, no qual se viveram avanços e recuos, em que em alguns momentos, principalmente no início da PES no 2º ciclo, se sentiu que seria impossível conquistar as turmas e entusiasmá-las mas ao longo do desenvolvimentos das aulas verificou-se que quando há envolvimento, empenho e se tem em conta os interesses dos alunos se consegue motivá-los para a aprendizagem. Foi um processo marcado por muitas decisões, algumas que se revelaram boas opções e outras menos boas, mas a PES serviu também para isso, para possibilitar tomar diferentes decisões e perceber porque umas resultam e outras nem tanto, sendo uma aprendizagem, também, para o futuro.
No desenvolvimento da Prática de Ensino Supervisionada realçam-se ainda os vínculos que se criam e que são fundamentais neste processo. Assim para a boa prossecução deste trabalho foram essenciais os alunos, os professores cooperantes, os professores supervisores e o par pedagógico. Os alunos que foram, muitas vezes, um desafio, que puseram à prova, algumas vezes, a mestranda mas que também foram fonte de conhecimento pois com eles construíram-se muitas aprendizagens. Os professores cooperantes foram uma mais valia pela partilha constante de saberes, pelas sugestões, pelo apoio e pelo incentivo. Os professores supervisores desenvolveram um grande trabalho de suporte pelo apoio que facultaram e pelas críticas construtivas que
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melhoraram a prática da mestranda e contribuíram para o seu crescimento não só profissional como também pessoal. O par pedagógico foi essencial nesta etapa pela colaboração, pelo apoio, pelo trabalho conjunto, pela dedicação, pela partilha e veio demonstrar a importância do trabalho colaborativo na prática do professor. Sozinho tudo é mais complicado, em conjunto, as coisas são facilitadas pela partilha de opiniões, pela discussão de diferentes perspetivas que resultam numa prática pedagógica com mais sucesso e numa Educação vencedora.
A intervenção nos diferentes contextos foi um processo complexo e, por vezes, difícil já que os contextos eram complicados, e exigiam muito tempo e preparação da mestranda e havia muito desinteresse não só dos alunos mas também, de uma forma geral, da maioria dos professores do agrupamento; no entanto, constitui-se como um momento deveras importante na formação inicial de professores. Apesar das dificuldades, no final, sentiu-se uma grande felicidade quando, tanto no 1º como no 2º ciclo, mais que um aluno referiu que iria ter saudades, que aprenderam muito e que não queriam que o par pedagógico deixasse de ser suas professoras.
A PES possibilitou o entendimento que ser professor abrange inúmeras possibilidades e que perante os desafios da atual sociedade do conhecimento são necessários professores qualificados, que possuam conhecimentos científicos sustentados mas também que sejam profissionais entusiasmados e dedicados ao seu trabalho, que promovam o desenvolvimento de aprendizagens e do espírito crítico para proporcionarem o crescimento do aluno em todas as suas dimensões. Neste âmbito salienta-se a importância da investigação na ação docente com o objetivo de alcançar o sucesso educativo e melhorar a educação, já que o professor-investigador é aquele que continuamente questiona e se questiona, assumindo uma atitude crítica perante as suas práticas, os manuais escolares, as funções da escola e da educação visando a melhoria das práticas e consequentemente do ensino. Ser professor-investigador é ter a capacidade de, face à identificação de um problema, conseguir interrogar-se acerca do mesmo, estudá-lo para o compreender e encontrar soluções.
A mestranda crê que a Educação é a base de um país, o meio que proporciona o desenvolvimento pleno do ser humano, e que por isso, mais que a simples construção de conhecimentos envolve também a personalização, a
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socialização, o crescimento holístico de cidadãos capazes. Nesse sentido, almeja ser uma professora capaz de educar para a tolerância, para a compreensão e para o respeito pelo outro e pela diferença. Pretende ser um profissional que entusiasma os seus alunos e os incentiva a querer saber mais e manter um espírito crítico para intervir e participar ativamente na sociedade.
Deseja ser uma professora consciente, ciente dos contextos em que está a desenvolver o seu trabalho e sensível a esse facto sendo um modelo para aqueles que vai ajudar a crescer, acreditando que a educação é essencial, pois citando Delors (1996, p.30) que recorreu a uma fábula de La Fontaine:
“Evitai (disse o lavrador) vender a herança, Que de nossos pais nos veio
Esconde um tesouro em seu seio.
Mas ao morrer o sábio pai Fez-lhes esta confissão:
- O tesouro está na educação.”
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