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2.2. A ACTIVIDADE DO SECTOR DA MANUTENÇÃO

2.2.2. C ONTEXTO N ACIONAL

A economia portuguesa iniciou em 2001 um período de estagnação cujo final, infelizmente, não se espera para amanhã. De acordo com as estimativas e previsões nacionais, a recuperação da economia não deverá ocorrer antes de 2010.

Portugal apresenta uma situação semelhante à dos países menos desenvolvidos da Europa. O subsector da construção nova é o motor da actividade da construção e apesar do parque edificado ser avultado o subsector da M&R pouco se salienta no mercado da construção.

De 1981 a 1990 30% De 1919 a 1945 8% Antes de 1919 9% De 1991 a 2001 18% De 1961 a 1980 24% De 1946 a 1960 11%

Fig. 2.6 - Distribuição da percentagem de edifícios por intervalos de tempo, desde o ano de 1919 até 2001 ([INE, 2009])

De acordo com os dados apresentados na fig. 2.6, mais de 50% do parque edificado em Portugal tem mais de 25 anos, e cerca de 28% tem mais de 50 anos.

Tendo presente o baixo investimento no subsector da M&R e que o parque edificado em Portugal apresenta uma vetustez avançada, o atraso na M&R que se tem vindo a demonstrar nos últimos anos tem fortes indícios para que nos próximos tempos se verifique uma inversão desta tendência.

Quadro 2.1 - N.º de fogos por cada habitantes por pais ou região ([EUROCONSTRUCT, 2007])

País / Região

N.º de Fogos por cada 1000 Habitantes

Portugal 521 Espanha 532 Itália 484

Média dos Países Ocidentais 478

Segundo o relatório da 63.ª conferência do Euroconstruct realizado em Junho de 2007, Portugal encontra-se acima da média dos países do Euroconstruct em termos de stock de habitações por cada 1000 habitantes (quadro 2.1).

A indústria da construção em Portugal encontra-se com sérias dificuldades num futuro próximo, onde o volume da actividade de construção será muito reduzido e a tendência económica recai sobre o subsector não residencial.

Em Portugal a economia previsivelmente crescerá nos próximos 3 anos, mas a indústria da construção está a braços com um longo período de declínio no volume da construção. Este declínio continuará em 2007, embora uma ligeira alteração deste declínio está prevista para 2008 e anos futuros conforme se pode verificar pela análise da fig. 2.7.

Quanto ao subsector da M&R este é sem dúvida um dos melhores da indústria da construção já que várias fontes indicam que o seu crescimento está estável e tem tendência para aumentar.

Quanto ao estado de conservação dos edifícios existentes em Portugal em 2001, e de mediante os dados dos Censos 2001 ([INE, 2009]), cerca de 59,1% não apresentavam necessidades de reparação, 38,0% careciam de trabalhos de reparação e 2,9% encontravam-se muito degradados. Dos edifícios que apresentavam necessidades de reparação, a grande maioria dizia respeito a pequenos trabalhos de reparação (58,9%), seguindo-se as reparações médias (27,5%) e finalmente as grandes obras de reparação (13,6%).

Todos estes dados devem ser analisados com muita precaução, uma vez que os dados recolhidos resultam da observação dos inquiridores, que não têm formação específica neste domínio, e esta avaliação foi realizada apenas com base no aspecto exterior do prédio.

O facto deste levantamento não incluir o que esteja relacionado com o interior do edifício, como sejam as canalizações, as instalações eléctricas ou outras semelhantes, corre-se o risco de estar a subavaliar as necessidades de reparação dos mesmos.

Mediante os resultados do Censos 2001 verifica-se uma forte relação entre a idade dos edifícios e o seu estado de conservação. Dos edifícios construídos antes de 1919 apenas 19,8% não apresentavam necessidades de reparação, enquanto que 64,8% careciam de obras de reparação e 15,4% encontravam-se muito degradados.

Assim, à medida que a juventude de construção dos edifícios aumenta (entre 1919-1945, 1945-1970, e assim sucessivamente) as necessidades de reparação dos mesmos diminuem. Cerca de 87,6% dos edifícios construídos entre 1991 e 2001 a não necessitarem de qualquer tipo de intervenção, encontrando-se assim em bom estado de conservação.

Não obstante a este facto, é de referir que 0,2% dos edifícios construídos entre 1991 e 2001 se encontravam muito degradados, o que apesar de em termos relativos ser um valor bastante pequeno não é, de todo, menosprezável quando estamos a falar de muitos edifícios que têm, no máximo, 10 anos.

A ausência de acções de manutenção nas edificações promove a existência de obras de reabilitação. Em Portugal, facilmente se verifica que grande parte do património edificado, nomeadamente, nos centros históricos das cidades, continua orientada para o abandono. Contudo já que se verificam estratégias voltadas para a procura de novas respostas para este problema. Na última década verificou- se uma vontade política na inversão desta situação, através da criação de alguns incentivos fiscais. Segundo dados do Euroconstruct, em 2002, Portugal era o país que menos reabilitava.

Portugal apresenta índices de reabilitação de edifícios muito baixos resultantes da promoção de construção nova em detrimento da anterior. Esta tendência também com reflexos a nível europeu impulsionou a construção nova ao invés da reabilitação.

Daqui se conclui que para além da idade do parque habitacional, existem muitos outros factores que prejudicam o estado de conservação dos edifícios, onde se salienta o descuramento de acções de manutenção e reabilitação.

Em síntese e conforme várias reflexões de especialistas, pode-se dizer que existem grandes probabilidades de se verificar a curto médio prazo avizinha-se a afirmação da actividade da M&R no mercado da construção face ao verificado nos últimos anos, já que mediante os Censos 2001 cerca de 41% dos edifícios apresentavam necessidades de reparação ou encontravam-se degradados, num conjunto de 1.291.701 edifícios.

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