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C ONTRIBUTOS DA SUPERVISÃO PARA O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

No documento Relatório de Estágio: (páginas 34-37)

Í NDICE DE ACRÓNIMOS E SIGLAS

2. E NQUADRAMENTO A CADÉMICO E P ROFISSIONAL

2.4. C ONTRIBUTOS DA SUPERVISÃO PARA O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

A função da Escola tem vindo a sofrer algumas alterações ao longo dos anos, nomeadamente, ao nível tecnológico, económico e social, levando a que os seus intervenientes definam objetivos e defendam o seu ponto de vista, gerando dinâmicas e estratégias exclusivas que não podem ser ignoradas (Carvalho & Diogo, 2001). Perante um mundo em constante mudança a Escola deve ser capaz de se adaptar a estas mudanças, dando novas respostas, flexíveis e adaptadas, “tão diversificadas quanto são diversificados os contextos sociais” (Carvalho, 1992, citado por Carvalho & Diogo, 2001, p. 31). O professor,

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enquanto interveniente da Escola, tem também de adaptar a sua prática às transformações da sociedade e do mundo. Por este motivo, “todos os docentes (…) devem possuir, ao iniciar a profissão, uma cultura geral sólida, e continuar a enriquecê-la no decurso da vida” (Landsheere, 1978, p. 56). Além disso, o professor “é membro de um grupo que vive numa organização que tem por finalidade promover o desenvolvimento e a aprendizagem de cada um num espírito de cidadania integrada” (Alarcão, 2001a, p. 18). Isto significa que

O professor é uma pessoa (…) que tem como projeto de vida criar condições para que os outros – os seus alunos – aprendam e desenvolvam-se. Para levar a cabo a sua missão, não pode isolar-se no interior da sua sala de aula, pois precisa abrir-se aos outros, aos seus colegas, colaborar com eles, deixar-se ajudar e ajudá-los na melhoria das suas práticas docentes, na dinamização do projeto educativo (PE) da sua escola e no comprometimento com a comunidade em que esta se insere (Alarcão, 2015, p. 12).

Esta constante partilha de saberes faz com que o processo de aprendizagem e a formação docente se tornem mais ricos, pois quanto maior for a partilha maior será também o conhecimento.

Neste percurso de aprendizagem profissional é na formação inicial que ocorre um dos momentos mais importantes para a construção profissional de um docente, o processo de supervisão, uma vez que a enriquece “através de procedimentos de reflexão e experimentação” (Vieira, 1993, p. 28)

De acordo com Alarcão (2001b, p. 19) o objetivo principal da supervisão é o

“desenvolvimento qualitativo da organização escola e dos que nela realizam o seu trabalho de estudar, ensinar ou apoiar a função educativa através de aprendizagens individuais e colectivas, incluindo a formação de novos agentes”.

Atualmente, tende-se a explicar a supervisão como “uma tarefa complexa e dilemática, mas também essencial à construção de uma visão da educação como transformação” (Vieira et al., 2006, p. 36).

Por outro lado, para Vieira (1993) o processo de supervisão pedagógica está interligado com o modelo de supervisão clínica, não podendo referir o primeiro

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sem o segundo. Este modelo é utilizado pelos professores supervisores na sua prática educativa, sendo esta uma ação multifacetada, continuada e apresentado as seguintes fases:

1) encontro pré-observação;

2) observação propriamente dita;

3) análise dos dados;

4) encontro pós observação (Alarcão & Tavares, 2016, p. 80).

Na primeira fase identifica-se o que se vai observar, como se vai observar e quando, referindo-se também o que vai constar da planificação de aula observada. Na segunda fase é onde o professor supervisor recolhe os dados sobre a concretização da planificação na ação. Numa terceira fase são preparados e organizados os dados recolhidos na fase anterior para serem refletidos na fase seguinte. A última fase, tem como objetivo principal o diálogo entre o professor supervisor e o professor estagiário, sobre o que aconteceu durante a sua regência. Aqui é dado um feedback de forma a que o professor estagiário possa melhorar a sua docência e consolidar os conhecimentos.

Segundo Alarcão (2001b) a supervisão tem como função principal

fomentar ou apoiar contextos de formação que, traduzindo-se numa melhoria da escola, se repercutem num desenvolvimento profissional dos agentes educativos (professores, auxiliares e funcionários) e na aprendizagem dos alunos que nela encontram um lugar, um tempo e um contexto de aprendizagem (p.19).

Nóvoa (1999) defende ainda uma supervisão dialogada, onde exista uma reflexão partilhada entre o supervisor e o professor estagiário, fortalecendo e consolidando assim as aprendizagens do docente em formação inicial.

O supervisor surge, assim, como um “líder ou facilitador de comunidades aprendentes no contexto de uma escola que, ao pensar-se, constrói o seu futuro e qualifica os seus membros”, com “a missão de compreender e estimular o potencial contributo de cada um para o desenvolvimento do colectivo que é a escola e do cumprimento da sua missão” (Alarcão, 2001a, p.

20-21). Compete-lhe prestar ao avaliado o apoio necessário durante o processo de avaliação, ajudando-o a identificar as suas necessidades de formação,

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observar aulas e partilhar as suas observações com um sentido formativo, e de outras funções mais avaliativas (Gaspar, Seabra, & Neves, 2012).

Neste processo de supervisão é também muito importante a reflexão, em especial a que é realizada pelo professor estagiário após as suas regências. Esta reflexão faz com que o professor questione, pense e reformule a sua prática de forma a melhorá-la. Segundo Isabel Alarcão, a reflexão representa “uma responsabilidade acrescida na compreensão do presente e na preparação do futuro” (Alarcão, 2001a, p. 10), sendo necessário refletir “numa atitude de diálogo com os problemas e frustrações, os sucessos e os fracassos, mas também em diálogo com o pensamento, o pensamento próprio e o dos outros”

(Alarcão, 2001a, p. 15). Isto irá ao encontro do que é defendido no Decreto-Lei n.º240/2001, de 30 de agosto, onde é referido que o profissional de educação deve ser alguém que “reflete sobre as suas práticas, apoiando-se na experiência, na investigação e em outros recursos importantes para a avaliação do seu desenvolvimento profissional, nomeadamente no seu próprio projeto de formação”.

Assim, segundo Oliveira-Formosinho (2002, p. 13) a supervisão deve ser vista como um “instrumento de formação, inovação e mudança, situando-a na escola como organização em processo de desenvolvimento e de (re)qualificação”.

Concluindo, através deste processo de supervisão, á possível experimentar e refletir, desenvolvendo assim a dimensão pessoal e profissional do futuro professor.

No documento Relatório de Estágio: (páginas 34-37)