• Nenhum resultado encontrado

Cadeia geral e básica de comportamentos profissionais que caracterizam a atuação do terapeuta comportamental

I Delimitar problema de

3.6 Cadeia geral e básica de comportamentos profissionais que caracterizam a atuação do terapeuta comportamental

Ainda é possível um exame mais “microscópico” e específico do comportamento profissional do psicólogo, por exemplo, em um contexto clínico de atuação em relação ao trabalho com o comportamento das pessoas. É o que pode – e é conhecido assim – ser chamado de “contexto de uma terapia comportamental”. Usualmente, o contexto de uma terapia comportamental é considerado um processo terapêutico em que o objetivo é alterar comportamentos indesejáveis, incômodos, prejudiciais ou inadequados de algum ponto de vista. O contexto de trabalho que envolve a psicologia clínica geralmente é associado à idéia de patologia, como se o trabalho do psicólogo na clínica fosse apenas o de “reajustar” ou “reabilitar” pessoas desequilibradas. É importante ressaltar, entretanto, que o contexto da terapia comportamental pode também incluir outros objetivos, tais como promover melhores condições de comportamento ou até manter condições que estão adequadas. Uma característica do contexto da psicologia clínica é que a solicitação do trabalho é feita pelo próprio indivíduo ou por alguém do convívio dele, que encontra um profissional sempre à

disposição de pessoas com dificuldades para lidar com os próprios processos comportamentais. Além disso, um psicólogo que trabalha no contexto de uma terapia comportamental enfoca sua atuação não “só” na pessoa como indivíduo, mas também nos sistemas sociais que dizem respeito a ela e que interferem no seu comportamento. O contexto de uma terapia comportamental inclui como parte da atuação os ambientes micro e macro sociais, que auxiliam, contribuem, prejudicam ou até impedem processos comportamentais.

Nesse sentido, foram organizados os exames apresentados nas Tabelas 3.1 a 3.5 em um sistema ainda mais específico de comportamentos, explicitando quatro níveis de generalidade da intervenção sobre o comportamento, agora em um contexto clínico apenas. A Figura 3.1, denominada “Decomposição da subclasse de comportamento profissional denominada ‘intervir sobre comportamentos num contexto clínico’ em subclasses de comportamentos mais específicos que a compõem”, apresenta esse sistema de comportamentos ainda mais específicos.

Na Figura 3.1 estão representadas as subclasses de comportamentos profissionais do terapeuta comportamental em relação ao processo de “intervir sobre comportamentos num contexto clínico”. A partir da decomposição da subclasse de comportamentos representada no primeiro nível de complexidade (uma classe mais geral de comportamentos), é possível representar, num segundo nível de complexidade, as subclasses de comportamentos denominadas “intervir diretamente sobre comportamentos num contexto clínico” e “intervir indiretamente sobre comportamentos”. Num terceiro nível de complexidade estão representadas as subclasses de comportamentos denominadas “ensinar comportamentos para outros lidarem com comportamento” e “produzir conhecimento sobre processos comportamentais”, ambas derivadas da subclasse de comportamentos denominada “intervir indiretamente sobre comportamentos”.

Um quarto nível de complexidade é composto pelas subclasses de comportamentos decompostos da subclasse mais abrangente denominada “intervir diretamente sobre comportamentos num contexto clínico”. A decomposição dessa subclasse de comportamentos originou seis subclasses de comportamentos mais específicas, situadas todas num quarto nível de complexidade. As subclasses de comportamentos que compõem esse quarto nível de complexidade são denominadas: “caracterizar necessidades de intervenção em relação a comportamentos num contexto clínico”; “projetar intervenções relacionadas com as necessidades caracterizadas em relação a comportamentos num contexto clínico”; “executar intervenções projetadas em relação a comportamentos num contexto clínico”; “avaliar intervenções realizadas em relação a comportamentos num contexto clínico”; “aperfeiçoar intervenções executadas em relação a comportamentos num contexto clínico” e “comunicar descobertas feitas sobre o objeto de intervenção e sobre os próprios processos comportamentais envolvidos na intervenção em relação a comportamentos num contexto clínico”.

A subclasse de comportamentos mais geral situada num primeiro nível de complexidade denominada “intervir sobre comportamentos num contexto clínico” é composta por um sistema de comportamentos. O sistema mais geral de comportamentos é formado pelas subclasses denominadas “intervir diretamente sobre comportamentos num contexto clínico” e “intervir indiretamente sobre comportamentos”. Essas três subclasses de comportamentos compõem o primeiro sistema de comportamentos que pode ser visualizado na figura 3.1. As duas subclasses que compõem o sistema denominado “intervir sobre comportamentos num contexto clínico” são subclasses exclusivas, ou seja, não formam uma

cadeia comportamental. Isso significa que é possível uma atuação direta sobre comportamentos sem haver necessariamente uma atuação indireta. Da mesma forma, é possível um profissional atuar indiretamente sobre comportamentos e não atuar diretamente. Também existe a possibilidade de atuar diretamente e indiretamente sobre comportamentos, mas um tipo de atuação não depende necessariamente do outro.

O segundo sistema de comportamentos (que na verdade é um subsistema do primeiro sistema), que pode ser visualizado na Figura 3.1, é formado pelas subclasses de comportamentos que compõem a subclasse mais geral denominada “intervir indiretamente sobre comportamentos”. A decomposição dessa subclasse origina duas outras subclasses de comportamentos: “ensinar comportamentos para outros lidarem com comportamento” e “produzir conhecimento sobre processos comportamentais”. Essas duas subclasses de comportamentos são independentes e não formam uma cadeia comportamental entre si. Os parênteses com pontilhados que aparecem na Figura 3.1 indicam que cada uma dessas subclasses de comportamentos, quando decompostas, originam outros sistemas comportamentais, que não serão decompostos (neste trabalho pelo menos).

O terceiro sistema de comportamentos (que também é um subsistema do primeiro sistema), que pode ser visualizado na Figura 3.1, surge a partir da decomposição da subclasse de comportamento denominada “intervir diretamente sobre comportamentos num contexto clínico”. Essa subclasse mais geral, quando decomposta, origina outras seis subclasses de comportamentos mais específicos. As seis subclasses de comportamentos que surgem compõem uma cadeia comportamental. Isso significa que a realização de uma subclasse de comportamento produz as condições necessárias para a realização de outra. O processo de cadeias comportamentais (ou encadeamentos de respostas) foi estudado por pesquisadores como Keller e Schoenfeld (1973) e Holland e Skinner (1975), que salientam a existência de processos onde uma resposta produz condição ou alteração no meio que favorece outra resposta, havendo interdependência entre elas. No terceiro subsistema apresentado na Figura 3.1 esse processo é caracterizado quando se define que, para projetar uma intervenção, é necessário o profissional ter caracterizado necessidades de intervenção, por exemplo. Não é possível projetar uma atuação profissional sem antes caracterizar quais as condições existentes e qual a necessidade (se realmente houver necessidade!) dessa atuação. Se uma atuação profissional for realizada sem levar em consideração esse processo, o profissional corre o risco de realizar um trabalho no “vácuo”.

O exame apresentado na Figura 3.1 especifica diferentes subclasses de comportamentos, que compõem diferentes subsistemas e que caracterizam a atuação profissional de um terapeuta comportamental. A especificação apresentada constitui novo ponto de partida para descobrir outras subclasses de comportamentos que caracterizam a atuação profissional em terapia comportamental. As subclasses apresentadas na Figura 3.1 são ainda gerais e sua decomposição em outras subclasses, mais específicas, possibilitam a descoberta de quais são os comportamentos que caracterizam a atuação em terapia comportamental. Antes de prosseguir com o processo de decomposição de comportamentos, é possível examinar as decorrências e perspectivas para a cadeia básica de comportamentos profissionais do terapeuta comportamental apresentada na Figura 3.1.

3.7 Decorrências e perspectivas para a cadeia geral básica de comportamentos de

Outline

Documentos relacionados