• Nenhum resultado encontrado

A empresa B foi fundada em 15 de abril de 2005 com finalidade específica para a produção de biodiesel. Tendo em seu quadro social aproximadamente 110 colaboradores e empresários ligados à atividades diversas da economia no Rio Grande do Sul, opera em quatro turnos, com cinco grupos de trabalhadores distintos. Localizada estrategicamente em Passo Fundo, com capacidade estimada para produzir cerca de 159.840,00 m³ de biodiesel ao ano, utiliza como principal fonte de matéria-prima a soja, embora realize investimentos em pesquisa e assistência técnica rural com as culturas de canola, girassol e mamona.

88

Atualmente, a empresa B está montando moderna planta para produção de biodiesel, a qual, segundo planejamento, pretende incrementar a produção de 340 m³/ dia de biodiesel para 440 m³/ dia. O objetivo fundamental deste investimento é tornar a usina menos vulnerável às variações dos preços de esmagamento do grão soja, além de facilitar a gestão do processo produtivo do biodiesel intra-firma.

A usina B possui a missão de ser uma empresa lucrativa com alta tecnologia nos processos de produção de energia renovável, contribuindo e preservando o meio ambiente. Como visão, almeja ser a maior produtora e distribuidora de energia renovável da América Latina, com elevado padrão de qualidade e tecnologia comprometida com a responsabilidade social e respeito ao meio ambiente (USINA B, 2009).

Atuando com o emprego da rota metílica para a produção do biodiesel, vide Figura 10, a usina B possui 35% da matéria-prima advinda da agricultura familiar e busca consolidar a produção do biocombustível via associação com cooperativas da região. Destaca-se que importantes insumos, representantes de aproximadamente 6% dos custos de produção, são importados de países como o Chile, como é o caso do Metanol, e da Alemanha, como é o caso do catalisador. A principal matéria-prima totaliza cerca de 85% do custo de produção.

Expressa-se a preocupação empresarial com a política de longo prazo de incentivo à cultura da canola, com o intuito de minimizar a dependência em relação à oferta e à oscilação dos preços da soja. Ressalta-se a prática de terceirização do esmagamento do grão adquirido via contratos diversos e, também, da logística do grão até a esmagadora e da esmagadora até a usina.

Por meio da Figura 8, ilustra-se a cadeia de suprimentos da usina B. Os membros- chave da cadeia de suprimentos são as cooperativas e produtores rurais, as esmagadoras de óleo vegetal e a usina B. Já os membros-suporte da cadeia de suprimentos compreendem as indústrias de insumos, supracitadas, o setor logístico terceirizado e organizações entidades constituintes dos ambientes institucional e organizacional.

89

Fluxo de produtos

Figura 8 - Cadeia de suprimentos da usina B

Fonte: Dados compilados pela autora.

Destaca-se a estreita relação firmada entre a usina e instituições de ensino e pesquisa da região, podendo-se citar parcerias entre as Universidades de Santa Cruz, UNIJUÍ, EMBRAPA e EMATER.

6.2.1 As fontes dos custos de transação e impactos sobre a cadeia de suprimentos da usina B Assim como para a usina A, procedeu-se com a avaliação das principais fontes dos custos de transação e importância destas sobre a gestão da cadeia de suprimentos da usina B.

ESMAGADORAS DE GRÃOS -Cooperativas -Produtores rurais INSUMOS AMBIENTE ORGANIZACIONAL:

Instituições de pesquisa, universidades, instituições financeiras, Secretarias de Agricultura dos municípios da região, sindicatos rurais, EMATER, FETAG, BNDES

USINA B INDÚSTRIA DE METANOL E OUTROS PRODUTOS QUÍMICOS LOGÍSTICA TERCEIRIZADA REFINARIA ALBERTO PASQUALINE P O S T O S D E C O M B U S T Í V E I S C O N S U M I D O R F I N A L PRODUÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA EM GRÃOS -Cooperativas - Produtores rurais LOGÍSTICA TERCEIRIZADA LOGÍSTICA TERCEIRIZADA

90

6.2.1.1 Oportunismo

Segundo as entrevistas obtidas junto à usina B, os custos de transação derivados da categoria analítica do oportunismo são relativamente baixos, demonstrando ocorrerem conflitos antes e durante a efetivação das transações no intervalo escalar frequencial de 2 a 3. De fato, evidencia-se a existência de confiança entre os parceiros comerciais, já que a busca pela fidelização das relações econômicas é objetivo primordial da empresa.

Em suma, os critérios utilizados para a escolha e exclusão de parceiros comerciais relacionam-se aos aspectos de qualidade de produto e cumprimento dos prazos de entrega. As principais ações implementadas pela usina, em vistas à minimização dos referidos custos de transação, remetem ao estreitamente das relações com cooperativas da região e produtores rurais.

6.2.1.2 Racionalidade

A categoria analítica da racionalidade evidencia que o nível de compartilhamento de informações do setor é relativamente alto, situando-se entre 7 e 8 no intervalo numérico. Do mesmo modo que na cadeia de suprimentos da usina A, os custos relacionados à busca de informações para a usina B são relativamente baixos, em consonância com a percepção da seriedade do setor e da importância das políticas públicas instituídas com vistas à adequação da produção agrícola em seus diversos aspectos.

Segundo a usina, as principais ações conduzidas com o intuito de ampliar e melhorar a troca de informações entre agentes econômicos, referem-se às atividades operacionais do Departamento de Fomentos (envolvendo os setores de comercialização, extensão rural e capacitação técnica). Frisa-se a existência de programa de rádio35, mantido pela organização, que almeja disponibilizar informações relevantes à comunidade rural, tais como preços das commodities, dados agronômicos, informações sobre cultivos e técnicas, entre outros.

91

6.2.1.3 Incerteza secundária

Conforme a usina B, ações conduzidas no sentido de ampliar o processo de definição de estratégias organizacionais coletivas são recorrentes, já que o setor é altamente vulnerável às peculiaridades produtivas do óleo vegetal. Entretanto, os custos de transação são oriundos da dificuldade de convergir interesses dos diferentes agentes econômicos. Cita-se os entraves ao convencimento de aspectos culturais dos agricultores, com vistas ao aumento da produtividade e índices de rentabilidade.

Expressa-se a importância do contato direto e freqüente com os agricultores e, também, com instituições de ensino, pesquisa e de caráter público.

6.2.1.4 Especificidade de ativos

Os custos de transação oriundos da categoria especificidade de ativos derivam do alto custo de negociação com fornecedores da matéria-prima e do processamento do grão em óleo vegetal. Por este motivo, investimentos vem sendo realizados para que haja determinado grau de verticalização do processo. Em breve, espera-se que o esmagamento do grão seja realizado na planta industrial em Passo Fundo.

Ademais, há a preocupação com a aquisição de matéria-prima com produtividade e rendimento elevados e de região especifica, com a fidelização de fornecedores e adaptação dos processos produtivos às contingências temporais.

As principais ações conduzidas pela empresa visando facilitar a aproximação comercial com parceiros, com o intuito de minimizar as externalidades negativas advindas das especificidades de ativos, são o pagamento diferenciado da produção agrícola aos agricultores familiares e o fornecimento de extensão rural e assistência técnica aos produtores rurais.

6.2.1.5 Frequência

Para a usina B, a frequência nas transações é importante para determinar a confiança nos agentes parceiros (de 8 a 10). Percebe-se que os custos de transação derivados desta categoria analítica relacionam-se com o volume de matéria-prima comercializada. Em contrapartida, ações como assessoria mercadológica e de compra, contratos firmados em médio e longo prazo visam diminuir os efeitos do fenômeno.

92

6.2.1.6 Incerteza primária

Os custos de transação gerados pela incerteza primária são relativamente baixos, considerando-se que os organismos públicos fiscalizadores e reguladores da cadeia produtiva são considerados hábeis. Salienta-se, no entanto, a preocupação da usina B com a cultura dos produtores rurais, expressa através das práticas agrícolas.