• Nenhum resultado encontrado

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foto 7 Cadeiras utilizadas nas refeições das crianças no berçário B.

Hidratação: o suco ou chá, servidos na hidratação, eram colocados nas mamadeiras ou

em copos de plástico. Estes últimos possuíam alças laterais e tampa com abertura suficiente para sair o líquido. As mamadeiras e os copos eram identificados com o nome da criança e já vinham servidos do lactário. As crianças se hidratavam sozinhas.

Almoço: ao chegar com o alimento na sala, a auxiliar colocava a bandeja sobre uma

bancada de apoio da sala de repouso e servia todos os pratos. Durante essa refeição, a professora e as auxiliares seguiam o mesmo procedimento descrito no lanche da manhã. Apesar de usarem a colher, as crianças costumavam pegar o alimento com a mão, confirmando o exposto por Carvalho (2002), segundo o que as crianças nessa faixa etária gostam de tocar os objetos, sendo essa atividade importante para o seu desenvolvimento, pois, por meio do toque, elas constroem o conhecimento físico sobre determinado objeto.

Mamadeira: as mamadeiras eram preparadas com leite e complemento à base de

cereais, conforme a especificação do cardápio do dia ou de acordo com a dieta especificada para cada criança. Algumas crianças usavam mamadeiras, e outras tomavam o leite servido no copo.

Jantar: o jantar era composto de uma sopa com diferentes tipos de hortaliças e cereais,

sendo o procedimento de servir idêntico ao do almoço.

4.3.3.2.1. Relação da forma de servir o alimento com os aspectos do desenvolvimento das crianças do berçário B

No berçário B, as crianças se encontravam na faixa etária de 11 a 18 meses, portanto ainda no período sensório-motor. Embora possuíssem a coordenação dos pequenos músculos mais desenvolvida do que as crianças do berçário A, elas ainda permaneciam no estágio sensório-motor, porém em um subestágio mais avançado. Especificamente com relação ao desenvolvimento físico-motor, elas já conseguiam ficarem de pé apoiadas em móveis ou sozinhas. Além de conseguirem ficar assentada, em cadeiras, já eram mais autônomas para se alimentarem, mesmo que em alguns momentos necessitassem de ajuda de adulto.

Devido ao fato de a coordenação motora fina das crianças estar mais desenvolvida, nessa faixa etária algumas conseguem segurar a colher com mais firmeza, embora muitas vezes ainda derramem o seu conteúdo antes de alcançar a boca. Além de utilizarem a colher, as crianças usam as mãos para pegar os alimentos. Em muitos momentos, durante a refeição brincam com a comida, batem a colher no próprio prato e no prato de outra criança, jogam comida no chão e até a colocam na cabeça. Ao realizarem essas ações, as crianças desenvolvem habilidades motoras, por meio do uso dos dedos e da manipulação de objetos como talheres.

Durante as refeições, a criança tem a oportunidade de se desenvolver em todos os aspectos. Ao brincar, bater no prato da outra criança, sentar-se ao lado do colega, ouvir a professora e as auxiliares, a criança está tendo a possibilidade de interagir com o outro, desenvolvendo-se socialmente. Ao sentir-se incomodada ou feliz por algum motivo, está desenvolvendo seu aspecto afetivo. Ao segurar a comida, apertá-la, tentar levá-la à boca e, ou, jogá-la ao chão, está se desenvolvendo cognitivamente.

Mesmo que a criança brinque mais com os alimentos durante as refeições do que propriamente se alimente, essa oportunidade deve ser possibilitada a ela. Dessa forma, a professora e as auxiliares devem estar atentas, observando a quantidade de alimento que está sendo ingerido, auxiliando a criança para garantir que se alimente da quantidade necessária para a sua boa nutrição. Ao estimular a criança para que se alimente sozinha, a professora e as auxiliares estão dando oportunidade para que ela desenvolva sua

autonomia. Assim, a criança não pode ser privada de vivenciar essas experiências, que contribuirão para o seu desenvolvimento integral.

Os adultos conversam com as crianças, durante a refeição, falando sobre os alimentos. Segundo Braga (1978), as crianças dessa faixa etária têm um progresso, embora lento, no desenvolvimento da linguagem. Portanto, quando os adultos conversam com elas, além de estarem contribuindo para um melhor desenvolvimento da linguagem e ampliação do vocabulário, estão subsidiando a formação de hábitos alimentares saudáveis. Ao conversarem com as crianças a respeito do que elas estão comendo, a professora e as auxiliares estão estimulando-as a experimentar diferentes alimentos e conhecer o seu sabor, sua textura e sua consistência. Dessa forma, estão também estimulando a construção do conhecimento físico, social e lógico-matemático. Por exemplo, quando dizem que o “mamão está escorregando da sua mão”, está-se trabalhando esses três tipos de conhecimento, uma vez que estabelece relação entre o mamão e outra fruta, explicitando que um é escorregadio e o outro não, estimulando o conhecimento lógico-matemático. Ao dizer que “o mamão é mole”, está-se trabalhando o conhecimento físico, e que “o mamão é bom para a saúde”, o incentivo é para construção de bons hábitos alimentares, bem como para o desenvolvimento social.

Portanto, para que a criança se desenvolva de forma prazerosa, é importante oportunizá-la ao contato direto com os alimentos, mesmo sabendo que isso poderá provocar comportamentos e ações inesperados. O fato de o alimento cair no chão, sujar a roupa ou ser lançado ao chão pela criança deve ser compreendido pelo adulto como uma ação que provoca a construção de determinados conhecimentos e não como “bagunça” ou “recusa” da criança em se alimentar.

4.3.3.3. Sala 1

Em relação à alimentação servida na sala 1, freqüentada por crianças de um ano e meio a dois anos e quatro meses de idade, observou-se que eram oferecidas quatro refeições diárias: lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar.