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DESCRIÇÃO DOS GÊNEROS E ESPÉCIES

2.1 Caesalpinia pluviosa DC., Prodr., 2: 483 1825.

Árvore 10-20 m altura. Ramos pubérulos a tomentosos quando jovens e glabros na maturidade, inermes, lenticelados. Folhas bipinadas, 9-11 pares de pinas opostas a alternas. Pecíolo 1,2-2,2 cm compr., tomentoso. Raque 5-15 cm compr., semelhante ao pecíolo. Estípulas não vistas. Folíolos 11-29, com 6-8 x 3-4 cm,alternos a subopostos, assimétricos, elíptico-rômbicos, glabrescentes em ambas as faces, margem com tricomas glandulares, ápice arredondado, base obtusa, nervação broquidódroma, não proeminente.

Inflorescência racemosa, terminal, densa, 15-40-flores. Pedúnculo 1-2 cm compr., tomentoso-glandular. Pedicelo 7-9 mm compr., semelhante ao pedúnculo. Brácteas 2 mm compr., linear-oblongas, tomentosas. Flores amarelas, 1,2 cm compr. Cálice 8 mm compr., 5-laciniado, ferrugíneo-tomentoso. Corola com 5 pétalas semelhantes entre si, elíptico-espatuladas, 8-9 x 4 mm, glabras, base prolongada. Filetes 8-9 mm compr., levemente encurvados. Anteras 1 mm comp., elípticas. Estilete 5 mm compr., levemente encurvado. Ovário 3 mm compr., subséssil, com tricomas glandulares. Estigma terminal. Legume 9,5 x 2,3 cm, oblongo-elíptico, achatado, glabro. Sementes 3-4.

Caesalpinia pluviosa é uma árvore de pequeno porte, com 10 a 15 m altura, fácil de ser reconhecida no campo por apresentar uma copa muito densa, com inflorescências congestas, multifloras, formadas por flores amarelas e botões amarronzados (fig. 17 A).

A espécie pode ser identificada a partir dos seguintes caracteres: árvores inermes, folhas bipinadas, imparipinadas ou às vezes com aspecto de folha paripinada por desprendimento do folíolo terminal, 5 ou mais pares de pinas; folíolos elíptico- rômbicos, em geral mais que 7 pares; Inflorescência racemosa, densa, multiflora, tomentoso-glandular; flores amarelas com pedicelo persistente; cálice nunca maior que 1 cm compr.; estames inclusos ou pouco exsertos, até 5 cm; frutos inermes.

Floração / Frutificação da espécie na área de estudo: outubro / outubro.

Fitofisionomia onde a espécie foi encontrada: Floresta Ombrófila Densa Montana,

em áreas abertas.

Freqüência da espécie em relação ao local de coleta: pouco freqüente.

Distribuição: América do Sul: Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai. Brasil: todas as

regiões.

Material examinado: Brasil. São Paulo: Núcleo Santa Virgínia, Parque Estadual da

Serra do Mar, trilha do Poço do Pito, área alterada, 23°19’40” S 45°08’25” W, alt. 899 m, 16/X/2006, E. D. Silva 769 (UEC).

Material adicional examinado: Brasil. Espírito Santo: Linhares, Reserva Florestal,

01/XI/1972, J. Spada 46 (RB). Rio de Janeiro: Parque do Museu, s. d., Hoehne (2685 R). Rio Bonito, Braçanã, 26/II/1978, P. Laclette 433 (R). Santa Catarina: Itajaí, 15/X/1974, R. M. Klein 11122 (US).

3. Chamaecrista Moench, Methodus, 272. 1794.

Irwin & Barneby 1982; Camargo & Miotto 2004

Ervas, arbustos ou árvores. Folhas alternas, paripinadas. Pecíolo com ou sem nectário. Nectários sésseis a estipitados.

Inflorescência racemosa 1-muitas flores, eixo às vezes adnato ao caule. Brácteas persistentes ou caducas, bractéolas persistentes. Flores amarelas ou amarelo- alaranjadas. Cálice 5-laciniado, lacínias imbricadas. Corola levemente zigomorfa, 5 pétalas, geralmente heteromórficas. Androceu (2)-5-10 estames férteis, às vezes estaminódios presentes. Anteras basifixas e mais longas que os filetes, com deiscência poricida ou por fenda lateral. Legumes compressos com deiscência elástica. Sementes lisas ou pontuadas.

Gênero pertencente à tribo Cassieae Bronn composto por aproximadamente 330 espécies, tropicais em sua maioria, com grande diversidade na América do Sul (Lewis et al. 2005). No Brasil ocorrem aproximadamente 232 espécies.

A presença de folhas pinadas com dois ou mais folíolos e flores amarelas, podem, às vezes, confundir Chamaecrista com Senna, dificultando o seu reconhecimento no campo. No entanto, as espécies de Chamaecrista possuem folhas com nectários clavados e superfície secretora convexa, flores menores, agregadas em inflorescência pauciflora, axilar ou supra-axilar, frutos menores, plano-compressos, com deiscência elástica e retorcidos, enquanto as espécies de Senna possuem folhas com nectários discóides e superfície secretora côncava, flores maiores, agregadas em inflorescência multiflora, terminal, frutos maiores, em geral cilíndricos, não retorcidos.

Por se tratar de um gênero em que grande parte das espécies apresenta acentuado grau de polimorfismo, com caracteres que variam muito de acordo com as regiões em que se desenvolvem, as espécies descritas nesse trabalho foram identificadas a partir da combinação de caracteres observados na revisão de Irwin & Barneby (1982), nas descrições e chaves de floras regionais com grande número de espécies (p. ex. Legumes of Bahia, 1987) e no exame de material de herbário.

As quatro espécies de Chamaecrista encontradas na área de estudo são espécies de ampla distribuição geográfica, ruderais, que se desenvolvem em solos arenosos de áreas abertas e cujos períodos de floração e frutificação não são muito definidos, ocorrendo várias vezes durante ano.

Chave de identificação das espécies de Chamaecrista

1 Folhas 2-4-folioladas, folíolos obovados ou quase

2 Folhas 4-folioladas, pecíolo com nectário extrafloral presente ... C. desvauxii

2 Folhas 2-folioladas, pecíolo com nectário extrafloral ausente ... C. rotundifolia

1 Folhas com mais de 4 folíolos, folíolos oblongos

3 Nervura principal do folíolo muito excêntrica, pecíolo com nectário extrafloral séssil,

3 Nervura principal do folíolo central ou levemente deslocada para a margem, pecíolo com nectário extrafloral estipitado, planta simpodial ... C. glandulosa

Além dos caracteres apresentados na chave, também é possível reconhecer as espécies no campo a partir das informações adicionais: Chamaecrista desvauxii, a maior das quatro espécies encontradas, pode atingir até 1,5 m de altura. Possui ramos robustos com folhas membranáceas e esbranquiçadas. Suas flores são muito amareladas com 2,5 cm compr. e seus frutos enegrecidos .

Chamaecrista rotundifolia é subarbusto prostrado, com ramos radiados e folhas subcoriáceas. Seus folíolos, flores e frutos são bem menores do que os observados em C. desvauxii.

Chamaecrista nictitans e C. glandulosa podem ser confundidas no campo, principalmente devido à semelhança na forma e número de folíolos e no tamanho das flores, no entanto, C. nictitans é um subarbusto freqüentemente encontrado com um eixo caulinar único, enquanto C. glandulosa possui eixo caulinar ramificado.